segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

“Todos os Distribuidores de Livro Irão de Volta ao Supremo”


A História da Maratona de Prabhupada


por Madhava Smullen


Talvez o surpreenda saber que, com mais de 464 milhões de cópias vendidas desde 1965, os livros de Srila Prabhupada alcançaram mais almas do que os livros do best-seller Stephen King, que começou sua carreira aproximadamente na mesma época. Hoje, eles já venderam mais cópias até mesmo do que a série bem-sucedida e recordista de vendas Harry Potter – um feito extraordinário em se tratando de livros concernentes a uma filosofia espiritual relativamente nova para o mundo ocidental. Como? Neste natal, lembre-se de que a Maratona de Prabhupada, realizada todo mês de dezembro, é um dos principais fatores.



Em 22 de dezembro de 1972, alguns devotos de Los Angeles notaram que as lojas na área estavam ficando abertas até meia-noite, e ainda atraíam fervorosos compradores natalinos a irem e gastarem seu dinheiro. Por que não dar a eles presentes espirituais? Os devotos começaram a distribuir livros e revistas em uma competição saudável, disputando por prêmios que os líderes haviam estabelecido para eles.



Às dez horas da noite, exausto após um longo dia, Ramesvara Dasa sentia-se seguro de ter vencido. Ele havia permanecido fora mais tempo do que ninguém jamais ficara antes, e havia distribuído 650 revistas – um excelente dia visto que antes fizera de vinte e cinco a quarenta. Mas, quando ele chegou de volta ao templo à meia-noite, ele espantou-se ao encontrá-lo vazio. Sem consultarem uns aos outros, todos, espontaneamente, permaneceram fora tanto quanto possível para vender mais livros do que nunca. Eles não se deram conta, mas eles haviam acabado de dar início à primeira Maratona de Natal.



A Maratona durou apenas três dias, de 22 a 24 de dezembro, mas os devotos venderam de cinco a seis mil livros por dia. Prabhupada ficou contentíssimo diante da notícia e escreveu a Ramesvara: “Apenas por tal empenho, todos os distribuidores de livro certamente irão de volta ao lar, de volta ao Supremo”. A carta e sua espetacular declaração autorizaram a Maratona de Natal e conduziram a distribuição de livros a um novo auge.



O ano de 1973 viu inúmeros homens e mulheres saindo todos os dias para distribuir livros. O Bhagavad-gita Como Ele É rapidamente superou as vendas de qualquer outra edição do Gita. Krsna, com o prefácio de George Harrison, atraiu muitos jovens, com os devotos vendendo seiscentos livros em apenas duas horas em um show. Até o final de 1973, mais de quatro milhões de livros haviam sido vendidos, marca esta superada no ano seguinte.



Heróis de sankirtana, como Tripurari, Pragosha, Lavanga-latika e Vaisesika, logo foram revelados. Sua abordagem pessoal e amigável e sua forte fé fizeram deles assombrosamente eficazes apesar de técnicas de venda que deveriam não funcionar. Vaisesika, por exemplo, repetia o Siksastakam, a oração do Senhor Caitanya, lendo-a diretamente do livro. “Olá, senhor, como você está?”, ele dizia abordando alguém no aeroporto. “Todas as glórias ao Sri-Krsna sankirtana, que é a principal bênção para a humanidade em geral, pois limpa o coração”. Ele vendia centenas de livros por dia.



Prabhupada não ficou bem impressionado, todavia, quando soube que alguns distribuidores de livro usavam táticas enganadoras, apresentando a si mesmos como algo que não eram apenas para despertar solidariedade. “Não é aconselhável que se minta apenas para vender livros”, ele escreveu aos líderes da ISKCON. “Se apenas nos mantivermos em descrever como Krsna é maravilhoso, isso não será mentira! Há mérito o bastante em nossos livros para que, se você simplesmente descrevê-los sinceramente a qualquer um, eles irão comprar”.



A distribuição de livros continuou a crescer ao longo dos anos 70, expandindo-se a outros países e produzindo vários projetos e grupos. Dois grupos da BBT foram formados: um, liderado por Tripurari, constituía-se dos principais distribuidores de livro; o outro, o BBT Library Party, visitou universidades prestigiosas e vendeu coleções inteiras dos livros de Prabhupada a professores acadêmicos. Prabhupada os estimulou a irem em frente. “Sem livros ou revistas, que autoridade ou base temos para pregar?”, ele disse.



A energia cinética persistiu após o desaparecimento de Prabhupada deste mundo – com a surpreendente venda de 15 milhões de livros, 1978 foi o ano de distribuição de livros mais bem-sucedido de todos os tempos. Mas, com os anos 80, houve um grande declínio em razão de o foco ter sido transferido da distribuição de livros para a venda de adesivos e pinturas. A distribuição de livros foi ainda mais afetada ao longo dos anos à medida que vários líderes inspiradores deixavam a ISKCON. Alguns falam da condição atual de distribuição de livros como bastante calamitosa.



Mas as coisas no século XXI são imensamente mais positivas do que defendem os pessimistas. Para começar, o GBC renomeou a Maratona de Natal para “A Maratona de Prabhupada” a fim de levar o foco novamente para o nosso fundador e para a sua mais estimada missão. Como aponta Vijaya dasa, GBC do Ministério de Sankirtana, inspiração é parte inerente de qualquer movimento espiritual, mas temos de aprender a obter a nossa inspiração diretamente de Prabhupada e de seus livros.



E, embora os números possam ser menores do que em tempos passados, a recepção pública nos tem sempre na mais alta estima. Vijaya, que treina distribuidores de livro em técnicas qualificatórias desde 2002, diz que os Hare Krsnas são imensamente mais apreciados e respeitados do que em décadas anteriores. E, uma vez que cinco milhões de cópias vendidas em 2007 é apenas um terço do maior recorde anual da ISKCON, certamente não se trata de uma façanha pequena.



Além disso, muita coisa mudou desde os anos 70: a estrutura social da ISKCON, a maneira com que informações são distribuídas e a receptividade à espiritualidade. O que define “distribuição de livro bem-sucedida” também mudou ao longo dos últimos trinta anos. Nos anos 70, por exemplo, a distribuição de livros na Índia era praticamente inexistente. Ano passado, contudo, 76% de todos os livros distribuídos no mundo foram distribuídos na Índia, um fenômeno previsto por Prabhupada.



Dado que a população da ISKCON consiste, hoje, de chefes de família com empregos de expediente integral – e não mais estudantes celibatários com nenhuma outra ocupação senão a missão de pregar – os líderes estão se dando conta do poder de mobilizarem a congregação. Em San Jose, estado da Califórnia, o veterano distribuidor de livros Vaisesika Dasa lidera setenta e cinco chefes de família em um final de semana de distribuição de livros ao mês – levando, deste modo, o templo de San Jose, que possui apenas dois residentes de tempo integral, para a terceira posição na América.



E ninguém pode subestimar o alcance da tecnologia moderna. De acordo com uma pesquisa da We Media/Zogby Interactive, realizada em fevereiro de 2008, quase metade de todos os americanos afirmam que sua fonte primária de notícias e informação é a Internet. Isto certamente é uma boa notícia para o empreendimento de distribuição on-line de livros, e há mais: ano passado, o website da BBT, o krishna.com, recebeu 1.320.266 visitantes de 204 países ao redor do globo.



Sentindo-se motivado? Por que não ajudar a fazer a diferença e alcançar ainda mais pessoas em 2008 na 36ª Maratona de Prabhupada? “Apenas faça o que puder”, diz Vijaya. “Não há regras – alguns templos ou comunidades realizam maratonas de duas semanas, enquanto outros o fazem por seis semanas, indo até o dia do Natal. Mesmo que você saia apenas um dia – no sábado do dia 13 de dezembro, o Dia Mundial da Iluminação – ou patrocine a compra de livros para que outra pessoa distribua, é possível que você afete a vida de alguém e lhe dê o maior dos presentes de Natal. E isso não tem preço”.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Prosperidade em 42 dias


Prosperidade em 42 dias
de Humberto Pazian



Número de páginas: 144



Prosperidade em 42 dias, nova edição da Butterfly Editora de um grande sucesso de Humberto Pazian – médium, orador e escritor de sucesso –, descreve um método que já ajudou milhares de leitores a encontrar a realização pessoal.


“Em 42 dias sua vida pode mudar para melhor”, afirma Humberto Pazian, que ensina, no seu livro Prosperidade em 42 dias, um método que além de acelerar nosso passo na direção da melhora econômica, tão desejada por todos, vai trazer outros benefícios, ainda maiores. “O conceito de prosperidade não deve se limitar aos bens materiais, necessários para uma vida digna e confortável. De maior importância que a prosperidade material, conseqüência natural de um esforço dirigido para o bem, é a saúde espiritual, de valor inestimável, pois dela depende nossa verdadeira felicidade”, declara Pazian. “Aquele que alcançou apenas a prosperidade material e não se empenhou em conquistar as riquezas da alma, vai perceber um dia a inutilidade do esforço que despendeu”, completa.


Prosperidade material e espiritual


O método de Pazian propõe reflexões que levam à necessidade da mudança interior, ao autoconhecimento. Orientador cativante, o autor estabelece, com o leitor, diálogo fraterno que torna o livro agradável e facilita a assimilação dos conceitos e recomendações tão bem elaborados para melhor aplicação. “Milhares de pessoas já se utilizaram destas técnicas, conseguiram realizar seus sonhos, mudando radicalmente sua forma de pensar e viver, trazendo paz e harmonia para suas vidas”, afirma o autor.


O AUTOR


Humberto Pazian:
“Incentivar a fraternidade”

É formado em economia. Pesquisador do Espiritismo, também é estudioso da acupuntura, à qual se dedica na condição de terapeuta. Paulistano, reside na Mooca, bairro onde nasceu e fundou o Instituto de Desenvolvimento Humano Pazian (IDHP).


Por volta dos dez anos de idade, sentiu as primeiras manifestações mediúnicas. Seus pais, católicos, não hesitaram em procurar ajuda no centro espírita. Na ocasião, recebeu orientação para estudar O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec. Aos catorze anos, passou a freqüentar a Federação Espírita do Estado de São Paulo (Feesp) e o Centro Espírita Irmã Luíza, onde iniciou os estudos doutrinários. Nessa época, além de participar das aulas e da assistência espiritual, apresentou-se como voluntário para visitar os hansenianos.


Seu primeiro livro, O aborto segundo o Espiritismo, foi lançado em 1998. Meditação, Para viver bem... e Nunca é tarde para perdoar foram publicados pela Petit Editora. Por intermédio da Butterfly Editora, lançou Prosperidade em 42 dias. Também escreveu O Evangelho no lar; Prática e vivência espírita; Do suicídio à vida e O fim do mundo por uma visão espírita.


No ano de 1999, incentivado por amigos, iniciou seu trabalho de divulgação espírita no rádio, o qual prossegue até hoje. Na Rádio Mundial é apresentador do programa “Oficina da Mente”, que também é transmitido pela TV. Segundo Pazian, “A finalidade do programa é refletir sobre o Espiritismo, abrir espaço para outras doutrinas espiritualistas, incentivar a união fraterna entre os praticantes das religiões. No ‘Oficina da mente’ se apresentam oradores, cantores, pintores, escritores, médiuns, dirigentes de instituições espíritas e de outras religiões. É uma porta sempre aberta para todos aqueles que se propõem a trabalhar em prol de um mundo melhor”.


Autor de vários livros publicados, também se dedica a ministrar aulas. Seu curso “Reflexões e técnicas de meditação” é apresentado em dois encontros semanais. Palestrante requisitado apresenta-se em centros espíritas, seminários e workshops. Dois livros o acompanham desde que abraçou o Espiritismo: O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, “companheiros das minhas horas difíceis”.


Humberto Pazian, paulistano da Mooca


O autor de Prosperidade em 42 dias nasceu na Mooca, tradicional bairro da cidade de São Paulo, onde reside e fundou o Instituto de Desenvolvimento Humano Pazian (IDHP). É formado em economia pela Universidade São Judas Tadeu, o que o habilita a falar em sucesso financeiro. Pesquisador do Espiritismo, também é estudioso da acupuntura, à qual se dedica na condição de terapeuta. Sua aplicação ao desenvolvimento da espiritualidade o abalizou a formular conceitos que tão bem expressa em sua obra. É autor de vários livros de sucesso e apresenta-se em seminários e workshops, ocasiões em que aborda a temática de seus livros.


Prosperidade em 42 dias é leitura essencial porque é um roteiro eficiente que nos dá forças e esclarecimento para vencer na vida – no sentido mais amplo que podemos compreendê-la.


UM LANÇAMENTO DA




quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

RECEITAS MARAVILHOSAS DO SPAMED



RECEITAS MARAVILHOSAS DO SPAMED
para uma dieta de Manutenção


96 páginas


Sob a responsabilidade da Equipe do Spamed, supervisionada pela nuticionista Luciana Valente de Oliveira Lima, as Editoras Gaia e Boccato lançam este livro com receitas de saladas, spas, massas, peixes, aves, carnes, legumes e sobremesas para a manutenção do peso ideal.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Na década de 1970, vários segmentos da sociedade alertavam sobre a gravidade dos problemas do sobrepeso e da obesidade. A preocupação em emagrecer era puramente estética, na qual se utilizava o método à base de anorexígenos. Existia. ainda, o mito de que as pessoas engordavam por apresentarem disfunções endócrinas e metabólicas.
Cientes de que a obsidade e o sobrepeso eram consequentes da vida sedentária associada à alimentação inadequada e ao stresse do dia-a-dia, os médicos Mauro Tadeu Moura e Sérgio dos Santos se uniram para colocar em prática um novo conceito para o tratamento da obesidade e sobrepeso. Assim, em 1981, inaugurou-se o primeiro spa médico do mundo

Os 27 anos de experiência em lidar com a arte de dosar e balancear as calorias , adequando proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais e mantendo o prato saboroso, são suficientes para que a equipe do SPAMED
ofereça àqueles que querem fazer uma dieta de manutenção do peso ideal as 59 receitas publicadas nesta obra.

VEJA UMA AMOSTRA

CLIQUE PARA AMPLIAR


















UM LANÇAMENTO DA

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sons Silenciosos


Sons Silenciosos



Silent Sounds



por Urmila Devi Dasi


Originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo], revista fundada por Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944 Artigo referente à edição do bimestre de setembro/outubro de 2008

É fácil imaginar como seria ser cego. O simples fechar dos olhos em um local relativamente escuro ou o caminhar por um ambiente às escuras pode nos dar a oportunidade de desenvolvermos empatia por aqueles que não podem ver. Tornar-se temporariamente surdo, entretanto, é algo quase impossível. Antes de mais nada, é difícil selar completamente a abertura dos ouvidos – colocar as nossas mãos sobre nossos ouvidos ou o uso de tampões de ouvido bloqueia o som apenas parcialmente. Além disso, muito do som é transmitido por meio dos ossos de nosso crânio, ignorando os ouvidos. A empatia de uma pessoa ouvinte para com um surdo, portanto, é limitada.



Meu interesse pelo mundo surdo é, possivelmente, diferente do interesse que tem a maior parte das pessoas ouvintes. A base da bhakti-yoga, como ensinada pelo movimento Hare Krsna, é ouvir e cantar o nome e as glórias do Senhor. Como os surdos-mudos poderiam fazê-los? Um dia, busquei a resposta desbravando o mundo do silêncio. Visitei quatro escolas para surdos em Indore, na Índia, a fim de ensinar as crianças sobre o Senhor Krsna.



“É este o trem? Qual vagão?”.



Nós quatro caminhamos pelo trem e finalmente chegamos a um vagão não-leito, onde fizemos o nosso desjejum. A cidade de Ujjain, a qual estávamos deixando, rapidamente se fez sumir de vista.



Os demais ocupantes do vagão fitavam-nos curiosos. Éramos os únicos trajando dhotis e sáris e exibindo marcas de tilaka na testa, indicando que somos devotos de Krsna. Três de nós também tínhamos a pele clara, o que costuma atrair alguns olhares na Índia. Mas não era a nossa aparência externa o mais fora do habitual; era o modo com que estávamos nos comunicando: em silêncio.



Os gestos que, em geral, complementam a fala haviam se tornado o meio integral. Um membro do nosso grupo, Dayal Gauranga Dasa, é surdo desde seu nascimento em uma família indiana no Reino Unido. Prema Pradipa Dasa, da Espanha, estava ali como seu intérprete. Kesava Bharati Dasa e eu estávamos acompanhando-os. Estávamos viajando para as escolas como “oradores” convidados. Como se daria o nosso ensinamento de bhakti com as crianças surdas que estávamos para visitar?



Dayal Gauranga e Prema Pradipa haviam recentemente tornado-se discípulos iniciados de Bhakti Caru Svami. Eles levam vida espiritual a surdos da Inglaterra há muitos anos (vide Volta ao Supremo 28/2, 1994). Eu tentei, com pouco sucesso, comunicar-me diretamente com Dayal Gauranga, e freqüentemente precisava me valer da ajuda de Prema Pradipa.



A Má Situação dos Surdos na Índia



Após cerca de duas horas de viagem, Gyanendra Puroit, o diretor de uma escola, pegou-nos na estação ferroviária. Ele nos explicou que a Índia possui a segunda maior comunidade de surdos do mundo, mas que poucos são treinados no uso da língua de sinais ou obtêm a chance de subsistirem por si mesmos. De fato, apenas cerca de dez por cento dos surdos indianos recebem alguma forma de educação especializada. A sua escola era uma das poucas que ensinam a crianças e adolescentes as habilidades que eles precisam para o mundo. Gyanendra Puroit queria a nossa ajuda para dar a eles também uma rica vida espiritual.



A maior parte dos que enchiam a sala eram garotos. A aparência atrativa deles, seu olhos alegres e suas expressões intensamente impacientes tomaram a minha atenção. Muitos destes estudantes tinham de viver na escola. Eu fui a primeira a falar, com o diretor traduzindo as minhas palavras para a língua de sinais.



Uma vez que eu freqüentemente viajo a países onde o inglês não é a língua nativa, estou acostumada a dar palestras traduzidas. Algumas traduções são simultâneas, o que requer grande habilidade por parte do tradutor. Em geral, os tradutores preferem trabalhar com frases ou seguimentos bem curtos, com o orador falando um pouco e eles então traduzindo. Para ensinar sob tais circunstâncias, a pessoa tem que manter sua linha de pensamento enquanto freqüentemente pausa e fragmenta idéias em pequenas “porções”. Quando aulas têm que ser traduzidas, tento dispor a sala de forma que as pessoas possam ver a linguagem corporal tanto do tradutor quanto a minha, dado que a linguagem corporal constitui aproximadamente setenta por cento da comunicação. Naturalmente, estes estudantes não podiam ouvir o tom da minha voz, o que perfaz cerca de vinte e três por cento de como entendemos e nos fazemos entender. Mas eu pensei: que eles, ao menos, possam ver minhas expressões faciais e gestos. Pensando dessa maneira, sentei-me bastante próxima ao tradutor.



Fixos no Tradutor



Eu estava prestes a ter uma surpresa. Quão pouco eu meditara no mundo da surdez! Toda a atenção deles tinha de estar centrada no tradutor, porque eles tinham que ler seus sinais, os quais, para mim, pareciam uma confusão de movimentos. Nem mesmo por um instante, eles podiam divergir sequer a menor porcentagem de atenção para mim.



Eu falei a eles sobre como não somos este corpo. Cada um de nós é uma alma que tem um corpo espiritual original com sentidos espirituais. Nossa cobertura corpórea restringe nossa habilidade de ver, ouvir e assim por diante. No corpo humano, todavia, a alma tem o recurso especial de poder despertar a natureza espiritual verdadeira, da mesma forma que águias têm habilidades especiais relacionadas à visão, e cachorros têm um olfato extraordinário. Embora a prática de bhakti-yoga tivesse de ser feita sob medida para suas restrições corpóreas, expliquei que Krsna é completamente livre e pode revelar-Se completamente a qualquer um que se aproxime dEle com amor, independente de sua situação corpórea. Eu ficava imaginando quão revigorante devia ser para aqueles jovens entenderem, mesmo que teoricamente, que suas identidades verdadeiras nada têm a ver com seu corpo temporário.



Em seguida, descrevi como o Senhor Krsna é maravilhoso – Suas opulências, Sua natureza, Suas atividades. E expliquei como nos conectarmos com Krsna através de bhakti, a yoga do amor e da devoção. Considerando que o cantar do nome do Senhor seria muito difícil para eles, concentrei minha apresentação em alguns dos outros aspectos de bhakti, especialmente a lembrança do Senhor, a adoração a Ele e o serviço a Ele.



Os estudantes praticamente pularam para fazer perguntas, gesticulando tão rapidamente que pareciam explodir de entusiasmo.



“Por favor, conte-nos histórias de Krsna!”, eles pediam repetidamente.



Eu contei uma história após a outra, e a alegria deles iluminou a sala. Alguns fizeram detalhadas perguntas filosóficas. Eu fiquei impressionada com a grande inteligência deles e a sede que tinham por conhecimento espiritual.



Um Colega Toma a Palavra



Por fim, Dayal Gauranga “falou”. Embora formas imensamente diferentes de língua de sinais sejam usadas em diferentes países, ele domina muitas delas e conhece formas universais que ele pode usar em muitos locais. Algumas vezes, o diretor tinha de assisti-lo com particularidades do sistema indiano, mas, na maior parte, ele podia sinalizar diretamente com os estudantes.



Como estavam felizes! Ali estava um deles, alguém que os compreendia e havia seriamente adotado uma prática espiritual baseada, em sua maior parte, no som. Enquanto Dayal Gauranga sinalizava sua apresentação, Prema Pradipa traduzia os sinais em inglês falado para Kesava Bharati e para mim. Vivemos tão fora de seu intercâmbio visual quanto eles viveram fora do nosso verbal.



Então, outra surpresa: Dayal Gauranga os fez ficarem de pé e cantarem o mantra Hare Krsna com ele. Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Ele fez isso com o estabelecimento de um sinal específico para cada uma das três palavras: Hare, Krsna e Rama. Repetidamente, todos “cantaram” o mantra com suas mãos e olhos. Normalmente, o cantar em grupo, kirtana, é um sonoro e doce misturar de vozes e instrumentos nos conectando com o Senhor Supremo enquanto Ele Se manifesta por meio do som. Neste kirtana, contudo, não havia tambores, não havia címbalos, não havia harmônio. Na verdade, não havia som algum. O Senhor, no entanto, presente em Seu nome, estava palpavelmente presente naquela assembléia.



Em seguida, visitamos as outras três escolas, duas das quais tinham crianças com dificuldades mais severas do que a primeira. Uma escola cuidava dos miseráveis, e a outra cuidava tanto de crianças surdas como de crianças cegas. Nosso guia me disse o quanto os quatorze milhões de surdos da Índia valorizam livros de ilustrações, e como seus estudantes anseiam ter tais livros, em inglês, sobre como o Senhor Krsna é maravilhoso.



O Cantar dos Surdos



No trem de volta a Ujjain, pedi a Dayal Gauranga para me explicar como ele canta o mantra Hare Krsna em seu voto como discípulo. Quando membros da ISKCON se tornam discípulos de um guru, eles prometem se abster de sexo ilícito, intoxicação, jogos de azar e consumo de carne. Eles também fazem o voto de cantar o mantra Hare Krsna em cada uma das 108 contas, dando uma volta completa pelas contas, no mínimo, dezesseis vezes ao dia.



Dayal Gauranga tem quatro métodos de canto, e ele alterna entre eles a fim de manter sua mente focada. O primeiro é a visualização dos gestos manuais para cada palavra do mantra. O segundo é a visualização das palavras impressas do mantra. O terceiro é a visualização da forma do Senhor como a Deidade adorável; “Hare” é Radharani, e “Krsna” e “Rama” são Krsna. Seu quarto método é formar as palavras com sua boca e focar-se no que sente sua boca em cada palavra.



Quando experimentei seus métodos, vi-me automaticamente também verbalizando os sons do mantra, quer em voz alta, quer em minha mente. Era muito difícil meditar apenas na visão ou na sensação sem o som. Era também muito devagar.



“A princípio”, Dayal Gauranga sinalizou, “eu levava, pelo menos, meia hora para terminar uma volta de 108 contas”.



Pessoas ouvintes levam, em geral, entre cinco e sete minutos para o mesmo.



“Após muitos anos, com crescente prática e concentração, fui capaz de reduzir o tempo para vinte minutos por volta. Muitos anos depois, consegui a média de quinze minutos, que é o quanto levo atualmente”. Devido à sua situação pouco comum, seu voto é de, no mínimo, quatro voltas ao dia, embora ele continuamente tente cantar mais.



Ouvintes talvez considerem que tais métodos de meditação mântrica não são verdadeiramente, no sentido técnico, ouvir e cantar. Todavia, Krsna, Ele que compreende todas as línguas e pode ouvir com qualquer um de Seus sentidos, certamente aceita o serviço sinceramente oferecido de acordo com a capacidade de cada um. Além disso, Prabhupada nos informa que o mantra retratado em letras também é Krsna. Finalmente, podemos observar na prática que as pessoas surdas que aderem ao cantar estão se tornando purificadas e alentadas espiritualmente.



Nós talvez freqüentemente consideremos, enquanto queremos vida espiritual, que as práticas são excessivamente árduas. Contudo, aqui está alguém com razões para apresentar desculpas, mas que não o faz. Seu rosto brilha com a felicidade de sua dedicação condizente com seu desejo de ajudar as pessoas surdas a encontrarem profunda satisfação espiritual. Ele tem a fortuna de possuir o amor de seu irmão, de sua cunhada e de seu sobrinho, todos dedicados e gentis devotos de Krsna. Ele também tem o apoio do templo Hare Krsna de Londres, o Bhaktivedanta Manor.



De modo geral, poucos ouvintes sabem do profundo desejo de muitos surdos de obterem respostas para os problemas da vida a partir de uma plataforma espiritual. Como Krsna me demonstrou incontáveis vezes e de várias maneiras diferentes, aqueles que freqüentemente considero terem menos do que eu são os que, na verdade, possuem muito mais.





Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – Outras traduções disponíveis em www.devocionais.xpg.com.br





Um programa de computar que pode ajudar os surdos ou pessoas com deficiência auditiva com o cantar está disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.dasya.com/%7Embest/freeware/misc.html.

domingo, 23 de novembro de 2008

Homenagem a Gata Bia


Por Anderson Rodrigues*


Ter um animal de estimação é motivo de grande alegria.

Quando estamos juntos de nossos animais, queremos viver a eternidade ao lado deles.

Ah! Que bom seria se isso fosse possível.

Mas a realidade é outra.

Infelizmente a morte faz parte da vida, e devemos aprender a lidar com os sentimentos de perda.

Para nascer algo, é preciso morrer algo. Isso faz parte dos mistérios do universo.

O problema é quando chega a hora!

Compreensão é fundamental para superar este momento difícil!

Este é o momento que eu e Luciana estamos passando.

Escrevo estas linhas em homenagem a todos os animais que se foram, e nas entrelinhas deixo minha singela homenagem a uma gata muito especial que deixou saudade, pois neste momento meu coração chora pela partida da gata Bia.

Bia conviveu com sua proprietária “Luciana Saraiva” por quase 16 anos. Durante esse período de sua vida, passou bons momentos ao lado de sua dona que sempre a tratou com muito amor e carinho.

Todo apaixonado por animais sabe que, quando falamos com um animal de estimação, esquecemos de tudo e voltamos a ser crianças.

Principalmente no caso de uma Gata. O animal tem esse dom.

No caso da Bia, não era diferente.

Era “Bia bebê, qué tó”? A todo o momento.

A palavra pode parecer um pouco estranha, mas, na linguagem dos Gatos, é assim que se fala.

“Bia bebê, qué to?” em Gatonês quer dizer “Bia, quer comer?”.

Um animal de estimação exerce um papel muito importante na vida de um ser humano. Ensina o real valor da vida, os sentimentos sinceros e o amor incondicional.

Mas tudo tem um preço, não é mesmo?

Nada é eterno!

Tudo é impermanente.

Em um momento de reflexão podemos pensar:

Ter ou não ter um animal de estimação? Eis a questão!

Acredito que ter ainda seja a melhor resposta, pois é melhor chorar por ter amado do que chorar por nunca ter amado.

A experiência que uma gata como a Bia pode proporcionar é indescritível.

Só tendo mesmo um animal para saber, pois é algo que não se explica em palavras, só se pode saber sentindo.

Acredito na espiritualidade dos animais, e sendo assim, espero um lugar especial para Bia, e para todos os animais de estimação que assim como ela se foram.

Aos que não acreditam que animais possam ter alma, respeito. Mas advirto!

Não acredite em tudo! Mas também não rechace nenhum tipo de conhecimento!

Vale salientar que “animal” vem de “anima” e “anima” vem de “alma”.

Paracelso dizia que os minerais, vegetais e animais possuíam um “anima”, e que este “anima” poderia ser traduzido como Elemental.

Aos que acreditam que animais possam ter alma, convido a fazer esta prece que ofereço à Bia e a todos os Elementais que se foram rumo à Evolução.

Bia,

Que a estrada se abra à sua frente,
Que o vento sopre levemente em suas costas,
Que o sol brilhe morno e suave em sua face,
Que a chuva caia de mansinho em seus campos,
E, até que nos encontremos, de novo...
Que Deus lhe guarde nas palmas de suas mãos!

Esta homenagem é dedicada a Luciana Saraiva, Bia e todos os anjos de Bigodes que foram para o outro lado do arco-íris.

*Colaborador

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Introdução ao Tantra - A Transformação do Desejo


Introdução ao Tantra - A Transformação do Desejo

de Lama Yeshe


Nº de Páginas: 184

A idéia de escrever este livro surgiu em 1981, quando Lama Yeshe disse que achava necessária uma obra que apresentasse o Budismo Tântrico ao Ocidente de maneira não-técnica e de fácil compreensão. Embora o Tantra seja considerado pelas diversas tradições tântricas como o mais profundo e avançado de todos os ensinamentos budistas, ele considerava sua mensagem central simples e clara, e muito relevante para a vida do século XX.

Nesta obra o leitor descobrirá que a prática do Tantra visa aproveitar os recursos interiores ocultos no ser humano, usando-os da melhor forma possível, e oferece a melhor oportunidade de superarmos essas pressões, transformando nossas vidas na totalidade significativa e integrada que todos nós desejamos.

Talvez seu ensinamento mais profundo seja apenas este: que cada um de nós possui, em seu âmago, não só a resposta para nossos próprios problemas, como também o potencial para viver nossas vidas em um nível muito mais elevado do que julgamos possível atualmente. As palavras de Lama Yeshe aqui registradas são um maravilhoso legado para o presente e para o futuro.

O Autor
Lama Yeshe
Lama Yeshe, reconhecido internacionalmente como um dos mais inovadores e inspiradores mestres do Budismo Tibetano a lecionar no Ocidente, fundou a organização internacional Foundation for the Preservation of the Mahayana Tradition (FPMT) [Fundação para Preservação da Tradição Mahayana]. Entre seus outros livros, temos: The bliss of inner fire: heart practice of Naropa, Wisdom energy: basic buddhist teachings e The tantric path of purification: the yoga method of Heruka Vajrasattva.




UM LANÇAMENTO GAIA

domingo, 16 de novembro de 2008

É vinho, naturalmente!



É vinho, naturalmente!
Em defesa do vinho orgânico e biodinâmico
de Luciano Percussi


Nº de Páginas: 160

Para oferecer um panorama satisfatório sobre as origens da videira, é preciso voltar atrás no tempo onde o mito se confunde com Pré-História. A "vitis" é uma das mais antigas plantas surgidas na Terra, bem antes do aparecimento do homem, e isso se deu na Era Terciária, há mais ou menos 50 milhões de anos. Aos origens do vinho pertencem a um passado remoto de muitos milhares ou talvez milhões de anos, não sendo possível estabelecer uma data exata para marcar o começo do cultivo da videira ou quando se iniciou o aproveitamento dela e, conseqüentemente a produção do da bebida. Tampouco é possível afirmar com precisão de qual continente é originária.

UM LANÇAMENTO DA
EDITORA GAIA

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O CAMINHO SÁBIO


O CAMINHO SÁBIO
de Roberto Otsu


Páginas: 200
Coleção: Crescimento Interior

O Tao-Te-Ching existe
há 2.600 anos e é considerado um dos textos mais profundos da sabedoria chinesa. Neste livro, Roberto Otsu resgata os 81 aforismos de Lao-Tsé com um cuidadoso trabalho de tradução. Cada aforismo traz uma reflexão de Otsu que ajuda o leitor a contextualizar os ensinamentos. A obra acompanha um baralho ilustrado que permite utilizar o Tao-Te-Ching como oráculo.

Neste livro, Roberto Otsu resgata toda a sabedoria do Tao-Te-Ching, partindo dos textos originais em chinês para chegar a uma versão fidedigna e completa. Cada aforismo vem acompanhado de uma reflexão de Otsu, facilitando a compreensão das palavras de Lao-Tsé e da sabedoria chinesa, que têm servido de orientação para que milhares de pessoas em todo o mundo busquem uma vida mais sábia e equilibrada.

O baralho que acompanha a obra permite que o leitor sorteie um dos 81 aforismos de forma completamente aleatória, dando total liberdade ao inconsciente para que ele escolha pelo “acaso” o melhor texto para a ocasião.


O AUTOR
Nasceu dia 23 de fevereiro de 1958, em São Paulo, SP. É graduado em Comunicação Social e em Arte-Educação. Estuda a sabedoria chinesa desde 1976. No final da década de 1980, entrou em contato com o I Ching por intermédio dos estudos de Carl Gustav Jung. Em 1977, começou a dar palestras sobre Taoísmo e I Ching em vários centros de estudos, como a Associação Palas Athena, o Núcleo de Pesquisas e Estudos da Consciência (Nupec), o Hotel Ponto de Luz, a Livraria e Espaço Arjuna, a Livraria Millenium e o Centro de Neurologia Medicina Mente-Corpo. Pela Editora Ágora é autor dos livros A sabedoria da natureza – Taoísmo, I Ching, Zen e os ensinamentos essênios e O caminho sábio – Tao-Te-Ching como fonte de inspiração e orientação pessoal. É professor de Taoísmo na Pós-Graduação em Psicologia Transpessoal da Faculdade das Ciências da Saúde (Facis) e dá cursos e atendimentos de I Ching em São Paulo.


Para ler as primeiras páginas do livro, acesse o endereço http://www.gruposummus.com.br/indice/20054.pdf. (Para visualização do arquivo PDF, é necessário ter instalado o software Adobe Acrobat Reader em seu computador. Caso não tenha, clique aqui para efetuar o download do software gratuitamente direto do Site da Adobe.)

UM LANÇAMENTO DA

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Joana D’Arc por Ela Mesma



Joana D’Arc nasceu em Domrémy, na região de Barrois, França, no dia 6 de janeiro de 1412. Filha de camponeses, a necessidade de trabalhar para ajudar a família a impediu de estudar. Sua mediunidade despertou aos 13 anos de idade. Um dia, quando orava no jardim próximo de sua casa, um espírito pediu-lhe para ter confiança em Deus. Segundo ela, tratava-se de São Miguel, acompanhado de Santa Catarina e Santa Margarida (como aprendeu a identificar na igreja que freqüentava). Nessa ocasião, os espíritos revelaram sua missão: deveria dirigir-se a Carlos VII, o herdeiro do trono, e ajudá-lo a coroar-se rei da França.

Passaram-se os anos e quando os combates entre franceses e ingleses chegaram até Barrois, onde residia com a família, Joana partiu com a intenção de cumprir o que lhe havia sido destinado. Uma escolta a conduziu até Chinon, onde se encontrava Carlos VII. Nessa ocasião, a França estava quase inteiramente sob o domínio dos ingleses – época da Guerra dos Cem Anos (1337–1453) –, cuja posse foi garantida pelo Tratado de Troyes, firmado com os habitantes da região da Borgonha. Determinada, Joana comunicou seus propósitos a Carlos VII, que lhe delegou o comando de um destacamento e ordenou-lhe que socorresse a província de Orléans.
Bem-sucedida em sua missão, Joana conseguiu levantar o ânimo dos franceses, convencidos de que Deus a amparava. No dia 17 de julho de 1429, graças à coragem de Joana, Carlos VII é coroado na catedral de Reims, conforme a tradição da realeza. Em 1430, durante um ataque a Compiègne, Joana foi ferida e aprisionada pelos borgonheses. Com a intenção de desacreditá-la, em vez de executá-la de imediato, decidiram promover um julgamento público com a participação da Igreja. Prisioneira dos ingleses, Joana não recebeu nenhuma ajuda do rei Carlos VII. Condenada pela Inquisição por heresia, foi queimada publicamente na praça do Mercado Velho, em Rouen, em 30 de maio de 1431. Seu martírio despertou o patriotismo dos franceses que, finalmente, expulsaram os ingleses.

Em 15 de fevereiro de 1450, Carlos VII ordenou a revisão do processo que condenou Joana D’Arc. No dia 7 de julho de 1456, os inquisidores pronunciaram o tardio veredicto final, inocentando-a dos crimes de que foi injustamente acusada. Em 1920 – por iniciativa do papa Leão XIII, em 1890 –, Joana foi canonizada pela Igreja.



Joana D’Arc por Ela Mesma
Psicografado pela médium: Ermance Dufaux


Número de páginas: 312


Joana D’Arc por ela mesma, moderna edição de um clássico do Espiritismo – lançamento da Petit Editora –, é o relato das glórias e desventuras da heroína e mártir da França, psicografado por Ermance Dufaux, médium que colaborou com Kardec na revisão da segunda edição de O Livro dos Espíritos.

Joana D’Arc por ela mesma ganhou, na Petit, um tratamento à altura do seu valor: em linguagem atual, mas fiel ao original – a Editora trabalhou a partir da segunda edição, publicada na França em 1856 –, a tradução deu nova roupagem à obra, tornou a leitura ainda mais atraente.

Joana D’Arc (1412–1431) revela toda a verdade sobre a incrível aventura que viveu na França durante o período da Guerra dos Cem Anos (1337–1453). Médium vidente e clariaudiante – via e conversava com os espíritos – sua missão, conforme revelaram os benfeitores espirituais, era ajudar Carlos VII, o herdeiro do trono, a coroar-se rei da França: “Joana, vai te encontrar com o senhor de Baudricourt, comandante de nobres, para seres conduzida ao rei, que te dará, por sua vez, os cavaleiros necessários para levantar o cerco de Orléans; em seguida, tu conduzirás o rei a Reims, para que seja feita sua sagração”.

Uma mulher à frente de um exército

Na época, a pátria de Joana encontrava-se quase inteiramente sob o domínio dos ingleses. Não sem antes superar várias dificuldades, Joana encontrou-se com o rei e dele recebeu o comando de um exército. Resgatou Orléans dos ingleses, Carlos VII foi coroado e, depois de outros combates, foi capturada em Compiègne. Esse foi o início do seu martírio: prisioneira dos franceses que compactuavam com os invasores, Joana caiu nas malhas da Inquisição. Os lances emocionantes de sua epopéia são descritos com riqueza de detalhes pela heroína. Joana revela, nesta saga, os sentimentos que a perturbaram, os suplícios que sofreu e a crueldade dos inquisidores que pretendiam desacreditá-la publicamente.

A médium de Joana D’Arc

Ermance Dufaux de La Jonchére nasceu em 1841, em Fontainebleau, nas proximidades de Paris, França. Psicografou o livro Joana D’Arc por ela mesma – lançado em Paris em 1855 – aos 14 anos de idade. Allan Kardec, em artigo publicado na Revista Espírita de 1858 (Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira), confirmou a autenticidade da obra.
Joana D’Arc por ela mesma, leitura atraente, reúne elementos suficientes para apresentar, com o devido destaque, aquela que foi, sem dúvida, uma mulher muito à frente de sua época, notável exemplo de coragem, desprendimento e fé.


Ermance Dufaux

Ermance Dufaux de La Jonchére nasceu em 1841 em Fontainebleau, nas proximidades de Paris, França. Psicografou o livro Joana D’Arc por ela mesma – lançado em Paris, França, em 1855 – aos 14 anos de idade. Allan Kardec, no artigo “História de Joana D’Arc por ela mesma”, publicado na Revista Espírita de 1858 (Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira), dá o seu testemunho sobre o valor da obra: “(...) para nós, que vimos a médium em ação, a origem do livro não poderia suscitar nenhuma dúvida”.

Foi São Luís, mentor espiritual da médium, que incentivou Kardec a publicar a Revista Espírita. Ela e seu pai foram membros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada e presidida por Kardec. Ermance colaborou na revisão da segunda edição de O Livro dos Espíritos, publicada em 1860. Por seu intermédio – além de mensagens que fazem parte das Obras Básicas de Kardec e artigos da Revista Espírita – foram recebidos Confections de Louis XI: histoire de as vie dictée parlui même (1857); Histoire de Charles VIII (1858) e Histoire de Louis IV (1864).

Um lançamento da


domingo, 9 de novembro de 2008

O ateu


O ATEU

Psicografado pela médium: Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho


Número de páginas: 240

Lançamento da Petit Editora, O ateu, novo romance do Espírito Antônio Carlos, foi psicografado por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, a médium que recebeu o best-seller Violetas na janela, com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos.

Jean Marie é um aventureiro sem Deus que vende o prazer. É o personagem principal do romance O ateu. Sua casa é o palco de festejadas reuniões, onde a falsa alegria convive com o vício e a chantagem. Ele e os amigos, cúmplices em investidas desonestas, residem na Toca, propriedade outrora conhecida como Fazenda São Francisco, a qual transformaram em local de diversão.

O perigo ronda o Ateu

O Ateu, como Jean Marie é conhecido na intimidade, reserva-se o direito de não apenas descrer do Criador, mas também de influenciar os outros. No anonimato, escreve livros onde expõe sua absoluta descrença na vida depois da morte e distribui panfletos nos quais propaga o ideal materialista. Amigos que compartilham suas idéias empenham-se em ajudá-lo e distribuem os impressos. No coração, Jean Marie guarda espaço para os órfãos e os seus protetores, a quem procura auxiliar. Alheio às seduções do ambiente onde vive, ocupa-se em explorar os corruptos: não participa da devassidão que toma conta do lugar. Trata os criados com respeito, é solidário com os amigos e despreza aqueles que vivem somente para o prazer. Vítima de obsessão, percebe que o perigo ronda a Toca, mas não imagina o que o aguarda...

Vera Lúcia e o Espírito Antônio Carlos

Vera Lúcia conheceu o Espiritismo em 1975. Desde então, dedica-se ao estudo das Obras Básicas de Allan Kardec. Ao conhecer o Espírito Antônio Carlos durante uma sessão espírita, recebeu o impulso que precisava para iniciar-se na psicografia. Depois de nove anos de estudos e prática mediúnica, Vera Lúcia estava preparada: foi então que encaminhou Reconciliação, romance do Espírito Antônio Carlos, sua primeira psicografia, para a Petit Editora. A iniciativa, recorda Vera Lúcia, inspirada pela espiritualidade, foi o primeiro passo na direção de uma carreira de sucesso. Dedicada à família e ao trabalho profissional, Vera Lúcia não abre mão de psicografar: encontra tempo, todos os dias, para servir de intermediária dos escritores da espiritualidade.
O que leva alguém a negar a existência de Deus? O ateu, o novo romance do Espírito Antônio Carlos, psicografado por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, desvenda o que se passa no coração de almas aflitas que negam, a si mesmas, a oportunidade de encontrar a felicidade.



Vera Lúcia Marinzeck:

“Os livros espíritas consolam e orientam”

Durante a infância que passou na cidade de São Sebastião do Paraíso (MG), onde nasceu, Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho sentiu as primeiras manifestações mediúnicas. A médium é capaz não só de enxergar e ouvir com clareza os espíritos, mas também de receber, por intermédio da psicografia, mensagens e obras literárias. Casada, mãe de três filhos, divide seu tempo entre as atividades profissionais – ela e o marido são comerciantes –, suas obrigações familiares e o trabalho voluntário no centro espírita do qual é colaboradora, situado na cidade de São Carlos (SP), onde reside com a família.

Preferência nacional

Entre outros sucessos, Vera Lúcia psicografou Violetas na janela, que ultrapassou a tiragem de 1,5 milhão de exemplares e é uma verdadeira reportagem do Espírito Patrícia realizada no outro lado da vida. Esse êxito não modificou seus hábitos e sua personalidade. Simples e reservada, se considera “um simples instrumento dos espíritos”. Desde seu primeiro sucesso, Reconciliação, um romance do Espírito Antônio Carlos, lançado pela Petit Editora em 1990, Vera Lúcia atribui aos espíritos todo o mérito alcançado pelo seu trabalho mediúnico. A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” feita em 2008 pelo Ibope, encomendada pelo Instituto Pró-Livro, classificou Violetas na janela em 9o lugar entre os 30 livros “mais importantes para os brasileiros” e em 7a colocação no item “livros que leram ou estão lendo”.

Amigos do outro lado da vida

Entre os seus inúmeros amigos espirituais, Vera Lúcia destaca Antônio Carlos, seu mentor. Para a médium, “os livros espíritas consolam, orientam, nos dão a certeza da continuação da vida após a morte física, a compreensão da justiça de Deus e o entendimento da reencarnação. Dedico parte do meu tempo, todos os dias, à psicografia”. Sobre essa tarefa, que desenvolve em estreita sintonia com os espíritos, Vera Lúcia esclarece que cada um tem o seu modo próprio de trabalhar, aos quais ela se adapta, para que o resultado seja sempre o melhor possível. O Espírito Antônio Carlos, por exemplo, transmite sua obra em capítulos, revisando-os até obter o texto final.

Coleção de sucessos

Escrito por ela mesma, Conforto Espiritual – agora no segundo volume, Conforto Espiritual 2 – é o primeiro livro de Vera Lúcia. Do Espírito Antônio Carlos, psicografou: Reconciliação; Cativos e libertos; Copos que andam; Filho adotivo; Reparando erros de vidas passadas; A mansão da pedra torta; Palco das encarnações; Histórias maravilhosas da espiritualidade; Muitos são os chamados; Reflexos do passado; Aqueles que amam; O diário de Luizinho (infantil); Novamente juntos; A casa do penhasco; O mistério do sobrado; O último jantar; O jardim das rosas; Morri! E agora?; O sonâmbulo; O céu pode esperar; Ah, se eu pudesse voltar no tempo!; Por que comigo?; A gruta das orquídeas; O castelo dos sonhos e O ateu. Do Espírito Patrícia: Violetas na janela; Vivendo no mundo dos espíritos; A casa do escritor e O vôo da gaivota. Do Espírito Rosângela recebeu: Nós, os jovens; A aventura de Rafael (infantil); Aborrecente, não. Sou adolescente!; Ser ou não ser adulto; O sonho de Patrícia (infantil); O velho do livro (infantil); O difícil caminho das drogas e Flores de Maria. Do Espírito Jussara: Cabocla e Sonhos de liberdade. De diversos espíritos: Valeu a pena!; O que encontrei do outro lado da vida; Deficiente mental: Por que fui um? Em outros idiomas, Violets on the window; Violetas en la ventana; Violoj sur fenestro; Reconciliación; Deficiente mental: Por que fui uno? e Viviendo en el mundo de los espíritus.
Otimista e perseverante, espírita desde o ano de 1975, Vera Lúcia pretende continuar seu trabalho empenhando o melhor de si mesma para reproduzir, com fidelidade, as mensagens que os espíritos transmitem por seu intermédio: “Divido bem meu tempo, amo o que faço e estou muito feliz na minha condição de médium, intermediária de escritores espirituais que ajudam e orientam a tantas pessoas”.

Um lançamento da

Jogos de amor, o RPG dos relacionamentos

Jogos de amor
de Américo Canhoto


Número de páginas: 216


Jogos de amor, novo livro de Américo Canhoto – médico de família e escritor de sucesso –, lançamento da Butterfly Editora, usa o RPG para ensinar o leitor a ser feliz na vida a dois.
O RPG – sigla inglesa para a expressão Role Play Game – pode ser traduzido como jogo de interpretação ou de representação de personagens. Foi criado no ano de 1974, por Gary Gygax e Dave Arneson. No RPG os jogadores representam o papel de personagens fictícios interagindo em cenários variados, o que dá margem a curiosas experiências.

Entre a fantasia e a realidade

Em Jogos de amor, por exemplo, a ação se desenvolve em diversos mundos imaginários: Mitolândia, Cobaia, Mula, Espertos e Espíritos, cada um deles com características próprias e habitados por almas afins. O RPG, muito utilizado por educadores, incentiva a imaginação, estimula o raciocínio, o trabalho em equipe e a aquisição de novos conhecimentos e, conforme Américo Canhoto comprova, também pode nos ajudar a ser feliz no relacionamento amoroso.
No RPG, o mestre cria e conduz a história. Ao mesmo tempo, é o roteirista, o diretor e o mediador da partida. Américo Canhoto é o mestre do livro Jogos de amor. A mecânica do RPG foi o recurso que encontrou – hábil conhecedor das necessidades do ser humano, ele que é médico do corpo e da alma – para iniciar o leitor na arte de amar para ser feliz. Graças a esse original fio condutor e à bagagem do autor, temos em mãos uma leitura atraente, um facilitador que irá contribuir para a felicidade de todos aqueles que se entregarem, prazerosamente, ao love game sugerido. O jogador poderá improvisar à vontade – desde que não quebre o sistema de jogo, ou seja, o conjunto de regras de uma partida de RPG.

Américo Canhoto

Médico de família, pesquisador, educador, escritor e orador espírita, Américo Canhoto está certo de que aqueles que perseveram e trabalham para o bem são amparados: “Acreditem nos seus sonhos, pois assim todos se realizarão. Sigam suas intuições. Confiem na espiritualidade. Na incerteza, trabalhem, esperem e confiem em Deus”.

Casado, pai de quatro filhos, Américo Canhoto nasceu em Castelo de Mação, distrito de Santarém, em Portugal. Reside no Brasil desde 1954. Médico de família, começou a clinicar em 1978. Atende em São Bernardo do Campo e São José do Rio Preto (SP). Conheceu o Espiritismo em 1988. Nessa época, recebia pacientes indicados pelo doutor Eduardo Monteiro. Um dia, descobriu que esse médico era, na verdade, um espírito que se manifestava por intermédio da mediunidade e indicava seu nome para pessoas enfermas. Conheceu o Espiritismo no Grupo Espírita Dr. Eduardo Monteiro, em São Bernardo do Campo, onde hoje colabora: além de entrevistador, atende clinicamente, recebendo o receituário “por inspiração”. Em São José do Rio Preto (SP), é colaborador do Centro Espírita Francisco de Assis.

Médico de almas

Recentemente, Canhoto integrou-se a um grupo de atendimento a pessoas portadoras de estresse e da síndrome do pânico. Nesse trabalho, desenvolve palestras e debate com os participantes, os quais também são atendidos clinicamente. “Desde que comecei a estudar o Espiritismo, passei a ver a doença com outros olhos e a tentar mostrar aos pacientes sua origem e o que fazer para alcançar a cura definitiva. A cada dia me convenço mais de que pouco sei e que apenas meus modestos conhecimentos são insuficientes para ajudar meus pacientes. Procuro vigiar mais e orar com mais freqüência para melhorar a sintonia com os benfeitores espirituais, que nos ajudam muito mais do que imaginamos. A intuição é o caminho natural que o profissional vigilante dispõe para tornar-se mais útil àqueles que o procuram. Antes de atender cada paciente, vale a pena pedir ajuda aos amigos da espiritualidade e, ao final de cada consulta, é importante vibrar pela recuperação do paciente e agradecer a ajuda recebida”.

Palestrante requisitado, Canhoto destaca em suas apresentações a importância da reforma íntima e do abandono dos vícios, condição imprescindível para alcançarmos a saúde do corpo e da alma. Autor dos livros Pequenos descuidos, grandes problemas; Quem ama cuida; Saúde ou doença: a escolha é sua e Chegando à casa espírita, publicados pela Petit Editora e Jogos de amor, lançamento da Butterfly Editora, escreve para revistas, jornais e sites espíritas.

UM LANÇAMENTO DA

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mensagens para meditar - vol. 2







Tarde de Autógrafos


Data: 6/11 - quinta-feira

Local: Av. Paulista, 509 - Cerqueira César - Tel.: 2167-9900

Horário: das 18h30 às 21h30

Livro: Mensagens para meditar - vol. 2

Autor: Antonio Maria Failde

Editora: Ônix

Sinopse: Um livro cheio de encantamento, com textos que exprimem a sensibilidade com muita naturalidade, e que trazem à tona sentimentos de ternura e de amor. São mensagens que confortam, que despertam nossos sentimentos e que nos fazem meditar e buscar a elevação de nosso padrão vibracional. O autor não se preocupou em aplicar qualquer doutrina religiosa, apenas deseja que seus leitores sintam a mesma paz e harmonia que ele sentiu ao escrevê-las.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

JESUS CRISTO, MARIA E MADALENA

“Como Cristo foi compreendido pelos cristãos originais, que eram todos judeus? A palavra-chave é encontrada em Paulo, que escreveu aos Gálatas dizendo que Cristo redimira o homem da maldição da Lei. As Escrituras podem ser entendidas como um sistema de leis através das quais as experiências da vida de uma pessoa são filtradas. Deve-se redimir disso através da doutrina do amor. Das palavras de Cristo, aprendemos que devemos amar ao próximo. (...)”

Joseph Campbell in

Tu és Isso

JESUS CRISTO, MARIA E MADALENA.

Mais que uma única história

Introdução

Em todo momento polêmico surgem histórias exemplares. Talvez nos venham a sobrar indignações por tratar de tal tema, mas o certo é que sem querer discutir o Jesus histórico, ou ainda tentar validar esta ou aquela teoria sobre mistérios que são na verdade dogmas de fé, e por assim o serem não cabem como objeto de discussão, perpetramos esse texto com a intenção de mostrar que existe mais de uma maneira de se contar uma história. Mesmo sendo esta considerada a maior história de todos os tempos. Uma história que é a da tradição judaica e da construção da civilização cristã, civilização essa que já nos deu, por exemplo, as Cruzadas e a Santa Inquisição.

Uma civilização que a princípio se edifica sob a influência da igreja católica, igreja essa que também já surge polêmica. Não fosse assim nas longas peregrinações São Paulo Apóstolo não teria encontrado (25 anos depois) em uma de suas viagens alguns seguidores de João Batista, um moralista severo e inflexível sobre quem Jesus certa vez declarou – “Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher ninguém apareceu maior que João Batista”.

Muito embora, no rigor da palavra não fosse cristão, o impacto de suas palavras e ritos foram de fundamental importância na construção da tradição. O batismo, a oração em comum e o jejum, são claramente herdadas da ritualística criada por João. Porém mais que isso, o martírio como redenção e que viria ser emblemático na unção dos santos também é sua marca indelével. Sua resistência na prisão de Herodes e seu sacrifício são os primeiros exemplos escritos com violência que a igreja cristã iria utilizar. Por isso, toda e qualquer representação sangrenta, mesmo que seja na tela grande ou no afresco medieval não poderiam causar nenhum estupor. Ao correr desse texto daremos aqui e ali algumas pistas de como essa história pode ser contada e recontada sem perder o toque de mistério de “plot” onde “tudo pode ser verdade”.

RELENDO O EVANGELHO

Ao longo dos anos, muitas críticas têm sido levantadas quanto à confiabilidade histórica da Bíblia. Elas são usualmente, baseados na falta de evidências de fontes externas, confirmando o registro bíblico. E sendo a Bíblia um livro religioso, muitos eruditos tomam a posição de que ela é parcial e não é confiável a menos que haja evidência externa confirmando-a.

Surge aí a busca desse Jesus histórico e um sem número de texto apócrifos.

Os Apócrifos, porque esses textos foram proscritos da Bíblia? Na verdade Os Apócrifos são uma reunião de textos considerados heréticos pela Igreja, e que foram banidos e, muitas vezes, queimados. Alguns só se salvaram graças às traduções que deles existiam. Foram muitas as publicações e compilações. Podemos citar, por exemplo, o Livro dos segredos de Enoch, Livro de Isaías, Proto-Evangelho de Tiago, Evangelho Pseudo-Tomé, Evangelho Árabe da Infância, Livro da Infância do Salvador, Evangelho de Nicodemus, de Bartolomeu, de Pedro e Evangelho segundo Tomé, o Dídimo. Até a pouco tempo os historiadores trabalhavam com poucas referências sobre a mãe de Jesus, o que mudou com a descoberta de um raríssimo manuscrito, escrito por volta do ano 400, que contém um relato quase completo de uma viagem feita por uma monja espanhola, Egeria, à

Terra Santa, e o Evangelho Apócrifo da Virgem Maria que Egeria diz ter recebido de um monge grego companheiro de São Jerônimo. Reunidos nesse livro, os documentos revelam uma espécie de diário de Maria, que inicia falando sobre sua vida a partir dos 15 anos de idade, pouco antes de conceber Jesus, o primeiro encontro com o anjo Gabriel, os acontecimentos que precederam seu nascimento, sua saída estratégica da cidade, as visitas do anjo Gabriel aos pais de Maria, Joaquim e Ana, e a José, seu noivo. Mas, isso veremos mais à frente.

Apócrifos – Os proscritos da Bíblia, por exemplo, foram compilados por Maria Helena de Oliveira Tricca e Júlia Bárány para a Editora Mercuryo. Maria Helena nasceu em São Paulo, em julho de 1940 , faleceu em julho de 1997. De formação humanística, era pesquisadora nas áreas de mitologia, religiões antigas e filosofia. Como autora e compiladora dos livros Apócrifos – Os proscritos da Bíblia, assumiu a missão de expor ao público brasileiro esses textos polêmicos e ao mesmo tempo enriquecedores, que ampliam o conhecimento sobre a tradição judaico-cristã. Considerados profanos por serem não-canônicos, hoje são objeto de estudo por teólogos e estudiosos de Religião, uma referência obrigatória para quem necessita entender melhor a História de Cristo, o Cristianismo, o Judaísmo, o nascimento do Catolicismo e os lapsos de tempo nos textos bíblicos. Já Júlia Barani é Pesquisadora de Religião, filha de pai húngaro e mãe russa. Nasceu em São Paulo, em 24 de novembro de 1949. Viveu durante muitos anos nos Estados Unidos, estudando Filosofia e Letras na Cleveland State University, de Ohio. Lecionou inglês na Escola Rudolf Steiner e na Escola Graduada de São Paulo. Esteve vinculada a USP, PUC/RJ e FAAP nos cursos de Letras, Filosofia, graduando-se em Artes Plásticas. É responsável pela tradução de algumas obras como A Odisséia dos Essênios, de Hugh Schonfield, O Manuscritos do Mar Morto, do estudioso Geza Vermes e Apócrifos – Os proscritos da Bíblia, com textos traduzidos do aramaico e do grego. Mostramos assim que as pessoas imbuídas de divulgar essas pesquisas históricas estão longe de serem fanáticos revisionistas religiosos.

O mesmo se dá com o livro, Um judeu Marginal – Repensando o Jesus Histórico, de John P. Méier. Com critérios científicos, o livro encara realísticamente, a pessoa de Jesus, desmistificando conceitos tradicionais e errôneos sobre ele. Por meio de critérios cuidadosos, o autor chega o mais próximo possível do Jesus que os documentos históricos e bíblicos revelam, face à situação social, cultural e religiosa de sua época.

Por certo que existiram muitos textos cristãos e judaicos na época em que a Bíblia foi composta como a conhecemos hoje. Todos os seus textos chamados canônicos – os livros do Velho Testamento e os quatro Evangelhos do Novo Testamento, os sinópticos, foram escolhidos pela Igreja em seus primórdios para manter a coesão doutrinária e afastar as heresias. Os escritos banidos e, na sua grande maioria, queimados, preservaram-se em traduções gregas, eslavas e árabes, e alguns originais em hebraico e aramaico, existem há mais de 2.000 anos e tem sido fonte indispensável para grandes obras literárias ou cinematográficas, por trazerem informações polêmicas com relação aos textos oficiais, mostrando facetas inéditas das idéias cristãs e judaicas e até divergências diretas com a doutrina vigente. Fazem parte destes textos não-canônicos os famosos manuscritos do Mar Morto dos essênios, seita judaica conservadora, precursora do cristianismo. Há dois evangelhos sobre o nascimento e a infância do rabi, e uma bela história de amor e integridade com personagens do Velho Testamento, José e Asenath.

Embora não seja possível verificar cada evento descrito na Bíblia, as descobertas arqueológicas feitas desde a metade do século XVIII têm demonstrado a confiabilidade e plausibilidade de muitas narrativas bíblicas. Segundo Bryant Wood da Associates for Biblical Research “A descoberta do arquivo de Ebla no norte da Síria nos anos 70 tem mostrado que os escritos bíblicos concernentes aos Patriarcas são de todo viáveis. Documentos escritos em tabletes de argila de cerca de 2300 a.C. mostram que os nomes pessoais e de lugares mencionados nos registros históricos sobre os Patriarcas são genuínos. O nome "Canaã" estava em uso em Ebla - um nome que críticos já afirmaram não ser utilizado naquela época e, portanto, incorretamente empregado nos primeiros capítulos da Bíblia. A palavra "tehom" ("o abismo") usada em Gênesis 1:2 era considerada como uma palavra recente, demonstrando que a história da criação foram escrita bem mais tarde do que o afirmado tradicionalmente. "Tehom", entretanto, era parte do vocabulário usado em Ebla, cerca de 800 anos antes de Moisés. Costumes antigos, refletidos nas histórias dos Patriarcas, também foram descritos em tabletes de argila encontrados em Nuzi e Mari.”

Outra questão interessante são as divergências das datas dos Evangelhos e nisso, por exemplo, alteram o caráter de eventos como o da última ceia.. Em Marcos, assim como em Mateus e Lucas, essa refeição ou banquete modesto teria sido realizado em determinada noite no interior da cidade de Jerusalém, isto é, por dentro dos muros. Já se levarmos em conta os relatos de João, Jesus e os discípulos ceiam frugalmente no aguardo da festa do Pessach. O plano seria de prender Jesus e executa-lo durante a festa causando maior efeito moral entre o povo. Esse é um dos muitos textos em discussão.

Outro aspecto desse resgate da verdade vem da tentativa de identificar se o julgamento de Jesus foi “justo” ou, melhor dizendo, dentro das regras vigentes do direito romano. Não foram poucos os estudiosos da história do direito e das leis que mergulharam nesse tema. Para um cristão é justificável sua revolta com o processo que culminou na condenação e crucificação. Mas o que de fato ocorreu? Podemos resumir que se cometeu um deícidio? À luz das novas leis e da ética seu julgamento foi realizado em condições não humanitárias em flagrante violação dos direitos humanos. Mas e à luz das regras vigentes na época? A maioria dos pesquisadores consideram que Pôncio Pilatos conduziu o processo com correção e, mais que isso, se Jesus Cristo tivesse respondido “não” quando argüido se era ele o Rei dos Judeus, teria com certeza sido libertado.

MARIA, A MÃE DE DEUS?

Maria é realmente a Mãe de Deus? Se ela não o fosse, Jesus não seria Deus, mas sim um invólucro humano para Deus? Essa é uma discussão que embala muitos teólogos. Discutem que “Nossa Senhora foi preparada por Deus antes mesmo de sua concepção, exatamente para que o Verbo se fizesse Carne (não "assumisse uma" carne) em seu seio. Ela foi preservada da mancha do Pecado Original, ou seja, não sentiu sequer o desejo de pecar, e foi assim a nova Eva.” Em resumo - com Eva o pecado chegou ao mundo; e foi com Maria que a Salvação veio.

É importante notar que a Bíblia nunca menciona Maria como a Mãe de Deus, mas sempre como “Mãe de Jesus” (Meter ton Iesous). E nessa confusão alguns afirmam que “esse entendimento católico se dá devido à interpretação incorreta do título Theotókos (mãe de Deus) dado a Maria. No Evangelho de João 2.1-2, diz: mãe de Jesus, que na língua grega como já vimos é Meter ton Iesous. O título Mãe de Deus do grego Theotókos, foi dado a Maria no Concílio de Éfeso, em 431 a.C. Por essas questões a figura de Maria, Mãe de deus só se sustenta dentro da Igreja Católica.”

O Evangelho Secreto da Virgem Maria, de Santiago Martin (Editora Mercuryo) é um livro escrito por esse sacerdote católico, que nasceu em Madri em 1954. Licenciado em Biologia, Teologia e Jornalismo, é chefe da Seção de Religião do Jornal ABC e diretor do programa Testimonio da TVE (TV Espanhola). Autor de uma dezena de livros de espiritualidade, é também fundador de uma associação católica, os Franciscanos de Maria, dedicada ao trabalho voluntário e gratuito com todo tipo de marginalizados e que já está presente em seis países.

Mas o que descobrimos é que esse livro não é na verdade autoral e sim um manuscrito, até agora desconhecido, que revela aspectos inéditos da vida de Cristo e reúne as experiências mais íntimas de sua mãe, Maria. Os historiadores trabalhavam com poucas referências sobre a mãe de Jesus, e a história só começa a mudar com a publicação de textos escritos por volta do ano 400, que narram uma espécie de diário de Maria.

Um especialista em manuscritos antigos, J. F. Gamurrini surpreendeu o mundo em 1884, ao descobrir uma valiosíssima peça de arqueologia, na Abadia de Arezzo. Tratava-se de um manuscrito que continha um relato quase completo de uma viagem feita por uma monja espanhola, Egeria, à Terra Santa, intitulado Itinerarium. Numa biblioteca de Obona preservou-se outra cópia deste manuscrito, mais completa que a primeira, que acabou sendo redescoberta recentemente por dom Ignácio, sacerdote da arquidiocese de Oviedo, amigo do autor do presente livro. Ao mandar traduzir o texto original do latim, ficaram surpreendidos com o texto acrescentado ao relato de viagem pela monja espanhola: Evangelho Apócrifo da Virgem Maria, constante nessa cópia e ausente na primeira, talvez por motivo de censura religiosa. Egeria diz ter recebido o texto de um monge grego, companheiro de São Jerônimo – que vivia em Belém, na época em que a monja residia na cidade natal de Jesus, entre os anos de 387 e 420. No livro O Evangelho Secreto da Virgem Maria, a mãe do Messias inicia falando sobre sua vida a partir dos 15 anos de idade, pouco antes de conceber Jesus, o primeiro encontro com o anjo Gabriel, relatando detalhadamente os acontecimentos que precederam seu nascimento, sua saída estratégica da cidade, as visitas do anjo Gabriel aos pais de Maria, Joaquim e Ana, e José, seu noivo. O livro traz suas memórias, narradas a João Evangelista em muitas daquelas tardes em que ambos descansavam de suas respectivas tarefas, nas cercanias da cidade grega de Éfeso, quando uma velha mãe fala de si mesma, de seu filho, e da aventura que Deus, em um dia de primavera, havia posto em andamento.

Não podemos deixar de nos surpreender quando lemos trechos desse evangelho. Trechos como este: “ ...Sentia fortemente que, naquela noite, o Senhor esperava algo de mim. Disse-lhe que, por mim, as coisas se fariam de acordo com a Sua vontade e não segundo meus cálculos ou previsões. Portanto, se Ele, Yaveh, resolvera que as coisas iriam se desenvolver a seu modo, eu aceitava e, como em ocasiões anteriores, ofereci-me para ajudar no que fosse possível, sabedora, de antemão, que tudo o que eu fizesse seria pouco, jovem como era e a ponto de casar-me brevemente. Foi quando tudo ocorreu. Não havia pronunciado meu último sim, quando meu pequeno quarto se encheu de luz. Estava ajoelhada, com minha roupa modesta presa acima dos joelhos para não gastá-la, quando ele apareceu. “

Ou ainda - “Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Irás conceber em teu ventre e darás à luz um filho, a quem darás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado ‘Filho do Altíssimo’. O Senhor lhe dará o trono de Davi, seu pai. Reinará sobre a casa de Jacó pelos séculos e seu reino não terá fim”

E finalmente – “ ...pede ao Senhor que lhe conceda a graça de aliviar a dor do filho, sentindo tudo o que ele sente, o que lhe é concedido. A morte: Vi quando começaram a levantá-lo…Eu sabia que nada de extraordinário iria ocorrer, porque o extraordinário já estava ocorrendo: Deus assassinado pelas criaturas de Deus, com a permissão de Deus, para salvar as criaturas assassinas. Era esse o milagre…Seu olhar me localizou em seguida, e ambos nos apoiamos mutuamente…E ele, com uma súplica muda, com suas mãos cravadas, buscava em um abraço impossível o socorro que somente uma mãe pode dar… “Mulher, eis aí teu filho”, “Eis aí a tua mãe”. Viera para fazer-vos seus irmãos. Havia conseguido que chamásseis de “Pai” a seu Pai. Mas para que a irmandade fosse completa, era necessário que compartilhásseis também a mãe…Meu filho acabava de morrer e eu sem dúvida estava triste, mas não conseguia sentir desespero, não podia. Foi assim como o tive novamente em meus braços. Estava morto. Seu coração já não batia mais. Já não brilhavam seus olhos, que continuavam terrivelmente abertos. A espantosa coroa havia caído e se viam as feridas abertas em sua cabeça…”

Como estamos podendo ver, além de humanizar a morte de Jesus, a visão de Maria é de uma mãe. Dentro dessa nossa tentativa de ver a história em seus vários ângulos precisamos lembrar que as mulheres passam a ser presença importante nos vários episódios na vida de Jesus. Elas são as primeiras que se convertem às suas mensagens e passam a desempenhar papel ativo em toda essa construção de fé. Esse movimento judaico-cristão conta com a efetiva participação das mulheres, intervindo na vida pública.

MADALENA, A APÓSTALA?

Quem foi Maria, da localidade de Magdala, que a história bíblica registra apenas como Maria Ma(g)dalena? Uma das santas mulheres que se mantiveram ao pé da cruz durante a crucificação, a pecadora que os próprios discípulos de Jesus hostilizavam, uma mulher determinada e inteligente, acima e além de seu tempo, disposta a ousar tudo para salvar o homem que ama - ou uma personalidade multifacetada englobando todos esses aspectos? Que papel teve na vida de Jesus para que fosse a primeira pessoa com quem ele se encontrou ao sair do túmulo? Essas são algumas das perguntas contidas no romance histórico O Enigma Maria Magdalena de Gerald Messadié (Bertrand Brasil).

Maria Madalena é outro dos personagens controversos nessa nossa história e é, com certeza, uma das personagens mais enigmáticas do Novo Testamento. Podemos verificar que se por um lado existem poucas citações diretas sobre ela nos quatro evangelhos, por outro lado está nominalmente presente nas passagens mais marcantes da vida do Cristo, como a Paixão e a Ressurreição. Ela é a discípula que ama o mestre acima de tudo e é testemunha da Sua Ressurreição, sendo a portadora da Boa Nova. Por esse motivo ela pode ser considerada a primeira apóstola.

Por tudo isso ela é ao lado da Virgem Maria uma das mais importantes figuras femininas dos evangelhos, mas que acabou tendo corrompida a sua real importância dentro da tradição cristã católica romana. Sua imagem foi sendo, através dos séculos, corrompida como o de uma mulher pecadora, provavelmente uma prostituta, que foi purificada pelo Cristo. Mas é dela que como prova de seu amor espiritual, lavou os pés do Senhor e os enxugou com os próprios cabelos. Ela representava o arquétipo feminino tradicional, da transmissora do pecado original, que após ser curada, passou sua vida em penitência e arrependimento. Mas outros registros nos mostram uma mulher de rara cultura, independente, dona do ofício de criar pombos. Imagem esta que dentro de uma tradição judaico-cristã era incompatível com a subserviência.

Por outro lado Jesus, que em mais de uma ocasião quebrou regras da tradição judaica, como quando expulsou os vendilhões do templo, incorreu em mais uma que foi o de dar um papel importante às mulheres. Jesus conversava diretamente com elas, expondo preceitos religiosos, tal como fez com Maria de Bethânia, irmã de Marta e com a Samaritana. Alguns pesquisadores sequer conseguiram disfarçar esses preconceitos e escreviam que ele “se deixava tocar por mulheres consideradas impuras pelos judeus tradicionais”

Paulo em suas epístolas cita algumas mulheres que tinham tarefas de evangelização dentro da comunidade, tais como Febe, diaconisa da Igreja da Cencréia, Maria, "que muito fez pela comunidade romana"; e Júnia chamada de "apóstola" (Romanos, cap16 v 1-8). Maria Madalena não é citada, dentro dos evangelhos canônicos como um dos apóstolos, mas podemos dizer, por dedução, que era uma discípula escolhida e portadora de verdades fundamentais para a construção do cristianismo.

A título de informação complementar, o segundo nome de Maria Madalena, (Madalena ou Magdalini) em grego, significa que ela era natural de Magdala, ou Mejdel. “Escavações efetuadas na cidade e escritos de Flavius Josefus e outros, a descrevem como uma rica cidade comercial, baseada na pesca, e com muito contato com o mundo helênico, localizada no lado noroeste do lago da Galiléia “

Maria é sempre citada nas escrituras com o segundo nome anexado para diferencia-la das demais Marias - Maria mãe de Jesus; Maria, mãe de Tiago e Maria de Bethânia, irmã de Lázaro.

NO CELULÓIDE

A lembrança de muitos de nós de mais de quarenta anos é o sentimento de opressão quando se avizinhava a Semana Santa. Em parte porque os mais velhos ficavam mais sisudos. Sabíamos que era chegado os tempos de músicas tristes e que no cinema do bairro o programa duplo seria substituído por um único filme em sessão contínua. Teríamos “A Paixão de Cristo”. Não importa qual o título original do filme, nem a qualidade da cópia, o cartaz era sempre o mesmo, de preferência montado em um já desbotado e empoeirado pano roxo. Os primeiros filmes sobre Jesus, curiosamente nunca mostravam o rosto do ator que representava o principal personagem. Ele era sempre visto de costas, afinal “quem seria digno de vivenciar personagem tão divino?”

Com o tempo isso foi mudando, e em “Rei dos Reis” já tínhamos um Jesus belo e em technicolor. E mais que isso um Jesus como personagem pop. O filme viraria um disputado álbum de figurinhas. Está certo que tivemos ainda “O Manto Sagrado” e um sem número de “jesuses” canastrões e centuriões ”falastrões”. Tivemos até Toni Curtis, mas isso é outra história. Aos poucos além da “Paixão de Cristo” , fomos ousando um pouco mais da conta e tome “Marcelino, Pão e Vinho” e a cena assustadora do Cristo na cruz que falava com o pequeno herói. Eram tempos de Pelmex, Joselitos e Marissóis.

Por certo foi Franco Zefirelli que pode aliviar nossa angústia e colocar na programação “Irmão Sol, Irmã Lua”. Pasmem, o filme tinha até cena de nudez. Não satisfeito nos deu o belo britânico Robert Powell como Jesus em um épico em que Maria sentia as dores do parto.

Jesus of Nazareth (1977) é um belo filme, mais precisamente uma mini-série, que depois foi redimensionado para a telona. Com Robert Powell, Olivia Hussey, Stacy Keach, e com direção de Franco Zefirelli foi feito originalmente para a TV em 1977, esta versão de Jesus, com mais de 6 horas de duração, é tão abrangente que dedica a primeira hora somente à história de seu nascimento. É a mais completa obra sobre Jesus, e relata o nascimento de João Batista, o casamento de Maria e José, o nascimento e batismo de Jesus, seus muitos milagres (apesar de não mostrá-Lo andando sobre as águas e a transformação da água em vinho no casamento em Canaã).

Entre os inúmeros filmes já realizados anteriormente sobre Cristo alguns geraram muita polêmica, como O Evangelho Segundo São Mateus, de Pier Paolo Pasollini (que apresentava um Jesus revoltado e envolvido com os problemas políticos de seu tempo) e A Última Tentação de Cristo, que fez com que milhares de católicos se sentissem ultrajados com o Jesus humano apresentado por Martin Scorsese, e pelo autor do livro que deu origem ao roteiro, Nikos Kazantzakis.

Nikos Kazantzakis nasceu em Heraklion, Creta (Grécia). Estudou direito em Athenas e em Paris, e depois estudou filosofia e literatura. Interessou-se ainda por línguas e foi um estudioso da obra de Nitsche. Publicou filosofia - "Ascetics" (Salvatores Dei, 1927), e poesia - "The Odyssey" (1938) "Tertsines", "Protomastoras", "Melissa" , "Julian", "Prometheus" etc. Seus romances são "Alexis Zorbas" (1946) "O Xristos xanastavronetai" (O Cristo Recrucificado) (1948) "O ftoxoulis tou Theou" (O pobre homem de Deus) (1952-3) "Anafora ston Greco (Referente ao Greco) (1961) . Morreu em 1957 sem ver sua polêmica nas telas.

Tivemos ainda outra polemica de peso, em especial no Brasil. Foi o Filme de Godard – Je Vous Salue Marie. Realizado em 1985 por Jean-Luc Godard com um elenco competente (Myriem Roussel (Mary), Thierry Rode (Joseph), Philippe Lacoste (Gabriel), Juliette Binoche (Juliette), Anne Gautier (Eva)) contava a história de Marie ou Mary uma estudante que jogava basquete e trabalhava com seu pai em um posto de gasolina. Certo dia descobre que está grávida mesmo nunca tendo se deitado com um homem. Seu namorado é Joseph, um motorista de táxi que não acredita que ela possa estar grávida e ainda ser virgem. Essa trama com tantas referências bíblicas deu a Jean-Luc Godard o brilho da genialidade e da instantânea fúria de um sem número de crentes e cristãos. A igreja católica repudiou veementemente o filme e no Brasil, respaldada pela censura proibiu o filme que era exibido em um misto de ato pela desobediência civil e circo burlesco. Na verdade o filme que nada tinha de sensual e era arrastado no seu contar a história poderia ter passado em brancas nuvens não fosse a sanha sempre insensata do fanatismo religioso. Um blasfemo que sequer cult virou.

Mas nem sempre os polêmicos aceitam as ousadias de outrem e é assim com o roteirista de Hollywood responsável pelo texto do último filme polêmico sobre Jesus antes de A Paixão de Cristo, Paul Schrader, diz que o novo longa-metragem de Mel Gibson sobre a crucificação é violento e perturbador. "É um filme bem feito, mas muito violento e repleto de um senso profundo de auto-flagelação", disse Paul Schrader, que assinou o roteiro de A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese lançado em 1988, e que foi criticado por organizações cristãs devido a uma cena breve em que Jesus é visto tendo relações sexuais com Maria Madalena.

"São dois filmes totalmente diferentes", disse ele, depois de dar uma palestra em Londres sobre sua elogiada carreira. "Meu filme foi essencialmente uma história humanista sobre a luta para encontrar Deus, na qual Cristo é usado como metáfora", disse Schrader, que nasceu numa família rigidamente calvinista e estudou teologia. No roteiro, Jesus (Willem Dafoe) é um carpinteiro que vive um grande dilema, pois é quem faz as cruzes com as quais os romanos crucificam seus oponentes. Resumindo, Jesus se sente como um judeu que mata judeus. Vivendo um terrível conflito interior ele decide ir para o deserto, mas antes pede perdão a Maria Madalena (Barbara Hershey), que se irrita com Jesus, pois não se comporta como uma prostituta e sim como uma mulher que quer sentir um homem ao seu lado. Ao retornar, Jesus volta convencido de que é o filho de Deus e logo salva Maria Madalena de ser apedrejada e morta. Então reúne 12 discípulos à sua volta e prega o amor, mas seus ensinamentos são encarados como algo ameaçador, então é preso e condenado a morrer na cruz. Já crucificado, é tentado a imaginar como teria sido sua vida se fosse uma pessoa comum.

O certo é que o filme de Mel Gibson suscitou debates. O Presidente da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), D. Geraldo Majella Agnello afirmou que o filme “não é anti-semita nem justifica a revolta de judeus, embora seja terrivelmente cruel e chocante”. O rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, disse que “o filme é nitidamente anti-semita. Minha preocupação é que anti-semitas possam tentar usá-lo para recriar a ficção que justifique o preconceito contra judeus”. - Geza Vermes, professor de Oxford e um dos maiores especialistas na vida do Cristo, é contra o filme afirmando, entre outros argumentos, que ele conta simplesmente as últimas 12 horas da vida de Jesus, quando seria fundamental para o entendimento do personagem a narração da vida inteira.


por Eduardo Cruz