sexta-feira, 29 de abril de 2011

Descrição do Enlace Matrimonial com Visnupriya


Descrição do Enlace
Matrimonial com Visnupriya



Capítulo do Caitanya-Bhagavata cedido em cortesia pela BBT Brasil. O Caitanya-Bhagavata, em seu total de cinquenta e cinco capítulos, encontra-se disponível para compra


Caitanya-Bhagavata, de Vrndavana dasa Thakura



Adi-khanda, Capítulo 15, Sri Visnupriya-parinaya-varnana



Todas as glórias, todas as glórias ao Senhor Caitanya! Todas as glórias ao Senhor Nityananda! Meus Senhores, por favor, ofereçam-me Seus pés de lótus para que assim eu possa mantê-los no íntimo de meu coração. Glórias e mais glórias ao Senhor Gauranga e a Seus associados! Obtém o serviço devocional ao Senhor Supremo aquele que simplesmente ouve estes fascinantes passatempos de Sri Caitanya.



Continuava a desfrutar de Seus passatempos o Senhor sem que ninguém identificasse Sua identidade verdadeira. Ao nascer do sol, o Senhor cantava o mantra Gayatri, observava outros deveres religiosos diários, oferecia reverências à Sua mãe e então ia dar aula para Seus alunos.



Mukunda-Sanjaya é um servo eterno do Senhor, e Purusottama dasa era seu filho. Para lecionar, o Senhor Caitanya diariamente caminhava até a casa de Mukunda-Sanjaya – o que revela quão afortunada era essa personalidade. A princípio, Nimai Se sentava sozinho no candi-mandapa. Então, gradualmente, Seus alunos chegavam e se acomodavam. Ocasionalmente, algum estudante se esquecia de aplicar tilaka em sua testa. Como o propagador e mantenedor do Sanatana Dharma, Nimai Se sentia obrigado a proteger as almas condicionadas de qualquer forma de desvio dos princípios religiosos. Ele, portanto, quando necessário, nunca deixava de retificar Seus alunos. Nimai colocava o estudante esquecido em uma situação tão constrangedora que ele apenas consentia com a instrução e nunca mais se esquecia de aplicar tilaka. “Meu querido irmão, vejo que você não está usando tilaka. Qual é a razão para isso?”, perguntava Nimai. “‘Se um brahmana não usa tilaka, sua fronte é tão pura quanto um crematório’, os Vedas afirmam. Pela ausência de tilaka em sua testa, posso entender que você, de fato, não cantou o mantra Gayatri. Ó Meu irmão, suas práticas religiosas e cantar do Gayatri de hoje foram inúteis. Vá para casa e observe novamente seus deveres bramânicos. Então, com tilaka em sua fronte, você pode voltar aqui para estudar”. Assim Se portava o Senhor com Seus alunos. Em consequência, todos eles eram muito atentos na prática de seus deveres religiosos.



O Senhor não modificava Sua disposição arrogante e jocosa, e também não poupava ninguém de Suas críticas. Qualquer um que agisse de forma negligente sujeitava-se à estrita correção do Senhor. O caráter de Nimai, no entanto, era sempre exemplar. Ele nunca fazia piadas ou ria na companhia das esposas de outros. De fato, Ele mantinha distância de mulheres e, tanto quanto possível, evitava Se encontrar com elas. Nimai gostava de implicar especialmente com os residentes de Srihatta, imitando o dialeto peculiar que tinham. Os enfurecidos residentes de Srihatta retrucavam: “Ora! Ora! De que terra Você vem? Diga-nos de onde vêm Seu pai, Sua mãe e os descendentes deles. Qual deles não nasceu em Srihatta? Você é filho de Srihatta. Por que, então, fica zombando de nós?”. Quanto mais eles argumentavam com o Senhor, mais Ele Se divertia imitando o dialeto deles. Se, contudo, a pessoa provocada não se irritasse, o Senhor a provocaria até deixá-la irritada. Algumas vezes, eles furiosamente tentavam agarrar o Senhor, mas em vão. Incapazes de pegar Nimai, só lhes restavam gritar ameaças e bater com a sola do pé contra o chão. Eventualmente, um deles conseguia pegar o Senhor e, segurando Seu dhoti pela cintura, arrastava-O até o juizado muçulmano de pequenas causas para registrar queixa. Mas, no final, os amigos do Senhor apareciam e tudo sempre acabava bem. Alguns dias, o Senhor entrava na casa de alguém da Bengala Oriental, quebrava tudo e então fugia fingindo estar com medo de ser pego. Assim Se dava o mau comportamento transcendental do Senhor em Navadvipa. Ele, entretanto, nunca estava em nenhum incidente que envolvesse mulheres. De fato, Ele nunca olhava para uma mulher. Nesta encarnação, o Senhor nem mesmo ouvia a palavra “mulher”, o que O tornou famoso em todo o mundo. Portanto, os devotos fixos nas conclusões escriturais nunca glorificam o Senhor Caitanya como “Gauranga-nagara”, o Senhor no humor de um amante. Embora toda forma de elogio caiba no Senhor, os devotos puros e eruditos glorificam o Senhor de acordo com a natureza que Ele manifesta naquela encarnação específica. Em Navadvipa, a Suprema Personalidade de Deus era Nimai Pandita, o erudito.



Assim desfrutava o Senhor de Vaikuntha de Seus passatempos transcendentais como um professor na casa de Sri Mukunda-Sanjaya. Com Seus alunos a toda Sua volta, o Senhor professorava com grande prazer. Às vezes Ele fingia estar com dor de cabeça e pedia que massageassem Sua cabeça com óleo medicinal. Ele, então, com grande satisfação, dava procedimento à Sua aula. Começando ao nascer do sol, o Senhor Caitanya, o reservatório de todas as virtudes, lecionava por seis horas. Em seguida, Ele Se banhava nas águas do Ganges. Então Ele novamente lecionava do anoitecer à metade da noite. Após apenas um ano de estudo sob a orientação de Nimai, qualquer estudante deixava a escola como um pandita entendido em todas as conclusões escriturais.



Enquanto o Senhor Se absorvia dessa maneira em Suas atividades magisteriais, Mãe Saci pensava constantemente no recasamento do Senhor, [agora viúvo]. Por toda Navadvipa, Sacidevi procurava por uma noiva adequada para Nimai. Um homem pientíssimo e muito pródigo de nome Sri Sanatana vivia em Navadvipa. Ele era honesto, generoso e muito devotado ao Senhor Visnu. Sri Sanatana servia seus convidados e visitantes com grande hospitalidade e assistia às pessoas menos favorecidas. Nascido em família nobre, era veraz e autocontrolado. Por sua intelectualidade, era conhecido como Raja-pandita, o erudito majestoso. Sendo também muito rico, ele mantinha facilmente muitas pessoas. A filha de Sanatana Misra era muito bela e bem-comportada, tal qual Laksmidevi, a mãe dos mundos. No mesmo instante em que A viu, Sacidevi se convenceu de que aquela era a moça perfeita para seu filho. Desde a infância, Ela Se banhava no Ganges duas ou três vezes ao dia. Ela era muito dedicada e obediente a Seus pais e não conhecia nada além do serviço devocional ao Senhor Visnu. Todos os dias, quando Se encontrava com Mãe Saci onde se banhavam, Visnupriya oferecia a ela Suas humildes reverências. Muito satisfeita com Ela, Mãe Saci A abençoava dizendo: “Que Krsna A abençoe com um esposo adequado”. Mas, enquanto agora se banhava, Sacidevi pensava: “Essa jovem deveria ser dada a meu filho”. Em seus corações, o Raja-pandita e seus parentes próximos estavam igualmente desejosos em ter o Senhor na família.



Por arranjo divino, Mãe Saci encontrou-se com Kasinatha Pandita e disse a ele: “Meu caro Pandita, eu tenho uma proposta a fazer a Sri Sanatana. Por favor, diga ao Raja-pandita que, se ele assim desejar, ele pode oferecer a meu filho, Nimai, a mão de sua filha”. Com grande alegria, Kasinatha Pandita colocou-se sem demora em direção à casa de Sri Sanatana murmurando para si os nomes de Durga e Krsna. Ao ver Kasinatha à sua porta, o Raja-pandita imediatamente lhe ofereceu um assento. Após oferecer-lhe os devidos respeitos, Sri Sanatana perguntou: “A que devo sua visita, meu querido irmão?”. Kasinatha respondeu: “Eu trago uma proposta a você. Caso fique satisfeito com ela, você pode tomar as providências em seu favor. Você deveria oferecer sua filha em casamento a Visvambhara Pandita. Sob todos os aspectos, Eles são perfeitamente compatíveis. Ele é uma personalidade divina, adequado sob todos os aspectos para sua filha. E sua filha, a castidade personificada, também é perfeita para Ele. Assim como o Senhor Krsna e Rukmini são perfeitos um para o outro, Visnupriya e Nimai Pandita também o são”. Com a expectativa de seus conselhos e comentários, o pai de Visnupriya levou a novidade da proposta a sua esposa e parentes próximos. . “O que há para se pensar? Façamos logo todos os arranjos necessários para essa união perfeita”, disseram todos. Então, com muita alegria, Sri Sanatana disse a Kasinatha Pandita: “Já tomei minha decisão. Como não há outro brahmana como Visvambhara, darei a Ele a mão de minha filha. Se o Senhor Supremo autorizar este casamento, minha família e meus ancestrais serão imensamente beneficiados. Vá à casa deles e diga-lhes que sou completamente a favor dessa união e que farei todos os arranjos”.



Sri Kasinatha Misra estava imensamente satisfeito com o resultado de sua missão e foi sem demora estar com Mãe Saci para lhe contar tudo o que transcorrera na casa do Raja-pandita. Ouvindo que tudo havia ocorrido como desejado, Mãe Saci ficou muito feliz e começou a pensar nos preparativos. Ao receberem a notícia de que Seu casamento estava sendo arranjado, os alunos de Nimai ficaram todos muito jubilantes. Desde então, um cavalheiro abastado, de nome Buddhimanta, insistia: “Eu quero pagar por todos os custos do casamento”. Mas Mukunda-Sanjaya objetava: “Meu querido amigo, meu querido irmão, se você pagar por tudo, eu não poderei ajudar com nada?”. “Escute meu amigo e irmão”, disse Buddhimanta Khan, “não permitirei que a cerimônia deste casamento seja mais um daqueles casamentos de brahmanas pobres. Quando virem as festividades do casamento de Nimai Pandita, todos pensarão que um príncipe está contraindo núpcias”.



Então, em um momento auspicioso de um dia auspicioso, observou-se a cerimônia adhivasa em meio a muita felicidade e festa. O espaço reservado para a cerimônia era uma enorme tenda decorada com tapeçarias suspensas e multicoloridas. Muitas bananeiras haviam sido trazidas. Sofisticados jarros d’água, lamparinas de ghi, grãos, iogurte, manga e outros artigos auspiciosos eram encontrados por toda a parte. Todos os diferentes ingredientes requeridos foram dispostos no chão, que estava belamente decorado com pasta de arroz colorida. A todos os vaisnavas, brahmanas e pessoas respeitáveis de Navadvipa foi enviado um convite invitando-os para o banquete que seria realizado juntamente com a cerimônia de adhivasa. No começo da tarde, os músicos já haviam chegado e começavam a tocar. O som alto e melodioso de mrdangas, shanais, jayatakas, karatalas e outros instrumentos passeava pelas quatro direções. Os poetas deram início à recitação de preces, e as mulheres, castas e fiéis a seus esposos, contribuíam com um cantar ululante. E Nimai Pandita, a mais preciosa jóia dos brahmanas, encontrava-Se sentado em meio aos recitadores dos mantras Védicos. Os brahmanas, que pelas quatro direções O rodeavam, provavam grande bem-aventurança.



Diferentes objetos requeridos na recepção formal dos convidados, como essências aromáticas, pasta de sândalo, nozes de bétel e guirlandas florais, foram trazidos para Nimai. Ele enguirlandou os convidados respeitáveis, passou pasta de sândalo em suas frontes e ofereceu a cada um deles uma taça com nozes e folhas de bétel. A população de brahmanas de Nadiya era gigantesca. Chegavam brahmanas na festa e brahmanas iam embora como se fossem de número ilimitado. Alguns desses brahmanas eram muito gananciosos. Para ganharem novamente uma guirlanda, pasta de sândalo e nozes de bétel, eles, como atores de teatro, vestiam-se com novas roupas e fingiam serem outras pessoas chegando à festa pela primeira vez. Convidados vieram de diferentes e distantes localidades, por esta razão muitos não se conheciam. Apesar disso, a atmosfera festiva era muito agradável. O Senhor estava em um humor jovial, e exibiu o comportamento do anfitrião perfeito. Sorrindo, Nimai instruiu os responsáveis pela distribuição dos presentes aos convidados: “Dêem os presentes a todos no mínimo três vezes. Não se preocupem com o custo das guirlandas, da pasta de sândalo e dos outros artigos, apenas distribuam tudo livremente”. Assim solucionou o Senhor o problema de alguns convidados estarem aceitando os presentes várias vezes. O Senhor, devido a Seu profundo amor pelos brahmanas, pensou em Seu coração: “Alguns brahmanas tolos estão usando de falsidade para pegarem presentes extras. Essa é uma mentalidade trapaceira e ofensiva”. Foi para proteger a religiosidade de tais brahmanas que o Senhor deu a ordem de que tudo fosse distribuído livremente. Os brahmanas gananciosos, diante da generosidade do Senhor, ficaram envergonhados de si mesmos. Recebendo os presentes por três vezes, todos ficaram satisfeitos.



Entre os milhares de convidados, no entanto, ninguém tinha conhecimento de que as guirlandas de flores, a pasta de sândalo e as nozes de bétel distribuídas eram todas manifestações do Senhor Ananta Sesa, que viera servir o Seu Senhor, Nimai Pandita. Durante a profusa distribuição dos presentes, algumas flores e partes dos outros artigos caíam pelo chão. Somente tais remanentes ignorados seriam suficientes para a realização de cinco casamentos comuns. Todos os visitantes foram embora muito impressionados. Eles diziam: “Que adhivasa mais glorioso!”. Mesmo os homens mais ricos de Navadvipa, senhores de centenas de milhares de moedas, voltaram para casa impressionados, pois nem mesmo seus pais haviam fornecido tanto luxo para seus casamentos. Ninguém jamais distribuíra guirlandas, pasta de sândalo e nozes de bétel em tamanha abundância em Navadvipa. O Raja-pandita, Sri Sanatana Misra, estava extremamente jubilante. Ele e seus parentes próximos que estavam no adhivasa ficaram muito satisfeitos com os presentes que podiam levar para casa. Quando esses parentes brahmanas chegaram, houve um grande festival de canto, dança e música instrumental. Em um momento auspicioso, exatamente como recomendam os Vedas, o Raja-pandita, com muita alegria, decorou a fronte do Senhor com tilaka perfumada. Nesse momento, enquanto os músicos tocavam, todos exclamaram: “Jaya! Jaya! Hari! Hari!”. As castas esposas presentes cantavam de forma comovente. Esse cantar, combinado com os instrumentos musicais, trouxe grande bem-aventurança.



Assim foi celebrada a auspiciosa cerimônia adhivasa. Terminados todos os seus deveres, o Raja-pandita, Sri Sanatana Misra, retornou à sua casa. Em um momento auspicioso, os parentes do Senhor também fizeram uma cerimônia adhivasa similar para Visnupriya. Toda a ritualística matrimonial tradicional naquele contexto foi observada com grande jovialidade pelo casal divino. Na manhã seguinte, ao nascer do sol, o Senhor Caitanya Se banhou no Ganges e então foi diretamente para o templo adorar o Senhor Visnu. Em seguida, acompanhado de Seus parentes mais próximos, o Senhor satisfez Seus ancestrais oferecendo-lhes respeito. Também nessa cerimônia nandimukha, o humor festivo estava presente, com músicos, dançarinos e cantores. Auspiciosas exclamações de “Jaya! Jaya!” tomavam as quatro direções. A porta da casa, seu interior e o terreno ao seu redor estavam todos decorados. Havia belos desenhos no chão, e potes d’água, grãos, iogurte, lamparinas e folhas de mangueira por toda a parte. Nas quatro direções, havia bananeiras e bandeiras tremulantes de diversas cores. A atmosfera estava embevecida com o entusiasmo de festa. Acompanhada pelas castas e fiéis mulheres de Navadvipa, Mãe Saci alegremente observou todos os rituais tradicionais.



Primeiramente, elas se banharam no Ganges. Então, acompanhadas pelos músicos, elas visitaram a deidade local, sasthi, e oraram pelas bênçãos dela. Do templo, as mulheres acompanharam Saci na visita a seus parentes, e, por fim, voltaram para suas respectivas casas. Às mulheres que a acompanharam, Mãe Saci distribuiu arroz inflado, cachos de banana, óleo, nozes de bétel e sindura vermelho – o que as deixou completamente satisfeitas. Pelo desejo e poder do Senhor Supremo, não havia escassez de coisa alguma, e Saci pôde, portanto, dar esses presentes cinco ou sete vezes a cada mulher. Nenhuma daquelas mulheres estava de forma alguma insatisfeita. Elas alegremente untaram seus corpos com óleo e então se banharam. A casa de Laksmidevi também se encontrava em estado de grande bem-aventurança, com sua mãe completamente tomada de júbilo. Por dar sua filha, o seu maior tesouro, ao Senhor Gaurasundara, o Raja-pandita também tinha seu coração transbordando em êxtase.



Depois de finalizados todos os rituais, o Senhor Caitanya sentou-Se para descansar por um instante. Ali, o Senhor distribuiu alimento e vestimentas a todos os brahmanas e ofereceu reverências a cada um deles. O Senhor deu presentes condizentes com cada pessoa e também ofereceu respeitos de acordo com a posição de cada um. Todos os brahmanas abençoaram o Senhor Caitanya e então foram embora muito satisfeitos. À tarde, os parentes do Senhor foram à Sua casa para vesti-lO e adorná-lO para o casamento à noite. Eles decoraram todo o Seu corpo com pasta de sândalo e aplicaram perfumes aromáticos em diferentes partes de Seu corpo. Em Sua testa, eles desenharam com pasta de sândalo fragrante uma tilaka em formato de meia lua. Uma graciosa coroa brilhava sobre Sua cabeça, e uma guirlanda de flores perfumadas pendia de Seu pescoço. Um esplêndido dhoti de seda, de um brilho dourado similar ao pôr do sol, foi peritamente vestido na cintura do Senhor; e Seus olhos de lótus estavam maquiados com kajjala negro como o mangangá. Ele segurava grama durva e broto de bananeira para a auspiciosidade do evento. Brincos de ouro balançavam dependurados do lóbulo de Suas orelhas, enquanto outras jóias decoravam Seus braços e Seu pescoço. Cada um dos parentes do Senhor O decorou de acordo com o seu gosto, dispondo diferentes tipos de jóias em diferentes partes do corpo de Nimai. Tanto homens quanto mulheres ficavam maravilhados diante da sofisticada beleza do Senhor e logo se esqueciam de si mesmos.



Três horas se passaram dessa maneira. A uma hora do horário marcado para o casamento, decidiu-se que o Senhor deveria começar a ir para a casa da noiva: “Iniciemos a gloriosa procissão. Até chegar à casa de Sua noiva, Nimai irá desfilar pela cidade por uma hora”. Assim, com grande felicidade, Buddhimanta Khan trouxe um belíssimo palanquim. Então um tumultuoso cantar e tocar de instrumentos musicais repentinamente ganhou espaço. Juntamente, os brahmanas puseram-se a recitar os auspiciosos mantras dos Vedas. Com os poetas também recitando orações, a bem-aventurança se fez presente em todas as quatro direções. Depois de circum-ambular Sua mãe, o Senhor ofereceu Suas reverências aos brahmanas ali presentes. Quando o Senhor tomou o palanquim como Seu assento, ouviram-se por toda parte as exclamações de “Jaya! Jaya!”. As mulheres também ululavam vibrações auspiciosas. Não havia nenhum outro som em nenhuma direção.



A procissão começou por ir à beira do Ganges. A lua crescente, quase cheia, dependurava-se no céu e se espelhava nas águas de Gangadevi. Milhares e milhares de lamparinas haviam sido acesas, e seus portadores faziam-nas dançar de diferentes maneiras. À frente do palanquim do Senhor, os empregados de Buddhimanta Khan caminhavam em duas filas. Atrás deles, homens enguirlandados ostentavam bandeiras de diferentes cores. Também na passeata, bufões com roupas multicoloridas faziam brincadeiras e suscitavam risos. Eu desconheço o número de dançarinos ali presentes, mas todos dançavam com grande contentamento seus diferentes estilos de dança. Os músicos tocavam jayatakas, viratakas, mrdangas, kahalas, patahas, dagadas, búzios, flautas, karatalas, varangas, singas e outros dos cinco tipos de instrumentos. Não me é possível descrever todos os instrumentos que tocavam. Centenas de milhares de crianças dançavam entregues à atmosfera festiva. Vendo a dança delas, o Senhor sorria. Na presença do alegre dançar das crianças, mesmo os cidadãos mais velhos abandonaram sua natureza reservada e também se puseram a dançar.



Sem o cessar do canto, da dança ou da música, eles pararam às margens do Ganges antes de prosseguirem para a casa da noiva. Então, depois de oferecidas flores e reverências a Mãe Ganga, a empolgada procissão seguiu para a cidade. Tinham o coração completamente arrebatado todos os que presenciavam a opulência dessa festividade matrimonial – estando tal opulência muito além da que uma pessoa ordinária pode exibir. “Vi em minha vida muitos casamentos opulentos e grandiosos”, comentou um homem na multidão, “mas jamais imaginei testemunhar algo assim”. Todos os olhares voltavam-se em direção a Nimai sobre o palanquim. Por verem diretamente com seus próprios olhos o Senhor Supremo em pessoa, todos os homens e mulheres se afogavam desamparadamente em bem-aventurança. Todos os brahmanas que tinham filhas belas e solteiras em casa lamentaram. “Sou certamente muito desafortunado por não poder ter dado a mão de minha filha a esse belo rapaz. Mas o que posso fazer?”. Ofereço minhas respeitosas reverências aos pés de todos os residentes de Navadvipa que testemunharam esse extasiante passatempo do Senhor. Assim foi que o Senhor, em grande felicidade, desfilou por todas as diferentes localidades de Navadvipa.



Finalmente, com o pôr do sol, o Senhor chegou à casa do Raja-pandita, Sri Sanatana Misra. Todos saíram da casa. Sem que os músicos deixassem de tocar seus instrumentos, uma tumultuosa exclamação de interjeições festivas se fez. O amor do Raja-pandita por Nimai era visível. Com grande respeito, ele auxiliou o Senhor a descer do palanquim e O conduziu para o interior da casa, onde um assento Lhe aguardava. Desejando-Lhe boas-vindas, ele derramava muitas flores sobre o Senhor. O Raja-pandita estava tão feliz enquanto olhava para seu genro que esqueceu completamente de seu corpo. A comitiva de recepção da noiva consistia de muitos brahmanas que haviam trazido roupas, jóias e outros presentes valiosos para o Senhor. Presenteando-O com padya, arghya, acamaniya, roupas e ornamentos, eles receberam o Senhor apropriadamente. Então, acompanhada por muitas outras mulheres, a esposa do Raja-pandita observou os rituais auspiciosos. A mãe da noiva colocou grama durva sobre a cabeça do Senhor e então Lhe ofereceu aratik com sete lamparinas de ghi. Jogando sobre Ele moedas e arroz inflado, ela exclamava palavras de vitória. Assim ela observou os rituais tradicionais.



Nesse momento, Laksmidevi, que havia sido sofisticadamente vestida e decorada, foi trazida por Sua mãe e recebeu um assento. De acordo com o costume, os parentes de Nimai O levantaram do chão e depois O colocaram de volta em Seu assento. Também de acordo com o costume, eles suspenderam uma cortina ao redor do Senhor, e Laksmidevi então O circum-ambulou por sete vezes. Ao término da sétima volta, Ela parou diante do Senhor e Lhe ofereceu reverências. Então houve uma grande chuva de flores e pétalas sobre o casal, e os dois grupos de músicos começaram a tocar seus instrumentos. Toda a atmosfera foi tomada pela bem-aventurança das interjeições de vitória acompanhadas pela música que se ouvia nas quatro direções. Oferecendo a Si mesma dessa maneira, Laksmidevi, a mãe de todos os mundos, acomodou uma guirlanda sobre os pés de lótus do Senhor. O Senhor Caitanya, sorrindo afetuosamente, pegou a guirlanda e a colocou ao redor do pescoço de Laksmidevi. Então, Sri Sri Laksmi-Narayana foram mais uma vez cobertos por uma chuva de flores e pétalas. Invisíveis às pessoas comuns, o senhor Brahma e outros semideuses também estavam ali e derramavam flores sobre o casal.



A comitiva do Senhor Gaurasundara competia com a de Laksmidevi quanto a qual delas podia produzir mais sons auspiciosos. Absortos nessa competição, todos se esqueceram de suas preocupações pessoais. Algumas vezes era a comitiva do Senhor que parecia vencer, e outras vezes a comitiva de Laksmidevi parecia ser a mais empolgada. Rindo com grande satisfação, Nimai os encorajava a exclamarem cada vez mais alto. Direcionando seus olhares para a sorridente face do Senhor, todos nadavam em um oceano de bem-aventurança transcendental. Milhares e milhares de lamparinas brilhavam. Não se podia ouvir nada além da música e do extasiante cantar que tomavam todo o ar atmosférico.



Quando foi chegado o momento do Senhor Caitanya e de Laksmidevi trocarem olhares, o universo parecia completamente tomado por tumultuosa música e gritos regozijantes. O casal divino, Sri Gaurasundara e Laksmidevi, sentaram-Se lado a lado. Então, com um coração de alegria transbordante, o Raja-pandita ofereceu sua filha ao Senhor. Após oferecer apropriadamente padya, arghya e acamaniya, ele formalmente declarou sua intenção. Desejoso de satisfazer Visnu, o Raja-pandita ofereceu ao Senhor tanto sua filha como orações. Em seguida, ele também ofereceu um dote com muitas terras e propriedades, servos, criadas, camas e outras mobílias, e vacas repletas de leite. Com Laksmidevi sentada à esquerda do Senhor, os brahmanas acenderam o fogo para o início do yajna.



Depois que todos os ritos tradicionais haviam terminado, o noivo e a noiva entraram em uma sala maravilhosamente decorada. A casa do Raja-pandita foi transformada em Vaikuntha, e todos os convidados se sentaram para desfrutar do maravilhoso banquete que seria servido. Quando o banquete teve fim, os recém-casados passaram a noite juntos na casa de Laksmidevi. A felicidade de Sanatana Pandita não pode ser descrita com palavras. Ele experimentava a mesma boa fortuna provada no passado por grandes personalidades como Nagnajit, Janaka, Bhismaka e Jambavan, que também foram sogros do Senhor. Terem servido o Senhor Visnu com grande esmero em suas vidas passadas é a razão para que Sanatana Pandita e seus parentes estivessem desfrutando agora de tamanha bem-andança.



O casal divino passou a noite e também a manhã do dia seguinte na casa de Sanatana Pandita. À tarde, o Raja-pandita e seus parentes despediram-se do Senhor Gaurasundara e de Visnupriya. Em meio às bênçãos dos brahmanas, ao som de vários instrumentos e cantar de mantras, Nimai ofereceu Seus respeitos aos membros mais velhos da família de Seu sogro e então, sobre um palanquim, partiu com Sua esposa para a casa de Mãe Saci. Com todos exclamando “Hari! Hari!”, um glorioso tumulto tornou-se manifesto. Assim foi que Nimai, o melhor dos brahmanas, deixou a casa de Seu sogro.



Todos que viam o Senhor desfilando pelas ruas respeitosamente exclamavam: “Magnífico! Magnífico!”. Quando viam o casal, as mulheres diziam: “Por quantas vidas essa jovem deve ter adorado Laksmi e Parvati para ser merecedora de tão grande boa fortuna?”. Outras comentavam: “Eles são como Siva e Gauri”. Enquanto outras diziam: “Talvez Eles sejam Laksmidevi e o Senhor Hari”. “Eles são Kamadeva e Rati”, uma mulher opinou. “Para mim”, especulou outra, “Eles são Indra e Saci”. “Acredito que Eles são Ramacandra e Sitadevi”, comentou uma outra. Dessa maneira conversavam entre si as moças piedosas. Pelo fato de poderem ver os passatempos do Senhor Supremo e de Sua consorte eterna, é impossível dizer o quão afortunados e piedosos eram os habitantes de Nadiya. Todos os homens e mulheres eram enlevados pelos auspiciosos olhares de Sri Sri Laksmi-Narayana. Por todo lugar pelo qual passava o casal divino sobre Seu palanquim, havia música, canto, dança e chuva de flores e pétalas.



Por fim, em um momento auspicioso, os recém-casados chegaram à casa de Mãe Saci. Então, acompanhada por muitas outras mulheres castas, Mãe Saci alegremente conduziu seu filho e sua nora para dentro de casa. Em meio a música e interjeições de felicidade, Sri Sri Laksmi-Narayana aceitaram um assento. Como alguém poderia descrever a bem-aventurança de Mãe Saci e de todos os demais na presença de Visnupriya e Gaura-hari? Tamanha é a grandeza do Senhor Supremo que a simples contemplação de Seu brilho corpóreo livra a pessoa de todo pecado e a torna elegível a ser transferida para um dos planetas Vaikuntha. Como todas as pessoas de todas as diferentes formações e criações podiam ver o Senhor e Sua refulgência espiritual, Ele é chamado de o mais misericordioso (dayamaya) e o único Senhor das almas caídas (dina-natha).



Com a distribuição de roupas e dinheiro, bem como de palavras agradáveis, o Senhor satisfez todos os dançarinos, músicos, poetas e mendicantes. Aos amigos e parentes brahmanas, o Senhor deu presentes suficientes para satisfazer a cada um deles e também a Si mesmo. Já Buddhimanta Khan foi presenteado com um abraço muito afetuoso – esse abraço de Nimai o conduziu a um êxtase indescritível.



De acordo com a literatura védica, não há começo tampouco fim para os passatempos do Senhor Supremo. Quem, mesmo que discursasse por mil anos, poderia descrever integralmente os passatempos de que o Senhor desfruta em apenas metade de uma hora? Quanto a mim, apresento apenas brevíssimas descrições, e só posso fazê-las em virtude da misericórdia de Nityananda Prabhu, cujas instruções sempre carrego comigo. Todo aquele que ler ou ouvir estas atividades transcendentais do Senhor Supremo certamente se tornará um associado eterno do Senhor Gauracandra.



Os Senhores Caitanya e Nityananda são minha vida e alma. Eu, Vrndavana dasa, ofereço minha humilde canção a Seus pés de lótus.





Tradução de Bhagavan dasa (DvS), revisão de Naveen Krishna dasa (RnS), Prana-vallabha devi dasi (DvS) e Prema-vardhana devi dasi (DvS)

terça-feira, 26 de abril de 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Curso Bhakti Shastri a Distância


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Curso Bhakti Shastri a Distância

O curso Bhakti Shastri a distância está reabrindo suas inscrições.

Esta é uma das oportunidades que temos na ISKCON de estudar os livros de Prabhupada sistematicamente.

O material é o mesmo utilizado no Seminário Hare Krishna em Campina Grande.

Maiores informações: Bharata Sattama das, cursobhs@gmail.com!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Resenha - lançamento - Tudo Tem uma Razão de Ser de Suzane Northrop



Tudo Tem uma Razão de Ser –
Lições do mundo espiritual
sobre amor, karma, livre-arbítrio e
outras questões da alma
de Suzane Northrop


208 Páginas


O livro de Suzane Northrop é fascinante (assim como toda a sua obra). Ouso dizer que além de bem escrito, não é piegas e atende de forma não professoral a muitas perguntas de misticos, espiritualistas e alternativos de todas as ordens e tendências. Toda essa facilidade de comunicação, o de ir direto ao ponto e dizer claramente o temido - não sei porque talvez tenha origem em sua jornada de vida, uma vez que faz cerca de 20 anosque Suzane Northrop atua como médium e adquiriu fama internacional graças à sua integridade, precisão e responsabilidade. Suzane faz palestras e seminários em universidades e centros de pesquisa, e já ajudou milhares de pessoas a entrar em contato com seus entes queridos que já se foram. Utiliza também seus dons, atuando como consultora para departamentos de polícia de várias cidades dos EUA. As capacidades impressionantes e acuradas de Suzane já foram temas de vários programas de rádio e TV.

O LIVRO

Em algum momento fazemos questionamentos sobre a própria vida como: Por que estamos aqui? O que é a morte? Por que tanto sofrimento? Tudo tem uma razão de ser, da Editora Pensamento, escrito pela médium e especialista em fenômenos psíquicos, Suzane Northrop, esclarece esses e outros dos maiores mistérios da vida. Se a pessoa não sabe o motivo pelo qual atrai certas pessoas que fazem parte da sua vida e se pergunta por que continua cometendo os mesmos erros, este é o livro certo para desvendar esses segredos.

Ao longo dos capítulos, o livro mostra que as alegrias, as mágoas, os amores e as perdas acontecem por algum motivo. As pessoas e as circunstâncias – sejam elas difíceis, confusas, felizes, dolorosas ou edificantes – também têm um propósito. “Nada que acontece na vida de cada indivíduo ou mesmo no mundo é um mero jogo de dados do Universo”, afirma a autora. Na obra, Suzane examina também, os relacionamentos entre aqueles que se foram, a jornada da alma e as lições que as pessoas vieram aprender nesta vida, além de mostrar, de modo inequívoco que tudo tem uma razão de ser.

Tudo tem uma razão de ser, revela que tudo o que ocorre na vida de uma alma, no plano terreno ou espiritual, tem um propósito e serve para ajudá-la a avançar na sua evolução e cumprir o seu programa de aprendizado. Segundo Suzane Northrop, a alma não tem começo nem fim, ela é um acúmulo de experiências que tem uma razão de ser.


Leia aqui dois trechos da obra

“Um dos maiores mal-entendidos sobre a morte é pensar que ela é um fim. Embora essa possa ser a conclusão de uma fase específica da jornada anímica, a morte é, sem sombra de dúvida, o início da seguinte. A morte, para aqueles que permanecem aqui, só marca o final de uma fase do nosso relacionamento com aqueles que se foram. Também é o início de outra – se assim o desejamos -, pois a Alma nunca morre, como também não acaba o relacionamento entre aqueles que estão neste plano e os que estão no plano espiritual”

“Cada um de nós atrai determinadas pessoas e circunstâncias na nossa vida, e fazemos isso por meio das vibrações que emitimos. Toda a vida é composta de energia, seja no plano físico ou no plano espiritual, de uma alma que abandonou seu corpo físico. A energia tem um poder vibratório que atrai outras energias e se concentra a elas”





UM LANÇAMENTO
***

Evento - A vitima que perdoa



clique para ampliar

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Um Convite ao Heroísmo Espiritual

Originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo], revista fundada por Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944

Artigo referente à edição do bimestre de setembro/outubro de 2008



Um Convite ao Heroísmo Espiritual






A Call to Spiritual Heroism



por Caitanya Carana Dasa



O Ramayana é uma antiga saga Védica de ação, romance, sabedoria e aventura, uma saga que inspirou grande parte da população mundial por milênios; uma saga que descreve um passado em que seres com poderes celestiais - tanto divinos quanto demoníacos - interagiam em nosso reino terrestre; uma saga com a batalha entre o bem e o mal, uma saga na qual Deus advém e ensina virtude, retidão e espiritualidade por meio de Seu sólido exemplo pessoal.



A despeito da antiguidade histórica do Ramayana, seu enredo é similar ao de um filme típico: ele traz um herói, uma heroína e um vilão que deseja a heroína, e narra um empolgante confronto entre o herói e o vilão, confronto este que culmina na morte do vilão e na reunião do herói com a heroína. Mas há uma diferença vital entre o Ramayana e um filme moderno: em um filme, o herói, a heroína e o vilão são todos, na verdade, vilões.



Por quê? Muitos pensam em um vilão como alguém que desfruta através da exploração e da injúria de outros. Embora não incorreta, tal concepção de mal é incompleta e ingênua visto que ignora uma realidade fundamental: nosso pai amável e supremamente responsável, Deus. Muitos de nós jamais tivemos a educação espiritual necessária para entender que é Deus quem abnegadamente nos provê nossa alimentação diária. É verdade que temos que trabalhar para sobrevivermos, mas nosso esforço é secundário. É como o árduo trabalho dos pássaros buscando por grãos: Sem Deus provendo os grãos através da natureza, a busca deles, independente de o quanto minuciosa, seria infrutífera. Similarmente, sem a criação de Deus do milagroso mecanismo da fotossíntese, que transforma "lama em mangas" (uma proeza muito superior ao que fazem os melhores cientistas e computadores de última geração) e nos permite ter acesso a algum alimento, não haveria qualquer relevância para o quanto nos esforçássemos. Todas as nossas necessidades – calor, luz, ar, água, saúde – são similarmente satisfeitas primeiramente por arranjo divino e secundariamente por empenho humano.



Infelizmente, nossas mídia, cultura e educação nos ocupam com tantos atrativos materialistas que ficamos cegos ao fato de nossa dependência de Deus e de nossos deveres para com Ele. Temor a Deus é o começo da sabedoria, assim como o medo saudável de um pai amável é necessário para que uma criança inquieta e levada se torne disciplinada e responsável. E amor a Deus é a culminação da sabedoria, assim como gratidão e amor por um pai benevolente demonstra a maturidade de um filho crescido.



Lamentavelmente, os formadores de opinião de nossa sociedade nem amam a Deus nem O temem, senão que exaltam o materialismo egoísta e ímpio. Consequentemente, nos dias atuais, muitas pessoas são extremamente egoístas em sua relação com Deus. Elas não dedicam sequer alguns instantes à pessoa que lhes deu a própria vida. Em uma família, se um filho não cuida de seu pai, que é sua conexão com seus irmãos, ele logo deixará de se importar com eles também. De fato, ele talvez até mesmo se torne mal disposto com eles porque eles serão seus competidores na obtenção da herança. De maneira similar, egoísmo para com Deus é a origem de todo o mal. Todos nós plantamos essa semente maligna em nossos próprios corações e agora estamos forçosamente tendo de nos alimentar de seus frutos amargos – terrorismo, corrupção, crime, exploração – tudo isso produto de nossa luta entre nós mesmos pelo domínio sob os recursos do mundo, a herança de Deus para nós.



Heróis Divinos



O Ramayana nos brinda com um vislumbre de heroísmo e vilania, de amor desmotivado e de luxúria egoísta. O Senhor Rama e Sua consorte, Sita, são os eternos herói e heroína. Hanuman, o herói religioso, personifica a tendência de desinteressadamente assistir ao Senhor em Seu amor divino; ao passo que Ravana, o irreligioso vilão, personifica a tendência egoísta de nos assenhorearmos da propriedade do Senhor para a nossa própria satisfação luxuriosa. O piedoso herói aspira desfrutar com Deus, enquanto que o impiedoso vilão deseja desfrutar como Deus.



Entretanto, em um filme típico, todos os personagens principais – o herói, a heroína e o vilão – têm a mesma mentalidade nociva de querer desfrutar sem se importar com Deus. No herói e na heroína, as vestes de romance mascaram essa disposição mental, enquanto que o vilão a expressa sem reservas. Mas todos eles são Ravanas, a diferença estando apenas nas tonalidades de cinza.



Nosso empenho egoísta em imitar heróis e heroínas, quer em filmes quer na vida real, é intrinsecamente maléfico, e serve de combustível para todos os males maiores que tememos. Em última instância, nosso mal retorna para nós tal qual um bumerangue, pois ele perpetua a ilusão de nossa identificação corpórea equivocada, e nosso corpo nos sujeita às torturas da velhice, da doença, da morte e do renascimento – mais uma vez, mais uma vez e mais uma vez.



É claro que não temos que sufocar nosso impulso natural de querermos ser especiais. Como Hanuman, todos nós também podemos ser heróis – a serviço do herói supremo. Infelizmente, nossa sociedade apresenta a tendência Ravânica como heróica e a propensão Hanumânica como ultrapassada.

Uma Lição de Esperança



O Ramayana revela que Ravana, apesar de sua extraordinária propensão, nunca estava satisfeito, mas antes sempre ávido por mais. Não é essa a condição de nossa civilização moderna? Todo o poderio e riqueza de Ravana não puderam nem lhe dar felicidade nem salvá-lo da destruição final. A derrota final de Ravana nos lembra do destino que aguarda a nossa sociedade se ela continuar com seu egoísmo ateu.



Contudo, a queda de Ravana não é apenas um aviso apocalíptico; é também um arauto de esperança e felicidade, porque nos ensina que o Senhor é competente na destruição do mal tanto interior como exterior. O mesmo Senhor Rama que destruiu Ravana há milênios apareceu agora como Seu santo nome para destruir o Ravana no íntimo do coração das pessoas. O santo nome nos oferece felicidade verdadeira, não por meio da imitação de Deus, mas por meio do amor a Deus; não nos tornando heróis de imitação, mas nos tornando heróis-servos.





Tradução por Bhagavan dasa (DvS) – outros artigos disponíveis em www.devocionais.xpg.com.br

Evento - Programa Especial em Nova Gokula





"BHAJAN 3 HORAS" E "CHÁ DAS CINCO",

NO MEMORIAL SRILA PRABHUPADA

DURANTE A PÁSCOA 2011












Estamos convidando você para participar deste evento promovido no Memorial Srila Prabhupada da Sexta-feira Santa até o Domingo de Páscoa, 22 à 24 de Abril.



Sempre às 14 horas, o evento cultural visa estabelecer momentos de Harinama e comunhão num ambiente aprazível e acolhedor como é a Hari Home.



E todos os cantores e músicos vaisnavas estão convidados para se inscrever e participar dessa pequena maratona de 3 horas do cantar dos
Santos Nome de Deus.



Em todos estes dias de evento será servido o tradicional
"Chá das Cinco".



Presenças confirmadas até o momento:



Cantores: Ramaputra, Vijaya-Marga, Krsna-Kripa, Shyamala, Krsna-Karya, Katiayane, Parama-Karuna, Yugala-Kishora, Lokasaksi e Varistha.



Mridangueiros: Gouranga, Krsna-Kripa, Vijaya-Marga, Radhanatae Ramaputra.



Participe você também e chame seus amigos para este Yajna.





Links relacionados:

http://www.srisplendore.blogspot.com/

http://www.spmemorial.blogspot.com/

http://www.novagokula.com.br

quinta-feira, 14 de abril de 2011

R A M A Y A N A (final)

R A M A Y A N A



Ilustrado e Recontado
por Madhava Priya devi dasi



Part
e 2 de 2



(continuação)



17



Não encontrando Sita, Rama correu pela floresta lamentando enquanto exclamava o nome de Sita e perguntava se alguém sabia de seu paradeiro. Laksmana errara por ter desobedecido à ordem de seu irmão, em virtude do que mantinha sua cabeça baixa. Os animais silvestres também estavam de luto.











18



Enquanto isso, Ravana, tendo transposto o oceano, havia carregado Sita até o seu reino de Lanka, onde a deixou sob guarda, rodeada por demônias em um pequeno bosque. Devido a uma maldição, Ravana, temendo a morte, não ousava forçar-se sobre uma mulher, mas ele contava que ganharia Sita por seu considerável charme masculino. Ante o evento do fracasso de seu encanto masculino, ele disse a Sita que, caso ela não o aceitasse; ao final de um ano, ele a devoraria como seu desjejum. Sita, sentindo-se desprovida de alternativa, decidiu jejuar até a morte. Ao tomarem conhecimento de tal decisão, os semideuses ficaram ansiosos, receando que a morte de Sita desalentasse Rama e Ele não matasse Ravana.



Os semideuses temiam Ravana muito fortemente, e contavam com Rama para livrar o universo dessa ameaça. Portanto, o semideus Indra foi até Sita com uma tigela de arroz doce, que, tendo sido oferecido à Suprema Personalidade de Deus, era um alimento espiritual. O arroz doce carregava a bênção de que aquele que o comesse jamais sentiria fome. Sita, em respeito ao alimento espiritual, aceitou-o, abrindo mão de sua idéia de jejuar até a morte. Acompanhando Indra estava a semideusa Nidra, que, pela duração do encontro, adormeceu as demônias.



19



Rama e Laksmana encontraram o agonizante pássaro Jatayu, que, com sua última exalação, disse-lhes o que havia acontecido. Os irmãos então partiram pela floresta em direção ao oceano, a centenas de quilômetros de distância. No caminho, foram repentinamente capturados por um demônio gigantesco e terrível chamado Kabandha, demônio este destituído de cabeça e possuidor de braços de 13 quilômetros de comprimento. Rama e Laksmana lutaram, ceifando-lhe os grandes braços, e Kabandha caiu ao chão.



Kabandha contou-lhes então sua história: Ele fora um semideus que gostava de assumir a forma de um demônio para assustar as pessoas. Um sábio, enraivecido por essa conduta, amaldiçoara-o a permanecer um demônio. Tal sábio, contudo, disse-lhe que ele seria livrado dessa maldição no dia em que fosse morto por Rama e Laksmana. Posteriormente, em uma luta com Indra, ele foi atingido pelo raio do semideus, o qual comprimiu sua cabeça para dentro de seu tronco. Por bondade, Rama e Laksmana terminaram de matá-lo e cremaram o seu corpo. Enquanto Kadamba, em seu próprio belíssimo corpo de semideus, ascendia aos céus, ele disse a Rama que buscasse a ajuda dos grandes macacos subordinados ao rei macaco Sugriva.



20



Na selva, Rama e Laksmana encontraram os macacos Sugriva, Hanuman e seus companheiros.



21



Um grupo de macacos foi enviado em direção ao sul, rumo ao oceano. Tendo sido informados por uma testemunha que Sita havia sido levada por sobre o oceano, os macacos selecionaram Hanuman como o único capaz de pulá-lo. Destarte, Hanuman tornou-se imenso e saltou do topo de uma montanha, voando por sobre as ondas até Lanka em busca de Sita.



22



Tendo chegado a Lanka, Hanuman fez-se imperceptivelmente pequeno e rondou a cidade até encontrar Sita no pequeno bosque rodeada por demônias a dormirem. No primeiro momento, Sita suspeitou que aquilo poderia se tratar de outro artifício de Ravana para atormentá-la, mas Hanuman convenceu-a de que não, isso cantando as glórias de Rama, descrevendo-O corretamente e, por fim, presenteando-a com o anel de Rama, o qual ela reconheceu.



23



Hanuman foi capturado pelos soldados de Ravana, que, não levando um mensageiro-macaco muito a sério, decidiram humilhá-lo ao invés de matá-lo. Eles incendiaram sua cauda, mas ele retaliou incendiando a cidade. Ele proferiu um aviso de que o reino de Ravana estava fadado à ruína em decorrência da ofensa de Sita ter sido raptada, após o que saltou novamente por sobre o oceano para levar notícias ao Senhor Rama.









24



Rama tinha um exército de milhões de macacos, mas havia uma grande extensão de água entre Suas tropas e Seu objetivo. O semideus do oceano prometeu, entretanto, que pedras boiariam de modo que uma ponte pudesse ser construída. Os macacos trabalharam duramente, carregando não apenas pedregulhos, mas também árvores, para construírem a ponte, que, por fim, foi concluída. Todo o exército dos macacos marchou por ela.









25



A cidade de Lanka acordou na manhã seguinte rodeada por milhões de soldados-macacos. Ravana também tinha vastas tropas de demônios à sua disposição, e uma grande batalha se fez acontecer. Em um momento, centenas de flechas-serpentes foram atiradas contra Rama e Laksmana, que caíram no campo de batalha aparentemente mortos. A grande águia Garuda chegou a fim de resgatá-los. Garuda é o transportador do Senhor Visnu. Ele desejou servir o seu Senhor no passatempo do Senhor como Sri Ramacandra.



Flechas-serpentes são de fato serpentes, porém misticamente transformadas em flechas. Garuda, entretanto, come cobras, e as flechas-serpentes ficaram com medo ao vê-lo. Todas as serpentes retomaram suas formas originais de cobra e rapidamente serpearam embora. Garuda então tocou Rama e Laksmana, curando-os de suas feridas.



26



A batalha prosseguiu violentamente por dias. Visto que estava perdendo seus generais mais importantes, Ravana decidiu que era o momento de despertar Kumbakarna de seu sono. Kumbakarna era irmão de Ravana. Seu atributo único era o fato dele ser um gigante. Tempos atrás, ele criou grande caos no universo por comer muitíssimas pessoas, o que fez com que os semideuses amaldiçoassem-no a dormir 364 dias ao ano, acordando apenas um dia para comer.



Kumbakarna dormia em uma caverna subterrânea cuja dimensão, para comportar sua imensa forma, era de 13 quilômetros. Tropas de demônios entraram na caverna, tendo de tolerar furacões de mau hálito vindo da boca aberta do demônio a roncar. Eles levaram baldes de sangue para alimentá-lo, e fizeram barulhos altíssimos e galoparam cavalos, camelos, elefantes e burros ao redor de seu peito. Não foi uma empreitada simples despertar o gigante adormecido.



27



Quando Kumbakarna finalmente despertou e juntou-se à batalha, ele aniquilava milhares de macacos com um mero brandir de sua maça, e, com sua mão, pegava punhados de macaco, trinta por vez, e os levava até sua boca para então comê-los. Os macacos arremessavam pedras e topos de montanha contra ele, mas sem eficácia alguma. Por fim, Rama o matou, primeiramente cortando um braço, então o outro, então suas pernas, e, finalmente, sua cabeça.



28



Furiosamente seguia a batalha, e Rama e Laksmana foram feridos tão gravemente por flechas especiais que se considerou que somente uma erva específica de uma montanha do Himalaia poderia salvá-los. Hanuman novamente saltou aos céus e voou para o Himalaia; todavia, ao chegar na montanha, ele viu que a montanha não lhe revelava a erva específica que era necessária. Ele, devido a isso, ergueu a montanha inteira e a levou consigo para o campo de batalha, onde peritos puderam encontrar a erva e tratar Rama e Laksmana, bem como todo o exército de macacos.







29



Todos os generais de Ravana haviam sido mortos e agora Ravana pessoalmente desafiava Rama. Para a ocasião, Indra havia dado ao Senhor Rama uma quadriga de ouro, e os dois se confrontaram em uma vigorosa e grandessíssima batalha. Rama atirava flechas que decepavam as cabeças de Ravana, mas, a cada cabeça que caía, outra crescia enquanto Ravana continuava atirando flechas contra Rama. Finalmente, Rama fixou uma grandiosa flecha mística em Seu arco e atingiu Ravana no coração, colocando fim à sua vida.







30



A grande guerra findou-se. Sita foi devolvida a Rama... mas Rama fingiu desconfiar-Se dela. Sita havia sido fiel a Ele ou não? Ele ofereceu liberdade a ela. Com seu coração triturado, Sita preparou uma pira, acendeu a mesma e entrou nas chamas. No instante seguinte, o deus do fogo, Agni, devolveu-a completamente ilesa e disse ao Senhor Rama: “Tendes de aceitá-la, Senhor; ela é completamente pura”. Rama então a aceitou de volta muito afetuosamente. Ele disse a ela: “Eu sabia que foras fiel a Mim; Eu queria, entretanto, provar isso ao mundo inteiro de maneira que ninguém pudesse dizer algo contra ti”. Deste modo, eles alegremente se reuniram novamente.

31



O tempo determinado para o período de exílio então chegou ao fim, e era chegado o momento do retorno a Ayodhya. Rama, Laksmana, Sita, Sugriva, Hanuman e muitos outros embarcaram no maravilhoso aeroplano de flores de Ravana, o qual havia sido roubado dos semideuses, e nele voaram de volta para Ayodhya. Bharata, o irmão de Rama em favor de quem o exílio havia sido tramado, jamais aceitara a posição de rei, senão que havia governado o reino como representante de Rama. Houve grande regozijo ante o triunfante retorno de Rama, o rei legítimo, perfeito e plenamente bem-aventurado.







Tradução de Bhagavan dasa (DvS)


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terça-feira, 12 de abril de 2011

R A M A Y A N A Ilustrado e Recontado por Madhava Priya devi dasi


R A M A Y A N A



Ilustrado e Recontado por Madhava Priya devi dasi



Parte 1 de 2








O Ramayana é um poema épico antigo e muito amado sobre uma encarnação do Supremo Senhor Krsna na Terra, cerca de um milhão de anos atrás, como Ramacandra, o rei ideal. A história é rica em intrigas, heroísmo, romance e aventura, e também em monstros aterradores e criaturas estranhas o bastante para acanhar qualquer ficção científica. Ainda mais estranho para a mente moderna é que essa história deve ser compreendida como totalmente real. Aqui, vemos o Senhor Ramacandra, ou Rama, em compleição esverdeada, acompanhado por Seu irmão Laksmana e pelo grande herói macaco de nome Hanuman.



A história narra as maravilhosas qualidades de Rama e os planejamentos para Ele ser coroado rei, planejamentos estes temporariamente impedidos de concretização, e o Seu subseqüente exílio na floresta por muitos anos, onde derrotou e matou muitos demônios perigosos. Próximo ao fim do exílio, Sua esposa Sita foi raptada pelo mais perigoso de todos os demônios, Ravana, aquele possuidor de dez cabeças. Rama, exilado de Seu exército legítimo, encontrou ajuda em uma raça de macacos inteligentes, e uma grande batalha se sucedeu...







Quando Rama e Laksmana eram jovens recém-chegados à idade adulta, o sábio Visvamitra solicitou a ajuda deles, pedindo-lhes que derrotassem poderosos demônios raksasas que estavam perturbando os sacrifícios realizados pelos sábios para o bem do mundo. Os sacrifícios tinham início, a noite caía, e os demônios atacavam, poluindo a arena sacrificial com substâncias impuras, como sangue e outros constituintes corpóreos. Rama e Laksmana, tendo sido bem treinados no uso de armas, flecharam os demônios e atiraram-nos centenas de quilômetros oceano adentro.







O pai dos rapazes, o rei Dasaratha, expressara o desejo de encontrar para eles esposas adequadas, em razão do que Visvamrta os levou em seguida ao reino de Mithila. Lá, o rei Janaka realizaria uma cerimônia a fim de escolher um esposo para a sua filha Sita. O requerimento estabelecido por ele era que o homem a se casar com sua filha teria de ser capaz de erguer e encordoar um grande arco que fora do Senhor Siva. O arco era misticamente pesado, em virtude do que eram necessários trezentos homens para puxarem a caixa onde ele era mantido, e, até então, ninguém havia sido capaz de sequer erguê-lo. Ninguém exceto a própria Sita, que uma vez foi vista levantando-o casualmente a fim de remover a poeira acumulada de baixo do mesmo.



O rei Janaka sentia que Sita devia ser uma personalidade muitíssimo especial e que, por conseguinte, deveria ter um esposo igualmente especial. Rama facilmente ergueu o arco e não apenas o encordoou, senão que puxou para trás a corda e arqueou-o até que se partisse produzindo um grande estalo, estalo este cuja força fez com que todos na assembléia cambaleassem para trás. Sita enguirlandou Rama com uma guirlanda de flores frescas para indicar tê-lO aceito como seu esposo.







Esposas também foram selecionadas para Laksmana e para os outros dois filhos do rei Dasaratha. Um casamento foi planejado para os quatro casais. Rama é a Suprema Personalidade de Deus, e Sita é a Deusa da Fortuna, Sua contraparte feminina. Eles têm uma relação eterna; seria completamente impossível que um deles se casasse com outrem. A ilustração traz um sacríficio de fogo, tradicional nos casamentos Védicos. Itens auspiciosos, como grãos, nozes, sementes e frutas, foram oferecidos ao fogo ao som de mantras Védicos cantados por sacerdotes brahmanas qualificados.







No caminho de volta a Ayodhya, a cidade do rei Dasaratha, o grupo foi parado por uma cegante tempestade de poeira. O Senhor Parasurama, outra encarnação de Krsna, revelou-Se como a causa daquela tempestade de poeira e adiantou-Se para desafiar Rama. Ele queria certificar-Se de que Rama era quem Parasurama pensava que Ele era, para o que portava um outro arco do Senhor Siva, o arco-irmã daquele quebrado pelo Senhor Rama. Se Rama fosse capaz de encordoá-lo e atirar uma flecha mágica, Parasurama O deixaria passar. Obviamente, Rama o fez, provando ser a Suprema Personalidade de Deus a outra forma da Suprema Personalidade de Deus. Trata-se de um passatempo do Senhor.







O tempo passou alegremente em Ayodhya. O rei Dasaratha decidiu aposentar-se e coroar Rama o próximo rei. A cidade regozijou-se e fez preparações para o grande festival. Uma pessoa, entretanto, não ficou contente. Manthara era tal pessoa, a criada corcunda da rainha Kaikeyi, a mais nova das três rainhas do rei Dasaratha e também a sua favorita. Imaginando o declínio de sua fortuna pessoal como a criada de uma rainha que não fosse a mãe do próximo rei, Manthara aproximou-se de Kaikeyi e a convenceu de que ela, Kaikeyi, agora não tinha mais futuro. Confabulando em segredo, as duas mulheres tramaram uma conspiração envolvendo dois favores especiais que Dasaratha certa vez prometera dar a Kaikeyi muitos anos atrás quando ela o salvou em um campo de batalha. À época, ela não decidiu o que queria, e havia deixado os favores para um tempo quando ela poderia precisar deles.







A rainha Kaikeyi recolheu-se para a sala interior de seus aposentos, uma sala reservada para a disposição de descontentamento. Ela soltou seu cabelo, atirou suas jóias pelo cômodo e deitou-se no chão. Quando Dasaratha a encontrou lá, ele perguntou a ela o que havia de errado, ao que ela respondeu desejar então receber os dois favores a ela devidos. Quando seu preocupado esposo prometeu conceder-lhe qualquer coisa que ela quisesse, ela lhe disse: “Conceda-me que meu filho Bharata seja coroado rei ao invés de Rama, e exile Rama na floresta por 12 anos!”.



Dasaratha não podia voltar atrás em sua promessa, e ninguém poderia dissuadir Kaikeyi de sua determinação. Dasaratha era um homem de coração partido. Rama aceitou a ordem de ir para a floresta como se fosse uma requisição de Seu próprio pai, e tanto Seu irmão Laksmana como Sua esposa, Sita, insistiram em acompanhá-lO em tal exílio. Todos eles vestiram trajes de casca de árvore, os quais foram avidamente providenciados por Kaikeyi.







Um quadrigário os conduziu para fora da cidade. Toda a população, movida por pesar e por amor ao Senhor Rama, seguiu-os e dormiu na floresta com eles. Todavia, cedo pela manhã, antes que os cidadãos acordassem, o grupo exilado silenciosamente embarcou na quadriga a fim de fugirem do povo. Afinal, Rama concordara em exilar-Se, e não haveria exílio caso a cidade fosse junto com eles.







Tendo enviado o quadrigário de volta à cidade, e tendo deixado os arredores da cidade de Ayodhya e a companhia dos sábios da floresta que viviam na área; Rama, Laksmana e Sita estavam agora completamente sozinhos. Aqui, eles encontraram o primeiro de muitos demônios. Este era Viradha, que tinha cabeças de animais amarradas em sua lança, e que agarrou Sita. Uma batalha foi travada, e Rama o matou, libertando-o de uma maldição.







Laksmana construiu um chalé para Rama e Sita, e lá todos eles viveram uma vida simples e humilde por muitos anos. Os sábios e eremitas da floresta circundante frequentemente iam visitá-los e solicitavam proteção contra os demônios raksasas que estavam atacando e matando sábios. Rama e Laksmana mataram muitos de tais demônios comedores de pessoas ao longo dos anos.










Um dia, uma demônia chamada Surpanakha passou por acaso próxima ao chalé. Escondendo-se nas árvores, ficou a contemplar a beleza da forma de Rama e a desejá-lO sexualmente. Tão fortemente ela O desejou que se esqueceu de fazer o que era capaz: ela se esqueceu de transformar-se em uma mulher atrativa. Em sua própria forma horrenda, ela abordou Rama e solicitou-Lhe que deixasse Sua esposa “magricela”, Sita, e se casasse com ela.



Rama havia feito o voto de não aceitar nenhuma outra esposa senão Sita, muito embora a cultura de seu tempo O permitisse ter muitas esposas. Ele, por conseguinte, não teria satisfeito o pedido de Surpanakha mesmo se ela houvesse se apresentado como uma mulher belíssima e qualificada, mas, como ela apresentou-se como uma demônia horrenda, Ele a troçou: “Eu sou casado, mas por que não ficas com meu irmão mais novo, que não tem nenhuma esposa aqui consigo?”. Ela voltou seu olhar para Laksmana e o considerou também muito atrativo. Laksmana, contudo, também entrou no mesmo jogo, oferecendo Rama como a melhor escolha. Irando-se, Surpanakha repentinamente atacou Sita, ante o que Laksmana, em um instante, decepou o nariz e as orelhas de Surpanakha.






Surpanakha primeiramente recorreu ao seu irmão Khara, o qual possuía um exército à sua disposição. Vendo a desfiguração de sua irmã e sentindo que sua posição como o senhor demônio da floresta havia sido insultada, Khara primeiramente enviou quatorze demônios guerreiros para matarem os três humanos. Rama, entretanto, matou-os todos, em razão do que Khara reuniu seu exército e rumou para o ataque. No caminho, maus presságios se fizeram ver, tais como um abutre sobre sua quadriga, corvos, chacais uivantes, chamas ao redor do sol e nuvens que choviam sangue. Em seu orgulho, Khara ignorou os presságios...







Não é uma boa idéia ignorar maus presságios, como esta ilustração retrata. Rama matou todas as tropas de Khara, e seus cavalos, quadrigário, quadriga e arco foram todos destruídos. Após um duelo, o próprio Khara foi morto, e Rama revelou-Se completamente vitorioso. Laksmana não participou dessa contenda; ele ficou fazendo a guarda de Sita.







Surpanakha foi, em seguida, ao seu irmão mais velho, de nome Ravana, o mais perigoso de todos os demônios raksasas, ele que era possuidor de dez cabeças. Astuciosa em seus métodos de buscar por vingança, ela não apenas relatou em prantos a Ravana sobre seu desfiguramento e sobre a morte de seu irmão Khara, mas também encontrou oportunidade para mencionar a Ravana que Sita era a mulher mais bela do mundo. Ravana, famoso por derrotar e aterrorizar os semideuses, era conhecido também por seu harém, que ele acumulara seqüestrando esposas e princesas de todo o universo. Agora, tornou-se obcecado pela idéia de roubar Sita de Rama.



Aqui vemos Ravana buscando pela ajuda do demônio Maricha para a execução de um plano. Curiosamente, Maricha era um dos demônios flechados por Rama para dentro do oceano quando Sua ajuda foi solicitada pelos sábios no começo da história. Tendo presenciado outras proezas similares por parte de Rama, Maricha havia decidido abandonar suas atividades demoníacas e tornar-se um sábio. Desrespeitando a decisão de Maricha, Ravana solicitou-lhe que se transformasse em um veado dourado a fim de assistir-lhe na trama. Quando Maricha tentou recusar, Ravana ameaçou matá-lo, após o que Maricha decidiu que seria melhor ser morto por Rama do que por Ravana. Maricha então concordou em ajudar.






A trama era esta: Maricha, como um veado dourado, místico e belo, apareceria próximo ao chalé de Rama, Sita e Laksmana, e Sita, enlevando-se com a visão do mesmo, pediria a Rama para capturar o veadinho como um animal de estimação. Caso ambos os irmãos, Rama e Laksmana, pudessem ser afastados desse modo, Sita seria deixada desprotegida e Ravana poderia se apossar dela.



O que concretamente se sucedeu foi o seguinte: Rama de fato concordou em adentrar a floresta com o intento de tentar capturar o veado; todavia, dado que Laksmana suspeitava de algo por trás daquilo, Rama ordenou que Laksmana permanecesse no chalé e desse proteção a Sita. Na floresta, Rama suspeitou do atraiçoamento e atirou uma flecha para matar o veado místico. Enquanto Maricha agonizava deitado, esforçou-se para exclamar: “Socorro! Laksmana! Socorro!”, o que fez com a voz de Rama. Ouvindo isso, Sita implorou a Laksmana que partisse em auxílio a Rama.



Laksmana tinha conhecimento de que nada poderia ferir Rama ou lesá-lO de algum modo, mas, quando Sita, perturbada e agitada devido ao temor que algo acontecesse com Rama, acusou Laksmana de querer que Rama morresse de sorte que ele próprio pudesse ficar com Sita para si, Laksmana se magoou profundamente e concordou em sair em busca de seu irmão. Ele desenhou um círculo místico de proteção ao redor de Sita e do chalé e disse a Sita que permanecesse dentro do círculo. Ele, então, partiu a fim de encontrar Rama. Uma vez que ele partira, Ravana foi até o chalé disfarçado de um brahmana idoso e enfraquecido por falta de alimento. Tomada de compaixão, Sita ofereceu-lhe alimento, dando um passo para fora do círculo para fazê-lo. Ravana imediatamente revelou sua natureza verdadeira e agarrou Sita a fim de forçá-la a entrar em sua quadriga ali próxima, quadriga esta puxada por asnos com rostos de hobgoblins.







Alto no céu voava a quadriga, com Sita gritando por socorro. Um heróico empreendimento de socorro se fez por parte de Jatayu, um abutre ancião amigo do pai de Rama, o rei Dasaratha. Jatayu não era um pássaro comum, e atacou Ravana, destruindo com o ataque a quadriga do demônio. Ravana, no entanto, flechou Jatayu com muitíssimas flechas. Ambos caíram ao solo. Jatayu ficou caído e mortalmente ferido, e Ravana agarrou Sita e voou embora com ela sem a ajuda de sua quadriga.



Continua...

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domingo, 10 de abril de 2011

Lançamento - O FATOR ESTROGÊNIO



O FATOR ESTROGÊNIO
de Dr. Steven A.Rogers, Dra. Karen J. Miller


Número de Páginas: 248

Na atualidade, as pesquisas sobre hormônios, mostram a existência de uma forte ligação entre os níveis de estrogênio e a depressão, durante toda a vida da mulher. Sabemos agora que alterações hormonais repentinas podem ter um impacto negativo sobre o humor das mulheres e até mesmo provocar uma grave depressão. Mas a boa notícia é que agora as mulheres têm muitos recursos para minimizar o efeito dessas alterações. Neste livro, O Fator Estrogênio, você descobre tudo sobre hormônios e depressão. Os autores analisam essa questão e oferecem conselhos e dicas práticas sobre como lidar com as graves mudanças de humor durante todos os principais estágios da vida de uma mulher - da puberdade à gravidez e do período pós-parto à menopausa. Eles explicam em termos de fácil compreensão o que as mulheres podem fazer agora para ajudar a equilibrar essas flutuações nos níveis de estrogênio por meio de mudanças na alimentação e no estilo de vida, terapias alternativas e medicação.

OS AUTORES
Dra. KAREN J. MILLER é neuro¬psicóloga da University of California (UCLA), em Los Angeles. Sua carreira como clínica e pesquisadora tem sido voltada para os efeitos dos hormônios sobre a cognição e o humor, a detecção precoce da doença de Alzheimer e o tratamento da redução da memória associada à idade. Ela é diretora do Neuropsychology Externship Program da UCLA, onde dá cursos de avaliação cognitiva para alunos de pós-graduação. Karen já escreveu inúmeros artigos para revistas científicas, faz palestras em congressos nacionais e internacionais e ministra seminários de aperfeiçoamento para profissionais da área médica. o Dr. STEVEN A. ROGERS é psicoterapeuta e professor assistente de psicologia clínica na Westmont College, em Santa Barbara, Califórnia. Ele se especializou em neuro¬psicologia da demência e distúrbios do envelhecimento, efeitos dos hormônios sobre o humor e detecção precoce da doença de Alzheimer. Steven já escreveu diversos artigos para revistas científicas e faz palestras em congressos nacionais e internacionais.


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