quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lançamento - SEGREDOS DE VIDAS PASSADAS de Ruth Helen Camden








SEGREDOS DE VIDAS PASSADAS
de Ruth Helen Camden


Número de Páginas: 216


Você conhece a si mesmo? Além de seus problemas emocionais e tropeços, quem é você realmente?

O método IST (ISIS) aborda questões de uma forma real e prática. O objetivo da terapia é desfazer os obstáculos do caminho, e recuperar o tesouro dentro de você - o verdadeiro eu.



O LIVRO
A partir de relatos de casos reais a autora nos mostra que, a menos que resolvamos nossos traumas do passado, eles nos acompanharão ao longo das nossas vidas e serão reencenados vezes sem conta. Constatamos esses fatos em casos de maus-tratos, falta de autoconfiança, medo de intimidadee doenças físicas persistentes, assim como de medos e fobias de modo geral. Eles podem se manifestar como uma forte atração ou aversão por certas pessoas ou lugares, ou simplesmente como uma sensação de que falta algo na nossa vida. As muitas histórias verídicas e inspiradoras deste livro são uma prova incontestável de que nós podemos mudar o nosso destino, vivendo em paz no presente e garantindo um futuro melhor nesta e nas nossas próximas existências.








A AUTORA
Ruth Helen Camden é psicóloga diplomada e naturopata especializada em terapia de vidas passadas. Desde 1990, Ruth pratica, em Sydney, Austrália, o método ISIS, um conjunto de técnicas desenvolvidas pela escola de meditação Clairvision para propiciar a cura, o autoconhecimento e a investigação histórica na terapia de vidas passadas.





SAIBA MAIS EM

http://www.ruthhelen.com/

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Contacte
ou
Veja a lista dos praticantes IST (ISIS) nesta página

e o blog

UM LANÇAMENTO



Lançamento - INICIAÇÕES DE LUZ DOS PLEIADIANOS de Christine Day



INICIAÇÕES DE LUZ DOS PLEIADIANOS
de Christine Day


Número de Páginas: 224

A AUTORA
Christine Day

Em 1986, com Lupus avançado e dois meses de expectativa de vida, Christine Day se deu conta de que havia criado algo para acabar com sua vida e percebeu que também poderia criar algo para curá-la.

Ao mudar sua dieta, ingerir ervas naturais, receber trabalho de corpo e obter ajuda para lidar com traumas de infância, sua saúde começou a dar uma reviravolta. Ela estava se apossando de seu poder de auto-cura. Seis meses mais tarde, este trabalho veio a ela como um sistema completo de cura.

Assim que começou a trabalhar com pessoas e testemunhar as transformações que ocorriam, percebeu que era uma técnica de cura muito poderosa. Sua jornada conduziu-a da Austrália ao norte da Califórnia, onde fundou uma escola para formar terapeutas. Hoje, essa formação ocorre no mundo todo, inclusive no Brasil, com profissionais em todo o território (lista completa no site www.frequenciasdebrilho.com.br).


Conheça um pouco mais
Frequências de Brilho, por Christine Day.

“Sinto-me realmente privilegiada por poder trazer este trabalho ao mundo. Ele me trouxe uma profunda conexão com minha própria essência divina. Trouxe-me cura profunda no nível físico e emocional, e continua a ser a paixão de minha vida. Sempre me surpreende o quão apaixonada eu me sinto em relação a este trabalho.

Frequências de Brilho foi canalizado através de mim em 1986 na Austrália. Eu não sei porque fui tão abençoada de recebê-lo. Imagino que fazia parte de meu plano para esta vida. Mas sou grata por este trabalho e por aquilo que trouxe a tantas pessoas.

Recebi dois sistemas no mesmo momento. Em um ou dois segundos, tive uma profunda experiência de saber algo, como se eu tivesse estudado aquilo por toda a minha vida. E creiam, eu não estava envolvida com metafísica ou cura ou nenhum tipo de sistema de crença. Eu estava num verdadeiro buraco negro na época, e nele tinha estado desde que era uma criança pequena, até que, de repente, isso me foi dado.

Comecei com meu filho de 4 anos de idade, que tinha paralisia cerebral. Ele era epilético e tinha problemas crônicos de pulmão. Aos 4 anos, ele não era capaz de se mover ou de emitir sons. Quando eu recebi o trabalho, naquele dia, decidi colocar as minhas mãos nele e fazer algo do que me estava sendo mostrado. Em questão de horas, ele estava emitindo sons pela primeira vez!

Eu trabalhava com ele todos os dias. A cada dia que eu punha minhas mãos nele, algo acontecia dentro de mim. Um processo de cura começou. Trabalhei com ele durante dois anos, até que ele estava com 6 anos. E, então, disse que não queria mais ser trabalhado. Tive de honrar e respeitar isso. Portanto, ele foi realmente a primeira pessoa com quem eu trabalhei.

Ao tomar conhecimento e vivenciar as mudanças que ele obteve com este trabalho, eu tive que trazê-lo para o mundo. De alguma forma, eu sabia que tinha de levar este trabalho para todos. Começou com Amanae, o primeiro sistema de trabalho, pois fui informada que o outro trabalho, Frequências de Brilho, ainda não estava pronto para ser trazido ao mundo.

Mas, em 1999 me foi dito que era chegada a hora. Assim, Frequências de Brilho tem sido ensinado no mundo desde então. Foi-me dito que é uma graça oferecida à humanidade e que nós estamos prontos para isso. Nós, como seres humanos, estamos prontos para a graça deste trabalho que toca as pessoas de forma tão profunda. Toca-as num nível profundo da alma. Tem muito pouco a ver com nossa vida de 3ª dimensão, nossos medos, nossos esforços, tempo, mas tem muito a ver com a nossa parte de 4ª e 5ª dimensão, nosso eu ilimitado, em que o medo não existe.

Atinge-nos num nível de cura profunda, que vai além da 3ª dimensão. Ultrapassa-a e permite a cura do corpo físico e a emergência do corpo espiritual, de modo que possamos vivenciar diretamente aquela essência de nós mesmos, lembrá-la.

Cada portal no nosso corpo que é ativado traz um processo de nascimento de lembrança. A partir das células, a lembrança de nossas vidas, do eu ilimitado, começa a ser transmitida. É muito excitante.”

Este livro oferece a você uma conexão e experiência diretas com os Pleiadianos. Ele lhe dá a oportunidade de trabalhar com os processos pleiadianos e iniciar o seu próprio relacionamento pessoal com esses seres de outras dimensões. Nele, a mestra espiritual e canalizadora Christine Day oferece seu renomado trabalho de cura com energias, para que você possa fazer surgir um novo Self, livre do medo e da dor, seja qual for o seu caminho espiritual. Por meio de instruções e iniciações, você conseguirá acessar sua sabedoria interior e fazer mudanças positivas na sua vida. Seja você iniciante ou alguém que já conheça o trabalho de cura energética, Christine Day o instrui a cada passo do processo, ensinando-o a lidar com todos os componentes físicos, emocionais e espirituais de cada iniciação. Iniciações de Luz dos Pleiadianos é o único livro que traz as frequências pleiadianas de Iniciação, que tornam possíveis o seu despertar e sua conexão com o seu verdadeiro eu espiritual. Cada capítulo deste livro é acompanhado de exercícios e meditações, que você pode acessar, em português, no site da própria autora.




UM LANÇAMENTO


Dia 4 de Setembro - Radhastami Aparecimento de Srimati Radharani!



Dia 4 de Setembro - Radhastami Aparecimento de Srimati Radharani!





Sri Radha-Bhajana Mahima – Radha-Bhajane Jadi – Glorificação da Adoração a Sri Radha – Srila Bhaktivinoda Thakura





Se o desejo de servir Srimati Radhika não aparece em meu coração, então minha adoração a Krishna é simplesmente inútil.



Assim como o Sol não pode ser percebido sem luz solar, do mesmo modo não reconheço Madhava sem Radha.



Aqueles que adoram somente Madhava são ignorantes; simplesmente negligenciam Srimati Radhika por seu orgulho mundano.



Jamais se associe com tais pessoas se você deseja que as brincadeiras amorosas da vraja-rasa apareçam em seu coração.



Se você sentir orgulho por ser serva exclusiva de Srimati Radhika, então muito em breve irá encontrar Gokula Kana.



Brahma, Siva, Narada, os rishis Sruti-cari e Narayani honram e adoram a poeira dos pés de lótus de Srimati Radhika.



Nosso amnaya, escrituras reveladas, declara que Uma, Rama, Satya, Saci, Candravali e Rukmini são todas expansões de Radha.



Bhaktivinoda implora aos pés de lótus daqueles cuja riqueza é o serviço a Srimati Radharani.




segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Correspondência Bhaktivedanta: Dr. Dhawan

Correspondência Bhaktivedanta: Dr. Dhawan



Nesta primeira de oito correspondências de Prabhupada selecionadas para publicação no Amigos de Krishna, lemos um excerto da carta de Srila Prabhupada datada de 2 de abril de 1976, endereçada ao Sr. Dhawan, Vrndavana. Nesta carta, Srila Prabhupada responde a cinco perguntas do Sr. Dhawan, cujas respostas são relevantes a todos aqueles interessados em vida espiritual. Tradução cortesia da BBT Brasil.




* * *



Estou muito contente em saber que você está se esforçando para compreender a principal meta da vida, sem a qual a facilidade da vida humana se torna inútil... Como recebemos este conhecimento a partir da maior autoridade, Krishna, estas respostas serão aceitáveis em toda esfera de atividade espiritual.



Pergunta #1: Qual é a verdadeira meta da vida humana?



Resposta: A verdadeira meta da vida é voltar ao lar, voltar ao Supremo. Todos nós somos entidades vivas em diferentes corpos em um total de 8.400.000 formas. Começando das formas aquáticas e indo até a mais avançada forma humana de vida, há uma evolução regular pelas leis da natureza. O fato verdadeiro é que nós entidades vivas, embora partes e parcelas de Deus; em virtude de nossa própria desobediência, descemos para este mundo material sob diferentes circunstâncias. Temos diferentes tipos de vestes materiais para satisfazermos a tendência para a gratificação sensorial, e isso pelas leis da natureza, pela associação com os 3 modos da natureza material. Estamos transmigrando através de diferentes formas de vida. Assim, esta forma humana de vida nos é dada como uma oportunidade para compreendermos a nossa posição, porque, na forma humana de vida, temos consciência mais desenvolvida do que nas formas inferiores de vida, como os aquáticos, os insetos, as plantas, os pássaros, as bestas e os seres humanos civilizados e incivilizados. Assim, o ponto é que um ser humano tem que saber que a meta da vida é voltar ao Lar, voltar ao Supremo.



Pergunta #2: Qual é o caminho exato para se alcançar essa meta?



Resposta: Deus é grande e nós somos todos subordinados a Deus. Em outras palavras, Deus é o Mestre Supremo, e nós somos todos entidades vivas, servos de Deus. Portanto, o caminho que ensina esse fato, de que a entidade viva é serva eterna de Deus, é o único caminho que conduz o indivíduo de volta ao lar, de volta ao Supremo.



Pergunta #3: Quantos líderes de fato alcançaram essa meta?



Resposta: Esta meta é um fato, e o caminho é um fato, e qualquer um que adote esse caminho pode alcançar a meta. De acordo com as nossas autoridades que alcançaram essa meta, existem muitíssimos acaryas. Nos anos recentes, dentro de 1500 anos, os seguintes acaryas são verdadeiros líderes dessa meta da vida. Eles são Ramanujacarya, Madhvacarya, Visnusvami e Nimbarka, e o mais recente, nos últimos 500 anos, é o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu. Há muitos de tais líderes que alcançaram a meta da vida, e, se você quer segui-los, o caminho é muito claramente mencionado.



Pergunta #4: Por que todas as atuais religiões e sistemas espirituais vieram a existir, contradizendo-se uns aos outros, quando a humanidade se destina a seguir apenas uma religião?



Resposta: Sistema religioso significa a lei dada por Deus. Em todo sistema de religião, a ordem é seguir a instrução dada por Deus ou por Seu representante. Infelizmente, os assim chamados seguidores desviam-se das ordens do mestre e, algumas vezes, criam seu próprio sistema religioso inventado. De outro modo, não pode haver diferentes religiões. Nós, portanto, aceitamos apenas uma religião, aquela que ensina o indivíduo a amar a Deus. Qualquer sistema religioso que não ensine isto, como amar a Deus, não é religião, mas um sistema enganador. As almas condicionadas que vieram a este mundo devido ao esquecimento de seu relacionamento eterno com Deus são propensas a serem enganadas, mas uma pessoa que é sincera não é enganada, senão que adota o caminho que conduz o indivíduo à perfeição da vida, como amar a Deus. Os atuais sistemas religiosos e espirituais em variedades vieram a existir em virtude de líderes imperfeitos que desafiaram a autoridade de Deus. Minha sugestão, portanto, é que os líderes que realmente concordam serem servos eternos de Deus sentem-se juntos e encontrem as possibilidades de um único sistema religioso neste mundo. Deus é um. Não podem existir vários deuses; do contrário, não há sentido em Deus. No dicionário, vocês encontram que Deus significa “o Ser Supremo”. Existe um ilimitado número de entidades vivas, mas Deus é o único Ser Supremo. O Ser Supremo tem que ser um. Ninguém pode ser igual a Ele, e ninguém pode ser maior do que Ele; do contrário, não há significado para Deus. No momento presente, tornou-se moda tornar-se Deus de modo muito barato. Assim, porque esse sistema é muito barato e desautorizado, há muitíssimos sistemas religiosos. Do contrário, Deus é um, todas as entidades vivas são Seus servos eternos, e, portanto, o verdadeiro sistema religioso é aprender como servir Deus.



Pergunta #5: O que Hasur Mohammed Sahib disse sobre o século 14 e por quê?



Resposta: Não tenho informação suficiente sobre a instrução de Hazur Mohammed Sahib, mas se você se refere a Maomé, o inaugurador da religião islâmica, eu o aceito como um servo dotado de poder por Deus porque ele pregou a consciência de Deus naquelas partes do mundo e levou as pessoas a aceitarem a autoridade de Deus. Ele é aceito como o servo de Deus e nós temos completo respeito por ele. Desconheço o que ele disse sobre o século 14, logo não posso responder este ponto. Você está mencionando os Santos Nomes de Nanak, Krishna, Kabir, Cristo, Maomé etc. Dentre todos esses nomes, aceitamos Krishna como o Senhor e todos os outros como servos de Deus que representam Deus, Krishna. No dicionário, é dito que Deus é o Ser Supremo, e, quando Krishna apareceu nesta Terra, Ele provou que é o Ser Supremo sob todos os aspectos. Estamos disseminando este Movimento da Consciência de Krishna por todo o mundo, e, se todos os líderes aceitassem esta filosofia do Bhagavad-gita Como Ele É, então estou certo de que o mundo teria a fortuna de seguir um tipo de religião e aceitar um Deus sem nenhuma convicção defeituosa.



Tradução de Bhagavandasa (DvS)

Lançamento - Diálogo sobre Jesus: Quem foi o homem que mudou o mundo?





Diálogo sobre Jesus: Quem foi o homem que mudou o mundo?
Título Original: Inchiesta su Gesù: chi era l'uomo che ha cambiato il mondo
de Corrado Augias, Mauro Pesce

Tradutor: Andrea Ciacchi

Páginas: 322



Diálogo sobre Jesus é o resultado da entrevista de Corrado Augias com um dos mais importantes biblicistas do mundo: Mauro Pesce. Nele, foram esclarecidas dúvidas de milhões de pessoas, cristãs ou não, sobre Jesus. Entre elas: em que período histórico ele viveu? Como foram sua vida e sua morte? Como interpretar os textos sobre ele?

Este livro esclarece alguns dos aspectos menos conhecidos e mais humanos do profeta Yehoshua. Além disso, Augias explica o fenômeno que o seguiu desde seu nascimento e a formação da religião em torno de seu nome, mesmo nunca tendo Jesus dito que queria realmente estabelecer uma doutrina.

O livro vendeu mais de um milhão de exemplares na Itália.



OS AUTORES
Corrado Augias, escritor, jornalista e político, é autor de vários livros e apresentador de televisão.



Mauro Pesce, professor de história do cristianismo na Universidade de Bolonha e renomado biblista, publicou diversos livros e artigos sobre o Novo Testamento.


um lançamento









quinta-feira, 18 de agosto de 2011

evento -Dia 23 – Aparecimento de Srila Prabhupada!



Dia 23 – Aparecimento de Srila Prabhupada!




Todas as glórias a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada!

Fundador-Acharya da Sociedade Internacional para Consciência de Krishna



Eis a extraordinária pessoa que dedicou sua vida a ensinar o mundo sobre a consciência de Krishna, a mensagem de sabedoria espiritual mais nobre da Índia antiga.

Srila Prabhupada escreveu mais de quarenta volumes de tradução e comentários sobre tais clássicos como o Srimad Bhagavatam, o Caitanya Caritamrita e o Bhagavad-gita. Ele escreveu não unicamente como um erudito, mas como um praticante perfeito. Ele ensinou não apenas através de seus escritos, mas também por meio de seu exemplo de vida.

Ao longo de sua obra, a intenção de Srila Prabhupada foi transmitir o sentido natural das escrituras sem se desviar com interpretações especuladoras, propiciando-nos uma versão autêntica das conclusões védicas sobre tópicos tão importantes como o propósito da vida humana, a natureza da alma, a consciência e Deus.

Em 1965, representando uma nobre linhagem de mestres, que data desde milhares de anos, Srila Prabhupada navegou da Índia até Nova York, com a idade de 69 anos, para compartilhar a mensagem do Senhor Krishna. Trazia com ele nada mais que a roupa do corpo, uma caixa de livros e US$7 de troco. Nos anos que se seguiram, ele viajou e pregou em todo o mundo, abriu 108 templos e fundou a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON).

Apesar de não estar mais presente fisicamente no mundo, ele vive para sempre em seus livros, e nos corações daqueles cujas vidas ele tocou.



Não deixem de ler a biografia completa de Srila Prabhupada – “Srila Prabhupada Lilamrta”!


evento - Dia 22 de Agosto – Aparecimento de Sri Krishna



Dia 22 de Agosto – Aparecimento de Sri Krishna







Neste dia (pelo calendário lunar), Krishna adveio 5.238 anos atrás aqui no Planeta Terra!

Escute aqui as orações dos semideuses antes de Seu advento: parte 1 e parte 2.


Escute aqui a narração de Seu aparecimento.



Clique aqui para escutar mais sobre Krishna!

LEIA E OUÇA MAIS EM
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terça-feira, 16 de agosto de 2011

artigo - Santos e Serpentes






Santos e Serpentes



Todos os dias, aumenta aos milhares o número de pessoas interes­sadas em praticar yoga e meditação. Infelizmente, uma pessoa que esteja buscando um guia adequado provavelmente encontrará um cortejo desorientador de gurus mágicos e de estilo próprio, e de deuses autoproclamados. Em entrevista cedida à London Times, Srila Prabhupada explica como um buscador sincero pode saber a diferença entre um farsante e um guia espiritual genuíno.


Repórter: Sua Graça, parece que, mais do que nunca, as pessoas estão buscando algum tipo de vida espiritual. Gostaria de saber se o senhor poderia explicar o porquê.


Srila Prabhupada: O desejo de vida espiritual é um anseio abso­lutamente natural. Por sermos almas espirituais, não podemos ser fe­lizes na atmosfera material. Se você tira um peixe da água, ele não pode ser feliz em terra. Analogamente, se não temos consciência espiritual, não podemos ser felizes. Atualmente, muitas pessoas estão a buscar por avanço científico e desenvolvimento econômico, mas elas não são felizes porque essas não são as verdadeiras metas da vida. Muitos jovens estão compreendendo isso, e estão rejeitando a vida materialista e tentando buscar a vida espiritual. Na verdade, essa é a busca correta. A consciência de Krsna é a meta correta da vida. A menos que você adote a consciência de Krsna, não poderá ser feliz. Isto é um fato. Por isso, convidamos todos ao estudo e ao entendimento deste grande movimento.


Repórter: O que francamente me preocupa é que, desde a chegada à Inglaterra, há algum tempo, de um yogi indiano, que foi o pri­meiro “guru” de que se teve notícia, começaram a aparecer, repentinamente, muitos gurus. Algumas vezes, tenho o sentimento de que nem todos eles são tão genuínos como deveriam ser. Seria correto ad­vertir as pessoas que estão pensando em aceitar a vida espiritual que elas devem se precaver de modo a encontrar um guru genuíno para ensiná-las o conhecimento?


Srila Prabhupada: Sim. Evidentemente, buscar um guru é muito bom, mas, se você quiser um guru barato, ou se quiser ser enganado, então encontrará muitos gurus enganadores. Porém, se você for sincero, encontrará um guru sincero. Porque as pessoas querem tudo muito barato, elas são enganadas. Nós pedimos a nossos estudantes que se abstenham do sexo ilícito, do comer de carne, dos jogos de azar e da intoxicação. As pessoas acham que isso é muito difícil – incômodo. Mas se outro indivíduo diz: “Faça qualquer disparate que você queira e simplesmente use este mantra”, então as pessoas gostarão dele. O fato é que as pessoas querem ser enganadas, e, para tanto, os enganadores aparecem. Ninguém quer submeter-se a austeridades, devido a que surgem os enganadores e dizem: “Nada de austeridade. Faça o que quiser. Simplesmente me pague e eu lhe darei um mantra e você se tor­nará Deus dentro de seis meses”. É isso o que está acontecendo. Se você quiser ser enganado dessa maneira, os enganadores virão.


Repórter: O que o senhor diz da pessoa que seriamente quer encontrar a vida espiritual, mas que acaba aceitando o guru errado?


Srila Prabhupada: Se você quer apenas uma educação ordinária, você tem que devotar muitíssimo tempo, esforço e entendimento para isso. De modo semelhante, se você vai aceitar a vida espiritual, você tem que ser sério. Como é possível que, simplesmente através de alguns mantras maravilhosos, alguém possa se tornar Deus dentro de seis meses? Por que as pessoas querem algo assim? Isso significa que elas querem ser enganadas.


Repórter: Como pode uma pessoa saber que tem um guru genuíno?


Srila Prabhupada: Algum de meus estudantes pode responder a essa pergunta?



Discípulo: Eu me lembro que uma vez John Lennon perguntou ao senhor: “Como saberei quem é o guru genuíno?”. E o senhor res­pondeu: “Simplesmente encontre aquele que é mais dedicado a Krsna. Este é genuíno”.


Srila Prabhupada: Sim. O guru é representante de Deus, e ele fala sobre Deus, e nada mais. O guru genuíno é aquele que não tem nenhum interesse na vida materialista. Ele quer Deus, e somente Deus. Este é um dos testes de um guru genuíno: brahma-nistham. Ele está absorto na Verdade Absoluta. No Mundaka Upanisad, afirma-se: srotriyam brahma-nistham: “O guru genuíno é bem ver­sado nas escrituras e no conhecimento védico, e é completamente dependente de Brahman”. Ele deve saber o que é Brahman [espírito] e como situar-se em Brahman. Esses sinais são dados na literatura védica. Como eu disse antes, o verdadeiro guru é representante de Deus. Ele representa o Senhor Supremo, assim como o vice-rei re­presenta o rei. O guru verdadeiro não inventará nada. Tudo o que ele diz está de acordo com as escrituras e com os acaryas anteriores. Ele não lhe dará um mantra e dirá que você vai se tornar Deus den­tro de seis meses. Essa não é a missão do guru. A missão do guru é convencer todos a se tornarem devotos de Deus. Essa é a essência da missão do guru verdadeiro. De fato, ele não tem outra coisa a fazer. Quem quer que ele veja, ele diz: “Por favor, torne-se consciente de Deus”. Se, de alguma forma, ele fala em nome de Deus, tentando fazer com que todos se tornem devotos de Deus, ele é um guru genuíno.


Repórter: E o que o senhor me diz do sacerdote cristão?


Srila Prabhupada: Cristão, maometano, hindu – não importa. Se ele apenas fala em nome de Deus, ele é guru. O senhor Jesus Cristo, por exemplo, doutrinava o povo dizendo: “Tentem amar a Deus”. Qualquer um – não importa quem, não importa se é hindu, muçulmano ou cristão – é guru caso convença as pessoas a amarem a Deus. Esse é o teste. O guru nunca diz: “Eu sou Deus”, ou “eu vou transformá-lo em Deus”. O guru verdadeiro diz: “Eu sou servo de Deus e vou transformá-lo em servo de Deus também”. Não importa como o guru esteja vestido. Como Caitanya Mahaprabhu dizia: “Quem quer que possa transmitir conhecimento sobre Krsna é mestre espiritual”. O mestre espiritual genuíno simplesmente tenta fazer com que as pessoas se tornem devotos de Krsna, ou Deus. Ele não tem outro afazer.


Repórter: Mas os gurus ruins...


Srila Prabhupada: E o que é um guru ruim?


Repórter: O guru ruim quer apenas dinheiro e fama.


Srila Prabhupada: Bem, se ele é ruim, como pode se tornar guru? (risos) Como pode o ferro tornar-se ouro? Na verdade, o guru não pode ser ruim, pois se alguém é ruim, não pode ser guru. Você não pode dizer “guru ruim”. Isso é uma contradição. O que você pode fazer é simplesmente tentar entender o que é um guru genuíno. A definição de guru genuíno é que ele fala apenas de Deus. Isso é tudo. Se ele fala de algum disparate, ele não é guru. O guru não pode ser ruim. Não é possível haver um guru ruim, assim como não pode haver um guru vermelho ou um guru branco. Guru significa “guru genuíno”. Tudo o que precisamos sa­ber é que o guru genuíno fala apenas de Deus e tenta fazer com que todos se tornem devotos de Deus. Se ele faz isso, ele é genuíno.


Repórter: Se eu quisesse ser iniciado em sua sociedade, o que precisaria fazer?


Srila Prabhupada: Primeiramente, você teria de abandonar a vida sexual ilícita.


Repórter: Isso inclui todo tipo de vida sexual? O que é sexo ilícito?


Srila Prabhupada: Sexo ilícito é sexo feito fora do matrimônio. Os animais fazem sexo sem restrições, mas, na sociedade humana, há restrições. Em todos os países e em todas as religiões, há al­guma espécie de restrição da vida sexual. Você também teria de abandonar todos os intoxicantes, incluindo chá, cigarros, álcool, maconha – qualquer coisa que intoxique.


Repórter: Mais alguma coisa?


Srila Prabhupada: Você teria também de deixar de comer carne, ovos e peixes. E teria que deixar de jogar também. A menos que você deixasse essas quatro atividades pecaminosas, não poderia ser iniciado.


Repórter: Quantos seguidores o senhor tem em todo o mundo?


Srila Prabhupada: Para algo genuíno, não pode haver muitos seguidores. Para algo imundo, pode haver muitos seguidores. Mesmo assim, temos cerca de cinco mil discípulos iniciados.


Repórter: O movimento da consciência de Krsna está cres­cendo constantemente?


Srila Prabhupada: Sim, está crescendo, mas devagar. Isto porque impomos muitas restrições. As pessoas não gostam de restrições.


Repórter: Onde o senhor tem mais seguidores?


Srila Prabhupada: Nos Estados Unidos, na Europa, na América do Sul e na Austrália. E, evidentemente, na Índia há milhões de pessoas que praticam a consciência de Krsna.


Repórter: O senhor poderia me falar sobre a meta de seu movimento?


Srila Prabhupada: O objetivo deste movimento da consciência de Krsna é despertar a consciência original do homem. No momento atual, nossa consciência está sob designações. Há quem pense: “Eu sou inglês”, e há quem pense: “Eu sou americano”. Na verdade, não pertencemos a nenhuma dessas designações. Somos todos partes integrantes de Deus; essa é a nossa verdadeira identi­dade. Se todos chegassem a essa consciência, todos os problemas do mundo seriam solucionados. Nós, então, saberíamos que so­mos unos, na mesma qualidade de alma espiritual. A mesma quali­dade de alma espiritual está dentro de todos, embora possa estar revestida de formas diferentes. Essa é a explicação dada no Bhagavad-gita.

Na verdade, a consciência de Krsna é um processo purificatório (sarvopadhi-vinirmuktam). Seu propósito é libertar as pessoas de todas as designações (tat-paratvena nirmalam). Quando nossa consciência se purifica de todas as designações, as atividades que executamos com nossos sentidos purificados nos fazem perfeitos. Chegamos, por fim, à perfeição ideal da vida humana. A consciência de Krsna também é um processo muito simples. Não é necessário tornar-se um grande filósofo, cientista ou o que quer que seja. Precisamos apenas cantar o santo nome do Senhor, entendendo que Sua personalidade, Seu nome e Suas qualidades são todos absolutos.

A consciência de Krsna é uma grande ciência. Infelizmente, não há um departamento nas universidades para esta ciência. Por isso, convidamos todos os homens sérios que estejam interessados no bem-estar da sociedade humana a entenderem este grande movi­mento e, se possível, participarem dele e cooperarem conosco. Os problemas do mundo serão resolvidos. Este também é o veredicto do Bhagavad-gita, o mais importante e autorizado livro de conhecimento espiritual. Muitos de vocês já ouviram falar do Bhagavad-gita. Nosso movimento baseia-se nesse livro. Nosso movimento é aprovado por todos os grandes acaryas da Índia. Ramanujacarya, Madhvacarya, o Senhor Caitanya e muitos outros. Todos vocês são representantes de jornais; por isso, peço-lhes que tentem com­preender este movimento tanto quanto possível para o bem de toda a sociedade humana.


Repórter: O senhor acha que o seu movimento é o único cami­nho para se conhecer a Deus?


Srila Prabhupada: Sim.


Repórter: O que lhe dá essa certeza?


Srila Prabhupada: As autoridades e Deus, Krsna. Krsna diz:



sarva-dharman parityajya

mam ekam saranam vraja

aham tvam sarva-papebhyo

moksayisyami ma sucah



“Abandona todas as variedades de religião e simplesmente rende-te a Mim. Hei de te libertar de todas as reações pecaminosas. Não temas”. (Bhagavad-gita 18.66)


Repórter: “Render-se” significa que o indivíduo teria de deixar sua família?


Srila Prabhupada: Não.


Repórter: Mas suponha que eu estivesse para ser iniciado. Eu não teria de viver no templo?


Srila Prabhupada: Não necessariamente.


Repórter: Eu poderia permanecer em casa?


Srila Prabhupada: Sim, claro.


Repórter: E o trabalho? Eu teria de abandonar o emprego?


Srila Prabhupada: Não, você simplesmente teria de abando­nar seus maus hábitos e cantar o mantra Hare Krsna com estas contas. Isso é tudo.


Repórter: Eu precisaria dar algum apoio financeiro?


Srila Prabhupada: Não, isso é algo voluntário. Se você der, se­rá bom. Se você não der, não fará mal. Não dependemos da contri­buição financeira de ninguém. Dependemos de Krsna.


Repórter: Eu não precisaria dar absolutamente nenhuma contribuição financeira?


Srila Prabhupada: Não.


Repórter: É esse um dos principais pontos que distingue o guru genuíno do guru farsante?


Srila Prabhupada: Sim, o guru genuíno não é um homem de negócios. Ele é o representante de Deus. Tudo o que Deus diz, o guru repete. Ele não fala de outra maneira.


Repórter: Mas o senhor esperaria encontrar um guru verdadeiro, digamos, viajando de Rolls Royce e hospedando-se na suíte de um hotel de primeira classe?


Srila Prabhupada: As pessoas algumas vezes nos oferecem um quarto em um hotel de primeira classe, mas geralmente nós ficamos em nossos próprios templos. Temos mais de cem templos em todo o mundo, de modo que não precisamos ir a nenhum hotel.


Repórter: Eu não estava tentando fazer acusações. Estava ape­nas tentando ilustrar que julgo sua advertência válida. Há muitas pessoas interessadas em encontrar uma vida espiritual, e, ao mesmo tempo, há muitas pessoas interessadas em aproveitar-se do “negócio de guru”.


Srila Prabhupada: Você compartilha da opinião de que vida espiritual signi­fica aceitar voluntariamente a pobreza?


Repórter: Bem, eu não sei.


Srila Prabhupada: Um homem na miséria pode ser um materia­lista, e um homem abastado pode ser muito espiritual. Vida espiri­tual não depende nem de pobreza nem de riqueza. Vida espiritual é algo transcendental. Considere Arjuna, por exemplo. Arjuna era membro de uma família real, mas era um devoto puro de Deus. E, no Bhagavad-gita (4.2), Sri Krsna diz, evam parampara-praptam imam rajarsayo viduh: “Esta ciência suprema foi recebida através da corrente de sucessão discipular, e os reis santos entenderam-na dessa maneira”. No passado, todos os reis que eram santos enten­deram a ciência espiritual. Portanto, a vida espiritual não depende de nossa condição material. Qualquer que seja a condição material de uma pessoa – seja ela um rei ou um indigente –, ela pode entender a vida espiritual. As pessoas, em geral, não sabem o que é vida espiritual, em razão do que elas desnecessariamente nos cri­ticam. Se eu lhe perguntasse o que é vida espiritual, como você responderia?


Repórter: Bem, não estou bem certo.


Srila Prabhupada: Embora você não saiba o que é vida espiri­tual, você ainda diz: “É isto”, ou “é aquilo”. Mas, primeiramente, você deve saber o que é vida espiritual. A vida espiritual começa quando você entende que não é seu corpo. Este é o verda­deiro começo da vida espiritual. Percebendo a diferença entre o seu eu e o seu corpo, você compreende que é uma alma espiritual (aham brahmasmi).


Repórter: O senhor acha que este conhecimento deveria fazer parte da educação de todos?


Srila Prabhupada: Sim. Primeiramente, as pessoas devem aprender o que elas são. Elas são o corpo ou algo além? Este é o começo da educação. Atualmente, todos são educados a pensar que são o corpo. Porque alguém acidentalmente obtém um corpo ame­ricano, ele pensa: “Eu sou americano”. Isto é como pensar: “Eu sou uma camisa vermelha” só porque você está usando uma camisa vermelha. Você não é uma camisa vermelha; você é um ser humano. Analogamente, este corpo é como uma camisa ou um paletó sobre a pessoa verdadeira – a alma espiritual. Se nos reconhece­mos simplesmente por nossa “camisa” ou “paletó” corpóreos, então não temos nenhuma educação espiritual.


Repórter: O senhor acha que essa educação deve ser dada em escolas?


Srila Prabhupada: Sim. Em escolas, faculdades e universi­dades. Há um imenso corpo literário sobre este assunto – um imenso fundo de conhecimento. O que é realmente necessário é que os líde­res da sociedade se prontifiquem a compreender este movimento.


Repórter: Alguma vez o senhor recebeu alguém que anterior­mente tivesse se envolvido com um guru farsante?


Srila Prabhupada: Sim, muitos.


Repórter: A vida espiritual deles foi de alguma forma arruinada pelos gurus farsantes?


Srila Prabhupada: Não, eles estavam genuinamente buscando algo espiritual, e essa era sua qualificação. Deus está dentro do co­ração de todos, e, tão logo alguém O busque genuinamente, Ele ajuda essa pessoa a encontrar um guru genuíno.


Repórter: Alguma vez, os gurus verdadeiros como o senhor ten­taram dar fim aos gurus falsos – isto é, pressioná-los de modo a tirá-los, por assim dizer, do negócio?


Srila Prabhupada: Não, este não é o meu objetivo. Eu comecei este movimento simplesmente cantando Hare Krsna. Em Nova Iorque, eu cantava em um local chamado Tompkins Square Park, e logo as pessoas começaram a vir a mim. Dessa maneira, o movi­mento da consciência de Krsna gradualmente se desenvolveu. Muitos aceitaram e muitos não aceitaram. Aqueles que são afortunados aceitam.


Repórter: Por acaso o senhor não sente que as pessoas são des­confiadas por causa da experiência que tiveram com gurus farsan­tes? Se o senhor fosse a um dentista charlatão e ele lhe quebrasse o dente, talvez o senhor hesitasse ir a outro dentista.


Srila Prabhupada: Sim. Se você foi enganado, você naturalmente fica desconfiado. Contudo, você ter sido enga­nado uma vez não significa que será enganado sempre. Você deve encontrar al­guém que seja genuíno. Mas, para chegar à consciência de Krsna, você tem de ser ou muito afortunado ou bem versado nesta ciên­cia. A partir do Bhagavad-gita (7.3), entendemos que os buscadores genuínos são pouquíssimos, manusyanam sahasresu kascid yatati siddhaye: “Dentre muitos milhões de pessoas, talvez haja uma que es­teja interessada em vida espiritual”. Geralmente, as pessoas estão interessadas em comer, dormir, acasalar-se e defender-se. Como, então, poderíamos esperar encontrar muitos seguidores? Não é di­fícil observar que as pessoas perderam seu interesse espiritual. E quase todos aqueles que estão realmente interessados estão sendo enganados por ditos espiritualistas. Você não pode julgar um mo­vimento simplesmente pelo número de seus seguidores. Se um ho­mem é genuíno, então o movimento é bem-sucedido. Não é uma questão de quantidade, mas de qualidade.


Repórter: Pergunto-me se o senhor teria ideia de quantos têm sido enganados por gurus farsantes.


Srila Prabhupada: Praticamente todos. (risos) Contar está fora de cogitação. Todos.


Repórter: Isso quer dizer milhares de pessoas, não é?


Srila Prabhupada: Milhões. Milhões de pessoas têm sido enga­nadas, porque elas querem ser enganadas. Deus é onisciente. Ele pode entender seus desejos. Ele está dentro de seu coração, e, se você quer ser enganado, Deus lhe envia um enganador.


Repórter: É possível que todos atinjam o estágio de perfeição de que o senhor falou anteriormente?


Srila Prabhupada: Dentro de um segundo. Qualquer um pode alcançar a perfeição dentro de um segundo – contanto que assim o deseje. A dificuldade é que ninguém quer. No Bhagavad-gita (18.66), Krsna diz, sarva-dharman parityajya mam ekam saranam vraja: “Simplesmente rende-te a Mim”. Mas quem se renderá a Deus? Todos dizem: “Oh! Por que eu deveria me render a Deus? Prefiro ser independente”. Se você simplesmente se ren­desse, seria uma questão de segundos. Isso seria tudo. Porém, ninguém quer isso, essa é a dificuldade.


Repórter: Quando o senhor diz que muitas pessoas querem ser enganadas, o senhor quer dizer que muitas pessoas querem conti­nuar com seus prazeres mundanos e, ao mesmo tempo, querem alcançar a vida espiritual cantando um mantra ou segurando uma flor? É isso que o senhor quer dizer com querer ser enganado?


Srila Prabhupada: Sim, é como um paciente pensar: “Continua­rei com minha doença e, ao mesmo tempo, tornar-me-ei saudável”. Isso é contraditório. O primeiro requisito é que recebamos instrução acerca da vida espiritual. Vida espiritual não é algo que pode ser compreendido através de uma conversa de alguns minutos. Há muitos livros de filosofia e teologia, mas as pessoas não estão interessadas neles. Essa é a dificuldade. Por exemplo, o Srimad-Bhagavatam é uma obra muito extensa. Se você tentar ler esse livro, talvez sejam necessários dias inteiros para se entender uma única linha dele. O Bhagavatam descreve Deus, a Verdade Absoluta, mas as pessoas não estão interessadas. E se, por acaso, alguém fica um pouco interessado em vida espiri­tual, ele quer algo imediato e barato. Portanto, ele é enganado. Na verdade, a vida humana é feita para austeridade e penitência. É assim que funciona a civilização védica. Nos tempos védicos, eles treinavam os meninos como brahmacaris; não era permitida a vida sexual até os vinte e cinco anos de idade. Onde podemos encontrar este tipo de educação atualmente? O brahmacari é um estudante que vive uma vida de completo celibato e obedece às ordens de seu guru no gurukula. Agora, as escolas e faculdades estão ensinando sexo desde o começo, e meninos e meninas de doze ou treze anos estão fazendo sexo. Como poderão eles ter vida espiritual? Vida espiritual significa aceitar voluntariamente algumas austeridades de modo a conhecer verdadeiramente Deus. É por isso que insistimos para que nossos estudantes iniciados não façam sexo, não comam carne, não joguem, nem se intoxiquem. Sem essas restrições, qualquer “meditação de yoga” ou dita disciplina espiritual não pode ser genuína – é mera relação comercial entre os enganadores e os enganados.


Repórter: Muito obrigado.


Srila Prabhupada: Hare Krsna.


Revisão de Karunika devi dasi e Bhagavan dasa

Excerto da obra Ciência da Autorrealização, de autoria de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, cortesia BBT Brasil (www.bbt.org.br). Todos os direitos reservados.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

evento -Aparecimento de Sri Balarama!



Dia 13 - Aparecimento de Sri Balarama!







"Jnanasim,a espada do conhecimento, é dada por Krishna, e quando alguém serve o guru e Krishna para segurar a espada das instruções de Krishna, Balarama dá a força. Balarama é Nityananda. Vrajendranandana yei, saci-suta haila sei, balarama ha-ila nitai. Esse bala - Balarama - vem com Sri Caitanya Mahaprabhu, e ambos são tão misericordiosos que nessa Era de Kali podemos facilmente nos abrigar nos Seus pés de lótus. Eles vem especialmente para salvar as almas caídas desta era. Papi tapi yata chila, hari-name uddharila. Sua arma é sankirtana, hari-nama. Assim devemos aceitar a espada do conhecimento de Krishna e sermos fortes com a misericórdia de Balarama. Portanto adoramos Krishna-Balarama em Vrndavana. No Mukunda Upanishad (3.2.4) está dito:



nayam atma bala-hinena labhyo
na ca pramadat tapaso vapy alingat
etair upayair yatate yas tu vidvams
tasyaisa atma visate brahma-dhama



Não é possível atingir o objetivo da vida sem a misericórdia de Balarama. Sri Narottama dasa Thakura portanto diz, nitaiyera karuna habe, vraje radha-krishna pabe: quando recebemos a misericórdia de Balarama, Nityananda, podemos facilmente obter os pés de lótus de Radha e Krishna.



se sambandha nahi yara, brtha janma gela tara,
vidya-kule hi karibe tara



Se uma pessoa não tem qualquer contato com Nitai, Balarama, então mesmo que seja um erudito com grande conhecimento,um jnani ou tenha nascido numa família muito respeitável, nada disso lhe ajudará. Devemos, portanto, conquistar os enimigos da consciência de Krishna com a força recebida de Balarama."



SB 7.15.45 – Significado escrito por Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, fundador-acharya da ISKCON.







BALARAMA é a primeira expansão pessoal do Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de Deus. Todas as outras encarnações se expandem dEle. Nos passatempos do Senhor Krsna, Ele atua como o irmão mais velho de Krsna. Juntos, Krsna e Balarama executam muitos passatempos como pequenos vaqueiros na terra de Vrndavana. O Senhor Balarama carrega um arado e uma maça e é conhecido por Sua grande força. (Veja o Sri Caitanya-caritamrta, Adi-lila, capítulo 5, Veja o 10º Canto do SB, ou o livro Krishna - A Suprema Personalidade de Deus.)


evento - MARATONA DE SANKIRTANA LATINO AMERICANA



FESTIVAL ENCERRAMENTO

DA MARATONA DE SANKIRTANA LATINO AMERICANA

SRI BALARAMA JULHO 2011



Convidamos a todos os devotos para prestigiarem o Festival de Encerramento da Maratona de Sankirtana Latino Americana Sri Balarama Julho 2011,
que acontecerá em Vrajabhumi, Teresópolis, no dia 14 de agosto, domingo, no dia seguinte ao Festival de Balarama.

Além do Sankirtana-yajña extático, teremos as ilustres presenças de:
· Dhanvantari Swami
· Candramukha Swami
· Hanumam Prabhu (Trustee da BBT e Secretário Zonal do GBC)
· Nanda KumaraPrabhu (Diretor da BBT do Brasil)
· Aravinda Prabhu (Diretor da BBT do México)
· Murajit Das Prabhu (Diretor da BBT da Argentina)
· Caturatma Prabhu e Palika Mataji (Diretores da BBT do Peru)


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Evento - Aniversario do Senhor Balarama



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artigo - Austeridades Espirituais



Austeridades Espirituais
SB Canto IV, Capítulo 30, Verso 4

Tradução e comentário por Srila Prabhupada








TRADUÇÃO

Ao fim de dez mil anos de rigorosas austeridades praticadas pelos Pracetas, a Suprema Personalidade de Deus, em recompensa por suas austeridades, apareceu ante eles sob Sua forma tão prazenteira. Isto satisfez os Pracetas e mitigou o esforço de suas austeridades.



SIGNIFICADO

Praticar dez mil anos de rigorosas austeridades não parece um esforço muito feliz. Todavia, os devotos, os estudantes sérios da vida espiritual, submetem-se a tais austeridades para obter o favor da Suprema Personalidade de Deus. Naquela época, quando era muito longa a duração de vida, as pessoas podiam praticar rigoro¬sas austeridades por milhares de anos. Dizem que Valmiki, o autor do Ramayana, praticou austeridades de meditação por sessenta mil anos. A Suprema Personalidade de Deus apreciou as austeridades praticadas pelos Pracetas, e por fim apareceu ante eles sob uma forma aprazível. Assim, todos eles ficaram satisfeitos e esqueceu as austeridades que haviam praticado. No mundo material, se alguém obtém sucesso após trabalhar arduamente, ele fica muito satisfeito. De modo semelhante, o devoto esquece todos os seus esforços e austeridades assim que entra em contato com a Suprema Personalidade de Deus. Embora Dhruva Maharaja fosse apenas um menino de cinco anos, submeteu-se a rigorosas austeridades, comendo meras folhas secas, bebendo apenas água ou não comendo nada. Dessa maneira, depois de seis meses, ele foi capaz de ver a Suprema Personalidade de Deus, face a face. Quando ele viu o Senhor, esqueceu-se de todas as suas austeridades e disse: svamin krtartho smi. "Meu querido Senhor, estou muito satisfeito."



Evidentemente, estas austeridades foram praticadas em Satya¬-yuga, Dvapara-yuga e Treta-yuga, mas não nesta era de Kali. Nesta Kali-yuga, pode-se alcançar os mesmos resultados simplesmente cantando o maha-mantra Hare Krsna. Como as pessoas desta era são caídas, o Senhor faz a gentileza de dar-lhes o método mais fácil. Pelo simples fato de cantar o mantra Hare Krsna, pode-se alcançar os mesmos resultados. Contudo, como ressalta o Senhor Caitanya Mahaprabhu, somos tão infelizes que nem sequer sentimos atração pelo cantar do maha-mantra — Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.



Hare Krishna! Todas as glórias a Srila Prabhupada!







Janmastami: No dia 22 de agosto celebramos Krishna Janmastami – o dia de aparecimento de Krishna! Procure visitar o templo mais perto ou passar o final de semana em uma de nossas comunidades rurais!



Vyasa-puja de Srila Prabhupada: No dia seguinte de Janmastami, ou seja no dia 23 de agosto, é o Vyasa Puja de Srila Prabhupada, seu dia de aparecimento.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Lançamento - Cidade dos deuses de Evanice Maria Pereira




Cidade dos deuses

de Evanice Maria Pereira


Formato : 16x23
Páginas : 336


O LIVRO
Chandra, o príncipe de Naripura, recusa-se a adorar uma deusa de pedra. Alheio ao jogo de interesses que cercam o trono, ele entrega-se a um amor impossível. Kadine, a eleita do seu coração, não é filha da nobreza. Guiado por um amigo invisível, o príncipe mergulha nos mistérios do Além. No horizonte, nuvens negras rondam a Cidade dos Deuses em prenúncio de uma tragédia...



A AUTORA
Evanice Maria Pereira
Profissional da área de comunicação e marketing, é colaboradora do Grupo de Estudos Maria de Nazaré, sediado no Jardim Piratininga, em Osasco (SP) e do Obreiros do Bem, na mesma cidade. Em 1990, iniciou os estudos das Obras Básicas de Allan Kardec: “Nesse ano, comecei a frequentar o Obreiros do Bem. Hoje, com satisfação, faço parte do quadro de trabalhadores da casa. Ministro palestras, colaboro na área de assistência espiritual e também na preparação do boletim informativo da casa”.


TRECHO DO LIVRO
Capítulo 1 Era uma tarde especial. Tranquilo, senhor de rara e indefinível alegria, Viasa desfrutava de sua própria leveza. Sentia o espírito distante do corpo, nas alturas, acima dos montes, voando por entre os deuses que habitam as esferas superiores, onde homem algum, santo ou impuro, atreve- se a desejar alcançar. Na paisagem, nada se modificara durante anos. Contudo, no balcão superior, escolhido para retiro íntimo, na ala lateral do palácio, pensava. Suas vistas, talvez, estivessem embaçadas por longo tempo, ou ainda não soubesse apreciar aquelas paragens como deveria, pois era como se as vislumbrasse pela primeira vez. A luz dourada e maravilhosa do sol derramava-se, generosa, por sobre os extensos vales, recobertos de um tapete uniforme em tons claros e escuros de verde, onde, calmamente, os pastores levavam seus rebanhos para que pastassem, conduzindo-os a beber nos rios e corredeiras. Ao longe, encorpadas florestas de viçosas e cintilantes folhas serviam de majestosa antevisão a uma espetacular obra natural, localizada ao norte, como sentinela intransponível: a impressionante cadeia do Himalaia, com seus belíssimos picos nevados, altos, imponentes, como se quisessem tocar o céu azul celeste, que já anunciava a despedida de mais um dia. Um deleite para os olhos! Viasa permaneceria ali por toda a eternidade, se uma serva não o buscasse para dar-lhe a notícia que tão ardentemente desejava ouvir. Solene, anunciou: – Majestade, está feito! Retirou-se ansioso, depressa, feliz, buscando os aposentos da rainha. Aquele formoso dia reservara-lhe encantadora surpresa. No afã de finalmente reter a surpresa para si, não percebeu que deixara para trás um par de olhinhos curiosos, tentando entender a estranheza do rei. Viasa sentia a alma revirar-se em seu ser, tamanha era a emoção que o assomava, quando colheu dos braços da adorada esposa sua surpresa: um robusto bebê. Seu filho. Seu príncipe. – Meu pequeno... Nanda... Meu bem-aventurado... – murmurou comovido. Cumpriria o desejo da divindade protetora de seu reino. Segundo o sumo sacerdote, a deusa Nari desejava que o príncipe fosse chamado “bem-aventurado”, porque descia à Terra em missão divina. O bebê seria seu mensageiro. O pai sorria entre lágrimas, o coração saltava no peito como um potro indomável. Acompanhado do sumo sacerdote, Nura seguiu para a sacada do palácio que dava vistas para a cidade e onde era permitido o acesso aos súditos. Afinal, o bebê não era somente dos reis, mas de todos os devotos. Era o santo enviado, em agradecimento à fidelidade de dois séculos de adoração fervorosa. Na sacada, Viasa custava conter o pranto insistente. Percorreu o olhar por sua amada Naripura – cidade de Nari, em hindu –, reino temido e respeitado pela força e justiça de seu governante. Forçou as vistas tentando divisar os pilares respeitosos, tão diminutos àquela distância, tal o tamanho da cidade. Como não conseguia vê-los, atentou para a praça principal, defronte à casa real, ornada com imenso monumento à deusa; fez uma rápida oração em agradecimento. Ainda quis observar o templo principal, à esquerda da praça; admirou-se das formas precisas – uma cúpula abobadada, sustentada por colunas de pedra polida e cuidadosamente talhada. Por fim, seus olhos foram deter-se na multidão em festa. Como amava toda aquela gente! A turba bradava, sem cessar, o nome do menino-santo, proferindo saudações e bênçãos. Dançava e cantava músicas sagradas, combinando sons de tambores e flautas. Mas o rei queria saber de sua rainha. Recolheu-se aos aposentos da esposa, enquanto continuava sendo observado por aqueles mesmos olhinhos curiosos de antes. Silencioso, o menino limitava- se a segui-lo, apanhando suas menores atitudes e palavras. Sacerdotes e servos acercavam-se do rei, obrigando-o a manter-se a distância. Ao chegar ao quarto da rainha, o menino reservou-se a um canto, ninguém o percebia. Viu o rei pousar um suave beijo nas mãos da esposa, o bebê ser envolvido em mantos e ser entregue à rainha para a primeira mamada. Então, instintivamente, a soberana o procurou pelo quarto. Sorriu. – Então, é aí que você está? Finalmente deram conta de sua presença. Todos se voltaram para o cantinho do quarto. A rainha pediu que se aproximasse. Foi algo desajeitado. O rei afagou os cabelos curtinhos. – Observe, – disse a senhora mostrando-lhe o bebê – não é bonito? Ele sorriu confirmando. Ficou extasiado. Como uma boca podia ser tão pequena e um rosto tão miúdo? Voltou-se à senhora: – Eu não disse que havia um bebê na sua barriga? Mádri, Viasa, todos se entreolharam, desconcertados. Era verdade o que lembrava o menino. Ele avisara, tempos atrás, que um dia a rainha ganharia um bebê e ninguém considerou o dito de uma criança. Imaginações, certamente. Afinal, ele não poderia prever coisa alguma. Não era um mensageiro nem poderia ter dons divinos. A deusa do reino informaria por intermédio de seus sacerdotes. – Ainda não aprendeu a ter modos? – Mádri foi severa com ele. – Sabe que não pode dizer tudo que deseja! O pequenino baixou os olhos, respeitosamente. Foi-se afastando devagar, até sair repentinamente em correria – uma costumeira atitude sua, quando sabia ter cometido uma falta. – Chandra! Chandra! O chamado foi em vão. Pelos corredores por onde passava, cada sentinela rendia reverências ao príncipe herdeiro, habituados a vê-lo saltitar e a transpor os ambientes da casa real, sempre veloz. O nobrezinho, olhar avivado, pouco maior que um cordeiro, era a luz do palácio, falador e inteligente. Difícil encontrar quem resistisse a sua alegria contagiante. Os chamados ficaram somente pelo palácio, pois o menino já havia ganhado os jardins. Com cuidado, examinou o local para certificar-se de que ninguém o via. Feliz, saiu por uma passagem secreta, rumo ao bosque, longe da cidade – seu lugar preferido para brincar. Saiu secretamente, o rei não gostava que ele andasse por lá sozinho. Rápido, correu incansavelmente, saltando corredeiras e arbustos até que, de cima de um pequeno monte facilmente escalado, avistou os pequenos camponeses que habitavam aldeias próximas. Foi encontrá-los, ansioso por dar-lhes a notícia. – Nasceu meu irmãozinho! – disse sem rodeios. – É forte e grande e já mama em minha mãe! Meninos e meninas curvaram-se, em profunda reverência ante o amiguinho. – Por que ainda se curvam diante de mim? Uma pequena adiantou-se: – Você é príncipe, Chandra, nossas mães ensinam que não devemos deixar de reverenciá-lo, mesmo que lhe pareça exagero. Você é uma criança como nós outros, no entanto, um dia vai subir ao trono e a coroa de Viasa será sua. – Tenho apenas seis anos! – O que não o faz menos nobre... – É bobagem. Se eu trocar as vestes, colocar umas iguais as suas e ficar descalço, quem saberá que sou príncipe? A pequena não soube responder e Chandra sorriu de seu embaraço. Preferia que os amiguinhos o vissem apenas como um menino. Um garoto maior, oito ou nove anos, aproximou-se do grupo. Sisudo, atentou para o nobrezinho estranhamente, sua presença parecia desagradá-lo. – Ramai, nasceu meu irmão! – Grande! Irmão, também eu tenho e já adulto. Tão bravo e valoroso quanto o rei, seu pai! Chandra desanimou. Ramai sempre o tratava rispidamente, mesmo que se esforçasse em mostrar-se amigo. – Ramai, algum dia o desagradei? Parece me detestar... O outro o examinou com descaso. – Não gosto de você... é só. – Por qual motivo? – Não gosto de você e pronto! Sua voz é irritante, seu cheiro me sufoca. Tenho raiva de sua falsidade, deseja ser tratado como um menino comum e vem aqui vestido assim, tão ricamente. – Estas vestes são tudo que tenho. Todas as outras são iguais. – Então, por que não fica no seu palácio? Por que vem aqui afrontar a pobreza com seu luxo? Entristecido, o príncipe calou-se, incapaz de compreender o rapazote. Uma pequerrucha, Kadine, aproximou-se: – Não fique triste, alteza. Ramai tem inveja de você. O garoto mal-humorado apanhou-a rudemente pelos braços: Como ousa me chamar de invejoso? – bradou esbofeteando a garotinha. Kadine caiu no gramado, um filete de sangue aflorou da narina ferida. Chandra protestou: – Como pôde? Kadine é bem menor do que você! – Ela me ofendeu! O príncipe deteve-se, sem poder continuar a discussão. Sentiu uma brisa singular e perfumada percorrer-lhe o corpinho tenro, amainando seu ânimo. Sabia o que significava. Olhou por entre as árvores do bosque e lá se esgueirou um vulto. Imediatamente, suas ideias se aclararam. Voltou-se a Ramai fixando-o firme: – Nem eu nem Kadine podemos responder por seus desgostos. Ninguém pode, aliás. Aqui, entre nós, não há nenhum culpado por seu coração amargurado. Se o seu pai é foragido por crime, não fomos nós que o fizemos matar. – Que está dizendo? – Você bem sabe, a vergonha o consome. Comparou seu irmão ao valoroso rei, mas somente você sente o quanto é difícil saber que ele não passa de um ladrão. Ramai fez menção de investir contra o príncipe, contudo, deteve-se diante de sua atitude serena, imperturbável. A força de seu olhar era aterradora. Correu para longe, como se desejasse fugir de si mesmo e daquela triste realidade. Chandra foi ajudar a amiguinha a erguer-se, enquanto ouvia suas perguntas ansiosas. – É verdade o que disse? – Na aldeia, acredita-se que o pai de Ramai viaja com mercadores, e agora você diz que ele é foragido! E assassino também! Como soube? Só então entendeu o erro cometido. Não devia ter exposto aqueles fatos. Falou quase que suplicando: – Por nossa deusa e mãe Nari, não falem nada sobre essas revelações. Nem mesmo aos seus pais. Devem guardar segredo. Muitos problemas poderão surgir se essas verdades vierem à tona. Levem Kadine para casa, agora. Ela ainda sangra e falem que ela caiu e se feriu acidentalmente. As crianças seguiram levando a pequena e Chandra preferiu ficar algum tempo caminhando por entre as árvores, mal sabendo dos comentários dos amiguinhos. – Sua Alteza, às vezes, é tão estranho. Se as crianças conhecessem seus segredos o estranhariam ainda mais e, talvez, fugissem amedrontadas. Sabia que os camponeses teriam medo, por isso, não lhes falava. Nem mesmo os reis conheciam seus íntimos pensamentos acerca de seu companheiro oculto. “O Amigo”, como o chamava, era um vulto luminoso que, após brisa agradável e perfumada, surgia muito ligeiramente por entre as árvores do bosque, nos ambientes do palácio, nos jardins, onde quer que fosse. O Amigo falava-lhe sobre acontecimentos; por vezes, podia ouvir sua terna voz com nitidez. Suas palavras soavam como o suave bater das asas de uma borboleta, bem perto do ouvido. Suas aparições eram espontâneas. Mostrava-se sempre calmo, cuidadoso e gentil. Era um grande amigo. Após longa caminhada pensando muito no companheiro, o menino aproximou-se de uma vertente e lavou o rosto suado e quente pelo intenso calor. Bebeu água em abundância e recostou-se, cansado, numa pedra. Olhou ao redor. Será que o amigo ainda estava presente? – Meu irmão nasceu no tempo certo, como você disse. Bem, acho que já sabe... Não ouviu resposta. Não costumava responder de pronto. O nobrezinho estava muito cansado. Deitou-se na relva macia. – Errei, não foi? Não devia ter falado sobre os parentes de Ramai. Falei demais, como a rainha sempre diz. Se as crianças não guardarem segredo, será uma confusão. Sou mesmo descuidado! Você me disse que não devo dizer tudo que ouço. Pelo bosque, somente o som dos animais e das vertentes. Era muito agradável a calmaria do lugar. Chandra caia em sono lentamente. – Não pode dormir! Se Viasa der por sua falta, e não o encontrar, ficará zangado! Retorne ao palácio antes que escureça, a noite não demora! – Oh, sim. Fico só mais um pouco e vou. Mal acabou de falar e adormeceu tranquilamente. Preocupado, Viasa mandara duas servas e um sentinela procurar pelo seu herdeiro nas cercanias. A noite não tardaria. No entanto, os três achavam-se fartos da busca e começavam a se desesperar. O que teria acontecido ao pequeno? Não o encontravam em parte alguma. – Não vamos desistir, venha – disse Tati. Nesse momento, sua companheira apoiou-se num tronco caído. – Não posso, doem-me os pés e os braços ardem de tanto machucá-los em espinhos. – Pois tenha atenção pelo caminho! Precisamos encontrar o príncipe! O sentinela desanimara-se. – Príncipe teimoso! Sabe que não deve sair sozinho! Chego a temer pelos próprios pensamentos! Tati não desanimava. Forçava o coração à resistência, afugentava maus presságios. No céu, se apagava a luminosidade do dia, logo seria difícil enxergar. Onde procurar? De súbito, um pequeno facho faiscante rodopiou no ar, como passarinho, brincando, para depois permanecer inerte diante das servas e do soldado, que, temerosos, ajuntaram-se. – Que significa esta luz? – Será visão? – Um ser divino? Tati mirou com firmeza. Experimentou sensação que nunca tivera. Era como se levitasse ao sabor da mais agradável brisa. – Creio... que devemos seguir a luz... – disse, um tanto aturdida. O sentinela e sua companheira entreolharam-se desconfiados. – Não tenham medo. Venham. Lentamente, passo a passo, os servos reais foram seguindo o facho luminoso, atentos na direção que ele impunha. Embrenharam-se na mata, por lugares já vasculhados, mal sabiam ou suspeitavam para qual fim seguiam a luz. De repente, o guia luminoso avançou rápido, indo parar numa clareira, que se transformou numa imensa estrela de diversas pontas, e uma delas, a mais longa, apontava para o solo. – A luz parece indicar algo! – o sentinela observou. Felizes com o que suspeitavam, adiantaram-se rapidamente até o local, onde, surpresos, contemplaram o principezinho adormecido na relva. Sem demora, Tati tratou de despertá-lo, enquanto a luz se desvanecia suavemente, ao som das fervorosas preces e agradecimentos de todos. Chandra despertou esfregando os olhos. – Tati! – Alteza! Este é lugar de adormecer? – Não percebi que dormi... O rei mandou me procurar? – Sim e está nervoso como nunca! – Oh não! Por Nari, não contem ao rei que estive no bosque. Serei castigado. – Melhor seguirmos logo para o palácio antes que anoiteça. Venha, Alteza, estamos distantes da carruagem. Ela apanhou o garoto no colo e voltou-se aos companheiros: – Conversaremos sobre o ocorrido em momento oportuno. Agora, sigamos. No horizonte, um último raio de sol ia se apagando, quando os três chegavam ao palácio com o garoto. O rei achava-se ao trono, passando instruções ao seu cocheiro, seu conselheiro e servidor de confiança, a quem cabia a responsabilidade de conduzir a carruagem real com zelo e segurança. O monarca ouvia com atenção o encarregado, responsável pelo transporte da família real. Envolvido nas atividades rotineiras do monarca, o servidor observava o que transcorria ao seu redor e informava ao rei suas respeitosas observações. Em dez dias seria a festa de comemoração ao nascimento do mensageiro e muito havia que se preparar. Expedidas as devidas ordens, o cocheiro saiu dando lugar aos recém-chegados. Eles foram para diante do trono levando Chandra à frente. Ao observar o aspecto severo do pai, preferiu não mirá- lo com receio de reprimendas. Viasa o examinou meticulosamente. – Prefiro que me olhem nos olhos quando desejo falar. Ergueu o olhar vagarosamente. – Onde você estava? O nobrezinho estremeceu. O pai era bondoso, amigo, cuidadoso, porém, desagradava-se com sua desobediência. Proibira terminantemente que fosse sozinho ao bosque e prometera castigos se ignorasse tal ultimato. Grande foi o seu alívio, quando Tati interveio chamando o monarca em reserva. O príncipe tentou ouvir, sem sucesso. Ficou observando os dois conversarem. – Majestade, encontramos o pequeno no bosque. – Como é teimoso esse menino! Por que insiste em desobedecer? – Antes que o repreenda, permita que eu diga uns fatos que muito interessarão ao senhor... Eu e meus companheiros estamos ainda maravilhados com a visão que nos ocorreu. Juro: é a mais pura verdade. Relatou resumidamente o ocorrido. O rei franziu a fisionomia, avaliando. – E o que pretende me fazer entender com esses fatos? – Cremos, Majestade, que, apesar de ser mesmo impróprio uma criança da idade de Chandra passear sozinha, a sua preocupação quanto à segurança do herdeiro não tem fundamento. Afinal, uma entidade tratou de protegê-lo e nos fez encontrá-lo quando nossas esperanças se esvaiam. Ele, certamente, sente-se seguro e não teme nenhum lugar. Descrente, o rei sorriu. – É preciso um relato tão fantasioso para que o pequeno seja poupado de uma reprimenda? Bem sei de seu mimo por ele, Tati. – Majestade! Juro! O que digo é verdade! Viasa sentiu na serva uma sinceridade cristalina. Poderia ser mesmo verdade. Atentou para os outros dois. – O que Tati diz é real! Confirmaram quase que em aflição, acenando com as cabeças. O rei preferiu refletir antes de qualquer conclusão. Não era novo ouvir fatos inusitados com respeito a Chandra. Uma singularidade aqui, outra ali. Profecias, ditos de elevada consideração para uma criança que mal sabia ler. – E todos vocês, o que pensam sobre o significado da luz? – Pelas boas sensações, pelo cuidado de mostrar-nos o paradeiro do príncipe, a entidade iluminada, certamente, era um mensageiro celestial. Era indescritível a sua irradiação, maravilhosa sua presença. Serei incapaz de esquecer o que vi – a sentinela falou por todos. Viasa examinou-os detidamente. Por fim, convenceu-se de que o relato era verdadeiro, assim, dispensou os servos e chamou o herdeiro para perto. Ele se colocou diante do pai, acabrunhado, a esperar repreensão. Entretanto, para sua surpresa o rei o afagou carinhosamente. – Então? O que tanto o agrada no bosque? – Lá tem muito espaço. As plantas são perfumadas, as águas têm um som gosotso de ouvir. Voam muitos pássaros. Os camponeses das aldeias vão lá brincar e fico com eles. – Tem amigos lá? – Muitos! – Contudo, sabe que o local é perigoso. Existem serpentes venenosas e animais podem atacá-lo. – Também os animais são meus amigos. Nenhum jamais me assustou. – Acredito. Mas, fique avisado: não o quero só por aquelas cercanias. Quando quiser passear, chame por uma sentinela, alguém que o possa defender. – Obedecerei. Não voltarei só ao bosque. – Lembre-se: não proíbo certas coisas para magoá-lo. É que o amo demais e temo por você, meu pequeno. Chandra abraçou o pai carinhosamente. – Agora, procure por sua mãe, ela quer vê-lo. Antes que saísse em correria, Viasa ainda o interpelou: – Você ouviu o que Tati falava? – Sobre o quê? – Tati me falou de uma luz miraculosa que apontava seu paradeiro. Viu tal luz? – Eu dormia na relva quando fui encontrado e nada vi. – Então, agora vá, a rainha o aguarda. Foi-se o pequeno e deixou o monarca a sorrir, envolvido em doces lembranças. Impossível esquecer a noite abençoada do nascimento do herdeiro. A rainha, em vias de dar à luz, não se comportava como futura mãe. Era como se nada a incomodasse. Desapareceram enjoos, tonteiras e inchaços. Ao marido aflito e preocupado que pedia seu resguardo, ela respondeu alegremente: – Que posso fazer se não me sinto mal? Brota de mim uma felicidade, um bem- estar, como se os deuses me preparassem a melhor das surpresas! A soberana estava correta. No cair da noite, nasceu o tão aguardado herdeiro de Naripura, recebido em festa, após um parto tranquilo. Desde então, a casa dos reis conheceu somente a felicidade. Enquanto rememorava momentos tão belos, o monarca prendeu o olhar no passadiço pelo qual o pequeno saiu a correr. Como era feliz aquele pai! – Criança bendita! Adiantou-se até a imagem da deusa Nari. Prostrou-se: – Eu agradeço a sua infinita bondade em ter-me confiado joias de incalculável valor: Chandra, meu sucessor, e Nanda, seu mensageiro. Os olhos de esmeralda da estátua continuaram tão gelados quanto a pedra na qual foi esculpida. Eram vagos, parados no nada, lembrando a tristeza das coisas mortas. Diante da deusa, Viasa perturbava-se. Incômoda sensação de vazio afligia seu coração ávido de respostas. Mas, como obtê-las, se nem mesmo atrevia-se a formular as perguntas? Ergueu-se, meditativo. Melhor seria preparar-se para a ceia.



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UM LANÇAMENTO DA





Lançamento - Cidade dos deuses de Evanice Maria Pereira




Cidade dos deuses

de Evanice Maria Pereira


Formato : 16x23
Páginas : 336


O LIVRO
Chandra, o príncipe de Naripura, recusa-se a adorar uma deusa de pedra. Alheio ao jogo de interesses que cercam o trono, ele entrega-se a um amor impossível. Kadine, a eleita do seu coração, não é filha da nobreza. Guiado por um amigo invisível, o príncipe mergulha nos mistérios do Além. No horizonte, nuvens negras rondam a Cidade dos Deuses em prenúncio de uma tragédia...



A AUTORA
Evanice Maria Pereira
Profissional da área de comunicação e marketing, é colaboradora do Grupo de Estudos Maria de Nazaré, sediado no Jardim Piratininga, em Osasco (SP) e do Obreiros do Bem, na mesma cidade. Em 1990, iniciou os estudos das Obras Básicas de Allan Kardec: “Nesse ano, comecei a frequentar o Obreiros do Bem. Hoje, com satisfação, faço parte do quadro de trabalhadores da casa. Ministro palestras, colaboro na área de assistência espiritual e também na preparação do boletim informativo da casa”.


TRECHO DO LIVRO
Capítulo 1 Era uma tarde especial. Tranquilo, senhor de rara e indefinível alegria, Viasa desfrutava de sua própria leveza. Sentia o espírito distante do corpo, nas alturas, acima dos montes, voando por entre os deuses que habitam as esferas superiores, onde homem algum, santo ou impuro, atreve- se a desejar alcançar. Na paisagem, nada se modificara durante anos. Contudo, no balcão superior, escolhido para retiro íntimo, na ala lateral do palácio, pensava. Suas vistas, talvez, estivessem embaçadas por longo tempo, ou ainda não soubesse apreciar aquelas paragens como deveria, pois era como se as vislumbrasse pela primeira vez. A luz dourada e maravilhosa do sol derramava-se, generosa, por sobre os extensos vales, recobertos de um tapete uniforme em tons claros e escuros de verde, onde, calmamente, os pastores levavam seus rebanhos para que pastassem, conduzindo-os a beber nos rios e corredeiras. Ao longe, encorpadas florestas de viçosas e cintilantes folhas serviam de majestosa antevisão a uma espetacular obra natural, localizada ao norte, como sentinela intransponível: a impressionante cadeia do Himalaia, com seus belíssimos picos nevados, altos, imponentes, como se quisessem tocar o céu azul celeste, que já anunciava a despedida de mais um dia. Um deleite para os olhos! Viasa permaneceria ali por toda a eternidade, se uma serva não o buscasse para dar-lhe a notícia que tão ardentemente desejava ouvir. Solene, anunciou: – Majestade, está feito! Retirou-se ansioso, depressa, feliz, buscando os aposentos da rainha. Aquele formoso dia reservara-lhe encantadora surpresa. No afã de finalmente reter a surpresa para si, não percebeu que deixara para trás um par de olhinhos curiosos, tentando entender a estranheza do rei. Viasa sentia a alma revirar-se em seu ser, tamanha era a emoção que o assomava, quando colheu dos braços da adorada esposa sua surpresa: um robusto bebê. Seu filho. Seu príncipe. – Meu pequeno... Nanda... Meu bem-aventurado... – murmurou comovido. Cumpriria o desejo da divindade protetora de seu reino. Segundo o sumo sacerdote, a deusa Nari desejava que o príncipe fosse chamado “bem-aventurado”, porque descia à Terra em missão divina. O bebê seria seu mensageiro. O pai sorria entre lágrimas, o coração saltava no peito como um potro indomável. Acompanhado do sumo sacerdote, Nura seguiu para a sacada do palácio que dava vistas para a cidade e onde era permitido o acesso aos súditos. Afinal, o bebê não era somente dos reis, mas de todos os devotos. Era o santo enviado, em agradecimento à fidelidade de dois séculos de adoração fervorosa. Na sacada, Viasa custava conter o pranto insistente. Percorreu o olhar por sua amada Naripura – cidade de Nari, em hindu –, reino temido e respeitado pela força e justiça de seu governante. Forçou as vistas tentando divisar os pilares respeitosos, tão diminutos àquela distância, tal o tamanho da cidade. Como não conseguia vê-los, atentou para a praça principal, defronte à casa real, ornada com imenso monumento à deusa; fez uma rápida oração em agradecimento. Ainda quis observar o templo principal, à esquerda da praça; admirou-se das formas precisas – uma cúpula abobadada, sustentada por colunas de pedra polida e cuidadosamente talhada. Por fim, seus olhos foram deter-se na multidão em festa. Como amava toda aquela gente! A turba bradava, sem cessar, o nome do menino-santo, proferindo saudações e bênçãos. Dançava e cantava músicas sagradas, combinando sons de tambores e flautas. Mas o rei queria saber de sua rainha. Recolheu-se aos aposentos da esposa, enquanto continuava sendo observado por aqueles mesmos olhinhos curiosos de antes. Silencioso, o menino limitava- se a segui-lo, apanhando suas menores atitudes e palavras. Sacerdotes e servos acercavam-se do rei, obrigando-o a manter-se a distância. Ao chegar ao quarto da rainha, o menino reservou-se a um canto, ninguém o percebia. Viu o rei pousar um suave beijo nas mãos da esposa, o bebê ser envolvido em mantos e ser entregue à rainha para a primeira mamada. Então, instintivamente, a soberana o procurou pelo quarto. Sorriu. – Então, é aí que você está? Finalmente deram conta de sua presença. Todos se voltaram para o cantinho do quarto. A rainha pediu que se aproximasse. Foi algo desajeitado. O rei afagou os cabelos curtinhos. – Observe, – disse a senhora mostrando-lhe o bebê – não é bonito? Ele sorriu confirmando. Ficou extasiado. Como uma boca podia ser tão pequena e um rosto tão miúdo? Voltou-se à senhora: – Eu não disse que havia um bebê na sua barriga? Mádri, Viasa, todos se entreolharam, desconcertados. Era verdade o que lembrava o menino. Ele avisara, tempos atrás, que um dia a rainha ganharia um bebê e ninguém considerou o dito de uma criança. Imaginações, certamente. Afinal, ele não poderia prever coisa alguma. Não era um mensageiro nem poderia ter dons divinos. A deusa do reino informaria por intermédio de seus sacerdotes. – Ainda não aprendeu a ter modos? – Mádri foi severa com ele. – Sabe que não pode dizer tudo que deseja! O pequenino baixou os olhos, respeitosamente. Foi-se afastando devagar, até sair repentinamente em correria – uma costumeira atitude sua, quando sabia ter cometido uma falta. – Chandra! Chandra! O chamado foi em vão. Pelos corredores por onde passava, cada sentinela rendia reverências ao príncipe herdeiro, habituados a vê-lo saltitar e a transpor os ambientes da casa real, sempre veloz. O nobrezinho, olhar avivado, pouco maior que um cordeiro, era a luz do palácio, falador e inteligente. Difícil encontrar quem resistisse a sua alegria contagiante. Os chamados ficaram somente pelo palácio, pois o menino já havia ganhado os jardins. Com cuidado, examinou o local para certificar-se de que ninguém o via. Feliz, saiu por uma passagem secreta, rumo ao bosque, longe da cidade – seu lugar preferido para brincar. Saiu secretamente, o rei não gostava que ele andasse por lá sozinho. Rápido, correu incansavelmente, saltando corredeiras e arbustos até que, de cima de um pequeno monte facilmente escalado, avistou os pequenos camponeses que habitavam aldeias próximas. Foi encontrá-los, ansioso por dar-lhes a notícia. – Nasceu meu irmãozinho! – disse sem rodeios. – É forte e grande e já mama em minha mãe! Meninos e meninas curvaram-se, em profunda reverência ante o amiguinho. – Por que ainda se curvam diante de mim? Uma pequena adiantou-se: – Você é príncipe, Chandra, nossas mães ensinam que não devemos deixar de reverenciá-lo, mesmo que lhe pareça exagero. Você é uma criança como nós outros, no entanto, um dia vai subir ao trono e a coroa de Viasa será sua. – Tenho apenas seis anos! – O que não o faz menos nobre... – É bobagem. Se eu trocar as vestes, colocar umas iguais as suas e ficar descalço, quem saberá que sou príncipe? A pequena não soube responder e Chandra sorriu de seu embaraço. Preferia que os amiguinhos o vissem apenas como um menino. Um garoto maior, oito ou nove anos, aproximou-se do grupo. Sisudo, atentou para o nobrezinho estranhamente, sua presença parecia desagradá-lo. – Ramai, nasceu meu irmão! – Grande! Irmão, também eu tenho e já adulto. Tão bravo e valoroso quanto o rei, seu pai! Chandra desanimou. Ramai sempre o tratava rispidamente, mesmo que se esforçasse em mostrar-se amigo. – Ramai, algum dia o desagradei? Parece me detestar... O outro o examinou com descaso. – Não gosto de você... é só. – Por qual motivo? – Não gosto de você e pronto! Sua voz é irritante, seu cheiro me sufoca. Tenho raiva de sua falsidade, deseja ser tratado como um menino comum e vem aqui vestido assim, tão ricamente. – Estas vestes são tudo que tenho. Todas as outras são iguais. – Então, por que não fica no seu palácio? Por que vem aqui afrontar a pobreza com seu luxo? Entristecido, o príncipe calou-se, incapaz de compreender o rapazote. Uma pequerrucha, Kadine, aproximou-se: – Não fique triste, alteza. Ramai tem inveja de você. O garoto mal-humorado apanhou-a rudemente pelos braços: Como ousa me chamar de invejoso? – bradou esbofeteando a garotinha. Kadine caiu no gramado, um filete de sangue aflorou da narina ferida. Chandra protestou: – Como pôde? Kadine é bem menor do que você! – Ela me ofendeu! O príncipe deteve-se, sem poder continuar a discussão. Sentiu uma brisa singular e perfumada percorrer-lhe o corpinho tenro, amainando seu ânimo. Sabia o que significava. Olhou por entre as árvores do bosque e lá se esgueirou um vulto. Imediatamente, suas ideias se aclararam. Voltou-se a Ramai fixando-o firme: – Nem eu nem Kadine podemos responder por seus desgostos. Ninguém pode, aliás. Aqui, entre nós, não há nenhum culpado por seu coração amargurado. Se o seu pai é foragido por crime, não fomos nós que o fizemos matar. – Que está dizendo? – Você bem sabe, a vergonha o consome. Comparou seu irmão ao valoroso rei, mas somente você sente o quanto é difícil saber que ele não passa de um ladrão. Ramai fez menção de investir contra o príncipe, contudo, deteve-se diante de sua atitude serena, imperturbável. A força de seu olhar era aterradora. Correu para longe, como se desejasse fugir de si mesmo e daquela triste realidade. Chandra foi ajudar a amiguinha a erguer-se, enquanto ouvia suas perguntas ansiosas. – É verdade o que disse? – Na aldeia, acredita-se que o pai de Ramai viaja com mercadores, e agora você diz que ele é foragido! E assassino também! Como soube? Só então entendeu o erro cometido. Não devia ter exposto aqueles fatos. Falou quase que suplicando: – Por nossa deusa e mãe Nari, não falem nada sobre essas revelações. Nem mesmo aos seus pais. Devem guardar segredo. Muitos problemas poderão surgir se essas verdades vierem à tona. Levem Kadine para casa, agora. Ela ainda sangra e falem que ela caiu e se feriu acidentalmente. As crianças seguiram levando a pequena e Chandra preferiu ficar algum tempo caminhando por entre as árvores, mal sabendo dos comentários dos amiguinhos. – Sua Alteza, às vezes, é tão estranho. Se as crianças conhecessem seus segredos o estranhariam ainda mais e, talvez, fugissem amedrontadas. Sabia que os camponeses teriam medo, por isso, não lhes falava. Nem mesmo os reis conheciam seus íntimos pensamentos acerca de seu companheiro oculto. “O Amigo”, como o chamava, era um vulto luminoso que, após brisa agradável e perfumada, surgia muito ligeiramente por entre as árvores do bosque, nos ambientes do palácio, nos jardins, onde quer que fosse. O Amigo falava-lhe sobre acontecimentos; por vezes, podia ouvir sua terna voz com nitidez. Suas palavras soavam como o suave bater das asas de uma borboleta, bem perto do ouvido. Suas aparições eram espontâneas. Mostrava-se sempre calmo, cuidadoso e gentil. Era um grande amigo. Após longa caminhada pensando muito no companheiro, o menino aproximou-se de uma vertente e lavou o rosto suado e quente pelo intenso calor. Bebeu água em abundância e recostou-se, cansado, numa pedra. Olhou ao redor. Será que o amigo ainda estava presente? – Meu irmão nasceu no tempo certo, como você disse. Bem, acho que já sabe... Não ouviu resposta. Não costumava responder de pronto. O nobrezinho estava muito cansado. Deitou-se na relva macia. – Errei, não foi? Não devia ter falado sobre os parentes de Ramai. Falei demais, como a rainha sempre diz. Se as crianças não guardarem segredo, será uma confusão. Sou mesmo descuidado! Você me disse que não devo dizer tudo que ouço. Pelo bosque, somente o som dos animais e das vertentes. Era muito agradável a calmaria do lugar. Chandra caia em sono lentamente. – Não pode dormir! Se Viasa der por sua falta, e não o encontrar, ficará zangado! Retorne ao palácio antes que escureça, a noite não demora! – Oh, sim. Fico só mais um pouco e vou. Mal acabou de falar e adormeceu tranquilamente. Preocupado, Viasa mandara duas servas e um sentinela procurar pelo seu herdeiro nas cercanias. A noite não tardaria. No entanto, os três achavam-se fartos da busca e começavam a se desesperar. O que teria acontecido ao pequeno? Não o encontravam em parte alguma. – Não vamos desistir, venha – disse Tati. Nesse momento, sua companheira apoiou-se num tronco caído. – Não posso, doem-me os pés e os braços ardem de tanto machucá-los em espinhos. – Pois tenha atenção pelo caminho! Precisamos encontrar o príncipe! O sentinela desanimara-se. – Príncipe teimoso! Sabe que não deve sair sozinho! Chego a temer pelos próprios pensamentos! Tati não desanimava. Forçava o coração à resistência, afugentava maus presságios. No céu, se apagava a luminosidade do dia, logo seria difícil enxergar. Onde procurar? De súbito, um pequeno facho faiscante rodopiou no ar, como passarinho, brincando, para depois permanecer inerte diante das servas e do soldado, que, temerosos, ajuntaram-se. – Que significa esta luz? – Será visão? – Um ser divino? Tati mirou com firmeza. Experimentou sensação que nunca tivera. Era como se levitasse ao sabor da mais agradável brisa. – Creio... que devemos seguir a luz... – disse, um tanto aturdida. O sentinela e sua companheira entreolharam-se desconfiados. – Não tenham medo. Venham. Lentamente, passo a passo, os servos reais foram seguindo o facho luminoso, atentos na direção que ele impunha. Embrenharam-se na mata, por lugares já vasculhados, mal sabiam ou suspeitavam para qual fim seguiam a luz. De repente, o guia luminoso avançou rápido, indo parar numa clareira, que se transformou numa imensa estrela de diversas pontas, e uma delas, a mais longa, apontava para o solo. – A luz parece indicar algo! – o sentinela observou. Felizes com o que suspeitavam, adiantaram-se rapidamente até o local, onde, surpresos, contemplaram o principezinho adormecido na relva. Sem demora, Tati tratou de despertá-lo, enquanto a luz se desvanecia suavemente, ao som das fervorosas preces e agradecimentos de todos. Chandra despertou esfregando os olhos. – Tati! – Alteza! Este é lugar de adormecer? – Não percebi que dormi... O rei mandou me procurar? – Sim e está nervoso como nunca! – Oh não! Por Nari, não contem ao rei que estive no bosque. Serei castigado. – Melhor seguirmos logo para o palácio antes que anoiteça. Venha, Alteza, estamos distantes da carruagem. Ela apanhou o garoto no colo e voltou-se aos companheiros: – Conversaremos sobre o ocorrido em momento oportuno. Agora, sigamos. No horizonte, um último raio de sol ia se apagando, quando os três chegavam ao palácio com o garoto. O rei achava-se ao trono, passando instruções ao seu cocheiro, seu conselheiro e servidor de confiança, a quem cabia a responsabilidade de conduzir a carruagem real com zelo e segurança. O monarca ouvia com atenção o encarregado, responsável pelo transporte da família real. Envolvido nas atividades rotineiras do monarca, o servidor observava o que transcorria ao seu redor e informava ao rei suas respeitosas observações. Em dez dias seria a festa de comemoração ao nascimento do mensageiro e muito havia que se preparar. Expedidas as devidas ordens, o cocheiro saiu dando lugar aos recém-chegados. Eles foram para diante do trono levando Chandra à frente. Ao observar o aspecto severo do pai, preferiu não mirá- lo com receio de reprimendas. Viasa o examinou meticulosamente. – Prefiro que me olhem nos olhos quando desejo falar. Ergueu o olhar vagarosamente. – Onde você estava? O nobrezinho estremeceu. O pai era bondoso, amigo, cuidadoso, porém, desagradava-se com sua desobediência. Proibira terminantemente que fosse sozinho ao bosque e prometera castigos se ignorasse tal ultimato. Grande foi o seu alívio, quando Tati interveio chamando o monarca em reserva. O príncipe tentou ouvir, sem sucesso. Ficou observando os dois conversarem. – Majestade, encontramos o pequeno no bosque. – Como é teimoso esse menino! Por que insiste em desobedecer? – Antes que o repreenda, permita que eu diga uns fatos que muito interessarão ao senhor... Eu e meus companheiros estamos ainda maravilhados com a visão que nos ocorreu. Juro: é a mais pura verdade. Relatou resumidamente o ocorrido. O rei franziu a fisionomia, avaliando. – E o que pretende me fazer entender com esses fatos? – Cremos, Majestade, que, apesar de ser mesmo impróprio uma criança da idade de Chandra passear sozinha, a sua preocupação quanto à segurança do herdeiro não tem fundamento. Afinal, uma entidade tratou de protegê-lo e nos fez encontrá-lo quando nossas esperanças se esvaiam. Ele, certamente, sente-se seguro e não teme nenhum lugar. Descrente, o rei sorriu. – É preciso um relato tão fantasioso para que o pequeno seja poupado de uma reprimenda? Bem sei de seu mimo por ele, Tati. – Majestade! Juro! O que digo é verdade! Viasa sentiu na serva uma sinceridade cristalina. Poderia ser mesmo verdade. Atentou para os outros dois. – O que Tati diz é real! Confirmaram quase que em aflição, acenando com as cabeças. O rei preferiu refletir antes de qualquer conclusão. Não era novo ouvir fatos inusitados com respeito a Chandra. Uma singularidade aqui, outra ali. Profecias, ditos de elevada consideração para uma criança que mal sabia ler. – E todos vocês, o que pensam sobre o significado da luz? – Pelas boas sensações, pelo cuidado de mostrar-nos o paradeiro do príncipe, a entidade iluminada, certamente, era um mensageiro celestial. Era indescritível a sua irradiação, maravilhosa sua presença. Serei incapaz de esquecer o que vi – a sentinela falou por todos. Viasa examinou-os detidamente. Por fim, convenceu-se de que o relato era verdadeiro, assim, dispensou os servos e chamou o herdeiro para perto. Ele se colocou diante do pai, acabrunhado, a esperar repreensão. Entretanto, para sua surpresa o rei o afagou carinhosamente. – Então? O que tanto o agrada no bosque? – Lá tem muito espaço. As plantas são perfumadas, as águas têm um som gosotso de ouvir. Voam muitos pássaros. Os camponeses das aldeias vão lá brincar e fico com eles. – Tem amigos lá? – Muitos! – Contudo, sabe que o local é perigoso. Existem serpentes venenosas e animais podem atacá-lo. – Também os animais são meus amigos. Nenhum jamais me assustou. – Acredito. Mas, fique avisado: não o quero só por aquelas cercanias. Quando quiser passear, chame por uma sentinela, alguém que o possa defender. – Obedecerei. Não voltarei só ao bosque. – Lembre-se: não proíbo certas coisas para magoá-lo. É que o amo demais e temo por você, meu pequeno. Chandra abraçou o pai carinhosamente. – Agora, procure por sua mãe, ela quer vê-lo. Antes que saísse em correria, Viasa ainda o interpelou: – Você ouviu o que Tati falava? – Sobre o quê? – Tati me falou de uma luz miraculosa que apontava seu paradeiro. Viu tal luz? – Eu dormia na relva quando fui encontrado e nada vi. – Então, agora vá, a rainha o aguarda. Foi-se o pequeno e deixou o monarca a sorrir, envolvido em doces lembranças. Impossível esquecer a noite abençoada do nascimento do herdeiro. A rainha, em vias de dar à luz, não se comportava como futura mãe. Era como se nada a incomodasse. Desapareceram enjoos, tonteiras e inchaços. Ao marido aflito e preocupado que pedia seu resguardo, ela respondeu alegremente: – Que posso fazer se não me sinto mal? Brota de mim uma felicidade, um bem- estar, como se os deuses me preparassem a melhor das surpresas! A soberana estava correta. No cair da noite, nasceu o tão aguardado herdeiro de Naripura, recebido em festa, após um parto tranquilo. Desde então, a casa dos reis conheceu somente a felicidade. Enquanto rememorava momentos tão belos, o monarca prendeu o olhar no passadiço pelo qual o pequeno saiu a correr. Como era feliz aquele pai! – Criança bendita! Adiantou-se até a imagem da deusa Nari. Prostrou-se: – Eu agradeço a sua infinita bondade em ter-me confiado joias de incalculável valor: Chandra, meu sucessor, e Nanda, seu mensageiro. Os olhos de esmeralda da estátua continuaram tão gelados quanto a pedra na qual foi esculpida. Eram vagos, parados no nada, lembrando a tristeza das coisas mortas. Diante da deusa, Viasa perturbava-se. Incômoda sensação de vazio afligia seu coração ávido de respostas. Mas, como obtê-las, se nem mesmo atrevia-se a formular as perguntas? Ergueu-se, meditativo. Melhor seria preparar-se para a ceia.



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UM LANÇAMENTO DA