sábado, 25 de julho de 2015

Como um Rio que Corre para o Mar









Entrevista com Jahnavi Harrison

Jahnavi Harrison é conhecida pelos seus kirtanas hipnotizantes, mágicos e praticamente “de outro mundo”, os quais levam você a um reino de bem-aventurança divina. As pessoas costumam dizer que ela “canta como um anjo”. Nesta entrevista, fala sobre seu novo álbum, o show que fará em breve com Ananda Monet e um pouco sobre as coisas que a inspiram na vida.

Conte-nos mais sobre você.

Jahnavi Harrison: Nasci e fui criada em uma comunidade de praticantes de bhakti-yoga, o Bhaktivedanta Manor, uma fazenda que George Harrison doou para o Movimento Hare Krishna. Ali, cresci e fui à escola, onde, além de estudar as matérias regulares, também aprendíamos sobre a cultura e a prática de bhakti. Foi uma época muito feliz em minha vida, que certamente criou uma base firme para onde estou hoje. Sempre me senti atraída pelas artes, e minha infância foi repleta de música, dança e expressões criativas, mas também aprendíamos os ensinamentos essenciais de bhakti-yoga, que afirmam que tudo o que fazemos atinge seu valor infinito quando é oferecido a Deus. Sem dúvidas, tentar entender e aplicar esses ensinamentos têm me ensinado a enfrentar os altos e baixos na tentativa de viver uma vida plena.

Em que momento decidiu se tornar artista profissional?

Jahnavi Harrison: Esse momento nunca aconteceu! De fato, até onde consigo me lembrar, nunca me considerei uma artista ou musicista “de verdade”. Embora eu tenha me formado em música e dança na minha juventude, nunca considerei como uma profissão, mas, sim, como uma coisa que amo fazer. Quando devo preencher um formulário, sempre escrevo que minha profissão é “artista”, porém me identifico mais intensamente como uma serva de Deus. Meus talentos fazem parte do meu lado artístico, mas, basicamente, estou tentando usar aquilo que o Senhor me deu para servi-lO e para conectar outras pessoas a Ele. Tenho isso como muito libertador. Tenho percebido que, no mundo da arte e da música contemporâneos, os artistas costumam querer se expressar a partir de si mesmos, o que pode ir desde algo profundo e o significativo, até algo mais mundano. Considero que a arte devocional oferece uma oportunidade única para expressar a criatividade sem o ego.

Quais realizações espirituais a ajudam a superar as dificuldades?

Jahnavi Harrison: Não sei se possuo alguma realização especial. Acredito que o processo de criar é um processo de humildade, seja criando arte, cozinhando ou criando os filhos. O processo me obriga a reconhecer minha insignificância e como meus esforços são pequenos. Força-me a entender que nunca poderia tocar uma nota, ou ter uma ideia, se não recebesse a graça divina. Devo orar para poder ter habilidades, para poder servir. Com o passar do tempo, aprendi que, quando me esforço para manter esse estado de espírito, podem acontecer todo tipo de coisas, grandes ou pequenas.

 
Yamuna Devi com Srila Prabhupada.

A esse respeito, uma das maiores inspirações é Yamuna Devi (1942-2011). Ela amava Deus com devoção completa, era uma artista perita, chef premiada, musicista e escritora, amiga de todos e guia para muitos. Ela conhecia a arte do serviço devocional e outorgava essa compreensão aos outros com muita graça e alegria. Tive a fortuna de passar muito tempo com ela durante minha adolescência. A profundidade das suas habilidades e de sua humildade inabalável me marcaram profundamente, e se tornaram uma meta a seguir na minha vida.

Você e Ananda Monet estão lançando juntas seus trabalhos individuais. O que a inspirou a trabalhar com Ananda?

Jahnavi Harrison: Ananda é uma irmã e amiga muito querida, e nunca pensamos em trabalhar juntas – simplesmente aconteceu. Costumamos cantar juntas em eventos do projeto Kirtan London, ou quando oferecemos o projeto “Mantra Music Therapy” (terapia com música de mantras) em instituições privadas de reabilitação mental.



É um verdadeiro privilégio ajudá-la a lançar este álbum tão especial, e estou muito orgulhosa dela. Sem dúvidas, ela é uma cantora com muito talento – sempre me emociona escutá-la – mas, acima de tudo, ela tem um grande coração, e isso é o que ela transmite com sua música e tudo o que faz.

O que mais poderia contar-nos sobre seu álbum musical?

Jahnavi Harrison: Nenhuma de nós duas tinha realmente um grande desejo de lançar um álbum. De alguma forma, a oportunidade surgiu para ambas em diferentes situações. Começamos nossos projetos em momentos distintos, e trabalhamos neles em períodos diferentes. Acho que nunca imaginamos que iríamos finalizar ao mesmo tempo.

Meu álbum chama-se “Like a River to the Sea” (Como um Rio que Corre para o Mar), e apresenta diversas músicas da tradição de bhakti-yoga em composições musicais originais. Cada música traz um mantra sagrado, como a voz de uma personalidade santa do passado. Escolhi criar melodias novas para cada uma das músicas, então, para aqueles familiarizados com as letras, espero que isso os ajude a ouvirem os mesmos mantras de uma maneira renovada, e, para aqueles que o escutam pela primeira vez, espero que as músicas os atraiam e desperte seu interesse.

O álbum contém diversos instrumentos. Além de contar com a presença de amigos e familiares que tocam instrumentos tradicionais de kirtana, como a mridanga e o harmônio, também trabalhei com o pianista e ganhador de um Grammy John McDowell; com Ravi, que toca o instrumento da África oriental chamado kora; e com Asha, que toca violoncelo no estilo ocidental e oriental. Foi um prazer especial!

Escute aqui uma das músicas do álbum.

Qual a mensagem do título do álbum?

O título do álbum se refere a uma famosa oração da rainha Kunti. Ela ora a Krishna: “Assim como o rio corre sempre para o mar sem obstáculos, que minha atração se dirija constantemente a Ti, sem que seja desviada”.

Quais foram suas maiores inspirações?

Jahnavi Harrison: Minhas maiores inspirações foram as orações dos grandes santos que compuseram essas músicas; meu avô espiritual, A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, que disse que essas músicas são como uma tempestade (o coração sente o trovão, embora não entenda a linguagem); e meus pais e mestres. Enquanto concebia e gravava este álbum, também tive a oportunidade de viajar a alguns lugares sagrados de peregrinação, e gravei os sons desses lugares para adicionar um toque do ambiente que inspirou a música.

O que gostaria de dizer às pessoas que vão para seu show?

Jahnavi Harrison: Gostaria que as pessoas viessem ao show com a mente e o coração abertos. Acredito que será uma experiência poderosa – não apenas pela presença dos maravilhosos artistas, musicistas e dançarinos –, mas porque será uma oferenda de amor e devoção, e isso tem a capacidade de deixar uma impressão profunda em nós.

Entrevista conduzida por Yadavi Devi Dasi.


Do Blog Volta ao Supremo. Leia outros artigos em www.voltaaosupremo.com.

sábado, 13 de junho de 2015

Grande lançamento e pré-venda - Srila Prabhupada-lilamrta



PRÉ VENDA - SRILA PRABHUPADA LILAMRTA

A biografia do grande mestre da autorrealização na era moderna, sua divina graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada.

por Satsvarupa Das Goswami

Coleção composta por 6 volumes




 


Descrição
A história de uma personalidade notável e de um feito igualmente notável. A personalidade é A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada: filósofo, estudioso, líder religioso, santo. O feito é o revolucionário transplante de uma cultura atemporal e espiritual da Índia antiga para o mundo ocidental do século XX. Uma história surpreendente, tocante e instrutiva que irá prender sua atenção a cada página.

O autor, Satsvarupa Dasa Goswami (Stephen Guarino), nascido em 1939, é um discípulo sênior de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o acharya-fundador da ISKCON (International Society for Krishna Consciousness), com quem conviveu entre os anos de 1965 e 1977. Satsvarupa Dasa Goswami se estabeleceu como um prolífico escritor vaishnava e poeta. Publicou mais de cem livros e escreveu poemas, memórias, novelas e estudos baseados nas escrituras vaishnavas. Nos últimos anos, criou centenas de pinturas, desenhos e esculturas que captam e expressam a essência da consciência de Krishna.


Coleção composta de 6 volumes: 

Volume 1 - Toda uma Vida de Preparação ( 308 páginas ) 

Volume 2 - Plantando a Semente ( 290 páginas )  

Volume 3 - Somente ele poderia lidera-los ( 240 páginas )  

Volume 4 - Em todas as cidades e aldeias ( 300 páginas )  

Volume 5 - Que haja um templo ( 284 páginas )  

Volume 6 - Unindo dois mundos ( 468 páginas )


Especificações técnincas:

Livros em brochura.

Dimensões aproximadas de cada exemplar:  21x15 cm (A x L)

Reserve sua coleção: https://goo.gl/gpu07g!





segunda-feira, 1 de junho de 2015

RETOMANDO

Considero agora neste primeiro de junho de 2015 a retomada deste sempre lido e respeitoso blog




Haribol
Eduardo Cruz
Editor

Grande Lançamento Sankirtana Books, Método 3T já disponível!



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Uma História do Despertar do Amor




 


Dhyana-kunda Devi Dasi
Um príncipe que desejava o maior dos reinos o obtém, mas encontra a satisfação em outro lugar.

Uma das histórias mais comoventes no Srimad-Bhagavatam  estápresente no quarto canto. Trata-se da história do pequeno príncipe Dhruva e de sua grande aventura, a qual contém muitas lições sobre o amor.

Dhruva tinha cinco anos quando saiu de casa para a floresta em busca de Deus. Algumas pessoas que ele conheceu no caminho tentaram convencê-lo a voltar.
“É certamente glorioso procurar Deus”, disseram, “mas você não é muito jovem para um compromisso tão sério? E Deus não está em todos os lugares de alguma forma? Por que você tem que ir para a selva, onde há tantos animais ferozes?”.
Dhruva não tinha certeza do porquê, mas ele tinha ouvido falar que grandes sábios que desejavam encontrar o Senhor Supremo saíam de casa e rumavam para a floresta. Aparentemente, isso era o que tinha de ser feito. Se Deus realmente estava lá, Dhruva certamente O encontraria.

Com o que Deus Se parece? O pequeno príncipe também não sabia ao certo. De uma coisa ele sabia: Deus era a única pessoa que poderia realizar o seu desejo secreto. Em relação a isso, Dhruva tinha a palavra de sua mãe. Ela orava a Deus todos os dias, em razão do que ela certamente sabia o que ela estava falando.
A história de Dhruva tem um final feliz. Ele conhece Narada Muni, um mestre espiritual, que lhe diz como chegar a Deus através da devoção. Completamente sozinho na selva, o menino se submete a disciplinas espirituais com determinação grande o bastante para fazer jus ao significado de seu nome: “Perseverante”.
Tigres e chacais pouparam Dhruva, mas ele não apenas sobreviveu, senão que ele se encontrou com Vishnu, uma expansão de Krishna, frente a frente e, por fim, tornou-se famoso como um dos maiores devotos do seu tempo. Seu desejo secreto também se realiza. Eis o final glorioso da história. O início, porém, é triste.
As Palavras Cruéis da Madrasta

O pai de Dhruva, o rei Uttanapada, tinha duas esposas, Suniti e Suruchi. Suniti era a mãe de Dhruva, e Suruchi era a mãe de Uttama. Os meninos brincavam juntos, e ambos tinham a afeição de seu pai, diferente de suas mães. O rei negligenciava Suniti, nem mesmo permitindo que ela chegasse perto dele, enquanto Suruchi era a sua favorita, talvez por causa de sua beleza – ela era deslumbrante. Apesar disso, ela era ciumenta.
Certa vez, o rei estava sentado no trono com Uttama em seu colo, acariciando-o afetuosamente. Dhruva também queria ficar no colo de seu pai, mas Suruchi não gostou da ideia.
“Não, você não pode sentar-se no colo do rei”, disse ela. “Você pode ser o filho do rei, mas isso não é o suficiente. Você teria que ser meu filho também. E isso, meu caro rapaz, você só poderia conseguir adorando o Senhor Supremo. Se Ele estiver satisfeito com você, Ele pode conceder-lhe a preciosa dádiva de proporcionar o seu próximo nascimento a partir do meu ventre”.


Ofendido e enfurecido, Dhruva Maharaja correu para sua mãe.
Ela disse: “Meu caro rapaz”, mas suas palavras golpearam Dhruva como uma estaca. Ela desejou que ele morresse! Seu corpo enrijeceu. Ofegante, ele virou-se para seu pai, mas o rei olhou para o lado, para Suruchi, sua bela rainha. Dhruva virou-se e correu para sua mãe.
O que Suniti poderia fazer além de chorar com seu filho pequeno?

“Sua madrasta está certa”, disse Suniti. “Seu pai não me considera mais sua esposa. Ela está certa, também, em dizer-lhe para adorar o Senhor Supremo. Se você quiser sentar-se no mesmo trono como seu meio-irmão, Uttama, você não deve ter inveja dele, mas apenas retornar ao Senhor Supremo. Adorando-O, você pode conseguir coisas nunca sonhadas por aqueles que depositam sua fé em semideuses. Meu filho, apenas adore o Senhor. Eu não consigo encontrar outro alguém que possa aliviar sua angústia”.

Dhruva tomou uma decisão. Ele iria para a floresta encontrar Deus, e ele disse: “Meu querido Deus, eu sou o filho do rei, mas não serei o herdeiro do trono. Por favor, faça-me um rei maior do que o meu pai. Eu quero ter um reino como ninguém jamais teve. Se Você está satisfeito com a minha adoração, por favor, conceda-me este desejo”.

Visão na Floresta

Dhruva sabia que encontrar Deus seria difícil, mas ele estava determinado. Sozinho na floresta, ele pratica yoga para a concentração, canta um mantra que recebeu de Narada e medita no Senhor, que habita o coração.


Dhruva praticando yoga na floresta.
Seis meses se passaram. Um dia, quando Dhruva entrou em meditação e fixou sua visão interna no Senhor Vishnu, a imagem que ele já tinha se acostumado a contemplar desapareceu de repente. Dhruva perdeu a concentração. Ele abriu os olhos e viu o Senhor Vishnu em pé diante dele. O Senhor parecia exatamente como a forma que Narada lhe descrevera. Dhruva muitas vezes contemplara em seu coração aquela forma majestosa, de quatro braços, adornada com todas as insígnias da Suprema Personalidade de Deus, toda a Sua forma brilhante como um relâmpago.

Desta vez, porém, os olhos de Dhruva estavam abertos, e, diante dele, não estava uma imagem mental, mas uma pessoa vivente, sorrindo para Dhruva. Oprimido, o menino caiu aos pés do Senhor Vishnu. Mesmo enquanto estava deitado no chão, ele não conseguia tirar os olhos do Senhor.


O Senhor Vishnu, junto de Sua ave transportadora, Gadura, encontra-Se com Dhruva Maharaja na floresta.
Satisfeito com Dhruva, o Senhor perguntou se ele tinha qualquer intenção a se cumprir. Tudo estava indo como Dhruva esperava. Seu objetivo impossível agora estava ao seu alcance.

Conflito Clássico
Antes de ouvir a resposta de Dhruva, voltemos à cena onde Dhruva fora proibido de brincar no colo do rei Uttama. Tanto a história como os conflitos são clássicos. De um lado: o pai, a madrasta e “o bom filho”. Do outro: o filho indesejado e excluído do amor e da felicidade de que os outros três gozam.

Porém, o rei Uttanapada, Suruchi e Uttama realmente compartilham de amor e felicidade? Não. Nenhum deles é realmente feliz, e todos os três têm razões para se sentirem inseguros.
Suruchi se sentirá segura da devoção do rei apenas enquanto tenha o charme juvenil de seu corpo. Ela teme sofrer o destino de Suniti e perder as afeições do rei.

O rei, embora ame seus dois filhos, não pode correr o risco de perder o favor de Suruchi. Ele pode governar todos no reino, mas, nas mãos de Suruchi, ele é um animal de estimação. Ela negou seu favor a Dhruva e não se preocupou em esmagar o coração do menino. O rei pode estar pensando: “Suruchi, minha preferida, você seria capaz de fazer isso comigo?”.

Finalmente, Uttama é pequeno demais para entender o que está acontecendo. Tudo o que ele sabe é que ele estava brincando no colo de seu pai e seu irmão Dhruva foi punido por tentar fazer o mesmo. Fico feliz que ele tenha sido poupado, e sentindo-se especial, ele, no entanto, não vê culpa de Dhruva. “Se nenhum de nós fez algo errado e ele foi punido desta vez, serei o punido da próxima vez, papai?”.

Nenhuma dessas três pessoas está recebendo amor real, que é altruísta, incondicional e de fluxo livre. Felizes são aqueles que sabem amar cedo na vida e aprender a alegria de compartilhá-lo. A maioria das pessoas oferece e recebe coisas como sexo, riqueza e poder em nome de amor. E, junto desse tipo de “amor”, vem luxúria, ira, ganância, inveja, ilusão, e loucura. “Os seis inimigos do eu” – é assim que os professores védicos os chamam. E, no fundo, há medo. Por exemplo, Suruchi tem medo por causa de apegos materiais. Quando Dhruva subiu no colo de seu pai, ela o viu não como uma criança inocente, mas como rival de seu filho tentando tomar o trono.
As pessoas que realmente amam não temem perder algo material. Além disso, não se sentem desejosas; são autossatisfeitas. Elas podem ser casadas ou sozinhas, mendigos ou reis, mas elas são livres. Sexo, riqueza, poder ou qualquer coisa material não exercem nenhuma influência sobre elas.
E sobre a busca de Dhruva por amor? Movido pela raiva, ele arrisca sua vida para ganhar um reino maior do que o de seu pai. Todo um planeta para se governar certamente seria uma compensação justa por não poder se sentar no colo do pai.

Como na família de Dhruva, nós, na busca de amor, nos machucamos e nos empurramos para longe um do outro. Tristes são as formas de amor no mundo da matéria. Todavia, o mais triste de tudo é perder ainda a esperança de que o amor verdadeiro exista. Nossos sonhos não realizados de um pai perfeito, uma mãe perfeita, um amante perfeito e um amigo perfeito nos fazem pensar que Deus, o amante perfeito e supremo, talvez não exista.
Dhruva teve sorte. A força de sua frustração, canalizada para a prática espiritual, e o conselho de sua mãe e de seu mestre espiritual, Narada Muni, levaram-no para além do mundo do medo. Ao encontrar o Senhor Vishnu face a face, Dhruva encontrou não apenas o amor que ele tinha perdido, mas a sua própria capacidade de dar amor da mesma forma. Amar é a sua natureza, como é para todos nós. Ele a tinha esquecido, assim como acontece com todos os seres vivos quando se afastam de Deus e do Seu amor. Apesar disso, a natureza original de Dhruva nunca tinha mudado, e a natureza amorosa é a mesma em todos os seres vivos – ela procura expressão, ela motiva uma pessoa a procurar, ela não permite sentir-se satisfeito com o ordinário, o temporário, o limitado. Dhruva ficou satisfeito apenas quando encontrou o ilimitado.
A Resposta de Dhruva

Ao longo de todos os riscos que ele aceitou e de todas as austeridades por ele realizadas, Dhruva acreditava que o desejo do seu coração era ganhar o reino. O que ele poderia conhecer com maior certeza do que seu próprio coração? No entanto, Dhruva descobriu que ele estava errado. Quando ele finalmente se levantou do chão, ele se dirigiu ao Senhor Vishnu com uma oração. Suas palavras, que vieram do coração, foram diferentes do que aquelas que ele havia preparado. Ainda hoje, os devotos do Senhor Vishnu repetem a oração espontânea de Dhruva, que retrata tanto a sua surpresa consigo mesmo quanto a sua alegria esmagadora.




Dhruva, depois de abençoado pelo búzio de Vishnu, ofereceu-lhe orações.
“Ó meu Senhor”, disse Dhruva, “eu queria ser um grande rei e estava realizando severas austeridades para que Você me concedesse esse desejo. Agora, eu obtive Você, o que é muito difícil até mesmo para os semideuses, santos e reis. Eu estava procurando por um pedaço de vidro quebrado, mas, em vez disso, encontrei uma joia absolutamente valiosa. Estou completamente satisfeito, e nada tenho a Lhe pedir”.
O Amor se Expande
O amor a Deus não é apenas a Deus – ele não diminui o carinho que sentimos pelos outros, senão que, ao contrário, aprofunda o carinho, porque somos capazes de amar os outros não por coisas externas, como o seu corpo, e não por algo que eles nos dão, e não somente caso cumpram sua parte do contrato. Um devoto puro, alguém que desenvolveu sua relação amorosa com Deus, pode ver além do condicionamento material dos outros, além de suas características agradáveis ​​e desagradáveis, além até mesmo de sua crueldade, e se relaciona com todos como pessoas espirituais únicas, partes de Deus. Os devotos puros desenvolvem o tipo de intuição que admiramos em histórias de grandes santos e mestres espirituais. Se um devoto puro se sente seguro em sua própria relação de amor com Deus, ele não almeja apreciação dos outros nem se sente prejudicado pela agressividade que possam voltar contra ele. Essas qualidades colocam-no em uma posição única para ajudar os outros.
Suniti, a mãe de Dhruva, foi capaz de aceitar seu destino sem odiá-lo e foi capaz de convencer seu filho a aceitar a instrução valiosa nas palavras de ódio de Suruchi, sem se tornar uma escrava do ódio. Isso significa que um devoto do Senhor deve permitir que outros o pisoteiem? Não. Nem a agressão nem a submissão mansa, por si só, indica avanço espiritual. O que é determinante é a motivação do sujeito.
Um devoto não procura satisfação egoísta, seja por oprimir os outros, seja por ser oprimido para “aproveitar” o status de vítima. Independente de o devoto escolher ser agressivo ou escolher ser manso, sua motivação é servir a Deus e ajudar os outros a encontrar o seu caminho de volta ao Supremo. Ele pode ajudar os outros através de instrução, por exemplo, ou mesmo com a simples presença. Aqueles que tiveram o privilégio de entrar em contato com alguém dotado de verdadeiro amor de Deus, em qualquer fé religiosa, sabem que a presença dessa pessoa eleva os outros ao mesmo plano.
Isso foi o que aconteceu com os membros da família de Dhruva. Ao ouvir a notícia do retorno de Dhruva, o rei Uttanapada correu para fora do palácio para se encontrar com ele. Junto do rei, vieram Uttama, Suniti e Suruchi. Sem reserva, Dhruva foi honrado por ambas as mães, que se prostraram ao chão.

Suruchi o pegou.

“Meu caro rapaz, vida longa a você!”.

Com lágrimas de alegria nos olhos, ela o abençoou.

Suniti, então, abraçou Dhruva carinhosamente, assim como seu irmão Uttama.

Um Rei Honrado

Esta história tem um fim tradicional: Dhruva cresceu em uma família feliz e zelosa e, por fim, tornou-se um grande monarca, amado por todos em seu reino; um reino maior do que qualquer outro que já existira.

O narrador do Srimad-Bhagavatam conclui: “Dhruva não era o mesmo de antes, senão que estava completamente santificado devido a ter sido tocado pelos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus. Àquele que tem qualidades transcendentais devido à amizade com o Senhor Supremo, todas as entidades vivas oferecem honras tão naturalmente como um rio flui a partir do alto de uma montanha”.

Uma pessoa com amor e devoção a Deus pode fazer a diferença para muitos. Aqueles de nós que têm pouca esperança de encontrar Deus, que sentem como se não pudessem reunir coragem suficiente para se aproximar dEle, meditar nEle ou servi-lO, podem encontrar forças ao saber que outros ganharão com o nosso amor a Deus: nossos parentes, amigos e inimigos, bem como transeuntes na rua – todos os seres vivos do mundo.

Dhyana-kunda Devi Dasi, natural da Polônia, juntou-se ao Movimento Hare Krishna em 1987. Ela e seu marido, Ekanatha Dasa, vivem na fazenda da ISKCON em Almviks Gard, na Suécia. Lá, serve como revisora e tradutora da BBT da Europa Setentrional. Também faz parte de um grupo de representantes internacionais do GBC da ISKCON.
Tradução de Anosha Prema. Todo o conteúdo das publicações de Volta ao Supremo é de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, tanto o conteúdo textual como de imagens.
Se gostou deste material, também gostará destes: O que É o Amor?O Amor IdealHumildade.

Da Autorrealização ao Amor Puro





Da Autorrealização ao Amor Puro


 


03 SI (artigo - Evolução Espiritual) Da Autorrealização ao Amor Puro (1504) (sankirtana)




A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada



Conhecer-se é apenas o começo.



A autorrealização, o estágio brahma-bhūta, é o começo da vida espiritual, e não o estágio de perfeição. Se uma pessoa entende que não é o corpo e que nada tem a ver com o mundo material, torna-se livre do enredamento material. Entretanto, essa realização não é o estágio de perfeição. O estágio de perfeição começa com a atividade na posição autorrealizada, e essa atividade se baseia na compreensão de que a entidade viva é um servo eternamente subordinado do Senhor Supremo. De outra maneira, não existe significado para a autorrealização. Se alguém se envaidece com a ideia de que é o Brahman Supremo, ou de que se tornou uno com Nārāyaṇa, ou de que se fundiu na refulgência brahma-jyotir, não compreendeu a perfeição da vida. Como o Śrīmad-Bhāgavatam (10.2.32) declara:



ye 'nye 'ravindākṣa vimukta-māninas

tvayy asta-bhāvād aviśuddha-buddhayaḥ

āruhya kṛcchreṇa paraṁ padaṁ tataḥ

patanty adho 'nādṛta-yuṣmad-aṅghrayaḥ



Sujeitos que estão falsamente envaidecidos, pensando que se libertaram simplesmente por terem compreendido sua posição constitucional como Brahman, ou alma espiritual, ainda estão, em verdade, contaminados. Sua inteligência é impura porque não compreendem a Personalidade de Deus. Em última instância, caem de sua posição de vaidade.





Indivíduos que de fato se associam com o Senhor Supremo, Kṛṣṇa, são os mais elevados entre todos os transcendentalistas.



De acordo com o Bhāgavatam (1.2.11), existem três níveis de transcendentalistas: os conhecedores autorrealizados do aspecto do Brahman impessoal da Verdade Absoluta; os conhecedores de Paramātmā, o aspecto localizado do Supremo, que é entendido mediante o processo do yoga místico; e os bhaktas, que estão em conhecimento da Suprema Personalidade de Deus e se ocupam em Seu serviço devocional. Aqueles que compreendem apenas que um ser vivo não é matéria, mas alma espiritual, e que desejam se fundir na Alma Espiritual Suprema estão na posição transcendental mais baixa. Acima deles, estão os yogīs místicos, que, através da meditação, veem dentro do coração a forma de Viṣṇu, que tem quatro braços, a forma de Paramātmā, ou Superalma. No entanto, indivíduos que de fato se associam com o Senhor Supremo, Kṛṣṇa, são os mais elevados entre todos os transcendentalistas. No sexto capítulo do Bhagavad-gītā (6.47), o Senhor confirma isto:



yoginām api sarveṣāṁ mad-gatenāntar-ātmanā

śraddhāvān bhajate yo māṁ sa me yukta-tamo mataḥ



“E, de todos os yogīs, aquele que tem muita fé e sempre permanece em Mim, pensa em Mim dentro de si mesmo e presta serviço transcendental amoroso a Mim é o mais intimamente unido a Mim em yoga e é o mais elevado de todos. Eis a Minha opinião”. Esse é o estágio mais elevado de perfeição, conhecido como prema, ou amor a Deus.



No Bhakti-rasāmṛta-sindhu (1.4.15-16), Śrīla Rūpa Gosvāmī, uma grande autoridade na linha devocional, descreve os diferentes estágios até o ponto do amor a Deus:



ādau śraddhā tataḥ sādhu-saṅgo 'tha bhajana-kriyā

tato 'nārtha-nivṛttiḥ syāt tato niṣṭhā rucis tataḥ

athāsaktis tato bhāvas tataḥ premābhyudañcati

sādhakānām ayaṁ premṇaḥ prādurbhāve bhavet kramaḥ



A primeira condição é que a pessoa deve ter fé suficiente de que o único processo para obter amor a Deus é bhakti, o serviço devocional ao Senhor. Ao longo do Bhagavad-gītā, o Senhor Kṛṣṇa ensina que o sujeito deve abandonar todos os outros processos de autorrealização e render-se completamente a Ele. Isso é fé. Quem tem fé completa em Kṛṣṇa (śraddhā) e se rende a Ele está apto a ser elevado ao nível de prema, que o Senhor Caitanya ensinou como sendo o estágio de perfeição mais elevado da vida humana.



Algumas pessoas são aditas da religião materialmente motivada, enquanto outros são aditos do desenvolvimento econômico, da gratificação dos sentidos ou da ideia da salvação da existência material. Prema, o amor por Deus, entretanto, está acima de tudo isso. O estágio mais elevado de amor fica acima da religiosidade mundana, acima do desenvolvimento econômico, acima da gratificação sensorial e acima até mesmo da libertação, ou salvação. Destarte, o amor a Deus começa com a firme fé de que a pessoa que se ocupa em completo serviço devocional logrou a perfeição de todos esses processos.



O próximo estágio no processo de elevação ao amor a Deus é sādhu-saṅga, associação com pessoas já no estágio mais elevado de amor a Deus. Alguém que evita semelhante associação e simplesmente se ocupa em especulação mental, ou dita meditação, não pode ser elevado à plataforma de perfeição. Porém, quem se associa com devotos puros ou com uma sociedade devocional elevada avança para o estágio seguinte, a saber, bhajana-kriyā, ou aceitação dos princípios reguladores da adoração ao Senhor Supremo. Quem se associa com um devoto puro do Senhor naturalmente aceita essa pessoa como seu mestre espiritual, e, quando o devoto neófito aceita um devoto puro como seu mestre espiritual, o dever do mestre espiritual é treinar o neófito nos princípios do serviço devocional regulado, ou vaidhi-bhakti. Neste estágio, o serviço do devoto baseia-se em sua capacidade de servir o Senhor. O mestre espiritual perito ocupa seus seguidores em atividades que gradualmente desenvolverão sua consciência de serviço ao Senhor. Portanto, o estágio preliminar para se compreender prema, amor a Deus, é aproximar-se de um devoto devidamente puro, aceitá-lo como mestre espiritual e prestar serviço devocional regulado sob sua guia.





Guru e discípulo, e a Superalma no coração de ambos.



O próximo estágio se chama anartha-nivṛtti, no qual todas as apreensões da vida material são aniquiladas. Uma pessoa gradualmente atinge esse estágio por praticar regularmente os princípios primários do serviço devocional sob a guia do mestre espiritual. Há muitos maus hábitos que adquirimos por nos associarmos com a contaminação material, sendo estas as principais: relações sexuais ilícitas, comer alimentos de origem animal, cedermos à intoxicação e nos envolvermos com jogos de azar. A primeira coisa que o mestre espiritual perito faz quando ocupa seus discípulos no serviço devocional regulado é instruí-los a absterem-se desses quatro princípios da vida pecaminosa.



Visto que Deus é supremamente puro, o sujeito não pode se elevar ao estágio de perfeição mais elevado de amor a Deus sem se purificar. No Bhagavad-gītā (10.12), quando Arjuna aceitou Kṛṣṇa como o Senhor Supremo, ele disse, pavitraṁ paramaṁ bhavān: “És o mais puro dos puros”. O Senhor é o mais puro, motivo pelo qual qualquer um que deseje servir o Senhor Supremo também tem que ser puro. A menos que uma pessoa seja pura, não pode nem compreender o que é a Suprema Personalidade de Deus nem se ocupar em Seu serviço amoroso, pois o serviço devocional, como declarado anteriormente, começa do ponto da autorrealização, quando todos os receios da vida materialista são superados.



Após seguir os princípios reguladores e purificar os sentidos materiais, o sujeito logra o estágio de niṣṭhā, “firme fé no Senhor”. Quando a pessoa atingiu esse estágio, ninguém é capaz de desviá-la da concepção da Suprema Personalidade de Deus. Ninguém pode persuadir esse indivíduo a pensar que Deus é impessoal, sem forma, ou que alguma forma criada pela imaginação possa ser aceita como Deus. Aqueles que aderem a essas concepções mais ou menos destituídas de sentido acerca do Senhor Supremo não podem dissuadi-lo da firme fé que tem na Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa.





O Bhagavad-gītā, o diálogo sagrado entre Kṛṣṇa e Seu discípulo Arjuna, deve ser compreendido como ele é.



No Bhagavad-gītā, o Senhor Kṛṣṇa enfatiza em muitos versos que Ele é a Suprema Personalidade de Deus. Contudo, apesar de o Senhor Kṛṣṇa enfatizar esse ponto, muitos ditos estudiosos e comentadores ainda negam o conceito pessoal do Senhor. Um estudioso famoso escreveu em seu comentário ao Bhagavad-gītā que a pessoa não tem que se render ao Senhor Kṛṣṇa ou mesmo aceitá-lO como a Suprema Personalidade de Deus, senão que deve, em vez disso, render-se ao “Supremo dentro de Kṛṣṇa”. Semelhantes tolos não sabem o que é “dentro” e o que é “fora”. Comentam sobre o Bhagavad-gītā segundo seus próprios caprichos. Tais sujeitos não podem se elevar ao estágio mais elevado do amor a Deus. Podem ser estudiosos, e talvez sejam elevados em outros departamentos do saber, mas não são nem mesmo neófitos no processo de alcançar o estágio mais elevado de perfeição, amor a Deus. Niṣṭhā implica que se devem aceitar as palavras do Bhagavad-gītā, as palavras da Suprema Personalidade de Deus, como elas são, sem nenhum desvio ou comentário contrassensual.



Se alguém é afortunado o bastante para vencer todos os receios causados pela existência material e elevar-se ao estágio de niṣṭhā, pode, então, elevar-se ao estágio de ruci (gosto) e āsakti (apego ao Senhor). Āsakti é o começo do amor a Deus. Por progredir, a pessoa, então, avança para o estágio de desfrutar de trocas recíprocas com o Senhor em êxtase (bhāva). Toda entidade viva é eternamente ligada ao Senhor, e seu relacionamento pode ser em uma de muitas disposições transcendentais. No estágio de nome āsakti, apego, o indivíduo pode entender sua relação com o Senhor Supremo. Quando ele compreende sua posição, começa a reciprocar com o Senhor. Por meio da constante reciprocação com o Senhor, o devoto é elevado ao estágio mais elevado de amor a Deus, prema.








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