quarta-feira, 20 de julho de 2011

Crime: Por que Existe e o que Fazer?

Excerto da obra Ciência da Autorrealização, de autoria de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, cortesia BBT Brasil (www.bbt.org.br). Todos os direitos reservados.

Crime: Por que Existe e o que Fazer?

Todos os anos, o mundo gasta cada vez mais recursos em prevenção contra o crime e no controle do mesmo. Contudo, apesar de tais esforços, as taxas de criminalidade continuam crescendo. Nas escolas públicas, crimes associados a tráfico de drogas e brigas entre gangues chegaram a níveis incontroláveis. Em diálogo realizado em julho de 1975 com o então relações públicas do departamento policial de Chicago, o tenente David Mozee, Srila Prabhupada propõe uma solução espantosamente simples e, ao mesmo tempo, prática para o problema aparentemente insuperável da criminalidade.


Tenente Mozee: Tomei conhecimento de que o senhor tem algumas ideias que poderiam nos ajudar em nossos esforços para impedir a criminalidade. Estou muito interessado em ouvi-las.


Srila Prabhupada: A diferença entre um homem piedoso e um criminoso é que um é puro de coração e o outro é impuro. Esta impureza é como uma doença sob a forma de luxúria e cobiça incontroláveis no coração do criminoso. Atualmente, as pessoas em geral estão nesta condição mórbida, e, por conseguinte, o crime está se propagando imensamente. Quando as pessoas se purificarem dessas impurezas, o crime desaparecerá. O processo mais simples de purificação é reunir-se em congregação e cantar os santos nomes de Deus. Isto se chama sankirtana, e é a base de nosso movimento da consciência de Krsna. Então, se o senhor quer parar o crime, o senhor deve reunir o maior número de pessoas possível para um sankirtana em massa. Este canto congregacional do santo nome de Deus dissipará todas as coisas impuras no coração de todos. Então, não haverá mais crime.


Tenente Mozee: O senhor acha que o crime aqui nos Estados Unidos é de alguma forma diferente do crime em seu próprio país, a Índia?


Srila Prabhupada: Qual é a sua definição de crime?


Tenente Mozee: Qualquer usurpação dos direitos de uma pessoa por parte de outra pessoa.


Srila Prabhupada: Sim. Nossa definição é a mesma. Nos Upanisads, afirma-se, isavasyam idam sarvam: “Tudo pertence a Deus”. Portanto, todos têm o direito de utilizar tudo o que lhes seja adjudicado por Deus, mas não se deve usurpar a propriedade alheia. Se alguém o faz, torna-se um criminoso. Na verdade, o primeiro crime é que vocês, americanos, estão pensando que esta terra da América é de vocês. Embora, há duzentos anos, ela não fosse de vocês, vocês vieram de outras partes do mundo e declararam que esta terra era de vocês. Na realidade, esta terra é de Deus, e, destarte, pertence a todos, visto que todos são filhos de Deus. Porém, a maioria das pessoas não tem conceito de Deus. Praticamente falando, todos são ateus. Portanto, eles devem ser educados no amor a Deus. Na América, o seu governo tem um lema: “Em Deus nós confiamos”. Não é assim?


Tenente Mozee: Sim.


Srila Prabhupada: Contudo, onde está a educação sobre Deus? Confiar é ótimo, mas a simples confiança não vai perdurar a menos que seja baseada em conhecimento científico de Deus. Pode ser que alguém saiba que tem um pai, mas, a menos que ele saiba quem é seu pai, seu conhecimento é imperfeito. E essa educação na ciência de Deus está faltando.


Tenente Mozee: O senhor acha que ela está faltando apenas aqui nos Estados Unidos?


Srila Prabhupada: Não. Em toda parte. A era em que vivemos chama-se Kali-yuga, a era do esquecimento de Deus. É uma era de desentendimentos e desavenças, e os corações das pessoas estão cheios de coisas impuras. Deus, no entanto, é tão poderoso que, se cantamos Seu santo nome, purificamo-nos, assim como meus discípulos purificaram-se de seus maus hábitos. Nosso movimento baseia-se neste princípio de cantar o santo nome de Deus. Damos a oportunidade a todos, sem nenhuma distinção. Todos podem vir a nosso templo, cantar o mantra Hare Krsna, comer um pouco de prasada para revigorar-se, e purificar-se gradualmente. Assim, se as autoridades governamentais nos derem algumas facilidades, poderemos, então, promover sankirtana em massa. Então, sem dúvida alguma, toda a sociedade mudará.


Tenente Mozee: Se o entendo corretamente, o senhor está dizendo que devemos enfatizar um retorno aos princípios religiosos.


Srila Prabhupada: Certamente. Sem princípios religiosos, qual é a diferença entre um cachorro e um homem? O homem pode compreender religião, mas o cachorro não. Esta é a diferença. Então, se a sociedade humana permanece ao nível de cães e gatos, como o senhor pode esperar uma sociedade pacífica? Se o senhor pegar uma dúzia de cachorros e colocá-los juntos em um cômodo, será possível mantê-los pacíficos? Semelhantemente, se a sociedade humana está cheia de homens cuja mentalidade está ao nível da mentalidade dos cães, como o senhor pode esperar paz?


Tenente Mozee: Se algumas de minhas perguntas parecem desrespeitosas, isto é apenas porque não compreendo perfeitamente suas crenças religiosas. Não tenho a menor intenção de desrespeitá-lo.


Srila Prabhupada: Não, não se trata de minhas crenças religiosas. Estou simplesmente chamando a atenção para a distinção entre a vida humana e a vida animal. Os animais não podem em hipótese alguma aprender algo sobre Deus, mas os seres humanos podem-no. Entretanto, se os seres humanos não têm oportunidade de aprender sobre Deus, eles permanecem ao nível de cães e gatos. Não pode haver paz em uma sociedade de cães e gatos. Portanto, é dever das autoridades governamentais cuidar para que as pessoas aprendam como tornar-se conscientes de Deus. Caso contrário, haverá problemas, porque, sem consciência de Deus, não há diferença entre um cão e um homem: o cão come, nós também; o cão dorme, nós dormimos; o cão faz sexo, nós fazemos sexo; o cão tenta defender-se, e nós também tentamos nos defender. Esses são os fatores comuns. A única diferença é que o cão não pode ser instruído sobre sua relação com Deus, ao passo que o homem pode.


Tenente Mozee: A paz não seria um precursor de um retorno à religião? Não precisaríamos primeiramente ter paz?


Srila Prabhupada: Não, não, essa é a dificuldade. No momento atual, ninguém conhece realmente o significado de religião. Religião significa obedecer às leis de Deus, assim como boa cidadania significa obedecer às leis do governo. Porque ninguém tem compreensão alguma de Deus, ninguém conhece as leis de Deus ou o significado de religião. Esta é a situação atual das pessoas na sociedade atual. Elas estão desconhecendo a religião, considerando-a um tipo de fé. Fé pode ser fé cega. Fé não é a verdadeira descrição de religião. Religião significa as leis dadas por Deus, e qualquer um que siga essas leis é religioso, quer seja cristão, hindu ou muçulmano.


Tenente Mozee: Com todo o devido respeito, não é verdade que na Índia, onde os costumes religiosos são seguidos há séculos e séculos, estamos presenciando, não um retorno, mas um afastamento da vida espiritual?


Srila Prabhupada: Sim, mas isto é devido apenas à má liderança. Por outro lado, a maioria do povo indiano é plenamente consciente de Deus, e eles tentam seguir as leis de Deus. Aqui no Ocidente, mesmo eminentes professores universitários não creem em Deus ou em vida após a morte. Na Índia, entretanto, mesmo o homem mais pobre crê em Deus e em uma próxima vida. Ele sabe que, se cometer pecado, sofrerá, e, se agir piedosamente, desfrutará. Mesmo atualmente, se há um desacordo entre dois moradores de uma vila, eles vão ao templo para resolvê-lo, porque todos sabem que os adversários hesitarão falar mentiras perante as Deidades. Assim, sob muitos aspectos, a Índia ainda é oitenta por cento religiosa. Esse é o privilégio especial de nascer na Índia, e a responsabilidade especial também. Sri Caitanya Mahaprabhu diz:



bharata-bhumite haila manusya-janma yara

janma sarthaka kari’ kara para-upakara

(Caitanya-caritamrta, Adi 9.41)



Qualquer um que tenha nascido na Índia deve tornar sua vida perfeita tornando-se consciente de Krsna. Ele, em seguida, deve distribuir a consciência de Krsna ao mundo inteiro.


Tenente Mozee: Senhor, há uma parábola cristã que diz ser mais fácil um camelo passar pelo orifício de uma agulha do que um rico chegar perante o trono de Deus. O senhor acha que a riqueza dos Estados Unidos e de outros países ocidentais é um obstáculo para a fé espiritual?


Srila Prabhupada: Sim. Riqueza em excesso é um obstáculo. Krsna afirma no Bhagavad-gita (2.44):



bhogaisvarya-prasaktanam

tayapahrta-cetasam

vyavasayatmika buddhih

samadhau na vidhiyate



Se alguém é materialmente muito opulento, ele se esquece de Deus. Portanto, riqueza material em excesso é uma desqualificação para se compreender Deus. Embora não haja leis absolutas de que somente o pobre pode compreender Deus; de um modo geral, se alguém é extraordinariamente rico, sua única ambição é adquirir dinheiro, e é difícil para ele entender ensinamentos espirituais.


Tenente Mozee: Na América, aqueles que pertencem à fé cristã também creem nessas coisas. Não vejo grandes diferenças entre as crenças espirituais de um grupo religioso e as de outro.


Srila Prabhupada: Sim, a essência de toda religião é a mesma. Nossa proposta é que qualquer que seja o sistema religioso seguido, deve-se tentar compreender Deus e amá-lO. Se o senhor é cristão, não dizemos: “Isso não é bom; o senhor tem que ser como nós”. Nossa proposta é: quem quer que o senhor seja – cristão, muçulmano ou hindu –, simplesmente tente compreender Deus e amá-lO.


Tenente Mozee: Se eu pudesse voltar ao objetivo original de minha vinda, eu perguntaria que conselho o senhor poderia dar para nos ajudar a reduzir a criminalidade. Reconheço que o primeiro e mais importante método seria um retorno a Deus, como o senhor diz – e quanto a isso não há dúvida –, mas há algo que pudéssemos fazer imediatamente para diminuir esta crescente mentalidade criminosa?


Srila Prabhupada: Sim. Como já delineei no começo de nossa conversa, o senhor deve dar-nos a oportunidade de cantar o santo nome de Deus e distribuir prasada. Haverá, então, uma tremenda mudança na população. Eu vim sozinho da Índia e agora tenho muitos seguidores. O que eu fiz? Eu lhes pedia que se sentassem e cantassem o mantra Hare Krsna, e, depois disso, distribuía um pouco de prasada para eles. Se isso for feito em massa, toda a sociedade se tornará bem comportada. Isto é fato.


Tenente Mozee: O senhor gostaria de começar o programa em uma área de afluência ou em uma área de pobreza?


Srila Prabhupada: Não fazemos tais distinções. Qualquer local facilmente acessível a todos os tipos de homens seria bastante adequado para fazermos sankirtana. Não há distinção de que apenas os pobres necessitam do benefício, e os ricos não. Todos precisam ser purificados. O senhor acha que a criminalidade existe apenas na seção mais pobre da sociedade?


Tenente Mozee: Não. O que eu quis perguntar foi se haveria uma influência mais benéfica – um fortalecimento maior para a comunidade – se o programa fosse feito em uma área mais pobre em vez de em área abastada.


Srila Prabhupada: Nosso tratamento é para a pessoa espiritualmente doente. Quando uma pessoa é afligida por uma doença, não há distinções entre o pobre e o rico. Ambos são admitidos no mesmo hospital. Assim como o hospital deve ser um local aonde tanto pobres quanto ricos possam chegar facilmente, a localização da realização do sankirtana deve ser facilmente acessível a todos. Uma vez que todos estão materialmente infectados, todos devem ter o direito de ser socorridos.

A dificuldade é que o rico pensa ser perfeitamente saudável, apesar de ser o mais doente de todos. Porém, sendo policial, o senhor sabe muito bem que há criminalidade tanto entre ricos quanto entre pobres. Destarte, nosso processo de cantar é para todos, porque esse processo purifica o coração, sem olhar a opulência ou a pobreza do homem. A única maneira de mudar permanentemente o hábito criminoso é mudar o coração do criminoso. Como o senhor sabe muito bem, muitos ladrões são detidos inúmeras vezes e postos na prisão. Embora eles saibam que se roubarem irão para a cadeia, ainda assim são impelidos a roubar por causa de seus corações impuros. Portanto, sem purificar o coração do criminoso, vocês não podem acabar com o crime simplesmente através de coação legal mais estrita. O ladrão e o assassino já conhecem a lei, mas continuam cometendo crimes violentos devido a seus corações impuros. Assim, nosso processo consiste em purificar o coração. Então, todos os problemas deste mundo material serão resolvidos.


Tenente Mozee: Essa é uma tarefa muito difícil, senhor.


Srila Prabhupada: Não é difícil. Simplesmente convide a todos: “Venham, cantem Hare Krsna, dancem e aceitem deliciosa prasada”. Qual é a dificuldade? Estamos fazendo isso em nossos centros, e as pessoas estão vindo. Entretanto, porque temos pouco dinheiro, só podemos fazer sankirtana em pequena escala. Convidamos todos, e gradualmente as pessoas estão vindo a nossos centros e se tornando devotos. Se o governo nos desse uma facilidade maior, entretanto, poderíamos nos expandir ilimitadamente. E o problema é grande, pois, se não o fosse, por que haveria artigos na imprensa nacional perguntando o que fazer? É fato que nenhum estado civil quer esta criminalidade, mas os líderes não sabem como acabar com ela. Se eles nos ouvissem, no entanto, poderíamos dar-lhes a resposta. Por que o crime? Porque as pessoas são ateístas. E o que fazer? Cantar Hare Krsna e comer prasada. Se o senhor quiser, pode adotar este processo de sankirtana. Caso contrário, nós continuaremos promovendo-o em pequena escala. Somos assim como um médico pobre com um pouco de prática que poderia abrir um grande hospital se lhe dessem a oportunidade. O governo é o executivo. Se eles aceitarem nosso conselho e adotarem o processo de sankirtana, então o problema do crime será resolvido.


Tenente Mozee: Há muitas organizações cristãs nos Estados Unidos que dão a sagrada comunhão. Por que isso não funciona? Por que isso não está purificando o coração?


Srila Prabhupada: Falando francamente, eu acho difícil encontrar uma única pessoa que seja realmente cristã. Os assim chamados cristãos não obedecem à ordem da Bíblia. Um dos dez mandamentos na Bíblia é: “Não matarás”, mas onde está o cristão que não mata ao comer a carne da vaca? O processo de cantar o santo nome do Senhor e distribuir prasada será eficiente se for executado por pessoas que estejam realmente praticando a religião. Meus discípulos são treinados para seguir estritamente os princípios religiosos; por conseguinte, quando cantam o santo nome de Deus, é diferente de quando outros cantam. A posição deles não é apenas uma posição de rótulo. Eles compreenderam o poder purificador do santo nome através da prática.


Tenente Mozee: Senhor, acaso a dificuldade não seria que, embora um pequeno círculo de sacerdotes e devotos siga os princípios religiosos, aqueles que são marginais se desviam e causam problemas? Por exemplo, suponhamos que o movimento Hare Krsna cresça em proporções gigantescas, como aconteceu com o cristianismo. O senhor não teria problemas com os indivíduos marginalizados do movimento, os quais professassem ser seguidores embora não o fossem verdadeiramente?


Srila Prabhupada: Essa possibilidade sempre existirá, mas o que estou dizendo é que, se o senhor não for um cristão verdadeiro, então sua pregação não será eficiente. Ao passo que, por estarmos seguindo estritamente os princípios religiosos, nossa pregação é eficaz na propagação da consciência de Deus e na mitigação do problema do crime.


Tenente Mozee: Senhor, deixe-me agradecer-lhe por ter gasto seu tempo comigo. Apresentarei esta gravação a meus superiores. Espero que isso seja eficaz, assim como o senhor é eficaz.


Srila Prabhupada: Muito obrigado.


Revisão de Karunika devi dasi e Bhagavan dasa

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Nova Edição do Sri Isopanisad



A BBT Brasil acaba de lançar a mais nova edição do Sri Isopanisad, agora com magníficas palestras adicionais de Srila Prabhupada explicando esta grandiosa obra, percorrendo esmeradamente cada um dos dezoito versos, traçando paralelos com outros clássicos indianos, explorando a pluralidade de significados da língua sânscrita o qual envolverá por inteiro o leitor em um fluxo de pensamento lógico e profundamente devocional.



Esta obra se apresenta em novo formato com acabamento de luxo.





Sri Isopanisad

Tamanho 145x215 mm

208 páginas

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Artigo - Excerto da obra Ciência da Autorrealização

Excerto da obra Ciência da Autorrealização, de autoria de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, cortesia BBT Brasil (www.bbt.org.br). Todos os direitos reservados.



A Arte de Morrer



Embora a imprensa esteja geralmente obcecada pela violência e pela morte, a nossa percepção da morte é superficial. Srila Prabhupada observa: “Enquanto o homem está em pleno vigor da vida, ele se esquece da crua verdade da morte, a qual ele terá de enfrentar”. Como podemos eficientemente lidar com nossa própria morte certamente vindoura? Neste ensaio, publicado pela primeira vez no an­tigo formato em tabloide da revista De Volta ao Supremo, em 20 de abril de 1960, Srila Prabhupada explica como os antigos ensinamentos do Srimad-Bhagavatam nos fornecem uma resposta prática.



Uma criança caminhando com seu pai faz perguntas constante­mente. Ela pergunta muitas coisas estranhas a seu pai, e o pai tem de satisfazê-la com respostas apropriadas. Quando eu era um jovem pai, em minha vida de casado, eu era inundado com centenas de perguntas feitas por meu segundo filho, que era meu companheiro constante. Certo dia, sucedeu de um cortejo de casamento passar por nosso ônibus, e, como de costume, o menino de quatro anos perguntou-me o que era aquela grande procissão. Eu lhe dei todas as respostas possíveis às suas mil e uma perguntas relativas ao cor­tejo de casamento, e finalmente ele perguntou se o seu próprio pai era casado. Esta pergunta provocou altas gargalhadas entre todos os cavalheiros adultos presentes, embora o menino ficasse per­plexo, sem entender por que eles gargalhavam. De qualquer modo, o menino ficou de algum modo satisfeito com seu pai casado.



A moral deste incidente é que, uma vez que o ser humano é um animal racional, ele nasce para fazer perguntas. Quanto maior o número de perguntas, maior o avanço de conhecimento e ciência. Toda a civilização material baseia-se neste volume originalmente extenso de perguntas feitas por jovens a seus semelhantes mais velhos. Quando as pessoas mais velhas dão as respostas adequadas às perguntas dos jovens, a civilização progride, um passo após o outro. O homem mais inteligente, contudo, indaga a respeito do que acontece após a morte. Os menos inteligentes fazem perguntas de menor relevância, mas as perguntas daqueles que são mais inteligentes são cada vez mais relevantes.



O Rei Indagador



Entre os homens mais inteligentes estava Maharaja Pariksit, o grande rei do mundo inteiro, que recebeu inesperadamente a maldição de um brahmana de ser morto pela mordida de uma serpente dentro de sete dias. O brahmana que o amaldiçoou não passava de um menino, porém era muito poderoso e, porque não conhecia a importância do grande rei, ele tolamente o amaldiçoou. Mais tarde, isto foi motivo de lamentação para o pai do menino, o qual o rei havia ofendido. Quando o rei foi informado da desventurada maldição, ele imediatamente deixou seu lar palaciano e dirigiu-se às margens do Ganges, que ficava próximo à sua capital, a fim de preparar-se para a sua morte iminente. Por ser um grande rei, quase todos os grandes sábios e acadêmicos erudi­tos reuniram-se no local onde o rei estava jejuando antes de deixar seu corpo mortal. Por fim, Sukadeva Gosvami, o mais jovem santo contemporâneo do rei, também chegou ali, e foi unanime­mente aceito para presidir o encontro, embora seu grande pai tam­bém estivesse presente. O rei respeitosamente ofereceu a Sukadeva Gosvami o assento de honra principal e fez-lhe perguntas relevan­tes, relativas a seu desaparecimento do mundo mortal, que ocor­reria ao fim de sete dias. O grande rei, sendo um digno descendente dos Pandavas, que eram todos grandes devotos, fez as seguintes perguntas relevantes ao grande sábio Sukadeva: “Meu caro senhor, és o maior dos grandes transcendentalistas, em razão do que submis­samente peço permissão para apresentar-te minhas dúvidas neste momento. Estou à beira da morte. Portanto, o que devo fazer neste momento crítico? Por favor, diz-me, meu senhor – o que devo ouvir, o que devo adorar ou de quem devo lembrar-me agora? Um grande sábio como tu não fica na casa de um chefe de família mais do que o necessário, e, por isso, para a minha boa sorte, bondosamente apareceste aqui no momento de meu morrer. Por favor, portanto, dá-me tuas orientações nesta hora crítica”.



Ao ser assim amavelmente solicitado pelo rei, o grande sábio respondeu a suas perguntas com autoridade, pois o sábio era um grande erudito transcendental e era igualmente bem equipado de qualidades divinas, visto ser ele o digno filho de Badarayana, ou Vyasadeva, o compilador original da literatura védica.



Sukadeva Gosvami disse: “Meu caro rei, tua pergunta é muitís­simo relevante e é também benéfica a todas as pessoas em todos os tempos. Tais perguntas, que são as mais elevadas de to­das, são relevantes porque são confirmadas pelos ensinamentos do vedanta-darsana, a conclusão do conhecimento védico, e são atmavit-sammatah; em outras palavras, as almas liberadas, que têm conhecimento pleno de sua identidade espiritual, apresentam essas perguntas relevantes a fim de obterem informações mais detalhadas sobre a Transcendência”.



O Srimad-Bhagavatam é o comentário natural sobre o grande Vedanta (ou Sariraka) sutra, que foi compilado por Srila Vyasadeva. O Vedanta-sutra é a mais elevada obra védica, e contém o núcleo de perguntas básicas sobre o tema transcenden­tal do conhecimento espiritual. Contudo, embora Srila Vyasadeva houvesse compilado esse grande tratado, sua mente não ficara satisfeita. En­tão, aconteceu de Vyasadeva encontrar Sri Narada, seu mestre espiritual, que o aconselhou a descrever a identidade da Personalidade de Deus. Ao receber este conselho, Vyasadeva meditou sobre o princípio do@@@ bhakti-yoga, que lhe mostrou distintamente o que é o Absolu­to e o que é a relatividade, ou maya. Tendo auferido perfeita sabedoria acerca desses fatos, ele compilou a grande narração do Srimad-Bhagavatam, ou o belo Bhagavatam, que começa com os fatos históri­cos relativos à vida de Maharaja Pariksit.



O Vedanta-sutra começa com a indagação chave sobre a Trans­cendência, athato brahma-jijnasa: “Agora, deve-se indagar acerca de Brahman, ou a Transcendência”.



A Morte e a Vida Transcendental



Enquanto um homem está em pleno vigor da vida, ele se esquece da crua verdade da morte, a qual ele terá de enfrentar. Assim, um homem tolo não faz indagações relevantes sobre os verdadeiros problemas da vida. Todos pensam que jamais morrerão, embora vejam evidências da morte diante de seus olhos a cada segundo. Eis aqui a distinção entre animalismo e humanidade. Um animal como a cabra não percebe sua morte iminente. Embora sua irmã cabra esteja sendo sacrificada, a cabra, estando iludida pelo capim verde que se lhe oferece, permanecerá pacificamente esperando para ser sacrificada em seguida. Por outro lado, se um ser humano vê seu semelhante sendo morto por um inimigo, ele ou luta para salvar seu irmão ou se afasta, se possível, para salvar sua própria vida. Esta é a diferença entre o homem e a cabra.



O homem inteligente sabe que a morte nasce juntamente com seu próprio nascimento. Ele sabe que está morrendo a cada se­gundo e que o toque final será dado tão logo seu período de vida termine. Por isso, ele se prepara para a próxima vida ou para a libe­ração da doença de repetidos nascimentos e mortes.



O tolo, contudo, não sabe que esta forma humana de vida é ob­tida após uma série de nascimentos e mortes imposta no passado pelas leis da natureza. Ele não sabe que a entidade viva é um ser eterno, que não tem nascimento nem morte. Nascimento, morte, velhice e doença são imposições externas exercidas sobre a enti­dade viva e se devem a seu contato com a natureza material e a seu esquecimento de sua natureza divina e eterna e da unicidade qualita­tiva com o Todo Absoluto.



A vida humana provê a oportunidade de conhecer esse fato eterno. Assim, o próprio começo do Vedanta-sutra acon­selha que, por termos esta valiosa forma de vida humana, é nosso dever – agora – indagar: O que é Brahman, a Verdade Absoluta?



Um homem que não é inteligente o bastante não indaga acerca dessa vida transcendental, senão que indaga sobre muitos assun­tos irrelevantes, que não se relacionam à sua existência eterna. Desde o começo de sua vida, ele indaga à sua mãe, pai, mestres, professores, livros e tantas outras fontes, mas não obtém o tipo correto de informação sobre sua vida real.



Como mencionamos anteriormente, Pariksit Maharaja recebeu o aviso de que morreria dentro de sete dias e imediatamente deixou seu palácio a fim de se preparar para o próximo estágio de vida. O rei tinha pelo menos sete dias à sua disposição, durante os quais poderia se preparar para a morte, mas, quanto a nós, apesar de sabermos sem dúvida que nossa morte é certa, não temos informação da data determinada para sua ocorrência. Não sei se encontrarei com a morte no próximo instante. Mesmo um homem tão grandioso como Mahatma Gandhi não conseguiu calcular que encontraria sua morte dentro de breves cinco minutos, nem puderam os seus gran­des companheiros adivinhar sua morte iminente. Não obstante, todos esses cavalheiros apresentavam-se como grandes líderes do povo.



É a ignorância da morte e da vida que distingue o animal do ho­mem. Um homem, no verdadeiro sentido do termo, indaga acerca dele mesmo e do que ele é. De onde ele veio para esta vida, e para onde ele vai após a morte? Por que ele é colocado sob as tribulações das três espécies de misérias apesar de não as querer? Co­meçando da infância, uma pessoa indaga sobre muitas coisas em sua vida, mas nunca indaga sobre a real essência da vida. Isso é animalismo. Não há diferença entre um homem e um animal no que diz respeito aos quatro princípios da vida animal, pois todo ser vivo existe comendo, dormindo, temendo e acasalando-se. No entanto, apenas a vida humana destina-se a indagações relevantes acerca de fatos sobre a vida eterna e a Transcendência. A vida humana destina-se, portanto, à busca da vida eterna, e o Vedanta-sutra nos aconselha a conduzir essa busca agora ou nunca. Se deixamos de investigar agora esses relevantes assuntos sobre a vida, certamente voltaremos novamente ao reino animal através das leis da natureza. Portanto, mesmo que um homem tolo pareça avançado em ciência material – isto é, em comer, dormir, temer, acasalar-se e assim por diante –, ele não pode livrar-se das mãos cruéis da morte através das leis da natureza. A lei da natureza funciona sob três modos – bondade, paixão e ignorância. Aqueles que vivem sob condições de bondade são promovidos às posições espirituais supe­riores de vida, e aqueles que vivem sob condições de paixão per­manecem estacionados no mesmo lugar no mundo material onde estão agora, mas aqueles que vivem sob condições de ignorância são certamente degradados às espécies inferiores.



A situação moderna da civilização humana é precária porque não oferece educação sobre pesquisas relevantes dos princípios es­senciais da vida. Como animais, as pessoas não sabem que serão abatidas pelas leis da natureza. Elas se satisfazem com um punhado de capim verde, ou uma assim chamada vida alegre, como a cabra esperando no matadouro. Considerando tal condição de vida humana, estamos apenas tentando humildemente salvar o ser humano através da mensagem deste periódico De Volta ao Supremo. Este método não é fictício. Se realmente tiver que haver uma era de realidade, esta mensagem do periódico De Volta ao Supremo é o começo dessa era.



Grhamedhis e Grhasthas



Segundo Sri Sukadeva Gosvami, o fato real é que um grhamedhi, ou uma pessoa que se atou, como a cabra destinada ao abate, aos afazeres para com a família, a sociedade, a comunidade, a nação ou a humanidade em geral, no que diz respeito aos problemas e necessidades da vida animal – a saber, comer, dormir, temer e acasalar-­se – e que não tenha conhecimento da Transcendência, não passa de um animal. Ele pode ter indagado sobre assuntos físicos, políticos, econômicos, culturais, educacionais ou outros assuntos se­melhantes de interesse material e temporário, mas, se ele não houver indagado sobre os princípios da vida transcendental, deve ser con­siderado um cego impelido por sentidos descontrolados e prestes a cair em uma vala. Essa é a descrição do grhamedhi.



O oposto do grha-medhi, contudo, é o grha-stha. O grhastha-­asrama, ou o abrigo da vida familiar espiritual, é como a vida de um sannyasi, o membro da ordem renunciada. Independente se o indivíduo é chefe de família ou renunciante, o ponto importante é o ponto das perguntas relevantes. Um sannyasi é falso se não se interessa por perguntas relevantes, e um grhastha, ou chefe de família, é fidedigno se sente inclinação a fazer tais perguntas. O grhamedhi, entretanto, está simplesmente interessado nas neces­sidades animais da vida. Pelas leis da natureza, a vida do grhamedhi é cheia de calamidades, ao passo que a vida do grhastha é cheia de felicidade. Mas, na civilização humana moderna, os grhamedhis estão se fazendo passar por grhasthas. Devemos, portanto, saber quem é o quê. A vida do grhamedhi é cheia de vícios porque ele não sabe como conduzir uma vida familiar. Ele não sabe que, além de seu controle, está um poder que supervisiona e controla suas ativi­dades, e ele não tem concepção de sua vida futura. O grhamedhi é cego para o futuro e não tem capacidade de fazer perguntas relevantes. Sua única qualificação é que ele está atado pelos grilhões do apego às coisas falsas com que se entretém em sua existência temporária.



À noite, tais grhamedhis desperdiçam seu tempo valioso dormindo ou satisfazendo suas diferentes variedades de impulsos sexuais frequentando exibições de cinema, clubes e casas de jogos, onde se entregam a mulheres e bebedeiras desbragadamente. E, durante o dia, eles desperdiçam sua vida valiosa acumulando di­nheiro ou, se têm dinheiro suficiente para gastar, proporcionando conforto para os membros de sua família. Seu padrão de vida e suas necessidades pessoais aumentam com o crescimento de sua renda monetária. Assim, não há limites para seus gastos, e eles nunca estão saciados. Consequentemente, há competição ilimitada no campo do desenvolvimento econômico, e, por isso, não há paz em nenhuma sociedade do mundo humano.



Todos se envolvem com os mesmos problemas de ganhos e gas­tos, mas, em última análise, têm de depender da misericórdia da mãe natureza. Quando há escassez na produção ou há distúrbios causados pela providência, o pobre político fazedor de planos culpa a natureza cruel, mas cuidadosamente evita examinar como e por quem as leis da natureza são controladas. O Bhagavad-gita, contudo, explica que as leis da natureza são controladas pela Per­sonalidade de Deus Absoluta. Só Deus é o controlador da natureza e das leis naturais. Às vezes, ambiciosos materialistas examinam um fragmento da lei da natureza, mas nunca se importam em co­nhecer aquele que fez essas leis. A maioria deles não crê na exis­tência de uma pessoa absoluta, ou Deus, que controla as leis da natureza. Ao contrário, simplesmente se preocupam com os princípios pelos quais diferentes elementos interagem, mas não fa­zem referência à direção última que possibilita tais interações. Eles não têm perguntas ou respostas relevantes a este respeito. O segundo dos Vedanta-sutras, entretanto, responde à pergunta es­sencial sobre o Brahman, afirmando que o Brahman Supremo, a Transcendência Suprema, é aquele de quem tudo é gerado. Em última análise, Ele é a Pessoa Suprema.



O tolo grhamedhi não só ignora a natureza temporária do tipo particular de corpo por ele obtido, mas também está cego para a verdadeira natureza do que está acontecendo diante dele nos afa­zeres diários de sua vida. Ele pode ver seu pai morrer, sua mãe morrer, ou um parente ou vizinho morrer, porém ele não faz perguntas relevantes sobre se os outros membros existentes de sua família morrerão ou não. Às vezes, ele pensa e sabe que todos os membros de sua família morrerão hoje ou amanhã, e que ele tam­bém morrerá. Ele talvez saiba que todo o espetáculo familiar – ou todo o espetáculo de comunidade, sociedade, nação e todas essas coisas – é apenas uma bolha temporária no ar, que não tem valor algum, mas ele, tal qual um louco, busca esses arranjos temporários e não se interessa por nenhuma pergunta relevante. Ele não tem conhecimento de para onde vai após a morte. Ele tra­balha arduamente fazendo arranjos temporários para sua família, para sua sociedade ou para sua nação, mas nunca faz nenhum arranjo futuro, nem para si mesmo nem para os demais que desaparecerão desta atual fase de vida.



Em um veículo público como um vagão de trem, encontramos e sentamo-nos junto a alguns amigos desconhecidos e nos torna­mos membros do mesmo veículo por pouco tempo, mas, no devido tempo, separamo-nos, e nunca mais nos encontramos. Analogamente, em uma extensa jornada de vida, obtemos um assento tem­porário em uma assim chamada família, país ou sociedade, mas, quando se esgota o tempo, somos separados uns dos outros contra nossa vontade, para nunca mais nos encontrarmos. Há muitas per­guntas relevantes acerca de nossos arranjos temporários na vida e de nossos amigos nesses arranjos temporários, mas um homem que é grhamedhi nunca indaga sobre coisas de natureza permanente. Todos nós estamos atarefados, fazendo planos permanentes em vários graus de liderança, sem conhecer a natureza permanente das coisas tais como elas são. Sripada Sankaracarya, que especial­mente se esforçou para eliminar esta ignorância da sociedade e que advogou o culto do conhecimento espiritual em relação com o oni­penetrante Brahman impessoal, disse em desespero: “As crianças estão ocupadas em brincar, os rapazes estão ocupados em ditos casos amorosos com as moças, e os velhos estão seriamente meditando sobre como ajustar uma frustrada vida de pelejas. Mas, ai de mim, ninguém está disposto a indagar relevantemente sobre a ciência de Brahman, a Verdade Absoluta”.



A Orientação Derradeira à Humanidade



Sri Sukadeva Gosvami, a quem Maharaja Pariksit pediu orien­tação, respondeu às relevantes perguntas do rei, aconselhando-o da seguinte maneira:



tasmad bharata sarvatma

bhagavan isvaro harih

srotavyah kirtitavyas ca

smartavyas cecchatabhayam



“Ó descendente de Bharata, é dever dos homens mortais indagar sobre a Personalidade de Deus, ouvir sobre Ele, glorificá-lO e me­ditar nEle – Ele que é a pessoa mais atrativa devido à plenitude de Sua opulência. Ele Se chama Hari porque apenas Ele pode desfazer a existência condicionada de um ser vivo. Se queremos realmente nos livrar da existência condicionada, devemos fazer perguntas rele­vantes sobre a Verdade Absoluta para que Ele Se sinta inclinado a conceder-nos a perfeita liberdade da vida”. (Srimad-Bhagavatam 2.1.5)



Sri Sukadeva Gosvami usa particularmente quatro palavras em relação à Absoluta Personalidade de Deus. Essas palavras dis­tinguem a Pessoa Absoluta, ou Parabrahman, de outras pessoas, que são qualitativamente iguais a Ele. A Absoluta Personalidade de Deus é chamada sarvatma, ou onipenetrante, porque nin­guém está à parte dEle, embora ninguém tenha essa compreensão. A Personalidade de Deus, através de Sua representação plenária, reside no coração de todos como Paramatma, a Superalma, junta­mente com cada alma individual. Portanto, toda alma individual tem um relacionamento íntimo com Ele. O esquecimento desse ín­timo relacionamento existente eternamente com Ele é a causa da vida condicionada desde tempos imemoriais. Todavia, por Ele ser Bhagavan, ou a personalidade suprema, Ele pode imediatamente reciprocar ante o chamamento de um devoto. Ademais, por Ele ser a pessoa perfeita, Sua beleza, Sua opulência, Sua fama, Sua força, Sua conhecimento e Sua renúncia são todos fontes ilimitadas de bem-aventurança trans­cendental para a alma individual. A alma individual se atrai por todas essas diferentes opulências quando elas são im­perfeitamente representadas por outras almas condicionadas, mas a alma individual não se satisfaz com essas representações imperfeitas, em virtude do que perpetuamente busca o perfeito. A beleza da Personali­dade de Deus é incomparável, e igualmente incomparáveis são Seu conhecimento e Sua renúncia. Mas, acima de tudo, Ele é isvara, ou o controlador su­premo. No momento, estamos sendo controlados pela ação policial desse grande rei. Esse controle policial é imposto sobre nós por causa de nossa desobediência à lei. No entanto, porque o Senhor é Hari, Ele é capaz de fazer desaparecer a nossa vida condicionada, dando-nos total liberdade na existência espiritual. Portanto, é dever de todo homem fazer perguntas relevantes sobre Ele e, desse modo, voltar ao Supremo.



Revisão de Karunika devi dasi e Bhagavan dasa

sábado, 9 de julho de 2011

Lançamento “Dharma - O Caderno da Vida Espiritual”



Lançamento “Dharma - O Caderno da Vida Espiritual”



Já chegou à BBT a nova revista Dharma, em novo formato, mais dinâmica e atual.

Entrem em contato e façam seus pedidos pelo site www.bbt.org.br, por email contato@sankirtana.com.br, ou telefone: (11) 2373 4189.

Lançamento -TRANSFORMANDO CRISES EM OPORTUNIDADES de Osho









TRANSFORMANDO CRISES EM OPORTUNIDADES
de Osho
Editora: Cultrix
Páginas: 208




Muito antes de a maioria de nós se dar conta, Osho percebeu que as crises que estavam acontecendo no mundo estavam inter-relacionadas e continuariam a piorar no decorrer das décadas, a não ser que houvesse uma mudança radical na consciência humana. Precisamos entender como nosso passado nos fez chegar a esse ponto e ter coragem de cortar nossa ligação com esse passado, do contrário seguiremos rumo ao que ele chamou de "suicídio global". Neste livro, as crises social, política, econômica e ecológica do nosso tempo são descritas sob a ótica surpreendente de Osho, que oferece uma visão radical de mudança e de como podemos transformar as crises em oportunidades. Ele mostra o que temos de fazer para nos desviar do curso rumo ao suicídio global e seguirmos na direção de um "futuro dourado" para toda a humanidade.

A escolha do caminho é pessoal; as informações necessárias para efetuar essa escolha com sabedoria, Osho nos mostra nesta importante obra para esta época de profundas transições.


QUEM É OSHO ?
Desde sua infância, na Índia, Osho deixava claro que não seguiria as convenções do mundo à sua volta. Passou os primeiros sete anos de sua vida com seus avós maternos, que lhe permitiram liberdade de ser ele mesmo, o que raramente acontece com as crianças. Ele era uma criança solitária, preferindo passar longas horas sentado em silêncio ao lado de um lago, ou explorar as redondezas sozinho. A morte de seu avô materno, diz ele, teve um efeito profundo em sua vida interior, provocando-lhe uma determinação de descobrir o imortal da vida. Ao se juntar à crescente família de seus pais e entrar na escola, estava firmemente fundamentado na clareza e no senso de si mesmo, que lhe deram a coragem de desafiar todas as tentativas dos mais velhos de moldarem a sua vida.
Ele nunca fugia de controvérsias. Para Osho, a verdade não pode fazer concessões, pois assim deixa de ser verdade. E a verdade não é uma crença, mas uma experiência. Ele nunca pede às pessoas para acreditarem no que ele diz, mas, ao contrário, pede que experimentem e percebam por si mesmas se o que ele está dizendo é verdadeiro ou não. Ao mesmo tempo, ele é implacável ao encontrar meios e maneiras de revelar o que as crenças de fato são - meros consolos para amenizar nossas ansiedades frente ao desconhecido, e barreiras para o encontro de uma realidade misteriosa e inexplorada.

Após sua iluminação, aos vinte e um anos de idade, Osho completou seus estudos acadêmicos e passou vários anos ensinando filosofia na Universidade de Jabalpur. Enquanto isso, viajava pela Índia proferindo palestras, desafiando líderes religiosos ortodoxos, em debates públicos e encontrando pessoas de todas as posições sociais. Ele leu extensivamente tudo o que pôde encontrar para expandir sua compreensão dos sistemas de crença e da psicologia do homem contemporâneo.
No final da década de 60, Osho começou a desenvolver suas técnicas de meditação ativa. O ser humano moderno, ele disse, está tão sobrecarregado com as tradições antiquadas do passado e com as ansiedades da vida moderna, que precisa passar por um profundo processo de limpeza antes de poder descobrir o estado de meditação relaxado e sem pensamento.
Começou a conduzir campos de meditação por toda a Índia, proferindo discursos aos participantes e orientando pessoalmente meditações por ele desenvolvidas.
No início dos anos 70 os primeiros ocidentais começaram a ouvir falar de Osho, e juntaram-se ao crescente número de indianos que foram iniciados por ele no neo-sannyas. Em 1974, uma comuna estabeleceu-se à volta de Osho, em Puna, Índia, e logo os poucos visitantes do Ocidente tornaram-se bastante numerosos. Muitos eram terapeutas que se deparavam com as limitações das terapias ocidentais e que procuravam uma abordagem que pudesse alcançar e transformar as profundezas da psique humana. Osho os encorajou a contribuírem com suas habilidades à comuna e trabalhou intimamente com eles para desenvolverem suas terapias no contexto da meditação.
O problema com as terapias desenvolvidas no Ocidente, ele disse, é que elas estão limitadas a tentar tratar a mente, enquanto que o Oriente há muito compreendeu que a própria mente, ou melhor, nossa identificação com ela, é o problema. As terapias podem ser úteis - como os estágios catárticos das meditações que desenvolveu - para aliviar as pessoas de suas emoções e medos reprimidos, e para auxiliá-las a se perceberem mais claramente. Porém, a não ser que comecemos a nos desapegar dos mecanismos da mente e suas projeções, desejos e medos, iremos sair de um buraco somente para cair num outro. A terapia, portanto, deve andar de mãos dadas com o processo de desidentificação e testemunho, conhecido como meditação.
No final dos anos 70, a comuna em Puna abrigava o maior centro de terapia e crescimento do mundo, e milhares de pessoas vinham participar dos grupos de terapia e meditação, sentar com Osho em seus discursos diários e contribuir com a vida da comuna. Alguns retornavam a seus países e estabeleciam centros de meditação.
De 1981 a 1985, o experimento de comuna ocorreu nos Estados Unidos, numa região de mais de duzentos quilômetros quadrados, no alto deserto do Oregon. A ênfase primordial da vida da comuna era construir a cidade de Rajeeshpuram, um "oásis no deserto". E num período de tempo milagrosamente curto, a comuna construiu casas para cinco mil pessoas e começou a reverter décadas de estragos - devido ao excessivo uso da terra - restaurando riachos, construindo lagos e reservatórios, desenvolvendo uma agricultura auto-suficiente e plantando milhares de árvores.
Em Rajneeshpuram, meditações e programas de terapia aconteciam na Rajneesh International Meditation University. As facilidades modernas construídas para a Universidade e seu meio ambiente acolhedor possibilitaram profundidade e expansão de seus programas, o que antes não era possível. Cursos e treinamentos de longa duração foram desenvolvidos, e atraíram um grande número de participantes, incluindo muitos que já eram profissionais, mas que desejavam expandir suas habilidades e o entendimento de si mesmos.
No final de 1985, contudo, a oposição do governo local e federal a Osho e à comuna tornou impossível a continuação do experimento. A comuna foi dispersa e Osho encaminhou-se para um tour pelo mundo, concedendo entrevistas à imprensa e proferindo discursos para discípulos no Himalaia, na Grécia e no Uruguai, antes de retornar à Índia, em meados de 1986.
Em janeiro de 1987, Osho restabeleceu-se em Puna, proferindo discursos duas vezes ao dia. No prazo de alguns meses a comuna de Puna começou um programa completo de atividades e se expandiu muito mais do que anteriormente. Foi mantido o padrão de conforto moderno estabelecido nos Estados Unidos, e Osho deixou claro que a nova comuna de Puna deveria ser um oásis do século XXI, mesmo na Índia subdesenvolvida. Mais e mais pessoas vinham do Oriente, particularmente do Japão, e suas presenças trouxeram um enriquecimento correspondente nos programas de cura e de artes marciais. Artes visuais e de performance também floresceram, juntamente com a nova Escola de Mistério. A diversidade e a expansão refletiram-se na escolha, por Osho, do nome Multiversidade, que abrigava todos os programas.
E a ênfase na meditação fortaleceu-se ainda mais - esse era um tema constantemente abordado nos discursos de Osho, e ele desenvolveu e introduziu muitos novos grupos de meditação, incluindo a No-Mind, a Rosa Mística e o Born Again.
Cerca de nove meses antes de deixar seu corpo, Osho ditou a inscrição para o seu samadhi, a cripta de mármore e espelho que contém suas cinzas.

Osho - nunca nasceu, nunca morreu.
Apenas visitou este planeta Terra entre
11 de Dezembro de 1931 e 19 de Janeiro de 1990.

UM LANÇAMENTO

segunda-feira, 4 de julho de 2011

As glórias de Srila Prabhupada

As glórias de Srila Prabhupada


As glórias de Srila Prabhupada





“Então a pessoa perfeita nasce nessa Vrndavana...”

10 de junho de 1975, ISKCON Honolulu, Havaí

Enquanto em Nova Navadvipa, Srila Prabhupada fez uma declaração sobre nascer na Índia. Meus irmãos espirituais e eu ficamos inquietos com o assunto, então perguntamos sobre ele a Srila Prabhupada durante uma caminhada matinal.

“Srila Prabhupada”, eu disse. “Ontem, o senhor disse que Govinda dasi havia lhe perguntado se, em geral, temos de nascer na Índia antes de voltar ao lar e o senhor disse que sim. Então ficamos nos perguntando como é que temos de nascer antes na Índia se não vemos muitos Vaiñëavas estritos aqui”.

Meus irmãos espirituais começaram a ir, sabendo de minha forte aversão à Índia.

“A terra está lá, assim como esta terra”, Srila Prabhupada disse compassivamente. “Os Vaishnavas estão lá. Esta terra não se destina à cultura espiritual, mas, ainda assim, há Vaishnavas aqui. Similarmente, na Índia, não, há muitos Vaishnavas lá. A massa de pessoas na Índia é toda Vaishnava”.

Nós ainda precisávamos de mais esclarecimento.

“Então, por nos juntarmos a este movimento, chegamos à plataforma em que podemos nascer na Índia, em uma boa família bramânica?”, Paramahamsa perguntou.

“Não, você pode ir diretamente também, se você quiser deixar todas as outras ocupações”, Srila Prabhupada respondeu. “Shucinam shrimatam gehe. Esta é uma consideração; alguém que falha na execução. Mas, se você se torna bem-sucedido, então você vai diretamente para onde Krishna está. Krishna está em algum universo. Então, aquele que é completamente liberado, ele vai para esse universo. Como quando Krishna vem aqui. Em todo e cada universo, há uma Vrndavana. Então a pessoa perfeita nasce nessa Vrndavana, e então vai para a Vrndavana original”.

Paramahamsa ainda estava preocupado quanto a nascer na Índia.

“Aqueles que não forem capazes de manter o princípio da consciência de Krishna talvez tenham, então, de ir para a Índia na próxima vida?”, Paramahamsa continuou.

“Sim”, Srila Prabhupada respondeu. “Shrimatam, shrimatam shucinam. Então, shrimatam você pode conseguir aqui. Shrimatam significa uma família muito muito rica. Aqui você tem muitas famílias, a família Ford... mas shrimatam e shucinam. Assim, se vocês estiverem treinando muitos brahmanas, se essa cultura for firme e permanente, então também haverá muitas famílias de brahmanas aqui no ocidente”.

Srila Prabhupada bondosamente satisfez nossas mentes inquietas, e a conversa logo mudou de foco.



Srila Prabhupada, estou perdido sem sua direção. Cheguei à compreensão de que devo seguir seus passos. Envergonho-me ao lembrar de minha mentalidade ofensiva. Como me atrevi a não reconhecer Vaishnavas na terra dos Vaishnavas? O senhor gentilmente corrigiu minha atitude desrespeitosa sem me repreender. O senhor descreveu como é possível nascer neste país se “essa cultura da consciência de Krishna continuar firme”. Seu otimismo em nossa habilidade de nos tornarmos conscientes de Krishna nesta vida é o que me dá esperanças. Oro para que um dia eu possa ver todas as entidades vivas como devotos, assim como o senhor exibiu através de seu exemplo.


- Do livro “Qual a Dificuldade?”, escrito por Srutakirti Das, traduzido por Bhagavan Das (DVS)

Srila Bhaktivinoda Fala Sobre Literatura

Srila Bhaktivinoda Fala Sobre Literatura


Seleção de trechos da obra Bhaktivinoda Vani Vaibhava referente ao assunto de literatura. O Bhaktivinoda Vani Vaibhava é uma compilação de citações de Srila Bhaktivinoda Thakura organizadas a pedido de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati na forma de resposta a perguntas formuladas posteriormente aos escritos do Thakura.



Capítulo 2 – Conhecimento Védico



6. Qual é o propósito dos Vedas?

A literatura Védica ensina a pessoa a se ocupar no serviço devocional puro. De acordo com a natureza e a qualificação dos assim chamados seguidores, a literatura recomenda vários processos, como karma e jnana. Devido aos defeitos desses seguidores, várias opiniões foram produzidas. Na verdade, os Vedas são a única evidência e o mestre espiritual instrutor da humanidade. Em virtude de interpretações equivocadas, várias opiniões diferentes do serviço devocional puro foram pregadas. – Bhagavatarka-marici mala 1-6



7. O que é literatura transcendental?

Se um cego guia outra pessoa, ambos caem em um fosso; similarmente, os autores mundanos e seus seguidores cegos são desorientados e dignos de pena. Os Vedas e a literatura de acordo com os Vedas devem ser entendidos como sendo literatura transcendental. – Caitanya-siksamrta 1.2


8. O que são os Vedas?

Não é que se alguém tira um livro dos Vedas de qualquer lugar que este deve ser aceito em todo lugar. Tudo o que os acaryas das sampradayas autorizadas aceitam como Vedas, devemos aceitar, e o que quer que tenham rejeitado como falso, devemos rejeitar. – Jaiva Dharma, capítulo 13



9. Qual é a diferença entre os ensinamentos de Sri Caitanya e os ensinamentos do Bhagavad-gita, do Srimad-Bhagavatam, dos Pancaratras e dos Vedas?

O Bhagavad-gita, conhecido como Gitopanisad, foi falado pelo Senhor, e é, portanto, Vedas. As dez principais verdades ensinadas e faladas por Sri Gauranga também são Vedas. O Srimad-Bhagavatam, a essência de toda a literatura Védica, é a jóia principal entre todas as evidências. Se as declarações de outras escrituras reveladas seguem os ensinamentos dos Vedas, elas também são evidências. Os tantras são de três tipos: sáttvicos, rajásicos e tamásicos. Uma vez que os tantras sáttvicos, como o Pancaratra, pregam o significado confidencial dos Vedas, eles também são evidências. – Jaiva Dharma, capítulo 13



10. Qual é a necessidade de uma sucessão discipular perpétua?

Nenhum livro é destituído de erros. A revelação de Deus é a Verdade Absoluta, mas ela raramente é recebida e preservada em sua pureza original. A Verdade que foi revelada é absoluta, mas, no curso do tempo, ela é maculada pela natureza dos receptores, e, de geração em geração, é transformada pela contínua troca de mãos. Novas revelações, portanto, são continuamente necessárias para manter a verdade em sua pureza original. – O Bhagavatam: Sua Filosofia, Seu Sistema Ético e Sua Teologia





Capítulo 33 – Herança Cultural



4. Quando o Veda foi escrito?

Durante a governança dos Prajapatis, nenhuma escritura foi escrita; existia apenas algumas poucas palavras agradáveis. No começo, o pranava foi manifesto. A escrita ainda não havia sido introduzida. Havia apenas uma sílaba com anusvara adicionado a ela para produzim om. Quando a governança dos Manus começou, outras sílabas, como tat sat, foram introduzidas. Durante a governança dos semideuses, mantras clássicos foram compostos mediante a união de pequenas palavras. A execução de sacrifícios começou nesse tempo. Gradualmente, métricas poéticas antigas, como o Gayatri, apareceram. Caksusa Manu foi a oitava geração após Svayambhuva Manu. É dito que o Senhor Matsya apareceu durante seu reinado e resgatou o Veda. Talvez, durante esse tempo, muitas métricas poéticas e versos dos Vedas tenham sido compostos, mas estavam apenas em vibração sonora, não escritos. Eles foram transmitidos adiante por meio da audição. Depois que o Veda permaneceu nesse estado não escrito por um longo tempo e o número de versos gradualmente cresceu, tornou-se difícil compreendê-lo. Então, os sábios, encabeçados por Katyayana e Asvalayana, compuseram os sutras do Veda após cuidadosa deliberação a fim de tornar mais fácil a memorização. Ainda assim, muitos outros mantras foram compostos depois disso.

Quando o Veda único tornou-se imensamente expandido, Vyasadeva, após considerar devidamente os assuntos, dividiu o Veda em quatro e os escreveu na forma de livro. Isso ocorreu alguns anos antes do reino do rei Yudhisthira. Os discípulos de Vyasadeva então dividiram essas obras entre si mesmos. Esses rsis, que eram discípulos de Vyasadeva, dividiram os quatro Vedas em diferentes ramos de modo que as pessoas pudessem facilmente estudá-los. – Sri Krsna-samhita, Introdução


5. Quando o Ramayana foi composto?

Embora o Ramayana seja considerado poesia, ele também é história. Valmiki Rsi, que foi contemporâneo de Ramacandra, escreveu-o. Não achamos que Valmiki tenha escrito sozinho o atual Ramayana. Considerando a conversa entre Narada e Valmiki, e a recitação do Ramayana na assembléia de Ramacandra por parte de Lava e Kusa, compreende-se que Valmiki compôs muitos dos versos glorificando o caráter de Ramacandra no Ramayana, mas, após algum tempo, outro erudito desenvolveu a obra de Valmiki. Julgo que o Ramayana da atualidade tenha sido concluído após a composição do Mahabharata, porque, enquanto repreendia Jabali, Ramacandra acusa-o de ter sido poluído pela filosofia Sakya. Acredito que o Ramayana atual tenha sito escrito por volta do ano 500 a.C. – Sri Krsna-samhita, Introdução


6. Qual é a verdade acerca do Mahabharata?

É dito que Vyasadeva compôs o Mahabharata, e não há objeção a isso, mas não se pode dizer que o autor do Mahabharata foi o mesmo Vyasa que dividiu os Vedas e recebeu o título Vedavyasa na época de Yudhisthira. A razão para isso é que, no Mahabharata, há descrições de reis como Janamejaya, que regeram após Yudhisthira. Há referências específicas sobre as escrituras de Manu no Mahabharata. O Mahabharata da atualidade, portanto, deve ter sido escrito em algum período após o ano 1.000 a.C. Parece que Vedavyasa primeiramente fez um esboço do Mahabharata, e, posteriormente, outro Vyasa o elaborou e o apresentou sob o título de Mahabharata. – Sri Krsna-samhita, Introdução


7. Quando o atual Manu-samhita foi composto?

O Manu-samhita é o primeiro e principal de todos os smrtis. Não há evidência de que o Manu-samhita tenha sido escrito durante o tempo de Manu. Quando Manu tornou-se um governante proeminente, os Prajapatis fizeram com que ele se estabelecesse e vivesse em uma cidade chamada Barhismati, logo após Brahmavarta, de modo que seus filhos pudessem ser uma classe separada. A partir desse tempo, os Prajapatis se chamaram de brahmanas e aceitaram os Manus como ksatriyas. Deste modo, castas diferentes dos brahmanas foram introduzidas. Manu também concedeu o devido respeito aos brahmanas e fez arranjos para os diferentes deveres ocupacionais das diferentes castas com a ajuda dos rsis, como Bhrgu. Os rsis aprovaram o arranjo de Manu. Na época, contudo, os vários deveres ocupacionais não foram escritos. Posteriormente, quando os brahmanas e ksatriyas conflitaram, Parasurama apontou alguém da dinastia Bhrgu que soubesse esses arranjos para escrever tudo em verso. Os deveres dos vaisyas e sudras também foram incluídos. Cerca de 600 anos após a batalha de Kuruksetra, as atuais escrituras de Manu foram escritas, com a assistência de outro Parasurama, cuja posição era similar ao Parasurama original. – Sri Krsna-samhita, Introdução



Capítulo 34 – Literatura Védica



1. Quais são os principais sastras?

Os onze Upanisads: Isa, Kena, Katha, Prasna, Mundaka, Mandukya, Taittiriya, Aitareya, Chandogya, Brhad-aranyaka e Svetasvatara, que são as principais jóias dos Vedas, bem como o Brahma-sutra [Vedanta-sutra], que consiste em quatro capítulos e dezesseis divisões, são os principais sastras entre todos os sastras. – Caitanya-caritamrta Adi 7.108



2. O propósito dos Vedas é alcançar o Brahman?

Os Upanisads, o Brahma-sutra e o Bhagavad-gita são obras devocionais puras. De acordo com a necessidade, discussões referente a karma, jnana, mukti e Brahman são encontradas em lugares particulares, mas, em conclusão, nada senão o serviço devocional puro é instruído. – Bhagavad-gita, Introdução



3. O Atharva-veda e o Brhad-aranyaka Upanisad são modernos? Qual é a conclusão de Jaimini?

O Rg, o Sama e o Yajur Vedas são os mais amplamente respeitados. O Mundaka Upanisad declara, tasmad rcah sama yajumsi: “Os mantras do Rg, Sama e Yajur Vedas emanaram do Senhor Supremo”. Parece que todos os versos antigos foram compilados nesses três Vedas. Entretanto, não podemos negligenciar o Atharva Veda ou considerá-lo moderno. No Brhad-aranyaka Upanisad (4.5.11), figura o seguinte verso:


asya mahato bhutasya nihsvasitam etad yad rg-vedo yajur-vedah sama-vedo 'tharvangirasa itihasah puranam vidya upanisadah slokah sutranyanuvyakhyananyasyai vaitani sarvani nisvasitani


”O Rg, o Yajur, o Sama e o Atharva Vedas, os Itihasas ou histórias, os Puranas, os Upanisads, os slokas ou mantras cantados pelos brahmanas, os sutras ou declarações Védicas, vidya ou conhecimento transcendental, e as explicações dos sutras e mantras são todos emanações da respiração da grande Personalidade de Deus”.

O Brhad-aranyaka não pode ser considerado moderno, porque foi composto antes dos escritos de Vyasadeva. O verso mencionado acima descreve que os Itihasas e Puranas, que são ambos literatura Védica, contêm tópicos antigos similares àqueles encontrados nos Vedas. Jaimini Rsi apresentou argumentos para estabelecer que os Vedas destinam-se ao eterno benefício dos neófitos. Personalidades similares a cisnes devem aceitar o significado dos ensinamentos de Jaimini, que são como cisnes. O significado de seus ensinamentos é o seguinte: Todas as verdades descobertas são relacionadas ao Senhor Supremo e são, portanto, eternas. Aqueles que descrevem as verdades Védicas como temporárias citando os exemplos dos kikatas (residentes de classe baixa da província de Gaya, Bihar, mencionados no Rg Veda 3.53.14), naicasaka (pessoa de classe baixa, mencionados no mesmo verso) e pramangada (filhos de classe baixa de agiotas, também mencionados no mesmo verso) não estão aspirando a compreender a verdade. Esta é a conclusão de Jaimini. – Sri Krsna-samhita, Introdução


4. O que os acaryas aceitaram como literatura Védica?

Os acaryas aceitam o seguinte como literatura Védica: Onze Upanisads – Isa, Kena, Katha, Prasna, Mundaka, Mandukya, Taittiriya, Aitareya, Chandogya, Brhad-aranyaka e Svetasvatara –, que são plenos de conhecimento espiritual; alguns Tapanis – como o Gopala-tapani e o Nrsimha-tapani – os quais ajudam as pessoas a adorarem o Senhor; e os quatro Vedas – Rg, Sama, Yajur e Atharva – que são divididos em brahmanas e mangalas. Dado estas escrituras terem sido recebidas através da sucessão discipular, são obras Védicas autênticas. – Jaiva Dharma, capítulo 13



Capítulo 36 – Escritura Revelada



1. Se todos têm o direito de estudar os Puranas, eles não são inferiores aos Vedas?

Assim como todos têm o direito de cantar os santos nomes de Krsna, a essência de toda literatura Védica, todos têm o direito de estudar os Puranas e histórias, os quais são tão bons quanto os Vedas. O mesmo Vyasadeva que dividiu os Vedas compilou os Puranas e histórias; portanto, as glórias dos Puranas e histórias são iguais às dos Vedas. – Sajjana-tosani 11.10


2. Qual é o significado do Bhagavad-gita? Por que o serviço devocional foi mantido no meio do livro?

O Bhagavad-gita consiste em dezoito capítulos. Entre eles, os seis primeiros lidam com karma, os seis segundos lidam com bhakti, e os seis últimos lidam com jnana. A supremacia do serviço devocional foi estabelecida nesse livro. O serviço devocional é confidencialíssimo, mas é a vida de jnana e karma. Uma vez que ele outorga à pessoa a meta da vida, o serviço devocional foi colocado nos seis capítulos intermediários. – Bhagavad-gita, Introdução



3. De acordo com o Bhagavad-gita, qual é a meta última das entidades vivas?

O Bhagavad-gita instrui que a meta última para as entidades vivas é unicamente o serviço devocional puro. Render-se ao Senhor Supremo, a instrução mais confidencial, encontra-se nos versos conclusivos do Bhagavad-gita, começando com sarva-dharman parityajya. – Bhagavad-gita, Introdução



4. O Bhagavad-gita recomenda a luta?

O lutar de Arjuna é um exemplo de apego aos deveres ocupacionais pessoais. Lutar não é a conclusão do Bhagavad-gita. – Bhagavad-gita, Introdução



5. Qual é o significado confidencial do Bhagavad-gita?

O significado confidencial do Bhagavad-gita é que, de acordo com a natureza da pessoa, sua qualificação é determinada. Ela deve ocupar-se apenas em atividades que são necessárias para manter sua subsistência e que são prescritas de acordo com sua qualificação, e deve buscar pela Verdade Absoluta. Sua perfeição encontra-se na feitura disso. – Bhagavad-gita, Introdução



7. Mediante o estudo de qual literatura o indivíduo pode lograr auspiciosidade?

A pessoa deve estudar todos os Vedas, Smrtis, Puranas, Pancaratras e escritos conclusivos dos mahajanas nos quais os tópicos do serviço devocional puro são instruídos e discutidos. Mediante o estudo de obras contendo outras opiniões, aprende-se simplesmente argumentos inúteis. – Sajjana-tosani 11.6


8. Que escritura é a essência de todas as escrituras?

O Srimad Bhagavad-gita é a essência de todas as escrituras. Para aquele que não recebeu as instruções nectáreas do Bhagavad-gita, o estudo de outras escrituras é como um asno a carregar um grande fardo. – Sajjana-tosani 12.2


9. Que escritura revela o verdadeiro significado dos Vedas?

Os Puranas revelam a verdade referente aos Vedas. A comunidade Vaisnava acredita que a Verdade Absoluta, que é determinada na literatura Védica, como os Upanisads, é explicada nos Puranas em linguagem simples por personalidades como Parasara Muni e Vedavyasa. – Tattva-sutra 2


10. Onde se pode encontrar o verdadeiro significado dos Vedas?

Os significados das declarações Védicas são extremamente confidenciais. De maneira a ajudar o povo do mundo a compreender o significado das declarações Védicas, os grandes sábios colocaram esses significados nos Puranas. – Caitanya-caritamrta Madhya 6.143 a148



11. Qual é a diferença entre Sat-kriya-sara-dipika e o smrti composto pelos karmis?

Para proteger os deveres constitucionais dos devotos, Srimad Gopala Bhatta Gosvami compôs o livro Sat-kriya-sara-dipika. De acordo com as injunções Védicas, Aniruddha Bhatta, Bhima Bhatta e Srimad Govindananda Bhatta escreveram smrtis separados para os karmis. Sri Narayana Bhatta também escreveu um livro sobre as injunções dos smrtis para os karmis, e Sri Bhavadeva Bhatta escreveu um livro similar para pessoas que têm apreço pelos rituais Védicos. O Sat-kriya-sara-dipika foi composto a partir de declarações autênticas dos Vedas, Puranas e dharma-sastras, encabeçados pelo Manu-samhita. Após considerar cuidadosamente o assunto da nama-aparadha e rejeitar o processo de adoração aos antepassados e semideuses, Srimad Gopala Bhatta Gosvami escreveu o Sat-kriya-sara-dipika para o benefício dos devotos de Govinda, tanto aqueles que são párias como aqueles situados na plataforma de varnasrama. – Tradução do Sat-kriya-sara-dipika



Capítulo 38 – O Srimad-Bhagavatam


3. O Srimad-Bhagavatam é um livro moderno, escrito pelo homem?

O Srimad-Bhagavatam não é um livro recente. Ele é eterno e antigo como os Vedas. O respeitado Sridhara Svami confirma a eternidade do Bhagavatam utilizando as palavras tarankurah sajjanih. O Srimad-Bhagavatam é aceito como o fruto supremo da árvore-dos-desejos Védica.



nigama-kalpa-taror galitam phalam suka-mukhad amrta-drava-samyutam
pibata bhagavatam rasam alayam muhur aho rasika bhuvi bhavukah


”Ó homens peritos e reflexivos, desfrutem o Srimad-Bhagavatam, o fruto maduro da árvore-dos-desejos da literatura Védica. Ele emanou dos lábios de Sri Sukadeva Gosvami. Em razão disso, este fruto tornou-se ainda mais saboroso, embora seu suco nectáreo já fosse desfrutável por todos, inclusive pelas almas liberadas”. – Srimad-Bhagavatam 1.1.3

Do pranava (om), veio o Gayatri; do Gayatri, vieram os Vedas; dos Vedas, veio o Brahma-sutra, e, do Brahma-sutra, veio o Srimad-Bhagavatam, que é conhecido como Paramahamsa-samhita. O Srimad-Bhagavatam, que surgiu fulgurantemente como um sol sac-cida-ananda após ser refletido através do samadhi do autor, consiste em tópicos inconcebíveis relativos à Verdade Absoluta. Aqueles que têm olhos devem ver, aqueles que têm ouvidos devem ouvir, e aqueles que têm mentes devem meditar nos tópicos do Srimad-Bhagavatam. Aqueles infectados pela cegueira do preconceito são privados do sabor doce do Srimad-Bhagavatam. – Sri Krsna-samhita, Introdução


4. Qual é o verdadeiro comentário ao Vedanta?

O Srimad-Bhagavatam, composto por Vyasadeva, é o único comentário ao Vedanta-sutra. Todas as conclusões do Srimad-Bhagavatam são as verdadeiras conclusões do Vedanta. Sriman Mahaprabhu disse que, quando o próprio autor escreve o comentário, o verdadeiro significado é derivado. Portanto, o comentário Srimad-Bhagavatam deve ser aceito por todos como as declarações do Vedanta. – Sajjana-tosani 2.6


8. O que Sri Bhaktivinoda diz em relação ao Srimad-Bhagavatam ser o único livro que é benéfico a todos?

Podemos dizer que, se todas as escrituras religiosas dos Hindus forem atiradas no oceano e apenas o Srimad-Bhagavatam for preservado, não haverá nenhum prejuízo aos Arianos ou às entidades vivas comuns. – Sajjana-tosani 8.12


Capítulo 39 – Literatura Espiritual



1. Que tipo de poesia é o Sri Gita-govinda? Quem é qualificado para estudá-lo?

O Gita-govinda é um livro de poesia especial, repleto de nuanças transcendentais do serviço devocional, e ele descreve os elevados passatempos do Brahman Supremo. Não há um livro similar a ele no mundo. Visto que os leitores ordinários não podem compreender as doçuras conjugais do Senhor Supremo e visto que são afeiçoados ao desfruto material, seu estudo do Sri Gita-govinda não é perfeito. O poeta Jayadeva Gosvami não ofereceu seu livro a semelhantes leitores, senão que, ao contrário, proibiu que lessem esse livro. Para aqueles que são inexperientes nas doçuras transcendentais de Vraja, o fato de discutirem Jayadeva Gosvami e sua obra é prova de sua impudência. – Sajjana-tosani 7.2


2. Qual é o significado do Sri Ujjvala-nilamani? A ciência da consciência de Krsna está sob a jurisdição da natureza material?

O significado do Sri Ujjvala-nilamani é muito confidencial. Os passatempos de Sri Krsna são sempre transcendentais. Conquanto apareçam no mundo material, não há nenhum traço de matéria neles. Os passatempos puros e supremamente elevados de Sri Krsna aparecem neste mundo material juntamente com a Vraja de Goloka por meio da energia do Senhor para o benefício das entidades vivas. A associação entre macho e fêmea neste mundo é muitíssimo abominável. Uma entidade viva obtendo a associação de Krsna e uma forma de gopi em um corpo espiritual está além dos vinte e quatro elementos materiais. – Sajjana-tosani 10.6


3. Por que o Sat-sandarbha é muito querido aos Vaisnavas?

Sri Rupa e Sanatana são adornados pelos membros da Visva-vaisnava Raja-sabha e são seguidores de Sri Krsna Caitanyadeva, que encarnou para purificar as pessoas de Kali-yuga e outorgar-lhes a meta última da vida. Sob a guia de Sri Rupa e Sanatana, Sri Jiva Gosvami compôs esta grande obra, os Sandarbhas. Não temos a habilidade para descrever as glórias desta obra, que é dividida em seis partes. A primeira parte se chama Tattva-sandarbha; a segunda parte, Bhagavat-sandarbha; a terceira parte, Paramatma-sandarbha; a quarta parte, Krsna-sandarbha; a quinta parte, Bhakti-sandarbha, e a sexta parte, Priti-sandarbha. Todas as conclusões e pensamentos da sampradaya Vaisnava são encontrados nesta obra. – Sajjana-tosani 10.12


4. A obra Prema-tarangini encontra-se disponível na atualidade?

A obra sânscrita Prema-tarangini, escrita por Srimad Bhagavatacarya, é extremamente rara na atualidade. Temos uma fotocópia do livro, mas está repleta de erros de impressão e, em muitas partes, não faz sentido. Se algum devoto tem uma cópia do livro em boa condição, bondosamente dê para nós de modo que possamos fazer algo com ela. – Sajjana-tosani 9.12


5. Qual é a diferença entre um periódico mundano comum e um periódico espiritual? Qual é a posição dos escritos dos mahajanas?

Periódicos que fazem os leitores felizes escrevendo diariamente tópicos novos escrevem unicamente sobre variedades do mundo material, mas os tópicos do Senhor Hari são diferentes; eles jamais ficam velhos. Quanto mais alguém ouve ou fala do Senhor, mais desfruta desses tópicos. Ó leitores! Se vocês têm algum apego aos tópicos de Hari, então desfrutem as descrições escritas pelos mahajanas repetidamente. Embora este periódico seja muito pequeno; mesmo assim, em cada edição, as descrições conclusivas das nuanças do serviço devocional escritas pelos mahajanas anteriores são publicadas parte por parte. Uma vez que não há espaço para histórias mundanas neste jornal, temos que publicar composições dos grandes eruditos do passado. O mundo material está repleto de conversas disparatadas; portanto, não deixem de desfrutar os passatempos e a ciência do serviço devocional disponíveis neste pequeno jornal Sri Sajjana-tosani. Não há dúvida de que as composições dos grandes santos do passado serão mais publicadas do que os nossos próprios escritos.

Outro ponto de consideração é que aqueles que gostam de ler devem certamente ler a obra devocional dos santos anteriores. Se tais leitores gradualmente mergulharem nesses escritos e os saborearem, certamente obterão imenso prazer. Infelizmente, adoramos ler nossos próprios escritos ou os escritos de autores modernos. Todavia, quando nos absorvemos profundamente nas composições dos mahajanas, não mais gostamos das composições modernas. O ponto é que pensamos que podemos compor melhor do que os mahajanas, mas, quando essa ilusão é destruída, não mais gostamos das composições modernas. Grandes personalidades e poetas não vêm sempre ao mundo material. Eles são raros. Portanto, é muito difícil encontrar poetas como Jayadeva Gosvami e Srila Rupa Gosvami. Somente quando alguns receptáculos da misericórdia de Sri Krsna aparecerem neste mundo iremos novamente ver livros como o Sri Gita-govinda e o Sri Bhagavatamrta. Sentir-se feliz lendo as obras de autores e poetas modernos é como imaginar que se está desfrutando de leite enquanto se bebe leitelho em virtude da indisponibilidade de leite.

Não encontramos composição alguma mais doce do que aquelas dos mahajanas. Oh! Que livro pode ser mais instrutivo sobre rasa do que o Bhakti-rasamrta-sindhu? Todas as glórias a Sri Rupa Gosvami! Todas as glórias a Sri Sanatana Gosvami! Não encontramos nenhuma composição doce e conclusiva senão suas composições. Ó leitores, por favor, desfrutem diariamente da essência do Sri Brahma-samhita, Sri Krsna-karnamrta e Sri Bhagavatamrta. – Sajjana-tosani 10.5


6. Srila Vrndavana dasa Thakura é o poeta Bengali original?

Sri Vrndavana dasa Thakura é certamente o poeta Bengali original. Conquanto houvesse outros devotos, como Candidasa, que também houvessem composto canções, nenhum deles compôs poemas. A obra Krsna-mangala ou Krsna-vijaya escrita por Maladhara Vasu contém canções. – Do artigo "Srila Thakura Vrndavana dasa"


7. Em quais livros os ensinamentos de Sriman Mahaprabhu estão disponíveis? Por que o Sri Caitanya-caritamrta deveria ser aceito sob todos os aspectos?

Os Gosvamis compuseram muitos livros. Embora os ensinamentos de Mahaprabhu se encontrem neles, não há nada mencionado sobre os próprios escritos de Mahaprabhu. O Sri Caitanya-caritamrta é um livro autêntico. Ele é inteiramente enriquecido com as características e instruções do Senhor. Essas instruções do Senhor são completamente confirmadas pelas declarações dos Gosvamis. O Sri Caitanya-caritamrta é tido, portanto, como o livro mais respeitável. Logo após o desaparecimento de Mahaprabhu, Sri Krsnadasa Kaviraja Gosvami compôs este livro. Muitos discípulos diretos de Sriman Mahaprabhu, como Sri Rupa Gosvami e Sri Raghunatha dasa Gosvami, ajudaram Sri Kaviraja Gosvami na composição do Sri Caitanya-caritamrta. Antes disso, Sri Kavi-karnapura ajudou Sri Kaviraja Gosvami de muitas maneiras escrevendo o Sri Caitanya-candrodaya-nataka e Sri Vrndavana dasa Thakura ajudou Sri Kaviraja Gosvami de muitas maneiras escrevendo o Sri Caitanya-bhagavata. Considerando todos os aspectos, somos compelidos a aceitar o Sri Caitanya-caritamrta. – Caitanya-siksamrta


8. As entidades vivas podem se beneficiar lendo tópicos de Hari escritos na forma de romances?

Atualmente, as pessoas amam ler romances. O nosso dever é ensinar a ciência do serviço devocional pouco a pouco através de romances, como a ministração de uma dose de medicamento homeopático. Injetando pequenas quantias de conhecimento espiritual nos corações dos materialistas, seus corações se tornarão fiéis ao serviço devocional. – Sajjana-tosani 10.12


9. Devemos oferecer algum respeito aos livros dos sahajiyas?

Amrta-rasavali é uma obra puramente sahajiya. Nesse livro, está escrito: “A vida de alguém que não pode compreender o significado de espontaneidade, e que não se torna sahaja, ou espontâneo, é inútil”. Muitos de tais livros são encontrados entre os adulas e sahajiyas. Enquanto procurando por alguns livros, encontramo-nos com alguns de tais livros. Após lê-los, sentimo-nos enojados; nós os atiramos no Ganges e assim nos tornamos purificados. – Sajjana-tosani 10.12





Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – Outras traduções disponíveis em www.devocionais.xpg.com.br