quarta-feira, 13 de julho de 2011

Artigo - Excerto da obra Ciência da Autorrealização

Excerto da obra Ciência da Autorrealização, de autoria de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, cortesia BBT Brasil (www.bbt.org.br). Todos os direitos reservados.



A Arte de Morrer



Embora a imprensa esteja geralmente obcecada pela violência e pela morte, a nossa percepção da morte é superficial. Srila Prabhupada observa: “Enquanto o homem está em pleno vigor da vida, ele se esquece da crua verdade da morte, a qual ele terá de enfrentar”. Como podemos eficientemente lidar com nossa própria morte certamente vindoura? Neste ensaio, publicado pela primeira vez no an­tigo formato em tabloide da revista De Volta ao Supremo, em 20 de abril de 1960, Srila Prabhupada explica como os antigos ensinamentos do Srimad-Bhagavatam nos fornecem uma resposta prática.



Uma criança caminhando com seu pai faz perguntas constante­mente. Ela pergunta muitas coisas estranhas a seu pai, e o pai tem de satisfazê-la com respostas apropriadas. Quando eu era um jovem pai, em minha vida de casado, eu era inundado com centenas de perguntas feitas por meu segundo filho, que era meu companheiro constante. Certo dia, sucedeu de um cortejo de casamento passar por nosso ônibus, e, como de costume, o menino de quatro anos perguntou-me o que era aquela grande procissão. Eu lhe dei todas as respostas possíveis às suas mil e uma perguntas relativas ao cor­tejo de casamento, e finalmente ele perguntou se o seu próprio pai era casado. Esta pergunta provocou altas gargalhadas entre todos os cavalheiros adultos presentes, embora o menino ficasse per­plexo, sem entender por que eles gargalhavam. De qualquer modo, o menino ficou de algum modo satisfeito com seu pai casado.



A moral deste incidente é que, uma vez que o ser humano é um animal racional, ele nasce para fazer perguntas. Quanto maior o número de perguntas, maior o avanço de conhecimento e ciência. Toda a civilização material baseia-se neste volume originalmente extenso de perguntas feitas por jovens a seus semelhantes mais velhos. Quando as pessoas mais velhas dão as respostas adequadas às perguntas dos jovens, a civilização progride, um passo após o outro. O homem mais inteligente, contudo, indaga a respeito do que acontece após a morte. Os menos inteligentes fazem perguntas de menor relevância, mas as perguntas daqueles que são mais inteligentes são cada vez mais relevantes.



O Rei Indagador



Entre os homens mais inteligentes estava Maharaja Pariksit, o grande rei do mundo inteiro, que recebeu inesperadamente a maldição de um brahmana de ser morto pela mordida de uma serpente dentro de sete dias. O brahmana que o amaldiçoou não passava de um menino, porém era muito poderoso e, porque não conhecia a importância do grande rei, ele tolamente o amaldiçoou. Mais tarde, isto foi motivo de lamentação para o pai do menino, o qual o rei havia ofendido. Quando o rei foi informado da desventurada maldição, ele imediatamente deixou seu lar palaciano e dirigiu-se às margens do Ganges, que ficava próximo à sua capital, a fim de preparar-se para a sua morte iminente. Por ser um grande rei, quase todos os grandes sábios e acadêmicos erudi­tos reuniram-se no local onde o rei estava jejuando antes de deixar seu corpo mortal. Por fim, Sukadeva Gosvami, o mais jovem santo contemporâneo do rei, também chegou ali, e foi unanime­mente aceito para presidir o encontro, embora seu grande pai tam­bém estivesse presente. O rei respeitosamente ofereceu a Sukadeva Gosvami o assento de honra principal e fez-lhe perguntas relevan­tes, relativas a seu desaparecimento do mundo mortal, que ocor­reria ao fim de sete dias. O grande rei, sendo um digno descendente dos Pandavas, que eram todos grandes devotos, fez as seguintes perguntas relevantes ao grande sábio Sukadeva: “Meu caro senhor, és o maior dos grandes transcendentalistas, em razão do que submis­samente peço permissão para apresentar-te minhas dúvidas neste momento. Estou à beira da morte. Portanto, o que devo fazer neste momento crítico? Por favor, diz-me, meu senhor – o que devo ouvir, o que devo adorar ou de quem devo lembrar-me agora? Um grande sábio como tu não fica na casa de um chefe de família mais do que o necessário, e, por isso, para a minha boa sorte, bondosamente apareceste aqui no momento de meu morrer. Por favor, portanto, dá-me tuas orientações nesta hora crítica”.



Ao ser assim amavelmente solicitado pelo rei, o grande sábio respondeu a suas perguntas com autoridade, pois o sábio era um grande erudito transcendental e era igualmente bem equipado de qualidades divinas, visto ser ele o digno filho de Badarayana, ou Vyasadeva, o compilador original da literatura védica.



Sukadeva Gosvami disse: “Meu caro rei, tua pergunta é muitís­simo relevante e é também benéfica a todas as pessoas em todos os tempos. Tais perguntas, que são as mais elevadas de to­das, são relevantes porque são confirmadas pelos ensinamentos do vedanta-darsana, a conclusão do conhecimento védico, e são atmavit-sammatah; em outras palavras, as almas liberadas, que têm conhecimento pleno de sua identidade espiritual, apresentam essas perguntas relevantes a fim de obterem informações mais detalhadas sobre a Transcendência”.



O Srimad-Bhagavatam é o comentário natural sobre o grande Vedanta (ou Sariraka) sutra, que foi compilado por Srila Vyasadeva. O Vedanta-sutra é a mais elevada obra védica, e contém o núcleo de perguntas básicas sobre o tema transcenden­tal do conhecimento espiritual. Contudo, embora Srila Vyasadeva houvesse compilado esse grande tratado, sua mente não ficara satisfeita. En­tão, aconteceu de Vyasadeva encontrar Sri Narada, seu mestre espiritual, que o aconselhou a descrever a identidade da Personalidade de Deus. Ao receber este conselho, Vyasadeva meditou sobre o princípio do@@@ bhakti-yoga, que lhe mostrou distintamente o que é o Absolu­to e o que é a relatividade, ou maya. Tendo auferido perfeita sabedoria acerca desses fatos, ele compilou a grande narração do Srimad-Bhagavatam, ou o belo Bhagavatam, que começa com os fatos históri­cos relativos à vida de Maharaja Pariksit.



O Vedanta-sutra começa com a indagação chave sobre a Trans­cendência, athato brahma-jijnasa: “Agora, deve-se indagar acerca de Brahman, ou a Transcendência”.



A Morte e a Vida Transcendental



Enquanto um homem está em pleno vigor da vida, ele se esquece da crua verdade da morte, a qual ele terá de enfrentar. Assim, um homem tolo não faz indagações relevantes sobre os verdadeiros problemas da vida. Todos pensam que jamais morrerão, embora vejam evidências da morte diante de seus olhos a cada segundo. Eis aqui a distinção entre animalismo e humanidade. Um animal como a cabra não percebe sua morte iminente. Embora sua irmã cabra esteja sendo sacrificada, a cabra, estando iludida pelo capim verde que se lhe oferece, permanecerá pacificamente esperando para ser sacrificada em seguida. Por outro lado, se um ser humano vê seu semelhante sendo morto por um inimigo, ele ou luta para salvar seu irmão ou se afasta, se possível, para salvar sua própria vida. Esta é a diferença entre o homem e a cabra.



O homem inteligente sabe que a morte nasce juntamente com seu próprio nascimento. Ele sabe que está morrendo a cada se­gundo e que o toque final será dado tão logo seu período de vida termine. Por isso, ele se prepara para a próxima vida ou para a libe­ração da doença de repetidos nascimentos e mortes.



O tolo, contudo, não sabe que esta forma humana de vida é ob­tida após uma série de nascimentos e mortes imposta no passado pelas leis da natureza. Ele não sabe que a entidade viva é um ser eterno, que não tem nascimento nem morte. Nascimento, morte, velhice e doença são imposições externas exercidas sobre a enti­dade viva e se devem a seu contato com a natureza material e a seu esquecimento de sua natureza divina e eterna e da unicidade qualita­tiva com o Todo Absoluto.



A vida humana provê a oportunidade de conhecer esse fato eterno. Assim, o próprio começo do Vedanta-sutra acon­selha que, por termos esta valiosa forma de vida humana, é nosso dever – agora – indagar: O que é Brahman, a Verdade Absoluta?



Um homem que não é inteligente o bastante não indaga acerca dessa vida transcendental, senão que indaga sobre muitos assun­tos irrelevantes, que não se relacionam à sua existência eterna. Desde o começo de sua vida, ele indaga à sua mãe, pai, mestres, professores, livros e tantas outras fontes, mas não obtém o tipo correto de informação sobre sua vida real.



Como mencionamos anteriormente, Pariksit Maharaja recebeu o aviso de que morreria dentro de sete dias e imediatamente deixou seu palácio a fim de se preparar para o próximo estágio de vida. O rei tinha pelo menos sete dias à sua disposição, durante os quais poderia se preparar para a morte, mas, quanto a nós, apesar de sabermos sem dúvida que nossa morte é certa, não temos informação da data determinada para sua ocorrência. Não sei se encontrarei com a morte no próximo instante. Mesmo um homem tão grandioso como Mahatma Gandhi não conseguiu calcular que encontraria sua morte dentro de breves cinco minutos, nem puderam os seus gran­des companheiros adivinhar sua morte iminente. Não obstante, todos esses cavalheiros apresentavam-se como grandes líderes do povo.



É a ignorância da morte e da vida que distingue o animal do ho­mem. Um homem, no verdadeiro sentido do termo, indaga acerca dele mesmo e do que ele é. De onde ele veio para esta vida, e para onde ele vai após a morte? Por que ele é colocado sob as tribulações das três espécies de misérias apesar de não as querer? Co­meçando da infância, uma pessoa indaga sobre muitas coisas em sua vida, mas nunca indaga sobre a real essência da vida. Isso é animalismo. Não há diferença entre um homem e um animal no que diz respeito aos quatro princípios da vida animal, pois todo ser vivo existe comendo, dormindo, temendo e acasalando-se. No entanto, apenas a vida humana destina-se a indagações relevantes acerca de fatos sobre a vida eterna e a Transcendência. A vida humana destina-se, portanto, à busca da vida eterna, e o Vedanta-sutra nos aconselha a conduzir essa busca agora ou nunca. Se deixamos de investigar agora esses relevantes assuntos sobre a vida, certamente voltaremos novamente ao reino animal através das leis da natureza. Portanto, mesmo que um homem tolo pareça avançado em ciência material – isto é, em comer, dormir, temer, acasalar-se e assim por diante –, ele não pode livrar-se das mãos cruéis da morte através das leis da natureza. A lei da natureza funciona sob três modos – bondade, paixão e ignorância. Aqueles que vivem sob condições de bondade são promovidos às posições espirituais supe­riores de vida, e aqueles que vivem sob condições de paixão per­manecem estacionados no mesmo lugar no mundo material onde estão agora, mas aqueles que vivem sob condições de ignorância são certamente degradados às espécies inferiores.



A situação moderna da civilização humana é precária porque não oferece educação sobre pesquisas relevantes dos princípios es­senciais da vida. Como animais, as pessoas não sabem que serão abatidas pelas leis da natureza. Elas se satisfazem com um punhado de capim verde, ou uma assim chamada vida alegre, como a cabra esperando no matadouro. Considerando tal condição de vida humana, estamos apenas tentando humildemente salvar o ser humano através da mensagem deste periódico De Volta ao Supremo. Este método não é fictício. Se realmente tiver que haver uma era de realidade, esta mensagem do periódico De Volta ao Supremo é o começo dessa era.



Grhamedhis e Grhasthas



Segundo Sri Sukadeva Gosvami, o fato real é que um grhamedhi, ou uma pessoa que se atou, como a cabra destinada ao abate, aos afazeres para com a família, a sociedade, a comunidade, a nação ou a humanidade em geral, no que diz respeito aos problemas e necessidades da vida animal – a saber, comer, dormir, temer e acasalar-­se – e que não tenha conhecimento da Transcendência, não passa de um animal. Ele pode ter indagado sobre assuntos físicos, políticos, econômicos, culturais, educacionais ou outros assuntos se­melhantes de interesse material e temporário, mas, se ele não houver indagado sobre os princípios da vida transcendental, deve ser con­siderado um cego impelido por sentidos descontrolados e prestes a cair em uma vala. Essa é a descrição do grhamedhi.



O oposto do grha-medhi, contudo, é o grha-stha. O grhastha-­asrama, ou o abrigo da vida familiar espiritual, é como a vida de um sannyasi, o membro da ordem renunciada. Independente se o indivíduo é chefe de família ou renunciante, o ponto importante é o ponto das perguntas relevantes. Um sannyasi é falso se não se interessa por perguntas relevantes, e um grhastha, ou chefe de família, é fidedigno se sente inclinação a fazer tais perguntas. O grhamedhi, entretanto, está simplesmente interessado nas neces­sidades animais da vida. Pelas leis da natureza, a vida do grhamedhi é cheia de calamidades, ao passo que a vida do grhastha é cheia de felicidade. Mas, na civilização humana moderna, os grhamedhis estão se fazendo passar por grhasthas. Devemos, portanto, saber quem é o quê. A vida do grhamedhi é cheia de vícios porque ele não sabe como conduzir uma vida familiar. Ele não sabe que, além de seu controle, está um poder que supervisiona e controla suas ativi­dades, e ele não tem concepção de sua vida futura. O grhamedhi é cego para o futuro e não tem capacidade de fazer perguntas relevantes. Sua única qualificação é que ele está atado pelos grilhões do apego às coisas falsas com que se entretém em sua existência temporária.



À noite, tais grhamedhis desperdiçam seu tempo valioso dormindo ou satisfazendo suas diferentes variedades de impulsos sexuais frequentando exibições de cinema, clubes e casas de jogos, onde se entregam a mulheres e bebedeiras desbragadamente. E, durante o dia, eles desperdiçam sua vida valiosa acumulando di­nheiro ou, se têm dinheiro suficiente para gastar, proporcionando conforto para os membros de sua família. Seu padrão de vida e suas necessidades pessoais aumentam com o crescimento de sua renda monetária. Assim, não há limites para seus gastos, e eles nunca estão saciados. Consequentemente, há competição ilimitada no campo do desenvolvimento econômico, e, por isso, não há paz em nenhuma sociedade do mundo humano.



Todos se envolvem com os mesmos problemas de ganhos e gas­tos, mas, em última análise, têm de depender da misericórdia da mãe natureza. Quando há escassez na produção ou há distúrbios causados pela providência, o pobre político fazedor de planos culpa a natureza cruel, mas cuidadosamente evita examinar como e por quem as leis da natureza são controladas. O Bhagavad-gita, contudo, explica que as leis da natureza são controladas pela Per­sonalidade de Deus Absoluta. Só Deus é o controlador da natureza e das leis naturais. Às vezes, ambiciosos materialistas examinam um fragmento da lei da natureza, mas nunca se importam em co­nhecer aquele que fez essas leis. A maioria deles não crê na exis­tência de uma pessoa absoluta, ou Deus, que controla as leis da natureza. Ao contrário, simplesmente se preocupam com os princípios pelos quais diferentes elementos interagem, mas não fa­zem referência à direção última que possibilita tais interações. Eles não têm perguntas ou respostas relevantes a este respeito. O segundo dos Vedanta-sutras, entretanto, responde à pergunta es­sencial sobre o Brahman, afirmando que o Brahman Supremo, a Transcendência Suprema, é aquele de quem tudo é gerado. Em última análise, Ele é a Pessoa Suprema.



O tolo grhamedhi não só ignora a natureza temporária do tipo particular de corpo por ele obtido, mas também está cego para a verdadeira natureza do que está acontecendo diante dele nos afa­zeres diários de sua vida. Ele pode ver seu pai morrer, sua mãe morrer, ou um parente ou vizinho morrer, porém ele não faz perguntas relevantes sobre se os outros membros existentes de sua família morrerão ou não. Às vezes, ele pensa e sabe que todos os membros de sua família morrerão hoje ou amanhã, e que ele tam­bém morrerá. Ele talvez saiba que todo o espetáculo familiar – ou todo o espetáculo de comunidade, sociedade, nação e todas essas coisas – é apenas uma bolha temporária no ar, que não tem valor algum, mas ele, tal qual um louco, busca esses arranjos temporários e não se interessa por nenhuma pergunta relevante. Ele não tem conhecimento de para onde vai após a morte. Ele tra­balha arduamente fazendo arranjos temporários para sua família, para sua sociedade ou para sua nação, mas nunca faz nenhum arranjo futuro, nem para si mesmo nem para os demais que desaparecerão desta atual fase de vida.



Em um veículo público como um vagão de trem, encontramos e sentamo-nos junto a alguns amigos desconhecidos e nos torna­mos membros do mesmo veículo por pouco tempo, mas, no devido tempo, separamo-nos, e nunca mais nos encontramos. Analogamente, em uma extensa jornada de vida, obtemos um assento tem­porário em uma assim chamada família, país ou sociedade, mas, quando se esgota o tempo, somos separados uns dos outros contra nossa vontade, para nunca mais nos encontrarmos. Há muitas per­guntas relevantes acerca de nossos arranjos temporários na vida e de nossos amigos nesses arranjos temporários, mas um homem que é grhamedhi nunca indaga sobre coisas de natureza permanente. Todos nós estamos atarefados, fazendo planos permanentes em vários graus de liderança, sem conhecer a natureza permanente das coisas tais como elas são. Sripada Sankaracarya, que especial­mente se esforçou para eliminar esta ignorância da sociedade e que advogou o culto do conhecimento espiritual em relação com o oni­penetrante Brahman impessoal, disse em desespero: “As crianças estão ocupadas em brincar, os rapazes estão ocupados em ditos casos amorosos com as moças, e os velhos estão seriamente meditando sobre como ajustar uma frustrada vida de pelejas. Mas, ai de mim, ninguém está disposto a indagar relevantemente sobre a ciência de Brahman, a Verdade Absoluta”.



A Orientação Derradeira à Humanidade



Sri Sukadeva Gosvami, a quem Maharaja Pariksit pediu orien­tação, respondeu às relevantes perguntas do rei, aconselhando-o da seguinte maneira:



tasmad bharata sarvatma

bhagavan isvaro harih

srotavyah kirtitavyas ca

smartavyas cecchatabhayam



“Ó descendente de Bharata, é dever dos homens mortais indagar sobre a Personalidade de Deus, ouvir sobre Ele, glorificá-lO e me­ditar nEle – Ele que é a pessoa mais atrativa devido à plenitude de Sua opulência. Ele Se chama Hari porque apenas Ele pode desfazer a existência condicionada de um ser vivo. Se queremos realmente nos livrar da existência condicionada, devemos fazer perguntas rele­vantes sobre a Verdade Absoluta para que Ele Se sinta inclinado a conceder-nos a perfeita liberdade da vida”. (Srimad-Bhagavatam 2.1.5)



Sri Sukadeva Gosvami usa particularmente quatro palavras em relação à Absoluta Personalidade de Deus. Essas palavras dis­tinguem a Pessoa Absoluta, ou Parabrahman, de outras pessoas, que são qualitativamente iguais a Ele. A Absoluta Personalidade de Deus é chamada sarvatma, ou onipenetrante, porque nin­guém está à parte dEle, embora ninguém tenha essa compreensão. A Personalidade de Deus, através de Sua representação plenária, reside no coração de todos como Paramatma, a Superalma, junta­mente com cada alma individual. Portanto, toda alma individual tem um relacionamento íntimo com Ele. O esquecimento desse ín­timo relacionamento existente eternamente com Ele é a causa da vida condicionada desde tempos imemoriais. Todavia, por Ele ser Bhagavan, ou a personalidade suprema, Ele pode imediatamente reciprocar ante o chamamento de um devoto. Ademais, por Ele ser a pessoa perfeita, Sua beleza, Sua opulência, Sua fama, Sua força, Sua conhecimento e Sua renúncia são todos fontes ilimitadas de bem-aventurança trans­cendental para a alma individual. A alma individual se atrai por todas essas diferentes opulências quando elas são im­perfeitamente representadas por outras almas condicionadas, mas a alma individual não se satisfaz com essas representações imperfeitas, em virtude do que perpetuamente busca o perfeito. A beleza da Personali­dade de Deus é incomparável, e igualmente incomparáveis são Seu conhecimento e Sua renúncia. Mas, acima de tudo, Ele é isvara, ou o controlador su­premo. No momento, estamos sendo controlados pela ação policial desse grande rei. Esse controle policial é imposto sobre nós por causa de nossa desobediência à lei. No entanto, porque o Senhor é Hari, Ele é capaz de fazer desaparecer a nossa vida condicionada, dando-nos total liberdade na existência espiritual. Portanto, é dever de todo homem fazer perguntas relevantes sobre Ele e, desse modo, voltar ao Supremo.



Revisão de Karunika devi dasi e Bhagavan dasa

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