segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lançamento - Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano de Galileu Galilei



Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano
de Galileu Galilei
Tradução de Pablo Rubén Mariconda


Coedição: Editora 34 / Associação Filosófica Scientiae Studia

888 p. - 17 x 25 cm


O Diálogo sobre os dois máximos sistemas encerra o período de 1610 a 1632, no qual Galileu realiza uma impressionante campanha a favor do copernicanismo e da liberdade de pensamento, que ultrapassa as fronteiras da ciência para dirigir-se ao público em geral, ao conjunto da cultura organizada de sua época. Por isso, o Diálogo é uma obra de combate, cujo objetivo indisfarçável é o de fazer rever o édito de 1616 da Inquisição romana que proibia o De revolutionibus de Copérnico. Para alcançar essa meta, uma estratégia científica incisiva e precisa: provar o movimento da Terra por meio de uma explicação mecânica das marés. Galileu realiza essa tarefa passo a passo, destruindo na Primeira Jornada a cosmologia tradicional, justificando na Segunda e Terceira Jornadas os movimentos de rotação e translação da Terra, para na Quarta Jornada, com base no duplo movimento da Terra, explicar as marés. Ao afirmar assim o caráter planetário da Terra, Galileu destrói os fundamentos antropocêntricos da visão tradicionalista cristã. E, de fato, será condenado em 1633 por esta obra que inaugura a ciência moderna e redesenha o mapa da cultura ocidental.


O autor
Galileu Galilei

Um dos maiores gênios que a Itália possuiu, no decorrer dos séculos, foi, certamente Galileu Galilei. Nasceu em Pisa, em 1564; o pai, Vicente era homem de notável engenho e vasta cultura e foi ele o primeiro professor de Galileu, ao qual transmitiu aquilo que deveria ser o aspecto mais característico de sua personagem: a independência de pensamento, que o levaria a crer, antes de tudo, no que lhe parecia certo e seguro, aprendido por experiência direta, embora em contraste com o que os outros julgavam verdadeiro. Este foi, por certo, um dos méritos principais de Galileu, que é celebrado, de fato, como o primeiro afirmador do "método experimental": ele não cansava de repetir que o conhecimento de tudo o que nos cerca deve derivar somente das "sensatas experiências" e das "demonstrações necessárias" (isto é, matemática) e que "somente é mestra a Natureza". Galileu gastou sua vida em indagar, pesquisar, descobrir, certificar, pelos recursos da experiência, a verdade e as leis da Natureza, confirmando com justiça o que um século antes afirmava Leonardo: "A experiência não falha nunca, falham somente os nossos juízos".

Ainda bem jovem, Galileu foi matriculado na Universidade de sua cidade, para fazer o curso de medicina, mas os problemas da mecânica e da matemática o atraíam sempre mais. Um dia, Galileu estava no Duomo de Pisa, quando sua curiosidade foi atraído pelo movimento de uma lâmpada, que, pendurada a uma longa corda e empurrada pelo sacristão, que acabara de acendê-la, oscilava com aquele típico movimento que nós chamamos "pendular". Galileu experimentou, por brincadeira, medir, com as batidas do próprio pulso, o tempo empregado pela lâmpada para cumprir uma oscilação e percebeu que os tempos de oscilação eram sempre iguais. Teve, então, a maravilhosa intuição de que aquele movimento tão regular podia ser explorado justamente para medir o tempo, e, em seguida, após haver anunciado a lei do "isocronismo" do pêndulo, desenhou, ele mesmo, um modelo de relógio a pêndulo.

Ao pesquisar em outro livro, notei outro argumento para a descoberta: Quando estudante de Filosofia e Medicina em Pisa, percebeu que um candelabro balançava, preso à abóbada e notou que as oscilações eram isócronas, o que lhe deu a idéia de aplicar o processo ao pêndulo para medir o tempo.

Ainda ao período pisano pertence outra importante descoberta de Galileu: a da queda dos sólidos. O grande cientista demonstrou que duas esferas iguais, mas de peso diferente, deixadas cair da mesma altura, tocam a terra no mesmo instante. Demonstrou esta sua lei com uma experiência efetuada em Pisa. Realmente até então, todos acreditavam que, quanto mais um corpo fosse pesado, tanto mais velozmente teria chegado à terra.

Após um incidente com o João dei Medici, filho do Grão Duque de Toscana (Galileu analisou uma máquina feita por ele para drenar o porto de Livorno, e disse que a máquina nada valia. Àquele tempos, dizer a verdade a um poderoso, em certos casos, não era permitido, e Galileu teve de tomar o caminho do exílio), que junto à pouca remuneração fez Galileu mudar-se para Pádua, pois de lá recebeu, como em Pisa, a cátedra da Universidade de Pádua, cidade esta onde ficou durante 18 anos, período mais fecundo de sua vida. Lá, pôde-se dedicar-se completamente aos seus estudos; suas descobertas foram numerosas e engenhosíssimas, impossível de numerá-las aqui. Construiu um "compasso geométrico", uma espécie de régua calculadora para executar, rapidamente, difíceis operações matemáticas, inventou o "termo-baroscópio" para medir a pressão atmosférica, do qual derivou, mais tarde, o termômetro, estudou as leis das máquinas simples (alavanca, plano inclinado etc.) — e estes estudos são, até hoje, o fundamento da mecânica —, examinou as cordas vibráteis dos instrumentos musicais, ocupou-se com a velocidade da luz, inventou o binóculo e a balança hidrostática. Em 1609, conseguiu construir um telescópio, bem mais aperfeiçoado do que aqueles que então existiam, e usou-o para explorar os céus. Em 25 de agosto daquele ano, apresentou o novo aparelho ao cenáculo vêneto, provocando grande espanto e admiração, e, desde esse dia, Galileu, já matemático, físico, filósofo, tornou-se, também, astrônomo: em breve tempo, fez mais descobertas do que as que tinham sido feitas durante séculos: estudou as constelações Plêiades, Orion, Câncer e a Via Láctea, descobriu as montanhas lunares, as manchas solares, o planeta Saturno, os satélites de Júpiter e as fases de Vênus.

Em 1610, finalmente, pôde regressar a Pisa, com todas as honras, e foi nomeado matemático "superordinário" da Universidade e filósofo do sereníssimo Grão Duque, desta vez com o ordenado de 1.000 escudos por ano.

Foi a Roma, para mostrar suas invenções ao Papa Paulo V, sendo recebido com grandes honrarias. Suas descobertas astronômicas o haviam convencido de que a Terra não ficava no centro do Universo, como geralmente se acreditava, e sustentou esta tese, já enunciada também por Copérnico, com todas suas forças. Alguns de seus inimigos convenceram o Papa que as teorias de Galileu eram mais danosas para a religião do que as heresias de Lutero e de Calvino. Foi perseguido, processado duas vezes e obrigado a abjurar, publicamente, suas teorias, e, depois, banido, em estado de detenção, para uma vila de Arcetri, perto de Florença. Os últimos anos de sua vida foram, por isso, particularmente, amargurados, e ainda porque seus longos estudos ao telescópio cansaram de tal forma sua vista que o conduziram à cegueira. Além de estar cego e magoado pela maldade e incompreensão dos homens, Galileu foi colhido por outra grave desventura, que tornou ainda mais amargos os últimos anos de sua vida: a morte de sua filha Virgínia, que se dedicara à vida religiosa, sob o nome de Soror Maria Celeste. Esta suave figura feminina tinha sido de grande conforto ao pai, a quem ela assistira, espiritualmente, até quando, com apenas 34 anos, a morte lhe truncou a jovem existência.

A 8 de janeiro de 1642, cercado por alguns íntimos, desaparecia Galileu Galilei, deixando a Humanidade o fruto do seu grande e multiforme gênio.



O tradutor
Pablo Rubén Mariconda, nascido em 1949 na cidade de Buenos Aires, é desde 2005 Professor Titular de Filosofia da Ciência no Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Desde 2003 é editor responsável da Scientiae Studia - Revista Latino-Americana de Filosofia e História da Ciência.
Além das traduções comentadas de Galileu Galilei, Duas novas ciências (Nova Stella/Istituto Italiano di Cultura, 1987) e o Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano (Discurso/Fapesp, 2001; Discurso/Imprensa Oficial, 2004; Editora 34/Scientiae Studia, 2011), publicou, em coautoria com Júlio Vasconcelos, Galileu e a nova física (Odysseus, 2006).




Simulation of the Ptolemaic geocentric model and then the Copernican heliocentric model of the solar system, from 1543-1550; original movie by Rick Pogge, using Starry Night Pro (v3.0.2); Download original video from http://www.astronomy.ohio-state.edu/~pogge/Ast161/Movies/




UM LANÇAMENTO

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