quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Correspondência Bhaktivedanta: Dr. Wilfred O. Bigelow





Das correspondências de Prabhupada selecionadas para publicação no Amigos de Krishna, lemos um capítulo da obra A Ciência da Autorrealização. Em 1972, um distinto grupo de profissionais se reuniu na cidade Windsor, no Canadá, para discutir “os problemas as­sociados às tentativas de definir o momento exato da morte”. Entre os membros do grupo, encontravam-se o Dr. Wilfred O. Bigelow, cardiologista mundialmente famoso; o senhor juiz Edson L. Haines, da Suprema Corte de Ontário; e Francis Leddy, reitor da Universidade de Windsor. O Dr. Bigelow defendia a existência da alma, e solicitou uma investigação sistemática para determinar o que é a alma e de onde ela vem. Os comentários do Dr. Bigelow e dos outros membros do grupo foram logo publicados na Montreal Gazette. Quando Srila Prabhupada leu o artigo, ele escreveu uma carta ao Dr. Bigelow, na qual apresentou conhe­cimento védico substancial acerca da ciência da alma, e sugeriu um método prático para entendê-la cientificamente. Em conti­nuação, reproduzimos o artigo e a resposta de Srila Prabhupada. Cortesia BBT Brasil.



* * *



Manchete: Cirurgião Cardiologista Quer Saber o que É a Alma



WINDSOR – Um cirurgião cardiologista do Canadá mundial­mente famoso diz acreditar que o corpo possui uma alma que parte à hora da morte e sobre a qual os teólogos deviam tentar descobrir mais.



Dr. Wilfred O. Bigelow, chefe da unidade de cirurgia cardiovas­cular do Hospital Geral de Toronto, disse que, “sendo uma pessoa que crê na existência de uma alma”, ele achava que era chegado o momento de “desvendar o mistério dessa alma e descobrir o que ela é”.



Bigelow foi membro de um júri convocado perante a Sociedade Médico-legal do Condado de Essex para discutir problemas ligados às tentativas de definir o momento exato da morte.



A questão tem se tornado vital na era dos transplantes de co­rações e outros órgãos cedidos por doadores sujeitos a morrer inevitavelmente.



A Associação Médica Canadense produziu uma definição am­plamente aceita da morte: momento em que o paciente entra em coma, não responde a estímulos de espécie alguma e as ondas cere­brais registradas em uma máquina são horizontais.



Os outros membros do júri foram o senhor juiz Edson L. Haines, da Suprema Corte de Ontário, e J. Francis Leddy, presidente da Universidade de Windsor.



Bigelow, elaborando os pontos que levantou durante a discus­são, disse em uma entrevista posterior que seus trinta e dois anos como cirurgião não lhe deixavam dúvida alguma sobre a existência da alma.



“Há determinados casos em que acontece de você estar presente no momento em que as pessoas passam do estado de vida ao da morte, e algumas transformações misteriosas acontecem”.



“Uma das mais notáveis é a repentina falta de vida ou brilho nos olhos. Eles se tornam opacos e literalmente sem vida”.



“Isto é apenas para testemunhar o que temos observado. De fato, não creio que isso possa ser bem documentado”.



Bigelow, que se tornou mundialmente renomado por seu tra­balho pioneiro na técnica cirúrgica do “congelamento profundo”, conhecida como hipotermia, e por sua cirurgia da válvula do co­ração, disse que “a investigação da alma” deveria ser feita pela teo­logia e disciplinas aliadas dentro da universidade.



Durante essa discussão, Leddy disse que, “se existe uma alma, você não verá a mesma. Você não a encontrará”.



“Se há um princípio vital ou vida, que principio é este?”. O pro­blema é que “a alma não existe em nenhuma parte específica do corpo. Ela está em toda parte e, ao mesmo tempo, não está em parte alguma do corpo”.



Seria “bom começar experimentando, mas eu não sei como o senhor poderá penetrar nessas coisas”, disse Leddy. Ele disse que a discussão o lembrava do cosmonauta soviético que regressou do espaço para informar que Deus não existia porque não O vira lá em cima.



Talvez seja assim, disse Bigelow, mas, na medicina moderna, quando se encontra algo que não pode ser explicado, “o lema é descobrir a resposta, levar o caso ao laboratório, levá-lo a algum lugar onde se possa descobrir a verdade”.



A questão central, disse Bigelow, seria: “Onde está a alma e de onde ela vem?”.



Srila Prabhupada Apresenta as Evidências Védicas



Meu caro Dr. Bigelow,



Por favor, aceite minhas saudações. Recentemente, li um artigo na Montreal Gazette, de autoria de Rae Corelli, intitulado “Cirurgião Cardiologista Quer Saber o que É a Alma”, o qual me despertou muito interesse. Seus comentários mostram uma compreensão profunda, em razão do que pensei em escrever-lhe sobre este assunto. Talvez o senhor saiba que eu sou o acarya fundador da Sociedade Internacional da Consciência de Krishna. Tenho vários templos no Canadá – Montreal, Toronto, Vancouver e Hamilton. Este movimento da consciência de Krsna destina-se especificamente a ensinar a todas as almas sua posição espiritual original.



Indubitavelmente, a alma está presente no coração da entidade viva, e é a fonte de todas as energias para a manutenção do corpo. A energia da alma se espalha por todo o corpo, e isso se chama consciência. Uma vez que essa consciência espalha a energia da alma por todo o corpo, podemos sentir dores e prazeres em qual­quer parte do corpo. A alma é individual, e transmigra de um corpo a outro, assim como uma pessoa transmigra da primeira infância à segunda infância, da segunda infância à adolescência, da adoles­cência à juventude, e, depois, à velhice avançada. Então, a mudança chamada morte ocorre quando mudamos para um novo corpo, assim como trocamos uma roupa velha por outra nova. Isto se chama transmigração da alma.



Quando a alma quer desfrutar deste mundo material, esquecida de seu verdadeiro lar no mundo espiritual, ela aceita esta vida de árdua luta pela sobrevivência. Esta vida artificial de repetidos nas­cimento, morte, velhice e doença pode ser parada quando sua consciência é encaixada na consciência suprema de Deus. Esse é o princípio básico de nosso movimento da consciência de Krsna.



No que diz respeito ao transplante de coração, não há possibilidade de sucesso a menos que a alma esteja presente no coração, de modo que a pre­sença da alma tem de ser aceita. No intercurso sexual, se não há alma, não há concepção, nem gravidez. Os anticoncepcionais deterioram o ventre para que este não seja mais um bom lugar para a alma. Isso vai de encontro à lei de Deus. Pela ordem de Deus, a alma é enviada a um ventre em particular, mas, através desses métodos anticoncepcionais, aquele ventre é-lhe negado e ela tem de ser co­locada em outro ventre. Isso é desobediência ao Supremo. Tomemos como exemplo um homem que vive em um apartamento parti­cular. Se a situação ali é tão conturbada que ele não pode sequer entrar no apartamento, então ele está em grande desvantagem. Isso é interferência ilegal e é passível de punição.



A aceitação da “investigação da alma” marcaria certamente um avanço da ciência, mas o avanço da ciência não será capaz de encontrar a alma. A presença da alma pode simplesmente ser aceita com base em um entendimento circunstancial. O senhor encontrará na literatura védica que a dimensão da alma é de uma décima milésima parte do tamanho de um ponto. O cientista material não pode medir as dimensões de um ponto. Portanto, não é possível que o cientista material apreenda a alma. Podemos simplesmente aceitar a existência da alma baseando-nos na autoridade. O que os maio­res cientistas tentam descobrir, nós já ensinamos há muito tempo.



Tão logo se entenda a existência da alma, pode-se imediatamente entender a existência de Deus. A diferença entre Deus e a alma é que Deus é uma alma muito grande, e a entidade viva é uma alma muito pequena, mas, qualitativamente, eles são iguais. Portanto, Deus é onipenetrante e a entidade viva é localizada, mas a natu­reza e a qualidade são as mesmas.



A questão central, diz o senhor, é: “Onde está a alma e de onde ela vem?”. Isso não é difícil de entender. Já discutimos que a alma re­side no coração da entidade viva e que ela se refugia em outro corpo após a morte. Originalmente, a alma vem de Deus. Assim como uma centelha vem do fogo, e, ao cair, parece extinguir-se, a centelha-alma originalmente vem do mundo espiritual para o mundo material. No mundo material, ela cai sob três condições di­ferentes, que são chamadas os modos da natureza. Quando uma centelha de fogo cai sobre a grama seca, a qualidade ígnea conti­nua; quando cai no solo, ela não pode revelar sua manifestação ígnea a menos que o solo esteja em situação favorável; e, quando cai na água, ela se extingue. Sendo assim, encontramos três tipos de condições de vida. Uma entidade viva está completamente esquecida de sua natureza espiritual; outra está quase esquecida porém ainda possui um instinto da natureza espiritual; e a outra está completamente em busca da perfeição espiritual. Há um método genuíno para a centelha espiritual alcançar a perfeição espiritual, e, se ela é devidamente orientada, é facilmente encaminhada de volta ao lar, de volta ao Supremo, de onde ela caiu originalmente.



Será uma grande contribuição para a sociedade humana se esta informação autorizada da literatura védica for apresentada ao mundo moderno com base no entendimento científico moderno. O fato já existe. Resta ser apresentado para o entendimento geral.



Atenciosamente,

A.C. Bhaktivedanta Swami

Nenhum comentário:

Postar um comentário