quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Genealogia do Espírito


Genealogia do Espírito

de Humberto Schubert Coelho



210 páginas


Os naturalistas situados no chão do mundo, desde os sacerdotes egípcios que estudavam a origem da vida planetária em conchas fósseis, até os mais eminentes biólogos modernos, atreitos à unilateralidade de observação, compreensivelmente não conseguirão suprir as lacunas existentes no quadro da evolução, não obstante Cuvier, com a Anatomia Comparada, tenha traçado forma básica à sistemática da Paleontologia.

Em verdade, porém, para não cairmos nas recapitulações incessantes, em torno de apreciações e conclusões que a ciência do mundo tem repetido à saciedade, acrescentaremos simplesmente que as leis da reprodução animal, orientadas pelos Instrutores Divinos, desde o casulo ferruginoso do leptótrix, através da retração e xpansão da energia nas ocorrências do nascimento e morte da forma, recapitulam ainda hoje, na organização de qualquer veículo humano, na fase embriogênica, a evolução filogenética de todo o reino animal, demonstrando que além da ciência que estuda a gênese das formas, há também uma genealogia do espírito. Com a Supervisão Celeste, o princípio inteligente gastou, desde os vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de séculos, a fim de que pudesse, como ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pensamento contínuo para os Espaços Cósmicos.

Conheça o pensamento de Humberto Schubert Coelho


Esoterismo e misticismo nas práticas de nova era?
O movimento moderno que hoje atinge todo o ocidente numa onde de revitalização de velhas práticas espiritualistas conhecido como Nova Era é algo que se deve ter em conta em qualquer estudo prático na área de bem estar ligada às tradições asiáticas. Sabemos que a nova era consiste de um conjunto de doutrinas, as vezes contraditórias, que engloba visões holísticas e sincréticas de diversos elementos de antigas religiões espiritualistas. Em suas origens o movimento iniciado na costa oeste dos Estados Unidos, sob influxo da imigração japonesa, indiana e chinesa no pós-guerra, congregava justamente práticas de origem asiática em conexão com a doutrina cristã (como ferramentas práticas), visando um acréscimo nos recursos terapêuticos ou na prática religiosa por meio das técnicas da meditação (budista e yogue), do condicionamento corporal (tai chi e artes marciais, no início predominantemente japonesas, mas depois da conquista do ocidente com os filmes de Bruce Lee também chinesas), dietas, uso de incensos e chás, horóscopo e calendário, técnicas medicinais alternativas, etc, etc... A progressiva vulgarização das religiões orientais, por meio de práticas perifér icas e secundárias, progressivamente chamou a atenção para as suas filosofias e tradições, que através do trabalho de diversos estadunidenses, europeus e gurus naturalizados promoveu a conversão completa de simpatizantes ocidentais a estas doutrinas da Ásia. Mas o fenômeno de Nova Era não é de modo algum uma orientalização. O influxo asiático apenas abriu as portas para uma enxurrada de espiritualismos que tentavam dar conta da carência de envolvimento prático (no sentido metafísico) que a relativa falta de sentido e de sentimento das igrejas cristãs ensejava. Como já dissemos, a Nova Era consiste de um sincretismo holista, ou melhor dizendo, uma visão cósmica completa que engloba tanto elementos primários de descobertas das ciências (psicologia, astronomia e biologia sobretudo), quanto elementos espiritualistas. Estes segundos que constituem nosso principal interesse tiveram seu ponto de partida, como vimos, nas doutrinas asiáticas, mas logo promoveu-se o resgate de práticas igualmente antigas das tradições formadoras da cultura ocidental e nativo-americana. Os espiritualismos celta e indígenas influenciaram cada vez mais o movimento de Nova Era inserindo, além da visão geralmente holística asiática, elementos do culto à Terra e ao aspecto feminino da Natureza. Esta onda de novo espiritualismo (o que na verdade é o resgate do espiritualismo primitivo), promoveu e ainda promove estudos pouco sistemáticos, justamente pela falta de um centro teórico, mas também pela empolgação que toda nova idéia gera em seu nascimento e que leva muitos escritos precoces e amadores à impressão. A falta de sistema fez com que esta filosofia nascente se ligasse à diversas superstições do antigo ocultismo, e elementos pseudo-científicos, já há muito superados afloraram novamente na cultura ocidental como elementos da Nova Era. Tais superstições foram muitas vezes chamadas esotéricas ou místicas, demonstrando amplamente a falta de seriedade dos estudos que assim se intitulam. Esotérico, do grego esoterikós, significa interno, admitido em um conjunto fechado, o que vem a ser algo próximo do que se define hoje como hermético. O termo era usado na Grécia para designar alguém pertencente à uma doutrina fechada, cujos conhecimentos só poderiam ser transmitidos aos iniciados. Isso não implicava necessariamente qualquer ligação com o ocultismo, embora tivesse muitas vezes relação com filosofias e doutrinas religiosas que admitissem a comunicação com os deuses ou espíritos e o desenvolvimento de faculdades sobre-humanas. Recentemente o termo sofreu uma corruptela para expressar exclusivamente os elementos mágicos presentes na Nova Era. Mística, do grego Mystikós, pode significar misterioso (que é aquilo que não se pode saber, e não o que é espetaculoso) ou uma intuição religiosa que, através do aprofundamento , ascese e devoção permite uma experiência pessoal com a divindade. Enquanto o termo mística designa esta prática, o "místico", usado como adjetivo, geralmente designa obscuro, secreto, enigmático, incompreensível. Uma curta reflexão permite a qualquer indivíduo deduzir que os textos auto-denominados místicos ou esotéricos nenhuma relação possuem com o significado original do termo, uma vez que seus "conhecimentos secretos" estão amplamente divulgados através de poderosa máquina econômica sustentada pela boa vontade das almas simples. Aquelas teorias se apropriaram dos termos esotérico e místico para camuflar o real significado que carregam, que vem a ser a crença na magia, na simpatia, na tentativa de manipulação pseudo-científica da natureza, enfim, de práticas que realmente seriam melhor definidas com uma nomenclatura iniciática pouco compreensível da qual as pessoas deduziriam significados mais elegantes. Doravante em meio à compreensão geral e vulgarizada da Nova Era, aqueles elementos mais sistemáticos das religiões doutrinas asiáticas, célticas e ameríndias, bem como os intelectuais que se dedicaram seriamente a estudar a confluência de métodos e filosofias no processo sincrético da Nova Era ficam desvalorizados. Tanto trabalhos de vulto teórico como os de cientistas, escritores e filósofos (Capra, Rhoden, Hesse, etc.) como técnicas tradicionais e milenares da ásia (Tai Chi Chuan, Yoga, Acumpultura, meditação Zen, etc) são hoje depreciados pela mente crítica (e preguiçosa) de quem se ressente do carnaval religioso da Nova Era, e que, por analogia discrimina as correntes filosóficas asiáticas responsáveis pelo seu nascimento. O importante movimento de contra-peso que as doutrinas asiáticas e os espiritualismos arcaicos (céltico e ameríndio) representam para o reequilíbrio da cultura ocidental, viciada em patriarcalismo unilateral, é prejudi cado pelos "esoterismos" e "misticismos" new age que, longe de aproximarem as massas da Natureza e das eternas fontes da vida, perpetua a alienação da mente no rito vazio e obscurantista por meio do qual o homem busca, ainda no século XXI, impôr sua vontade e seus desejos simplistas à Natureza. É preciso que se façam reflexões e meditações sóbrias sobre o assunto. Independente da posição pessoal, há de se convir que o movimento Nova Era é uma força cultural que não pode ser ignorada. Assim como o crescente neo-pentecostalismo (representado sobretudo pelas igrejas evangélicas, mas também presente no catolicismo), a Nova Era é responsável por uma transformação social e cultural que afeta ateus, protestantes, católicos e agnósticos. Não se pode olvidar a amplitude do processo e sua diversidade, o que levaria a julgamentos precipitados, reducionistas e simplórios. Além de que o entendimento dos movimentos em destaque em nossos tempos nos diz muito sobre o e spírito de época do qual fazemos parte, e compreender algo sobre eles é compreender mais sobre nossa realidade.


O AUTOR
Humberto Schubert Coelho
- Mestrando em Ciência da Religião (Universidade Federal de Juiz de Fora)
- Graduado em Filosofia (Universidade Federal de Juiz de Fora)
E-mail: humbertoschubert@yahoo.com.br

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