O fundador do Movimento Hare Krsna discute divisões sociais e educação, bem como o objetivo destes.
Discípulo:
Em A República, a principal obra de Platão sobre teoria política,
Platão escreveu que a sociedade pode gozar de prosperidade e harmonia
unicamente caso ordene as pessoas em categorias ou classes de trabalho
de acordo com suas habilidades naturais. Ele considerava que as pessoas
deveriam encontrar suas habilidades naturais e usar essas habilidades em
sua máxima capacidade – como administradores, militares ou artesãos. E o
mais importante, o chefe de Estado não deveria ser um homem medíocre ou
médio, senão que a sociedade deveria ser liderada por um homem muito
sábio e bom – um “rei filósofo” – ou um grupo de homens muito sábios e
bons.
Srila
Prabhupada: Esta ideia parece ser tirada do Bhagavad-gita, onde Krsna
diz que a sociedade ideal possui quatro divisões: brahmanas, ksatriyas,
vaisyas e sudras. Essas divisões acontecem pela influência dos modos da
natureza. Todos, tanto na sociedade humana como na sociedade animal, são
influenciados pelos modos da natureza material [sattva-guna, rajo-guna e
tamo-guna, ou bondade, paixão e ignorância]. Classificando
cientificamente os homens de acordo com essas qualidades, a sociedade
pode se tornar perfeita. Caso, entretanto, coloquemos um homem no modo
da ignorância no posto de filósofo, ou coloquemos um filósofo para
trabalhar como um trabalhador comum, grande caos resultará.
No
Bhagavad-gita, Krsna diz que os brahmanas – os homens mais
inteligentes, que estão interessados em conhecimento transcendental e
filosofia – deveriam receber os postos mais elevados, e, sob suas
instruções, os ksatriyas deveriam trabalhar. Os administradores devem
certificar-se de que há lei e ordem e que todos estão cumprindo seu
dever. A próxima seção é a classe produtiva, os vaisyas, que se ocupam
em agricultura e proteção às vacas. E, finalmente, há os sudras, os
trabalhadores comuns que ajudam as outras seções. Isto é a civilização
védica: pessoas vivendo de maneira simples com base na agricultura e na
proteção às vacas. Se você tem leite, grãos, frutas e legumes o
suficiente, você pode viver muito bem.
O
Srimad-Bhagavatam compara as quatro divisões da sociedade às diferentes
partes do corpo – a cabeça, os braços, a barriga e as pernas. Assim
como todas as partes do corpo cooperam para manter o corpo bem; no
Estado ideal, todas as seções da sociedade cooperam sob a liderança dos
brahmanas. Comparativamente, a cabeça é a parte mais importante do
corpo, uma vez que fornece direções às outras partes. De modo
semelhante, o Estado ideal funciona sob as diretrizes dos brahmanas, que
não estão pessoalmente interessados em assuntos políticos ou
administrativos em virtude de terem um dever mais elevado. No momento
presente, este movimento da consciência de Krsna está treinando
brahmanas. Se os administradores aceitarem o nosso aconselhamento e
conduzirem o Estado de maneira consciente de Krsna, haverá uma sociedade
ideal ao longo do mundo.
Discípulo: Como a sociedade moderna difere da sociedade védica ideal?
Srila
Prabhupada: Agora, há uma industrialização em larga escala, que
significa a exploração de uma pessoa por parte de outra. Semelhante
indústria era desconhecida na civilização védica – era desnecessária.
Ademais, a civilização moderna adotou a matança de animais para
alimentação, o que é incivilizado – não é sequer humano.
Na
civilização védica, quando uma pessoa era inapta para reger, ela era
deposta. Por exemplo, o rei Vena mostrou-se um rei inapto. Ele estava
interessado simplesmente em caçar. É claro que os ksatriyas eram
autorizados a caçar, mas não caprichosamente. Eles não são autorizados a
matar muitas aves e bestas desnecessariamente, como o rei Vena estava
fazendo e como fazem as pessoas hoje. Naquele tempo, os inteligentes
brahmanas objetaram e imediatamente o mataram com uma maldição.
Antigamente, os brahmanas tinham tanto poder que podiam matar
simplesmente amaldiçoando; armas não eram necessárias.
Atualmente,
a sociedade é como um corpo morto, porque falta a cabeça do corpo
social. A cabeça é muito importante, e o nosso movimento da consciência
de Krsna está tentando criar alguns brahmanas que formarão a cabeça da
sociedade. Os administradores, então, serão capazes de reger muito bem
sob as instruções dos filósofos e teólogos, isto é, sob as instruções
das pessoas conscientes de Deus. Um brahmana consciente de Deus jamais
aconselha a abertura de matadouros. Agora, todavia, os muitos patifes a
conduzirem o governo autorizam o abate de animais. Quando Maharaja
Pariksit viu um homem degradado tentando matar uma vaca, ele
imediatamente desembainhou sua espada e disse: “Quem és tu? Por que
estás tentando matar esta vaca?”. Ele era verdadeiramente rei. Hoje em
dia, homens desqualificados assumem o posto presidencial. E, embora eles
talvez se façam passar por muito religiosos, são simplesmente patifes.
Por quê? Porque, debaixo de seus narizes, milhares de vacas estão sendo
mortas enquanto recebem bons salários. Qualquer líder que seja em algo
religioso deve renunciar seu posto em protesto caso o abate de vacas
prossiga pelo seu governo. Dado que as pessoas não sabem que esses
administradores são patifes, elas estão sofrendo. E as pessoas também
são patifes porque estão votando nesses patifes maiores. A visão de
Platão é que o governo deve ser ideal, e isto é o ideal: os filósofos
santos devem ficar no topo do Estado; segundo o aconselhamento deles, os
políticos devem governar; sob a proteção dos políticos, a classe
produtiva deve proteger as vacas e providenciar as necessidades da vida;
e a classe trabalhadora deve auxiliar. Esta é a divisão científica da
sociedade advogada por Krsna no Bhagavad-gita (4.13), catur-varnyam maya
srstam guna-karma-vibhagasah: “De acordo com os três modos da natureza
material e o trabalho atribuído a eles, as quatro divisões da sociedade
humana foram criadas por Mim”.
Discípulo:
Platão também observou divisões sociais. Ele, contudo, defendeu três
divisões. Uma classe consistia nos guardiões, homens de sabedoria que
governavam a sociedade. Outra classe consistia nos guerreiros, que eram
corajosos e que protegiam o resto da sociedade. E a terceira classe
consistia nos artesãos, que realizavam seus serviços de maneira
obediente e trabalhavam apenas para satisfazerem seus desejos.
Srila
Prabhupada: Sim, a sociedade humana possui essa divisão tríplice
também. O homem de primeira classe está no modo da bondade, o homem de
segunda classe está no modo da paixão, e o homem de terceira classe está
no modo da ignorância.
Discípulo:
O entendimento da ordem social por parte de Platão baseava-se em sua
observação de que o homem possui uma divisão tríplice de inteligência,
coragem e desejo. Ele disse que a alma possui essas três qualidades.
Srila
Prabhupada: Isso é um equívoco. A alma não possui nenhuma qualidade
material. A alma é pura, mas, por causa de seu contato com as diferentes
qualidades da natureza material, ela está “vestida” em vários corpos.
Este movimento da consciência de Krsna visa remover essa veste material.
A nossa primeira instrução é: “Você não é este corpo”. Parece que, em
seu entendimento prático, Platão identificou a alma com a veste
corpórea, e isso não demonstra uma inteligência muito boa.
Discípulo:
Platão acreditava que a posição do homem é marginal – entre a matéria e
o espírito –, razão pela qual enfatizava o desenvolvimento do corpo.
Ele ensinava que todos deveriam ser educados desde a infância, e que
parte dessa educação deveria ser a ginástica, para manter o corpo em
forma.
Srila
Prabhupada: Isso significa que, na prática, Platão identificou muito
fortemente o eu como o corpo. Qual era a ideia que Platão tinha de
educação?
Discípulo: Despertar o estudante para sua posição natural: quaisquer que sejam suas habilidades ou talentos naturais.
Srila Prabhupada: E o que é essa posição natural?
Discípulo:
A posição da bondade moral. Em outras palavras, Platão julgava que
todos deveriam ser educados para trabalhar da maneira que melhor se
adequasse ao despertar de sua bondade moral natural.
Srila
Prabhupada: Mas bondade moral não é o bastante, porque mera moralidade
não satisfará a alma. É preciso ir além da moralidade – ir à consciência
de Krsna. Neste mundo, é claro, a moralidade é tida como o princípio
mais elevado, mas existe outra plataforma, que se chama plataforma
transcendental, ou plataforma vasudeva. A perfeição mais elevada do
homem está em tal plataforma, o que é confirmado no Srimad-Bhagavatam.
Porém, como os filósofos não têm informação da plataforma vasudeva,
consideram o modo material da bondade como sendo a perfeição mais
elevada e a meta da moralidade. Neste mundo, entretanto, mesmo a bondade
moral é afetada pelos modos inferiores da ignorância e da paixão. Não é
possível encontrar bondade pura, suddha-sattva, neste mundo material,
porque a bondade pura é a plataforma transcendental. Para chegar à
plataforma de bondade pura, que é a ideal, a pessoa tem que se submeter a
austeridades, tapasa brahmacaryena samena ca damena ca. A pessoa tem
que praticar o celibato e controlar a mente e os sentidos. Se o
indivíduo possui dinheiro, ele deve distribuí-lo em caridade. Ademais,
ele também deve ser muito limpo. O indivíduo, deste modo, pode elevar-se
à plataforma da bondade pura.
Para
se chegar à plataforma da bondade pura, existe outro processo, o qual é
a consciência de Krsna. Se o sujeito se torna consciente de Krsna,
todas as boas qualidades automaticamente se desenvolvem nele.
Automaticamente ele conduz uma vida de celibato, controla sua mente e
seus sentidos, e possui uma disposição caridosa. Nesta era de Kali,
inexiste a possibilidade das pessoas serem treinadas a se ocupar em
austeridade. Antigamente, um brahmacari se submetia a austero
treinamento. Muito embora ele pudesse ser de uma família real ou
erudita, o brahmacari se humildava e servia o mestre espiritual como um
criado servil. Ele imediatamente fazia o que quer que o mestre
espiritual ordenasse. O brahmacari mendigava de porta em porta e levava
as esmolas para o mestre espiritual, não exigindo nada para si. O que
quer que ele ganhasse, ele dava ao mestre espiritual, porque o mestre
espiritual não arruinava o dinheiro gastando-o na gratificação sensorial
– ele usava-o para Krsna. Isso é austeridade. O brahmacari também
observava celibato, e, porque ele seguia as direções do mestre
espiritual, sua mente e seus sentidos eram controlados.
Hoje,
no entanto, essa austeridade é muito difícil de ser seguida, em virtude
do que Sri Caitanya Mahaprabhu forneceu o processo de adoção direta da
consciência de Krsna. Nesse caso, a pessoa precisa simplesmente cantar
Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama,
Rama Rama, Hare Hare e seguir os princípios reguladores dados pelo
mestre espiritual. O sujeito, então, imediatamente ascende à plataforma
da bondade pura.
Discípulo:
Platão considerava que o Estado deveria treinar os cidadãos para serem
virtuosos. Seu sistema de educação era o seguinte: Pelos três primeiros
anos de vida, a criança deveria brincar e fortalecer o seu corpo. Dos
três aos seis anos, a criança deveria aprender histórias religiosas. Dos
sete aos dez, ela deveria aprender ginástica; dos dez aos treze, ler e
escrever; dos quatorze aos dezesseis, poesia e música; dos dezesseis aos
dezoito, matemática. Então, dos dezoito aos vinte, o indivíduo se
submetia ao treinamento militar. Dos vinte aos vinte e cinco anos,
aqueles que fossem científicos e filosóficos deveriam permanecer na
escola e continuar aprendendo, e os guerreiros deveriam se ocupar em
exercícios militares.
Srila Prabhupada: Esse programa educacional é para todos os homens ou há diferentes tipos de educação para diferentes homens?
Discípulo: Não, isto é para todos.
Srila
Prabhupada: Isso não é muito bom. Se um garoto é inteligente e
inclinado a filosofia e teologia, por que ele deveria ser forçado a se
submeter a treinamentos militares?
Discípulo: Bem, Platão disse que todos devem se submeter a dois anos de treinamento militar.
Srila
Prabhupada: Mas por que alguém deveria desperdiçar dois anos de sua
vida? Ninguém deve desperdiçar sequer dois dias. Isto é disparate –
ideias imperfeitas.
Discípulo:
Platão disse que esse tipo de educação revela a que categoria uma
pessoa pertence. Ele tinha sim a ideia correta de que o indivíduo
pertence a uma classe em particular de acordo com sua qualificação.
Srila
Prabhupada: Sim, isso nós também dizemos, mas discordamos que todos
devam passar pelo mesmo treinamento. O mestre espiritual deve avaliar a
tendência ou disposição do aluno no começo de sua educação. Ele deve ser
capaz de ver se o garoto se adequa ao treinamento militar, à
administração ou à filosofia e, então, ele deve treinar o garoto
completamente de acordo com sua tendência particular. Se alguém é
naturalmente inclinado ao estudo filosófico, por que ele deveria
desperdiçar seu tempo no exército? E se alguém é naturalmente inclinado
ao treinamento militar, por que ele deveria perder seu tempo com outras
coisas? Arjuna pertencia a uma família ksatriya. Ele e seus irmãos
jamais foram treinados como filósofos. Dronacarya era mestre e professor
deles e, embora fosse brahmana, ensinou-lhes dhanurveda, não
brahma-vidya. Brahma-vidya é filosofia teísta. Ninguém deve ser treinado
em tudo; isso é perda de tempo. Se alguém é inclinado à produção,
negócios ou agricultura, deve ser treinado nessas esferas. Se alguém é
filosófico, deve ser treinado como filósofo. Se alguém é militarista,
deve ser treinado como um guerreiro. E se alguém possui habilidades
ordinárias, deve ser treinado como sudra, ou trabalhador. Isso é
declarado por Narada Muni no Srimad-Bhagavatam: yasya yal-laksanam
proktam. As quatro classes da sociedade são reconhecidas por seus
sintomas e qualificações. Narada Muni também diz que a pessoa deve ser
selecionada para treinamento de acordo com suas qualificações. Mesmo se
nasce em uma família brahmana, o indivíduo deve ser considerado sudra
caso suas qualificações sejam de sudra. E, se alguém nasce em uma
família sudra, ele deve ser aceito como brahmana caso seus sintomas
sejam bramânicos. O mestre espiritual deve ser perito o bastante para
reconhecer as tendências do estudante e imediatamente o treinar nessa
linha. Isso é educação perfeita.
Discípulo: Platão acreditava que a tendência natural do estudante não viria à tona a menos que ele praticasse tudo.
Srila
Prabhupada: Não, isso é errôneo, porque a alma é contínua, e, portanto,
todos têm alguma tendência de seu nascimento anterior. Acredito que
Platão não tenha compreendido essa continuidade da alma de corpo a
corpo. Segundo a cultura védica, imediatamente após o nascimento de um
garoto, os astrólogos calculavam a que categoria ele pertencia. A
astrologia pode ajudar caso haja um astrólogo de primeira classe.
Semelhante astrólogo pode dizer de que linha o garoto está vindo e como
ele deve ser treinado. O método educacional de Platão era imperfeito
porque era baseado em especulação.
Discípulo: Platão observou que uma combinação particular dos três modos da natureza está agindo em cada indivíduo.
Srila Prabhupada: Por que, então, ele diz que todos devem ser treinados da mesma maneira?
Discípulo:
Porque ele alegava que as habilidades naturais da pessoa não se
manifestarão a não ser que ela receba a chance de experimentar tudo. Ele
observou que algumas pessoas ouvem primeiramente à sua inteligência, e
ele disse que eles são governados pela cabeça. Ele observou que algumas
pessoas têm uma disposição agressiva, e ele disse que esses tipos
corajosos são governados pelo coração – pela paixão. E ele viu que
algumas pessoas, que são inferiores, querem apenas satisfazer suas
apetências. Ele disse que essas pessoas são animalescas, e ele
acreditava que eram governadas pelo fígado.
Srila
Prabhupada: Isso não é uma descrição perfeita. Todos possuem um fígado,
um coração e todos os membros corpóreos. Se a pessoa está no modo da
bondade, da paixão ou da ignorância depende de seu treinamento e das
qualidades que adquiriu durante sua vida anterior. Segundo o processo
védico, o indivíduo, no nascimento, recebe imediatamente uma
classificação. Sintomas psicológicos e físicos são considerados, e, em
geral, apura-se a partir do nascimento que a criança tem uma tendência
particular. Essa tendência, no entanto, pode mudar de acordo com as
circunstâncias, e, se a pessoa não preenche o papel designado a si, ela
pode ser transferida para outra classe. Alguém talvez tenha recebido
treinamento bramânico em uma vida anterior, e ele talvez exiba sintomas
bramânicos nesta vida, mas o indivíduo não deve pensar que, porque
nasceu em uma família brahmana, ele automaticamente é brahmana. A pessoa
pode ter nascido em uma família brahmana e ser sudra. Não é uma questão
de nascimento, mas de qualificação.
Discípulo:
Platão também acreditava que a pessoa tem que se qualificar para o seu
posto. O sistema de governo dele era bastante democrático. Ele julgava
que todos deveriam receber a chance de ocupar os diferentes postos.
Srila
Prabhupada: Na verdade, nós somos os mais democráticos, porque nós
estamos dando a todos a chance de se tornarem brahmanas de primeira
classe. O movimento da consciência de Krsna está dando mesmo ao membro
mais baixo da sociedade a chance de se tornar um brahmana tornando-se
consciente de Krsna. Candalo ’pi dvija-srestho hari-bhakti-parayanah:
Embora talvez nascido em uma família de candalas, tão logo o sujeito se
torna consciente de Deus, consciente de Krsna, ele pode se elevar à
posição mais elevada. Krsna diz que todos podem voltar ao lar, voltar ao
Supremo. Samo ’ham sarva-bhutesu: “Sou igual para com todos. Todos
podem vir a Mim. Não há impedimento”.
Discípulo: Qual é o propósito das ordens sociais e do governo estatal?
Srila
Prabhupada: O propósito último é tornar todos conscientes de Krsna.
Essa é a perfeição da vida, e toda a estrutura social deve ser moldada
com essa meta em vista. É claro que nem todos podem se tornar
inteiramente conscientes de Krsna em uma vida, assim como nem todos os
alunos em uma universidade podem obter o título de doutor em uma
tentativa. A ideia de perfeição, entretanto, é passar na prova do
doutorado, e, portanto, os cursos de doutorado devem ser mantidos.
Similarmente, uma instituição como este movimento da consciência de
Krsna deve ser mantido a fim de que ao menos algumas pessoas possam
alcançar a meta última e a fim de que todos possam se aproximar da meta
última: a consciência de Krsna.
Discípulo: A meta do governo estatal, portanto, é ajudar que todos se tornem conscientes de Krsna?
Srila
Prabhupada: Sim, a consciência de Krsna é a meta mais elevada.
Portanto, todos devem ajudar este movimento e tirar proveito dele.
Independente de seu trabalho, todos podem vir ao templo. As instruções
são para todos, e a prasada é distribuída a todos. Portanto, não há
dificuldade. Todos podem contribuir para este movimento da consciência
de Krsna. Os brahmanas podem contribuir com sua inteligência, os
ksatriyas com sua caridade, os vaisyas com seus grãos, leite, frutas e
flores, e os sudras com seu serviço corpóreo. Mediante esse esforço
coletivo, todos podem alcançar a mesma meta: a consciência de Krsna, a
perfeição da vida.
Discípulo:
Em uma alegoria muito famosa em A República, Platão descreve
representantes da humanidade presos em uma caverna escura e capazes de
ver apenas sombras projetadas pela luz de uma fogueira. Uma pessoa se
liberta e vê o mundo externo, e essa pessoa retorna para a caverna para
dizer às pessoas lá que elas estão vivendo na escuridão. Os residentes
da caverna, porém, consideram-no louco.
Srila
Prabhupada: Essa história é como a nossa história do Dr. Sapo. Ele
jamais havia saído de seu poço escuro, logo ele pensava: “Aqui está
tudo”. Quando ele foi informado acerca da existência do vasto oceano
Atlântico, ele não pôde conceber um corpo d’água tão extenso.
Similarmente,
aqueles que estão no poço escuro deste mundo material não podem
conceber a luz exterior, no mundo espiritual. Mas esse mundo é um fato.
Suponha que alguém tenha caído em um poço e esteja gritando: “Caí neste
poço! Por favor, salvem-me!”. Então, um homem de fora do poço solta uma
corda e diz: “Apenas pegue esta corda e eu trarei você para fora!”. Mas
não, o homem caído não tem fé no homem de fora e não pega a corda.
Similarmente, estamos dizendo a todos no mundo material: “Vocês estão
sofrendo. Apenas adotem esta consciência de Krsna e todos os seus
sofrimentos serão aliviados”. Infelizmente, as pessoas se recusam a
segurar a corda, ou elas sequer admitem que estão sofrendo.
No
entanto, aquele que for afortunado segurará a corda da consciência de
Krsna, após o que o mestre espiritual o ajudará a sair deste escuro
mundo de sofrimento e o levará ao feliz e iluminado mundo da consciência
de Krsna.
Leia no Blog a conversa Srila Prabhupada Conversa sobre Carl Jung. (clique aqui)
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