- Iswara Das
Lapidando um Diamante
- Iswara Das
Como podemos desvendar o ser de luz que existe em nós?
Lamentações, bloqueios, doenças e mal estar, apesar de muitas vezes
presentes em nossa vida, não nos fazem parte. Existem porque nos identificamos
com o irreal (maya) e nos deixamos levar pelo negativismo. E o que somos,
então, se esse lado ruim da vida não existe?
Talvez o exemplo que mais se aproxime da natureza de nosso ser é o
diamante. Não existe nada mais valioso do que ele, apesar de, ao natural,
parecer uma pedra bruta. Porém, ao lapidarmos essa pedra, ela vai se
transformando, vai mostrando seu brilho e sua beleza. Debaixo de toda aquela
aparente sujeira está a joia mais preciosa.
Um fator importante para o diamante obter o seu mérito é o trabalho do
lapidador, ou o mestre, o iluminado ou guia. É ele quem sabe valorizar aquela
pedra bruta e, com sua habilidade e paciência, a transforma no raro brilhante.
E pedra alguma teria brilho não fosse o reflexo do sol. O sol está para o
diamante assim como Krishna está para o nosso ser.
A combinação de uma pedra bem lapidada com a luz solar torna o diamante
um objeto de valor e aprecio. A comunhão entre o ser e a luz divina de Krishna
faz com que se possa brilhar todo o resplendor de uma vida plena de felicidade,
conhecimento e energia.
Se, em essência, somos o diamante, o lapidador é a nossa obra e nossa
interação com o mundo. Seguindo a analogia, o sol e os seus raios iluminantes e
enriquecedores são o próprio Krishna, em Suas inúmeras manifestações
devocionais e expansões universais. Sem essa presença divina, não podemos
brilhar em nossa magnitude.
Se somos esse diamante que brilha em contato com o sol e que tem um
valor inestimável, por que então nos deixamos levar por uma autoestima baixa e
falta de propósito na vida? O fato é que à medida que vamos crescendo, vamos
também criando escudos de defesa contra supostos ataques externos. Esse
espírito defensivo nos bloqueia e nos encrudesce. Ele nos ilude e faz com que
tomemos uma corda por uma cobra.
A defesa faz parte de nosso instinto de preservação. Mais intensa que os
outros instintos primitivos, como o comer, o dormir e o procriar-se, o
sentimento de defesa está presente em todos os momentos de nossa vida. No
primeiro sinal de um perigo, uma mensagem de alerta é transmitida imediatamente
ao cérebro, deixando todo o sistema nervoso (e também por sua vez o físico)
tenso e em prontidão de ir à guerra, ou fugir. Como na maioria das vezes que
nos sentimos atacados não podemos guerrear e tampouco fugir, nossa tendência é
criar um bloqueio traumático.
E é dessa maneira que aos poucos começamos a ver o mundo e a nós mesmos
como indignos do verdadeiro valor. Entramos em um círculo vicioso onde reina a
lamúria e o estresse. É o estado de Tamas, ou escuridão, quando já não vemos
mais o ego e o seu brilho divino. Ao contrário, vemos um ego falso, que brilha
valores irreais.
Daí é um pequeno passo para uma vida doentia, cheia de vícios e
barreiras. Onde está o brilho daquele diamante inquebrável? No mínimo, ofuscado
por uma vida de ilusão.
Desde os primórdios da civilização o homem busca por caminhos
iluminantes que rompam esse círculo de misérias. A senda espiritual, religião e
psicologia inclusas, sempre tratou de incentivar a lapidação dessa pedra e o
despertar para com o brilho do sol. Rituais, meditação, cultos, celebrações e
yoga fazem parte dessa rica cultura voltada à recuperação do brilho desse
diamante.
Em todos os meus tantos anos de experiência em uma busca espiritual e a
tentativa de um equilíbrio emocional, sempre pude ver a solução e ao mesmo
tempo o perigo à sua espreita. A vida é tão delicada quanto o fio de uma
navalha. Ao mesmo tempo em que sabemos em teoria como lapidar essa pedra
preciosa, corremos o risco de nos machucar e perder o rumo.
O caminho de Bhakti é o caminho seguro de se deixar lapidar e brilhar o
verdadeiro valor. O requisito da Bhakti
é saber entregar-se, não criar resistência e sentir-se seguro e confortável ao
abrigo de Krishna. Bhakti é saber se relacionar com Krishna e apreciar a Sua
prasadam, ou aquilo que vem a você. Bhakti é a entrega, e a entrega é o amor.
Ao trilhar o caminho espiritual, fazemos uso de inúmeras ferramentas. Na
minha própria senda, sempre atuei como conselheiro espiritual, tentando ajudar
a todos enquanto que com isso eu também ia me ajudando. Usei sempre diversas
dessas ferramentas, fossem elas discurso, orações, terapias e até brincadeiras
O segredo está em se auto aceitar. Enquanto houver alguma resistência no
quesito da auto aceitação, nada poderemos resolver dentro de nós. A regra
básica é que, mesmo que possamos ter defeitos ou problemas, ainda assim nos
amamos e nos aceitamos como somos.
Essa auto aceitação é um ato de entrega à realidade, é o caminho de render-se
a Deus como somos de fato, e não como o ego gostaria que fôssemos. Nossos
problemas nada são do que identificações erradas entre nós e o mundo.
Se partirmos do ponto de vista de que todos os atritos, problemas e
doenças desse mundo têm sua raiz na falta da espiritualidade, podemos também
concluir que para a nossa cura precisamos seguir o caminho inverso. O essencial
é lapidar bem esse diamante e assim quando o mostrarmos ao sol, ele brilhará em
todo o seu resplendor.
Eu desejo a todos muita saúde e paz e que possamos brilhar esse diamante
cada vez mais e mais.
Iswara Das trabalha há mais de 30 anos com desenvolvimento da
espiritualidade e do eu, realizando cursos, seminários e aulas especiais em
diversos países da América Latina, Estados Unidos e Europa. Ministra vários
workshops, entre eles o “Levante-se e Lute!”, baseado em seu livro homônimo.
Reside atualmente em Freiburg, na Alemanha, junto à esposa e dois filhos, onde
coordena estudos para a integração de terapias e práticas espirituais, criando o
programa Total CheckUp baseado no sistema EFT - Psicologia Energética. Clique
aqui para ver seu site: www.eft-psicologia-energetica.com.
Ele estará fazendo um curso de EFT no Paraíso dos Pândavas em Novembro,
veja: http://www.pandavas.org.br/pag_comp/retiros/retiro_novembro_eft.htm.
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