segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

“Todos os Distribuidores de Livro Irão de Volta ao Supremo”


A História da Maratona de Prabhupada


por Madhava Smullen


Talvez o surpreenda saber que, com mais de 464 milhões de cópias vendidas desde 1965, os livros de Srila Prabhupada alcançaram mais almas do que os livros do best-seller Stephen King, que começou sua carreira aproximadamente na mesma época. Hoje, eles já venderam mais cópias até mesmo do que a série bem-sucedida e recordista de vendas Harry Potter – um feito extraordinário em se tratando de livros concernentes a uma filosofia espiritual relativamente nova para o mundo ocidental. Como? Neste natal, lembre-se de que a Maratona de Prabhupada, realizada todo mês de dezembro, é um dos principais fatores.



Em 22 de dezembro de 1972, alguns devotos de Los Angeles notaram que as lojas na área estavam ficando abertas até meia-noite, e ainda atraíam fervorosos compradores natalinos a irem e gastarem seu dinheiro. Por que não dar a eles presentes espirituais? Os devotos começaram a distribuir livros e revistas em uma competição saudável, disputando por prêmios que os líderes haviam estabelecido para eles.



Às dez horas da noite, exausto após um longo dia, Ramesvara Dasa sentia-se seguro de ter vencido. Ele havia permanecido fora mais tempo do que ninguém jamais ficara antes, e havia distribuído 650 revistas – um excelente dia visto que antes fizera de vinte e cinco a quarenta. Mas, quando ele chegou de volta ao templo à meia-noite, ele espantou-se ao encontrá-lo vazio. Sem consultarem uns aos outros, todos, espontaneamente, permaneceram fora tanto quanto possível para vender mais livros do que nunca. Eles não se deram conta, mas eles haviam acabado de dar início à primeira Maratona de Natal.



A Maratona durou apenas três dias, de 22 a 24 de dezembro, mas os devotos venderam de cinco a seis mil livros por dia. Prabhupada ficou contentíssimo diante da notícia e escreveu a Ramesvara: “Apenas por tal empenho, todos os distribuidores de livro certamente irão de volta ao lar, de volta ao Supremo”. A carta e sua espetacular declaração autorizaram a Maratona de Natal e conduziram a distribuição de livros a um novo auge.



O ano de 1973 viu inúmeros homens e mulheres saindo todos os dias para distribuir livros. O Bhagavad-gita Como Ele É rapidamente superou as vendas de qualquer outra edição do Gita. Krsna, com o prefácio de George Harrison, atraiu muitos jovens, com os devotos vendendo seiscentos livros em apenas duas horas em um show. Até o final de 1973, mais de quatro milhões de livros haviam sido vendidos, marca esta superada no ano seguinte.



Heróis de sankirtana, como Tripurari, Pragosha, Lavanga-latika e Vaisesika, logo foram revelados. Sua abordagem pessoal e amigável e sua forte fé fizeram deles assombrosamente eficazes apesar de técnicas de venda que deveriam não funcionar. Vaisesika, por exemplo, repetia o Siksastakam, a oração do Senhor Caitanya, lendo-a diretamente do livro. “Olá, senhor, como você está?”, ele dizia abordando alguém no aeroporto. “Todas as glórias ao Sri-Krsna sankirtana, que é a principal bênção para a humanidade em geral, pois limpa o coração”. Ele vendia centenas de livros por dia.



Prabhupada não ficou bem impressionado, todavia, quando soube que alguns distribuidores de livro usavam táticas enganadoras, apresentando a si mesmos como algo que não eram apenas para despertar solidariedade. “Não é aconselhável que se minta apenas para vender livros”, ele escreveu aos líderes da ISKCON. “Se apenas nos mantivermos em descrever como Krsna é maravilhoso, isso não será mentira! Há mérito o bastante em nossos livros para que, se você simplesmente descrevê-los sinceramente a qualquer um, eles irão comprar”.



A distribuição de livros continuou a crescer ao longo dos anos 70, expandindo-se a outros países e produzindo vários projetos e grupos. Dois grupos da BBT foram formados: um, liderado por Tripurari, constituía-se dos principais distribuidores de livro; o outro, o BBT Library Party, visitou universidades prestigiosas e vendeu coleções inteiras dos livros de Prabhupada a professores acadêmicos. Prabhupada os estimulou a irem em frente. “Sem livros ou revistas, que autoridade ou base temos para pregar?”, ele disse.



A energia cinética persistiu após o desaparecimento de Prabhupada deste mundo – com a surpreendente venda de 15 milhões de livros, 1978 foi o ano de distribuição de livros mais bem-sucedido de todos os tempos. Mas, com os anos 80, houve um grande declínio em razão de o foco ter sido transferido da distribuição de livros para a venda de adesivos e pinturas. A distribuição de livros foi ainda mais afetada ao longo dos anos à medida que vários líderes inspiradores deixavam a ISKCON. Alguns falam da condição atual de distribuição de livros como bastante calamitosa.



Mas as coisas no século XXI são imensamente mais positivas do que defendem os pessimistas. Para começar, o GBC renomeou a Maratona de Natal para “A Maratona de Prabhupada” a fim de levar o foco novamente para o nosso fundador e para a sua mais estimada missão. Como aponta Vijaya dasa, GBC do Ministério de Sankirtana, inspiração é parte inerente de qualquer movimento espiritual, mas temos de aprender a obter a nossa inspiração diretamente de Prabhupada e de seus livros.



E, embora os números possam ser menores do que em tempos passados, a recepção pública nos tem sempre na mais alta estima. Vijaya, que treina distribuidores de livro em técnicas qualificatórias desde 2002, diz que os Hare Krsnas são imensamente mais apreciados e respeitados do que em décadas anteriores. E, uma vez que cinco milhões de cópias vendidas em 2007 é apenas um terço do maior recorde anual da ISKCON, certamente não se trata de uma façanha pequena.



Além disso, muita coisa mudou desde os anos 70: a estrutura social da ISKCON, a maneira com que informações são distribuídas e a receptividade à espiritualidade. O que define “distribuição de livro bem-sucedida” também mudou ao longo dos últimos trinta anos. Nos anos 70, por exemplo, a distribuição de livros na Índia era praticamente inexistente. Ano passado, contudo, 76% de todos os livros distribuídos no mundo foram distribuídos na Índia, um fenômeno previsto por Prabhupada.



Dado que a população da ISKCON consiste, hoje, de chefes de família com empregos de expediente integral – e não mais estudantes celibatários com nenhuma outra ocupação senão a missão de pregar – os líderes estão se dando conta do poder de mobilizarem a congregação. Em San Jose, estado da Califórnia, o veterano distribuidor de livros Vaisesika Dasa lidera setenta e cinco chefes de família em um final de semana de distribuição de livros ao mês – levando, deste modo, o templo de San Jose, que possui apenas dois residentes de tempo integral, para a terceira posição na América.



E ninguém pode subestimar o alcance da tecnologia moderna. De acordo com uma pesquisa da We Media/Zogby Interactive, realizada em fevereiro de 2008, quase metade de todos os americanos afirmam que sua fonte primária de notícias e informação é a Internet. Isto certamente é uma boa notícia para o empreendimento de distribuição on-line de livros, e há mais: ano passado, o website da BBT, o krishna.com, recebeu 1.320.266 visitantes de 204 países ao redor do globo.



Sentindo-se motivado? Por que não ajudar a fazer a diferença e alcançar ainda mais pessoas em 2008 na 36ª Maratona de Prabhupada? “Apenas faça o que puder”, diz Vijaya. “Não há regras – alguns templos ou comunidades realizam maratonas de duas semanas, enquanto outros o fazem por seis semanas, indo até o dia do Natal. Mesmo que você saia apenas um dia – no sábado do dia 13 de dezembro, o Dia Mundial da Iluminação – ou patrocine a compra de livros para que outra pessoa distribua, é possível que você afete a vida de alguém e lhe dê o maior dos presentes de Natal. E isso não tem preço”.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Prosperidade em 42 dias


Prosperidade em 42 dias
de Humberto Pazian



Número de páginas: 144



Prosperidade em 42 dias, nova edição da Butterfly Editora de um grande sucesso de Humberto Pazian – médium, orador e escritor de sucesso –, descreve um método que já ajudou milhares de leitores a encontrar a realização pessoal.


“Em 42 dias sua vida pode mudar para melhor”, afirma Humberto Pazian, que ensina, no seu livro Prosperidade em 42 dias, um método que além de acelerar nosso passo na direção da melhora econômica, tão desejada por todos, vai trazer outros benefícios, ainda maiores. “O conceito de prosperidade não deve se limitar aos bens materiais, necessários para uma vida digna e confortável. De maior importância que a prosperidade material, conseqüência natural de um esforço dirigido para o bem, é a saúde espiritual, de valor inestimável, pois dela depende nossa verdadeira felicidade”, declara Pazian. “Aquele que alcançou apenas a prosperidade material e não se empenhou em conquistar as riquezas da alma, vai perceber um dia a inutilidade do esforço que despendeu”, completa.


Prosperidade material e espiritual


O método de Pazian propõe reflexões que levam à necessidade da mudança interior, ao autoconhecimento. Orientador cativante, o autor estabelece, com o leitor, diálogo fraterno que torna o livro agradável e facilita a assimilação dos conceitos e recomendações tão bem elaborados para melhor aplicação. “Milhares de pessoas já se utilizaram destas técnicas, conseguiram realizar seus sonhos, mudando radicalmente sua forma de pensar e viver, trazendo paz e harmonia para suas vidas”, afirma o autor.


O AUTOR


Humberto Pazian:
“Incentivar a fraternidade”

É formado em economia. Pesquisador do Espiritismo, também é estudioso da acupuntura, à qual se dedica na condição de terapeuta. Paulistano, reside na Mooca, bairro onde nasceu e fundou o Instituto de Desenvolvimento Humano Pazian (IDHP).


Por volta dos dez anos de idade, sentiu as primeiras manifestações mediúnicas. Seus pais, católicos, não hesitaram em procurar ajuda no centro espírita. Na ocasião, recebeu orientação para estudar O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec. Aos catorze anos, passou a freqüentar a Federação Espírita do Estado de São Paulo (Feesp) e o Centro Espírita Irmã Luíza, onde iniciou os estudos doutrinários. Nessa época, além de participar das aulas e da assistência espiritual, apresentou-se como voluntário para visitar os hansenianos.


Seu primeiro livro, O aborto segundo o Espiritismo, foi lançado em 1998. Meditação, Para viver bem... e Nunca é tarde para perdoar foram publicados pela Petit Editora. Por intermédio da Butterfly Editora, lançou Prosperidade em 42 dias. Também escreveu O Evangelho no lar; Prática e vivência espírita; Do suicídio à vida e O fim do mundo por uma visão espírita.


No ano de 1999, incentivado por amigos, iniciou seu trabalho de divulgação espírita no rádio, o qual prossegue até hoje. Na Rádio Mundial é apresentador do programa “Oficina da Mente”, que também é transmitido pela TV. Segundo Pazian, “A finalidade do programa é refletir sobre o Espiritismo, abrir espaço para outras doutrinas espiritualistas, incentivar a união fraterna entre os praticantes das religiões. No ‘Oficina da mente’ se apresentam oradores, cantores, pintores, escritores, médiuns, dirigentes de instituições espíritas e de outras religiões. É uma porta sempre aberta para todos aqueles que se propõem a trabalhar em prol de um mundo melhor”.


Autor de vários livros publicados, também se dedica a ministrar aulas. Seu curso “Reflexões e técnicas de meditação” é apresentado em dois encontros semanais. Palestrante requisitado apresenta-se em centros espíritas, seminários e workshops. Dois livros o acompanham desde que abraçou o Espiritismo: O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, “companheiros das minhas horas difíceis”.


Humberto Pazian, paulistano da Mooca


O autor de Prosperidade em 42 dias nasceu na Mooca, tradicional bairro da cidade de São Paulo, onde reside e fundou o Instituto de Desenvolvimento Humano Pazian (IDHP). É formado em economia pela Universidade São Judas Tadeu, o que o habilita a falar em sucesso financeiro. Pesquisador do Espiritismo, também é estudioso da acupuntura, à qual se dedica na condição de terapeuta. Sua aplicação ao desenvolvimento da espiritualidade o abalizou a formular conceitos que tão bem expressa em sua obra. É autor de vários livros de sucesso e apresenta-se em seminários e workshops, ocasiões em que aborda a temática de seus livros.


Prosperidade em 42 dias é leitura essencial porque é um roteiro eficiente que nos dá forças e esclarecimento para vencer na vida – no sentido mais amplo que podemos compreendê-la.


UM LANÇAMENTO DA




quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

RECEITAS MARAVILHOSAS DO SPAMED



RECEITAS MARAVILHOSAS DO SPAMED
para uma dieta de Manutenção


96 páginas


Sob a responsabilidade da Equipe do Spamed, supervisionada pela nuticionista Luciana Valente de Oliveira Lima, as Editoras Gaia e Boccato lançam este livro com receitas de saladas, spas, massas, peixes, aves, carnes, legumes e sobremesas para a manutenção do peso ideal.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Na década de 1970, vários segmentos da sociedade alertavam sobre a gravidade dos problemas do sobrepeso e da obesidade. A preocupação em emagrecer era puramente estética, na qual se utilizava o método à base de anorexígenos. Existia. ainda, o mito de que as pessoas engordavam por apresentarem disfunções endócrinas e metabólicas.
Cientes de que a obsidade e o sobrepeso eram consequentes da vida sedentária associada à alimentação inadequada e ao stresse do dia-a-dia, os médicos Mauro Tadeu Moura e Sérgio dos Santos se uniram para colocar em prática um novo conceito para o tratamento da obesidade e sobrepeso. Assim, em 1981, inaugurou-se o primeiro spa médico do mundo

Os 27 anos de experiência em lidar com a arte de dosar e balancear as calorias , adequando proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais e mantendo o prato saboroso, são suficientes para que a equipe do SPAMED
ofereça àqueles que querem fazer uma dieta de manutenção do peso ideal as 59 receitas publicadas nesta obra.

VEJA UMA AMOSTRA

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UM LANÇAMENTO DA

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sons Silenciosos


Sons Silenciosos



Silent Sounds



por Urmila Devi Dasi


Originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo], revista fundada por Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944 Artigo referente à edição do bimestre de setembro/outubro de 2008

É fácil imaginar como seria ser cego. O simples fechar dos olhos em um local relativamente escuro ou o caminhar por um ambiente às escuras pode nos dar a oportunidade de desenvolvermos empatia por aqueles que não podem ver. Tornar-se temporariamente surdo, entretanto, é algo quase impossível. Antes de mais nada, é difícil selar completamente a abertura dos ouvidos – colocar as nossas mãos sobre nossos ouvidos ou o uso de tampões de ouvido bloqueia o som apenas parcialmente. Além disso, muito do som é transmitido por meio dos ossos de nosso crânio, ignorando os ouvidos. A empatia de uma pessoa ouvinte para com um surdo, portanto, é limitada.



Meu interesse pelo mundo surdo é, possivelmente, diferente do interesse que tem a maior parte das pessoas ouvintes. A base da bhakti-yoga, como ensinada pelo movimento Hare Krsna, é ouvir e cantar o nome e as glórias do Senhor. Como os surdos-mudos poderiam fazê-los? Um dia, busquei a resposta desbravando o mundo do silêncio. Visitei quatro escolas para surdos em Indore, na Índia, a fim de ensinar as crianças sobre o Senhor Krsna.



“É este o trem? Qual vagão?”.



Nós quatro caminhamos pelo trem e finalmente chegamos a um vagão não-leito, onde fizemos o nosso desjejum. A cidade de Ujjain, a qual estávamos deixando, rapidamente se fez sumir de vista.



Os demais ocupantes do vagão fitavam-nos curiosos. Éramos os únicos trajando dhotis e sáris e exibindo marcas de tilaka na testa, indicando que somos devotos de Krsna. Três de nós também tínhamos a pele clara, o que costuma atrair alguns olhares na Índia. Mas não era a nossa aparência externa o mais fora do habitual; era o modo com que estávamos nos comunicando: em silêncio.



Os gestos que, em geral, complementam a fala haviam se tornado o meio integral. Um membro do nosso grupo, Dayal Gauranga Dasa, é surdo desde seu nascimento em uma família indiana no Reino Unido. Prema Pradipa Dasa, da Espanha, estava ali como seu intérprete. Kesava Bharati Dasa e eu estávamos acompanhando-os. Estávamos viajando para as escolas como “oradores” convidados. Como se daria o nosso ensinamento de bhakti com as crianças surdas que estávamos para visitar?



Dayal Gauranga e Prema Pradipa haviam recentemente tornado-se discípulos iniciados de Bhakti Caru Svami. Eles levam vida espiritual a surdos da Inglaterra há muitos anos (vide Volta ao Supremo 28/2, 1994). Eu tentei, com pouco sucesso, comunicar-me diretamente com Dayal Gauranga, e freqüentemente precisava me valer da ajuda de Prema Pradipa.



A Má Situação dos Surdos na Índia



Após cerca de duas horas de viagem, Gyanendra Puroit, o diretor de uma escola, pegou-nos na estação ferroviária. Ele nos explicou que a Índia possui a segunda maior comunidade de surdos do mundo, mas que poucos são treinados no uso da língua de sinais ou obtêm a chance de subsistirem por si mesmos. De fato, apenas cerca de dez por cento dos surdos indianos recebem alguma forma de educação especializada. A sua escola era uma das poucas que ensinam a crianças e adolescentes as habilidades que eles precisam para o mundo. Gyanendra Puroit queria a nossa ajuda para dar a eles também uma rica vida espiritual.



A maior parte dos que enchiam a sala eram garotos. A aparência atrativa deles, seu olhos alegres e suas expressões intensamente impacientes tomaram a minha atenção. Muitos destes estudantes tinham de viver na escola. Eu fui a primeira a falar, com o diretor traduzindo as minhas palavras para a língua de sinais.



Uma vez que eu freqüentemente viajo a países onde o inglês não é a língua nativa, estou acostumada a dar palestras traduzidas. Algumas traduções são simultâneas, o que requer grande habilidade por parte do tradutor. Em geral, os tradutores preferem trabalhar com frases ou seguimentos bem curtos, com o orador falando um pouco e eles então traduzindo. Para ensinar sob tais circunstâncias, a pessoa tem que manter sua linha de pensamento enquanto freqüentemente pausa e fragmenta idéias em pequenas “porções”. Quando aulas têm que ser traduzidas, tento dispor a sala de forma que as pessoas possam ver a linguagem corporal tanto do tradutor quanto a minha, dado que a linguagem corporal constitui aproximadamente setenta por cento da comunicação. Naturalmente, estes estudantes não podiam ouvir o tom da minha voz, o que perfaz cerca de vinte e três por cento de como entendemos e nos fazemos entender. Mas eu pensei: que eles, ao menos, possam ver minhas expressões faciais e gestos. Pensando dessa maneira, sentei-me bastante próxima ao tradutor.



Fixos no Tradutor



Eu estava prestes a ter uma surpresa. Quão pouco eu meditara no mundo da surdez! Toda a atenção deles tinha de estar centrada no tradutor, porque eles tinham que ler seus sinais, os quais, para mim, pareciam uma confusão de movimentos. Nem mesmo por um instante, eles podiam divergir sequer a menor porcentagem de atenção para mim.



Eu falei a eles sobre como não somos este corpo. Cada um de nós é uma alma que tem um corpo espiritual original com sentidos espirituais. Nossa cobertura corpórea restringe nossa habilidade de ver, ouvir e assim por diante. No corpo humano, todavia, a alma tem o recurso especial de poder despertar a natureza espiritual verdadeira, da mesma forma que águias têm habilidades especiais relacionadas à visão, e cachorros têm um olfato extraordinário. Embora a prática de bhakti-yoga tivesse de ser feita sob medida para suas restrições corpóreas, expliquei que Krsna é completamente livre e pode revelar-Se completamente a qualquer um que se aproxime dEle com amor, independente de sua situação corpórea. Eu ficava imaginando quão revigorante devia ser para aqueles jovens entenderem, mesmo que teoricamente, que suas identidades verdadeiras nada têm a ver com seu corpo temporário.



Em seguida, descrevi como o Senhor Krsna é maravilhoso – Suas opulências, Sua natureza, Suas atividades. E expliquei como nos conectarmos com Krsna através de bhakti, a yoga do amor e da devoção. Considerando que o cantar do nome do Senhor seria muito difícil para eles, concentrei minha apresentação em alguns dos outros aspectos de bhakti, especialmente a lembrança do Senhor, a adoração a Ele e o serviço a Ele.



Os estudantes praticamente pularam para fazer perguntas, gesticulando tão rapidamente que pareciam explodir de entusiasmo.



“Por favor, conte-nos histórias de Krsna!”, eles pediam repetidamente.



Eu contei uma história após a outra, e a alegria deles iluminou a sala. Alguns fizeram detalhadas perguntas filosóficas. Eu fiquei impressionada com a grande inteligência deles e a sede que tinham por conhecimento espiritual.



Um Colega Toma a Palavra



Por fim, Dayal Gauranga “falou”. Embora formas imensamente diferentes de língua de sinais sejam usadas em diferentes países, ele domina muitas delas e conhece formas universais que ele pode usar em muitos locais. Algumas vezes, o diretor tinha de assisti-lo com particularidades do sistema indiano, mas, na maior parte, ele podia sinalizar diretamente com os estudantes.



Como estavam felizes! Ali estava um deles, alguém que os compreendia e havia seriamente adotado uma prática espiritual baseada, em sua maior parte, no som. Enquanto Dayal Gauranga sinalizava sua apresentação, Prema Pradipa traduzia os sinais em inglês falado para Kesava Bharati e para mim. Vivemos tão fora de seu intercâmbio visual quanto eles viveram fora do nosso verbal.



Então, outra surpresa: Dayal Gauranga os fez ficarem de pé e cantarem o mantra Hare Krsna com ele. Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Ele fez isso com o estabelecimento de um sinal específico para cada uma das três palavras: Hare, Krsna e Rama. Repetidamente, todos “cantaram” o mantra com suas mãos e olhos. Normalmente, o cantar em grupo, kirtana, é um sonoro e doce misturar de vozes e instrumentos nos conectando com o Senhor Supremo enquanto Ele Se manifesta por meio do som. Neste kirtana, contudo, não havia tambores, não havia címbalos, não havia harmônio. Na verdade, não havia som algum. O Senhor, no entanto, presente em Seu nome, estava palpavelmente presente naquela assembléia.



Em seguida, visitamos as outras três escolas, duas das quais tinham crianças com dificuldades mais severas do que a primeira. Uma escola cuidava dos miseráveis, e a outra cuidava tanto de crianças surdas como de crianças cegas. Nosso guia me disse o quanto os quatorze milhões de surdos da Índia valorizam livros de ilustrações, e como seus estudantes anseiam ter tais livros, em inglês, sobre como o Senhor Krsna é maravilhoso.



O Cantar dos Surdos



No trem de volta a Ujjain, pedi a Dayal Gauranga para me explicar como ele canta o mantra Hare Krsna em seu voto como discípulo. Quando membros da ISKCON se tornam discípulos de um guru, eles prometem se abster de sexo ilícito, intoxicação, jogos de azar e consumo de carne. Eles também fazem o voto de cantar o mantra Hare Krsna em cada uma das 108 contas, dando uma volta completa pelas contas, no mínimo, dezesseis vezes ao dia.



Dayal Gauranga tem quatro métodos de canto, e ele alterna entre eles a fim de manter sua mente focada. O primeiro é a visualização dos gestos manuais para cada palavra do mantra. O segundo é a visualização das palavras impressas do mantra. O terceiro é a visualização da forma do Senhor como a Deidade adorável; “Hare” é Radharani, e “Krsna” e “Rama” são Krsna. Seu quarto método é formar as palavras com sua boca e focar-se no que sente sua boca em cada palavra.



Quando experimentei seus métodos, vi-me automaticamente também verbalizando os sons do mantra, quer em voz alta, quer em minha mente. Era muito difícil meditar apenas na visão ou na sensação sem o som. Era também muito devagar.



“A princípio”, Dayal Gauranga sinalizou, “eu levava, pelo menos, meia hora para terminar uma volta de 108 contas”.



Pessoas ouvintes levam, em geral, entre cinco e sete minutos para o mesmo.



“Após muitos anos, com crescente prática e concentração, fui capaz de reduzir o tempo para vinte minutos por volta. Muitos anos depois, consegui a média de quinze minutos, que é o quanto levo atualmente”. Devido à sua situação pouco comum, seu voto é de, no mínimo, quatro voltas ao dia, embora ele continuamente tente cantar mais.



Ouvintes talvez considerem que tais métodos de meditação mântrica não são verdadeiramente, no sentido técnico, ouvir e cantar. Todavia, Krsna, Ele que compreende todas as línguas e pode ouvir com qualquer um de Seus sentidos, certamente aceita o serviço sinceramente oferecido de acordo com a capacidade de cada um. Além disso, Prabhupada nos informa que o mantra retratado em letras também é Krsna. Finalmente, podemos observar na prática que as pessoas surdas que aderem ao cantar estão se tornando purificadas e alentadas espiritualmente.



Nós talvez freqüentemente consideremos, enquanto queremos vida espiritual, que as práticas são excessivamente árduas. Contudo, aqui está alguém com razões para apresentar desculpas, mas que não o faz. Seu rosto brilha com a felicidade de sua dedicação condizente com seu desejo de ajudar as pessoas surdas a encontrarem profunda satisfação espiritual. Ele tem a fortuna de possuir o amor de seu irmão, de sua cunhada e de seu sobrinho, todos dedicados e gentis devotos de Krsna. Ele também tem o apoio do templo Hare Krsna de Londres, o Bhaktivedanta Manor.



De modo geral, poucos ouvintes sabem do profundo desejo de muitos surdos de obterem respostas para os problemas da vida a partir de uma plataforma espiritual. Como Krsna me demonstrou incontáveis vezes e de várias maneiras diferentes, aqueles que freqüentemente considero terem menos do que eu são os que, na verdade, possuem muito mais.





Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – Outras traduções disponíveis em www.devocionais.xpg.com.br





Um programa de computar que pode ajudar os surdos ou pessoas com deficiência auditiva com o cantar está disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.dasya.com/%7Embest/freeware/misc.html.